3.04.2008

o poder do sabão


Esta publicidade é dos anos 50. O mundo ainda respirava fundo o alívio do fim da segunda guerra mundial e, nos Estados Unidos, recuperava-se a sensação de poder viver o sonho americano dos anos trinta. Neste anúncio, a Palmolive tentava convencer as mulheres que em apenas 14 dias, independentemente da idade e do tipo de pele, poderiam apresentar uma tez muito mais sexy se usassem o seu sabão, mas a Palmolive não queria dizer apenas isso.
Olhando com alguma atenção para a fotografia, vemos um homem que olha apaixonadamente para uma mulher que não olha para ele, e não olha para ele porque sabe que o tem na mão. Aquele olhar esguio é de alguém que sabe que domina a relação e que tem espaço para jogar com o parceiro. Pior ainda, ela sabe que o tem na mão apenas porque é bonita e mais nada. Ele também sabe isso.
À primeira vista pode-se pensar que o impacto social dum anúncio destes é só esse mesmo: a mulher, sendo bonita, posiciona-se hierarquicamente acima do homem, já que ele lhe obedece cegamente para poder aproximar-se do seu corpo. Ela é que manda e pronto. Só que na verdade não é bem assim. O seu poder baseia-se apenas numa beleza que um sabão lhe dá, e esse pode acabar por se transformar em escravidão. É fácil uma pessoa ensaboar-se e, no dia em que ela o deixar de fazer, ele perderá aquele olhar de carneiro mal morto. No fundo, esse olhar depende não dela mas doutra coisa: do poder do sabão.

13 comentários:

Nanny disse...

LOLOL

Tás um Sabão, tu...

Beijoca

Ivar C disse...

nanny, eu acho que estou mais um carneiro mal morto. :)

Nelson Peralta disse...

Apesar de antiga, essa publicidade está muito próxima daquilo que é hoje a norma publicitária.

Já não nos vendem produtos, mas sim emoções. Por exemplo, um banco não vende empréstimos, vende felicidade: "Aqui eu vou ser feliz"

Ivar C disse...

nelson peralta, sim, isso é verdade, a única diferença é que nos anos cinquenta a publicidade tinha quase sempre longos textos para te convencer, como é o caso. Hoje já nem isso... :)

iTec(A) disse...

todo esse enredo deduzido de uma de uma imagem?!

LOLOL

hum..não recomendas palmolive, né?!

LOLOL

e porque é que ela se ensaboa todos os dias, sujeitando-se a tal "escravidão"?!
pelo poder que irá ter sobre o homem ou para agradá-lo?

agora fiquei a pensar, porque se for para agradar, não será ela que manda. E o sabão é apenas um meio para um fim....

E já chega de questões, deve ser por isso que evito publicidade :P

bjs fui

Alex disse...

Pois, mas pelo menos nos anos 50 não havia silicone nem photoshop...
;OD

Ivar C disse...

ceptic, beijos... todos os dias é o que a palmolive diz. :)

alex, não digas mal do photoshop, lol. da silicone podes dizer. :)

Helder Santos disse...

bela analise semiótica... fiquei com saudades agora! =D

Ivar C disse...

Helder Santos, também não sou o Umberto eco, mas sim, sinto saudades de tempos que não vivi. :)

Afrodite disse...

Tive uma cadeira em Sociologia que ias gostar, "Semiótica"...o professor era a coisa mais estranha que já conheci, entrava pela janela, tinha uma barba verde e adorava ver as mulheres que levassem saias, no quadro a "semioticar" qualquer coisita :). No entanto, aprendi a aperceber-me da mensagem por trás do óbvio, a dissecar os anúncios. Ele iniciou-nos com um anúncio da triumph que falava das armas brancas de cortar a respiração (era o slogan), a senhora apresentava-se apenas de roupa interior branca :)...imagina a dissecação daquilo :)...upa upa puxadote! Os meus colegas ficaram mais felizes do que eu com o anúncio escolhido...mas aprendi...e isto tudo para dizer que me fizeste lembrar um passado simpatico e que gostei muito da tua visão do "sabão" :).

Abreijos

Ivar C disse...

afrodite, eu gosto de semiótica, sim, mas um professor desses não me interessa. prefiro... sei lá... outra pessoa. :)

Afrodite disse...

Também prefiro..sei lá...outra pessoa...que aquele professor era estranho de todo...mais do que eu! E olha que sou estranhamente estranha!!!

Ivar C disse...

afrodite, tu não és estranha, o amor é que é um gajo estranho. :)