12.23.2009

respostas a perguntas inexistentes (67)

Hoje disseram-me que normalmente a segunda ou a terceira relação que temos funciona melhor do que a primeira. Estava a beber uma cerveja e quem me disse isto saiu logo a seguir. Fiquei sozinho no bar, onde as sombras das mobílias se deitavam no chão com medo do Pôr-do-Sol que espreitava pelas janelas, e aproveitei para conversar com esta ideia.
Talvez seja verdade. É que o amor tem a mania de prometer mais do que aquilo que realmente nos pode dar, e numa primeira vez deixamo-nos enganar facilmente por essas promessas. Depois vem a desilusão ou o desgaste, como lhe queiram chamar, e também nós nos dobramos perante o lento Pôr-do-Amor. Numa segunda ou terceira vez já ele não faz promessas e por isso perde a sua tenaz capacidade de desiludir.
Acabei de beber a cerveja e levantei-me. A minha sombra também.

conversa 1392

Ela - Sabes... acho que há um contrasenso qualquer na forma como eu me apaixonei pelo meu marido.
Eu - Então?
Ela - Ele era casado quando o conheci e, uma vez num almoço, disse-me que jamais trairia a sua mulher...
Eu - E então?
Ela - Então... eu que já tinha começado a gostar dele, acho que me apaixonei definitivamente nessa altura.
Eu - E então?
Ela - Então... ele acabou por trair a mulher exactamente comigo.
Eu - Ah!

vales-divórcio

Um escritório britânico de advogados está a vender vales-divórcio, ou seja, em vez de oferecermos um vale a um amigo para ele comprar qualquer coisa na fnac, oferecemos-lhe um vale para ele ter uma consulta com um advogado especialista em divórcios. É uma boa prenda para, em alguns casos, oferecer ao conjugue. Estou a imaginar a cena: ele oferece um vale destes a ela e ela a ele. "Muito obrigado querido, estava mesmo a precisar", diz ela. "Eu também... és tão atenciosa, meu amor", diz ele.

12.21.2009

urinar de pé


No ano de 2003, para publicitar o seu Z4,a BMW lançou este anúncio com a fotografia duma miúda a urinar de pé para uma árvore e com o slogan "solta o rapaz que há em ti". Ora bem, eu tenho uma coisa importante a dizer à BMW: para urinar assim numa árvore junto à estrada não basta ser do sexo masculino. É preciso ser do sexo masculino e ter bebido pelo menos cinco litros de cerveja seguidos sem ter comido nada durante o dia todo. E sim, é verdade que quando um rapaz está a urinar completamente bêbado põe assim a mão na árvore, mas isso é para não cair...

conversa 1391

Ela - Vais ser um velho feios, sabias?
Eu - Não, não sabia. Porque é que dizes isso?
Ela - Porque o nariz é a única coisa no corpo humano que nunca pára de crescer. Agora tens um nariz grande mas que ainda se aceita. Daqui a uns anos vais ser um narigudo...
Eu - A que propósito é que te lembraste disso agora?
Ela - Estava a olhar para o teu nariz...

12.18.2009

a vida sexual duma caganita de pássaro

Bem vindos ao blogue mais estúpido do mundo.

conversa 1390

Ela - Ando numa fase... já não sei se gosto do meu marido como gostava.
Eu - Todos os casamentos têm fases boas e menos boas. Só não te deves precipitar.
Ela - Precipitar como?
Eu - Precipitar... tens que dar tempo ao tempo antes de tomar qualquer decisão mais drástica.
Ela - Ai isso tens razão. Se me quiser divorciar, primeiro tenho que arranjar maneira de depois lhe pôr as culpas em cima por o casamento ter falhado.

conversa 1389

(no carro dela, na A29, com ela a conduzir)

Eu- Desculpa lá, mas não podes ir mais devagar?
Ela - Mas porquê?
Eu - Estás a ir depressa demais para o meu gosto.
Ela - Não gosto nada que me dêem ordens quando estou a conduzir.
Eu - Eu também não gosto. Só que tu estás a aproximar-te demais dos veículos que vão à frente. Se um deles trava de repente podes bater.
Ela - É para isso que o carro tem buzina.

12.17.2009

conversa 1388

Ela - Ontem fiz uma sobremesa espectacular.
Eu - O quê?
Ela - Gelatina de laranja.
Eu - Gelatina de laranja?
Ela - Sim.
Eu - Mas isso é só aquecer água, atirar lá para dentro o pó da gelatina e mexer...
Ela - Eu disse que era espectacular, não disse que tinha dado muito trabalho.

conversa 1387

Ela - Às vezes começo a pensar no meu grupo de amigos e fico com a sensação de que muitos deles já foram para a cama com muitas delas.
Eu - Isso preocupa-te?
Ela - Não, não me preocupa nada. É só por dizer que tenho a sensação que qualquer coisa me está a escapar.

sexo 24 horas por dia


Olhem bem para a cara desta mulher. Parece um pouco sofredora, não parece? Cahama-se Joleen Baughman e teve um acidente rodoviário há dois anos atrás quando conduzia uma camioneta. Desde então, e após uma operação, vive num permanente estado de excitação sexual. Qualquer movimento que faça, tipo sentar-se no autocarro, caminhar ou aspirar, é suficiente para a excitar. Parece que o marido dela recebeu bem a notícia no princípio. Agora agora começa a achar que não é capaz de a satisfazer plenamente.
Atenção leitoras deste blogue, não provoquem acidentes rodoviários propositadamente depois de ler isto. [link]

conversa 1386

(com uma amiga que é emigrante em França)

Ela - Este ano fui operada à rata.
Eu - Foste operada à rata?
Ela - Sim.
Eu - Foste operada à rata, mas como?
Ela (apontando a zona) - Foi de repente...
Eu - Ah! Foste operada a um rim...
Ela - Sim, isso...
Eu - Não digas a muita gente em Portugal que foste operada à rata, está bem?

12.16.2009

conversa 1385

(no café)

Ela - Bem, vou andando para casa. Tenho que fazer...
Eu - Eu levo-te. Tenho o carro aqui perto...
Ela - Não é preciso. Já sabes que não gosto dessas coisas.
Eu - Que coisas?
Ela - Um homem a querer levar uma mulher a casa. Que machismo. Eu sei andar sozinha...
Eu - Não estava a ser machista, estava a oferecer-te boleia. Só isso.
Ela - Como se eu não te conhecesse.
Eu - Que mania de achar que é tudo machismo, tudo machismo. Só te estava a oferecer boleia. Se fosses um gajo também te oferecia, até porque está a chover lá fora.
Ela - Está a chover?! Olha, pois está. Vá lá, tens razão. Aceito a oferta.

12.15.2009

conversa 1384

(enquanto eu pegava numas colunas de som que estavam perto dum contentor do lixo)

Ela - Não vais levar isso para tua casa, pois não?
Eu - Vou. Se estiverem boas ainda as ponho a trabalhar.
Ela - Não acredito que agora andas a acatar lixo.
Eu - Não é lixo. Quem as deixou aqui, deixou-as de lado para o caso de alguém as querer aproveitar.
Ela - Pronto... mas então vai dez metros à minha frente que é para ninguém me confundir contigo.

espaço



Passei os dias de ontem e hoje a arrumar a minha casa. Como na vida, os dias vão-se amontoando a pouco e pouco no sítio onde vivemos até nos sentirmos perdidos em tanta papelada e inutilidades espalhadas ao acaso. Desse amontoado organizei parte e levei outra parte para o lixo, o que me permitiu ainda aproveitar umas colunas passivas que alguém tinha deitado fora. Abri-as, substituí e soldei alguma cablagem que estava morta. Agora já estão na minha sala a debitar decibéis e decibéis de música. É uma espécie de renovação que de vez em quando preciso de fazer. Agora até já tenho algumas gavetas vazias, portanto com espaço por ocupar, assim como tenho mais espaço mental para continuar a respirar estes dias frios. E a propósito de música e de dias frios, hoje à noite há Couscous Prosjekt no Candestino Bar.

12.14.2009

criança

Hoje fiz cinco coisas que que, de alguma forma, me lembram o tempo em que eu era criança. Às vezes apetece-me ser criança, precisamente por ter sido esse o tempo em que não pensava em mulheres.

1] Esperei ansiosamente em casa que os CTT me entregassem um amplificador de som NAD C 340 que comprei em segunda mão e abri a caixa com a mesma sensação que tinha quando abria prendas de Natal em criança.

2] Comi Nestum Mel com a mesma consistência do cimento.

3] Brinquei com o meu carrinho telecomandado e deixei um vizinho meu conduzi-lo durante alguns minutos.

4] Pus no facebook a minha fotografia de quando tinha uns oito ou nove anos.

5] Joguei Monopólio.

conversa 1383

(ao telefone)

Ela - Então sempre podes vir aqui a casa hoje?
Eu - Posso mas não te consigo dizer a hora. Estou em casa à espera duma encomenda e também estou à espera que me telefonem para uma reunião. Não sei a que horas me safo.
Ela - Pronto, lá para as quatro eu espero por ti, então.
Eu - Eu disse que não te posso dizer a hora a que vou aí...
Ela - Pronto, lá para as quatro eu espero por ti...
Eu - Estás a ouvir o que eu estou a dizer?
Ela - Sim, mas depois às quatro falamos melhor.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 1382

(em minha casa depois do jantar)

Eu - Para sobremesa só tenho gelado de chocolate e gelatina de frutos silvestres...
Ela - Tens bananas?
Eu - Tenho uma.
Ela - Então quero gelatina e a banana. Mas a banana quero levá-la comigo, está bem?
Eu - Está bem... mas ficaste com fome?
Ela - Não, não. A banana não é para comer. É agora para a noite.
Eu - Estás a deixar-me intrigado. Queres mesmo levar uma banana para casa para a noite?
Ela - Sim, é para fazer uma máscara facial. Esmago-a muito bem e cubro a face com ela durante dez minutos. Depois tiro-a com água morna e seco a cara com uma toalha. Devias experimentar, fica-se com a pele tão macia.
Eu - Não, obrigado. Dispenso, mas fico mais descansado por quereres a banana para fazer uma máscara facial.
Ela - Havia de ser para fazer o quê?
Eu - Nada, nada. Queres café?

12.11.2009

conversa 1381

Eu - Porque é que estás com esse sorriso na cara?
Ela - Fui a um jantar com antigos amigos da minha equipa de atletismo...
Eu - E foi assim tão bom?
Ela - Foi. Uma gaja que tinha a mania que era boa e que eu detestava está um pote autêntico.

um sofá, umas bolachas e um frigorífico

Ensaio sobre uma mulher gorda

Apareceu um destes dias na minha casa depois de um pedido amargurado pelo telefone. Não tenho mais ninguém a quem telefonar, disse ela. Pois é, pensei eu, é possível chegarmos a um ponto em que não temos ninguém a quem telefonar. Desliguei o telefone e liguei a memória. Há uns vinte anos saíamos quase todos as noites e quase todas as noites eram uma festa, entre amigos, sorrisos, algumas cervejas e, uma vez por outra, uma mão dada ou um abraço mais apertado.
Acho que a amei numa altura em que não sabia muito bem o que era amar. Todas as mulheres que um homem ama quando ainda não sabe o que é amar são importantes. Na verdade são as melhores professoras que ele teve. Mesmo que não o saibam.
Plastifiquei o sorriso possível antes de lhe abrir a porta e a convidar para entrar. Mas ela não entrou sozinha, com ela entrou um silêncio que se sentou no sofá da sala mesmo ao lado dela e que me custou a expulsar. Bebes alguma coisa? Que não. Comes alguma coisa? Que não. Tenho ali um vinho que é uma especialidade. Que não. Estás bem? Que nem por isso. Depois deixei as perguntas e dei-lhe uma ordem: tira o casaco. E ela tirou. Acho que só aí é que o silêncio saiu e ficámos os dois sozinhos.
Explicou-me que está gorda e eu, na minha ingenuidade, não percebi que não era isso que ela me queria dizer. Não vieste até aqui, depois de tantos anos sem nos vermos, para me dizer que estás gorda, pois não? Que não. Depois olhou para o tecto e continuou pausadamente: está gorda porque come demais, come demais porque se sente sozinha e deprimida e que isso se tornou num ciclo vicioso.
Já aceitas um copo de vinho? Que já. Sorriu pela primeira vez. E o teu marido? Que deve estar com os amigos. Percebi então que me estava a falar da depressão dos dias, daqueles que se tornam sempre iguais e que de repente transformam a vida num percurso monótono e, a espaços, solitário. Não há pior do que a solidão que se sente quando se vive com alguém, confirmou.
Acho que o vinho é como as conversas. O segundo gole é melhor que o primeiro, o terceiro é melhor que o segundo e por aí adiante. As conversas só são realmente boas quando nos deixamos embriagar por elas. É sempre assim, disse eu.
É sempre assim, disse ela insistindo, como se tivesse suportado o desabado durante anos. Uma mulher apaixona-se, casa e tem filhos. Sente que está a subir a montanha sem perceber que o cume dessa montanha é um espaço exíguo onde só cabe uma pessoa. Quando dá por ela percebe que foi a única a realmente cuidar dos filhos e que o marido já a trocou por uma rede social qualquer que manteve todos esses anos. No café, no trabalho ou noutro sítio qualquer. Depois resta um sofá, umas bolachas e um... frigorífico.
Zanguei-me com a vida, que não pode ser só um sofá, umas bolachas e um frigorífico. Podia responder-lhe que acho que ela se devia separar e começar de novo; podia dizer-lhe que acho que ela não está no cume da montanha mas sim que já a desceu e por isso pode começar a subir de novo; podia dizer-lhe que não admito tanta passividade duma pessoa que significa tanto para mim. Mas não disse nada. Só que ela está gorda, sim, mas continua tão bonita como há vinte anos atrás. Bebemos o resto da garrafa.

12.10.2009

uma questão de dinheiro



Esta publicidade a um automóvel Honda que penso ser dos anos 70 tem um aspecto interessante: convence o homem que com o carro é mais fácil conquistar mulheres, não por o carro ser um luxo mas sim por ser barato, ou seja, sobra ao homem mais dinheiro para gastar com elas. Ao fim e ao cabo parece que para a indústria automóvel a lógica foi sempre mais ou menos a mesma: a mulher é uma questão de carro ou de... dinheiro.

conversa 1380

Ela - Já comecei as compras de Natal. Ando um bocado stressada.
Eu - Pois... acredito. Os shoppings estão sempre cheios...
Ela - E não é só isso. É muito difícil comprar prendas para os outros. Nunca sei o que é que hei-de dar ao meu irmão ou ao meu marido, por exemplo. São pessoas difíceis. Até agora só consegui comprar prendas para o meu filho e para mim...

conversa 1379

(no café)

Ela - Quando estou a falar com um homem gosto de perceber que ele me está a dar atenção.
Eu - Hum, hum...
Ela - Detesto quando estou a falar com um homem sobre uma coisa que acho importante e ele não me liga nada, percebes?
Eu - Hum, hum...
Ela - E então começo a dizer-lhe que realmente fico fula quando um homem não liga nada ao que eu lhe estou a dizer.
Eu - Hum, hum...
Ela - Queres saber como é que sei se ele me está a prestar realmente atenção ou não?
Eu - Hum, hum...
Ela - Quando ele me responde "hum, hum" a tudo o que eu digo é porque a conversa lhe está a entrar por um ouvido e a sair pelo outro. E já agora tira a mão do queixo e pára de olhar para as gajas que estão na mesa ao pé da janela.

12.09.2009

conversa 1378

Ela - Deixei de lavar e passar a roupa ao meu marido e sabes o que é que ele faz?
Eu - Ahn?
Ela - Dá a roupa à mãe dele e ela é que lava e passa...
Eu - Ah!
Ela - E agora a mãe dele manda-me bocas a mim, como se passar a roupa dele fosse uma obrigação minha.
Eu - Tens que ter calma. Isso é mesmo um conflito de gerações. Dantes muitas mulheres eram educadas assim e agora já não vão lá...
Ela - Conflito de gerações, nada. É mas é um conflito entre mim e uma sogra que me detesta. Já disse ao gajo que a mãe dele não dura sempre e que quando ela morrer é que me vou rir. Agora é só esperar que ela morra...

sonhar com um mundo melhor



A revista belga Ché, exclusivamente dirigida ao público masculino, é mais famosa pela sua publicidade do que pela revista em si. "Continuar a sonhar com um mundo melhor" costuma ser o desejo expresso nos seus anúncios. Por mim tudo bem, podem sonhar à vontade com um mundo melhor. Só não acho que um mundo melhor passe por uma saia com o número de telefone de quem a veste ou por uma mulher telecomandada... mas isso sou eu.

12.08.2009

pare de tomar a pílula...



O sofrimento de Odair José, um cantor que uma amiga minha brasileira teve a lucidez de me mostrar, é tocante. A mim, pelo menos, toca-me tanto que só espero não me lembrar desta música quando estiver na sala de espera do meu dentista. É que sinceramente não me apetece começar a rir descontroladamente à frente duma senhora que me trata como se eu fosse um bom escuteiro. A propósito, talvez seja um bom truque para os momentos em que me sinto mais triste... lembrar-me deste vídeo.

conversa 1377

Ela - Hoje ri-me do meu marido por uma coisita de nada e ele ainda está amuado comigo. Homens...
Eu - Então?
Ela - Quis fazer-me uma surpresa e pôs-se a fazer um jantar à luz da velas lá em casa. Bifinhos com cogumelos e um vinho todo xpto...
Eu - E riste-te disso porquê?
Ela - Só me ri quando ele deixou cair um copo e depois, a apanhar o cacos em cima da mesa, cortou-se e encheu a travessa de comida com vidrinhos pequeninos...
Eu - Hum... até percebo que ele tenha perdido momentaneamente o sentido de humor. Como é que isso acabou?
Ela - Mandámos vir uma pizza. Ele agora está a ver televisão amuado e eu estou aqui a tomar café contigo...

invasão

O teu olhar invadiu-me um destes dias enquanto eu procurava um cd na fnac, dedilhando uma pilha de discos como se fossem peças de dominó. Talvez com humidade do mar quando invade a terra em noites de temporal, talvez com a quietude duma branda noite de Verão invadindo o dia, talvez com o aroma da Primavera quando invade o Inverno. Sei lá. Sei que o teu olhar me invadiu e que eu baixei as defesas para não lhe resistir. Sei que nessa invasão sem batalha perdi-me na imensidão das tuas íris negras e ainda aí ando à deriva. És tão bonita. Acho que me anoiteceste... e aí ainda durmo qual cobarde e fugidio guerreiro.
A propósito, ainda não comprei o cd que procurava...

12.04.2009

coisas que fascinam (92)


Londres | Dezembro 2009

Tirei esta fotografia em Londres há uns dias atrás. Às vezes acho que o motivo que leva duas pessoas a partilhar um guarda-chuva é o mesmo que leva duas pessoas a partilhar uma vida. É que quando chove pelo menos ali está-se bem. Só isso.

conversa 1376

(no café)

Ela - Temos estado poucas vezes juntos...
Eu - É verdade.
Ela - Se calhar é por isso que agora, quando estamos juntos, ficamos tanto tempo na conversa. Estamos aqui há quase duas horas...
Eu - Também é verdade.
Ela - Se calhar era melhor estarmos mais vezes juntos mas menos tempo de cada vez, que eu não posso perder tanto tempo contigo num só dia.

conversa 1375

(no café, depois de cerca de um minuto de silêncio)

Ela - Não achas este silêncio perturbador?
Eu - Qual silêncio?
Ela - Este, entre nós. Estamos na mesma mesa de café sem dizer nada um ao outro...
Eu - Se calhar é por não termos nada a dizer neste momento um ao outro. Só isso...
Ela - Mas este silêncio perturba-me.
Eu - A mim não.
Ela - Ainda me perturba mais o facto de a ti não te perturbar.

12.03.2009

música

Hoje à noite há couscous prosjekt no Clandestino bar. Passem por lá, se puderem e quiserem. Amanhã aterro de novo neste planeta Bagaço Amarelo.

conversa 1374

Ela - Tu percebes que para algumas mulheres o sexo é um esforço?
Eu - Bem, um esforço acaba por ser para todos. Um esforço físico, pelo menos... mas é um esforço que sabe bem.
Ela - Não é desse que estou a falar. Estou a falar do esforço emocional.
Eu - Percebo que me estás a dizer que há mulheres que têm sexo sem lhes apetecer. É isso?
Ela - Mais ou menos...
Eu - Então porque é que têm?
Ela - Para perceber se é um esforço ou não, acho eu.
Eu - Ah! Afinal estás só a dizer que há sexo que corre bem e sexo que corre mal. Bem vinda ao mundo dos comuns mortais.
Ela - Mas para os homens, mesmo quando lhes corre mal, nunca é um esforço muito grande.
Eu - Claro que é. Há sempre um esforço físico, pelo menos.
Ela - Lá voltamos nós ao mesmo...

11.26.2009

gosto de vocês!

Amanhã, sexta-feira, vou para Londres passar o fim de semana e só volto na terça-feira. Não sei se vou ter acesso fácil à internet mas é provável que não. Se não conseguir actualizar este blogue até lá, aproveito para agradecer a todos os que vão passando por aqui. Gosto de vocês!

conversa 1373

Ela - É muito fácil saber se uma mulher solteira está apaixonada por alguém ou não...
Eu - Como é que se sabe?
Ela - Se ela se pentear regularmente está apaixonada, se não se pentear não está...
Eu - Tu estás penteada... e na verdade acho que tens andado muito bem penteada nos últimos tempos. Estás apaixonada?
Ela - Bruxo. Também estou à espera há três dias que ele me telefone e nada.
Eu - E tu já lhe telefonaste a ele?
Ela - Não. Primeiro queria saber se ele está apaixonado por mim. Por isso é que queria falar contigo.
Eu - Comigo?
Ela - Sim. Se uma mulher andar penteada é sinal de que está apaixonada, qual é o sinal mais evidente nos homens?
Eu - Epá, sei lá... acho que não há nenhum sinal comum aos homens apaixonados. No entanto eu, que ando sempre despenteado, quando me apaixono por uma mulher também tento nunca aparecer-lhe à frente despenteado...
Ela - Porra! O gajo é careca. Vamos mas é abrir o vinho que trouxeste.

conversa 1372

(na sequência da conversa 1371)

Eu - Acho que vou pôr no meu blogue a conversa contigo quando me mandaste ir ao café para veres televisão.
Ela - Põe... mas diz que era para ver a Anatomia de Grey. Todos me vão dar razão.
Eu - Eu nunca vi essa série. Acreditas?
Ela - Acredito. Por isso mesmo é que te considero um bom amigo mas nunca poderia ser tua namorada.

conversa 1371

(na casa dela, toco à campainha, ela abre e enquanto eu subo as escadas ela volta para a sala de estar)

Eu (depois de entrar na sala) - Desculpa o atraso... ainda passei no supermercado para comprar uma garrafa de vinho...
Ela - Está bem... está bem... tens é que me sair da frente para eu poder ver a Anatomia de Grey.
Eu - Mas... não me telefonaste para vir aqui por precisares de falar comigo?
Ela - Sim... mas esqueci-me que dava esta série. Vai ali ao café de baixo e volta daqui a vinte minutos. Pode ser?

pensamentos catatónicos (193)



Acho mais oportuno o bolo de divórcio do que o bolo de casamento. Quando casamos estamos apaixonados e não precisamos de nada para adoçar o momento. Quando nos divorciamos, mesmo que o divórcio seja de comum acordo e o mais pacífico do mundo, há sempre uma dor associada. Dizem que os doces são uma boa terapia para combater a tristeza...

vergonha

Sara Tavares, de 24 anos, foi assassinada à facada pelo marido este ano em Portimão por se ter recusado a passar o dia na casa da sogra. A Sara é apenas uma da lista que o Público publicou com as vítimas de violência doméstica mortais deste ano no nosso país.
Esta lista tem uma vantagem: não se limita a ser quantitativa e dá um rosto às vítimas. É que as vítimas têm sempre um rosto, têm uma vida toda até ao dia em que morrem antecipadamente.
Acho que é óbvio que as mulheres estão cada vez mais sensibilizadas para reagir à violência doméstica quando são vítimas. Ainda bem. O que falta é sentirem protecção do sistema quando o fazem. Quando há uma vítima mortal de violência doméstica temos que pensar que o Estado falhou, ou seja, nós todos falhámos e devíamos ter vergonha disso. Eu tenho... e muitas vezes tenho vergonha deste país.

conversa 1370

Ela - Estou um bocado triste. Eu e o Mário* estamos outra vez separados...
Eu - A sério? Tem calma... mas não se chatearam, pois não?
Ela - Foi só uma pequena discussão. Ele acha que eu sou muito exigente, não sei porquê.
Eu - Pois... as exigências, poucas ou muitas, costumam ser sempre um problema em qualquer relação.
Ela - Caramba! Será pedir muito a um homem que deixe de sair todos os fins de semana com os amigos, que não esteja todas as noites no computador a jogar joguinhos estúpidos, que faça um jantar diferente e não a mesma coisa todas as noites, e que deixe de ir ao Porto ver jogos de futebol?
Eu - Pois... hum... hum... não é assim muito... sei lá... ou talvez seja um bocadinho... não sei...


*nome fictício para protecção dos interlocutores. aliás o nome verdadeiro é Marcelino.

11.25.2009

conversa 1369

(no café, eu a tomar café e ela um café com um copo de água)

Ela - Hoje no supermercado um homem deixou-me passar à frente dele na fila.
Eu - Mas porquê? Pensou que estavas grávida?
Ela (atira a água do copo para cima de mim)

(dois minutos depois)
Eu - Tens que ter mais calma. Era só uma piada...
Ela - Há piadas proibidas para mulheres... devias saber isso.
Eu - Bem... se levaste isso tão a sério é por que achas mesmo que estás...
Ela - Tornas a falar nisso e em vez de atirar água fria atiro-te um café a ferver.

conversa 1368

(na casa dela)

Eu - Epá! Tinhas razão quando dizias que se ouvia bem os teus vizinhos na cama. Isto é uma barulheira...
Ela - Sim, ouve-se tudo. Às vezes acho que eles até fazem de propósito.
Eu - Sim, ela grita mesmo muito.
Ela - Pois... e eu aqui a beber vinho contigo.

coisas que fascinam (91)


Serpa, Novembro 2009

Optei por ir a Serpa neste fim de semana sem pagar portagens porque fiz as contas e cheguei à conclusão que as mesmas iam duplicar o custo da viagem.
Devo dizer que sou um apaixonado pelo Alentejo profundo e penso muitas vezes que se deixasse de viver em Aveiro era para lá que queria ir. Há qualquer coisa nos alentejanos que me fascina e que tem a ver com honestidade. Talvez não haja a simpatia generalizada que existe no norte mas também não existe hipocrisia nem beatice. Com as devidas excepções à regra acho que o Alentejo é a zona mais honesta de Portugal.
No regresso, enquanto percorria aquelas longas rectas de alcatrão que ligam Beja a Évora, Évora a Arraiolos e Arraiolos a Ponte de Sôr, pensei que é assim que quero que a minha vida emocional seja: com rectas longas e sem muitas curvas e contracurvas. Talvez também pelas estradas eu goste tanto do Alentejo... e não só.

11.23.2009

a dormir...

Acabei de apagar, sem querer, vinte e dois comentários deste blogue. Passei a noite numa cansativa viagem de automóvel entre Serpa e Aveiro e agora, em vez de clicar no "publicar" cliquei no "rejeitar". Aos visados peço desculpa e prometo acordar definitivamente depois de tomar o próximo café.

11.20.2009

conversa 1367

(num hipermercado em Aveiro, com ela a guardar tudo o que é catálogo de produtos e promoções)

Eu - Para que é que queres essa papelada toda?
Ela - Oh! O meu marido pôs um autocolante daqueles amarelinhos na caixa de correio e agora ninguém lá põe publicidade.
Eu - Mas... para que é que queres tanta papelada?
Ela - Para ler quando vou à casa de banho.

conversa 1366

Ela - Acho que a mulher, na maior parte dos casos, é que decide se há sexo ou não...
Eu - Porque é que achas isso?
Ela - É que para sexo os homens estão sempre prontos. Basta a mulher dizer que sim...

quatro presépios em quatro cantos do mundo...

Presépio Espanhol
O menino Jesus é substituído pelo Cristiano Ronaldo, os três reis por adeptos desdentados do Real Madrid e o burro e a vaca também são adeptos do Real Madrid.
No meio do estádio Santiago Bernabéu (desculpem lá, isto é mesmo nome de estádio?), Cristiano Ronaldo descansa num fardo de palha com todos os adeptos do Real Madrid a olhar para ele com esperança que ele recupere rapidamente de mais uma lesão. Como se sabe, em Espanha há montes de Josés e de Marias, por isso esses vêem a cena pela tve. Lá em cima brilha a estrela polar.

Presépio Jamaicano
No presépio jamaicano são todos (José, Maria, o burro, a vaca e os três reis) substituídos por rastas. Para quem não sabe, um rasta é um gajo com cabelo seboso e comprido que não toma banho desde criança e que tem os olhos fora das órbitas.
Numa praia paradisíaca, em cujo mar dança o reflexo da Lua, sete rastas fumam marijuana desde manhã. Com uma voz lenta um deles conta uma história que não conhece muito bem mas tem a ver com uma estrela que... estás a ver? Guiou... conduziu uns bacanos... uns gajos fixes até uma gruta, ou então era uma manjedoura, bem... não interessa... epá... e... estás a ver? Lá estava uma criança que era muito especial... porque... porque... o pai não precisava de pinar para fazer filhos... a mãe até era virgem... mas era tudo pessoal muito bacano... estás a ver? Lá em cima brilha a estrela polar.

Presépio Japonês
No presépio japonês José é substituído por um Gormitti, os três reis são substituídos por três Transformers e o burro e a vaca são substituídos por dois cães robôs da Sony.
Todos eles, num pequeno apartamento num edifício com cento e vinte e quatro andares, vêem Maria a jogar Super Mário numa Nintendo Wii. Se ela atingir os mil pontos ganha uma vida. Lá em cima brilha a estrela polar.

Presépio Português
No presépio português José não aparece, já que apesar de Maria estar a dar à luz um filho seu, ele não tem direito ao dia por estar a trabalhar a recibos verdes num restaurante de fastfood num shopping dos subúrbios duma cidade qualquer. Os três reis são substituídos por dois bombeiros (o condutor e o auxiliar)
Uma ambulância parada com as portas de trás abertas, de onde se ouvem os gritos desesperados de Maria, ainda tem o motor a trabalhar enquanto um bombeiro improvisa pela terceira vez na sua vida um parto numa estrada nacional. Uma vaca e um burro que pastavam ali perto olham para a cena sem surpresa, acompanhados pelo bombeiro condutor que aproveita para fumar um cigarrinho. Lá em cima brilha a estrela polar.

11.19.2009

conversa 1365

(no café)

Ela - Desculpa o atraso.
Eu - Não há problema. Na verdade também só cheguei há cinco minutos. Tive que ir tratar duns assuntos...
Ela - Eu admito que hoje me perdi e fiquei quase uma hora a ver-me ao espelho.
Eu (risos) - Fizeste bem. És bonita, por isso ficares ao espelho a olhar para ti não é tempo perdido...
Ela - Não é bem isso. Quando fico muito tempo ao espelho é por estar insegura com o meu corpo. Apetece-me beber uma cerveja já de manhã para esquecer o que acabei de ver...

11.18.2009

se uma mulher for uma cidade

Ainda não percebi se uma data pode ou deve ser importante. O que eu percebi é que, se puder ou dever, o dia de hoje é importante para mim. Faz um ano...

Se uma mulher for uma cidade tenho uma estratégia para ti. Percorrer-te as avenidas, as ruas e os escaninhos numa noite fria até encontrar um bar onde me abrigue do meu amor por ti. Talvez peça um copo de vinho quente com ervas aromáticas, pegue num lápis e no meu bloco e escreva que às vezes me perco na desordem dessa cidade grande e que, aí perdido, me pretendo ficar durante anos até talvez te encontrar. Até talvez me encontrares.

pensamentos catatónicos (192)

Acho que a generalidade das mulheres gosta de, uma vez por outra, provocar alguns ciúmes ao companheiro/namorado/marido através dum esquema que é sempre o mesmo: colocar o nome de outro homem de uma forma abrupta no meio de uma conversa qualquer. Acho também que a generalidade das mulheres não sabe que isso geralmente tem um efeito contraproducente. Mas isso, de facto, sou eu que acho. Posso estar errado.

usadas com garantia



"Paula Hernandez, 40 anos, duas vezes divorciada", é o que diz este cartaz espanhol que promove uma exposição de carros usados da Renault em 2006, que é como quem diz: a Paula está usada mas ainda marcha. Se há publicidade a que se aplica bem a expressão mulher-objecto, é esta. O objecto é um carro que, como se sabe, pode de facto estar em boas condições mas só o compra quem não pode comprar um novo. Não sei se era isso que a Paula estava a pensar quando lhe tiraram esta fotografia. Acho é que não deve ter gostado nada de se ver neste publicidade. Eu, pelo menos, não gosto.

conversa 1364

Ela - Estou numa fase difícil...
Eu - Mas porquê?
Ela - Estou sozinha mas não estou disponível e isto é o pior que pode acontecer a uma mulher.
Eu - Mas se estás sozinha não estás disponível porquê?
Ela - Estou apaixonada por um gajo que não me liga nenhuma, mas como não consigo deixar de pensar nele também não consigo envolver-me com mais ninguém.
Eu - Hum... percebo... mas talvez te fizesse bem envolveres-te com alguém. Às vezes sabe passar uma noite com outra pessoa mesmo que não seja com o amor da nossa vida.
Ela - Vês?! Dizes que percebeste mas não percebeste nada, senão nem dizias isso...
Eu - Percebi, percebi... pensas que isso nunca me aconteceu? Já aconteceu a todos, pá.
Ela - Pois, mas não te deve ter acontecido da mesma maneira, senão não dizias isso...
Eu - Dizia, dizia. Às vezes há pessoas com quem a nossa maior compatibilidade é só sexual, há outras que é mais do que isso mas, caramba, se pudermos passar uma noite entre lençóis com alguém de quem até gostamos, porque não?
Ela - Por que não estamos disponíveis, mas já vi que tu não percebes isso.
Eu - Às vezes falar contigo ou com uma pedra é quase a mesma coisa.
Ela - Contigo também.

11.17.2009

conversa 1363

Ela - Compraste uma camisola nova?
Eu - Comprei... estava em promoção.
Ela - Quanto é que custou?
Eu - Seis euros. Custava quinze...
Ela - É uma porcaria. É toda em acrílico...
Eu - Mas achei-a bonita...
Ela - Mas é uma porcaria. Se andares muito com ela vais começar a cheirar mal e nenhuma mulher se aproxima de ti.
Eu - Não deve ser bem assim...
Ela - Eu, pelo menos, não me aproximo.

11.13.2009

conversa 1362

Ela - É tão bom chegar a sexta-feira e saber que vem aí um fim de semana espectacular...
Eu - Olha... eu cá tenho que trabalhar este fim de semana todo.
Ela - Assim ainda me sabe melhor, sabendo que estou de fim de semana e tu a trabalhar...

três coisas que só as mulheres é que fazem...

1] Só as mulheres é que fumam colocando a mão que tem o cigarro com a palma da mão virada para o céu, enquanto esperam para dar mais uma passa.

2] Só as mulheres é que vestem cães ou gatos com camisolas de lã.

3] Só as mulheres é que mordem o próprio cabelo.

o elevador das bolas



Eu pensava que já tinha visto tudo mas este mundo dos géneros é de facto maravilhoso. Estamos sempre a ser surpreendidos. Agora surgiu o Ball Lifter, um produto para evidenciar o órgão sexual dos homens, ou seja, uma espécie de wonderbra para quem tem a pila pequena ou os tomates já a arrastar pelo chão.
O Ball Lifter é uma forma de contrariar a força da gravidade. Na minha opinião, o único senão do produto é eu acreditar que quem o desenhou nunca levou um pontapé a sério nos ditos cujos. Eu já levei dois ou três e acreditem que nunca mais me esqueci. Levar um pontapé em cheio com esta coisa vestida, acreditem que deve ser mau.E quando digo mau é mesmo mau.
Além disso há sempre a questão do engate. Se um homem levar uma miúda para a cama num engate fortuito, o que é que ela vai pensar quando reparar que andamos com os tomates pendurados como se fossem bolas numa árvore de Natal? Podemos sempre tentar despir a coisa antes da caminha mas, em abono da verdade, não abona muito a favor dum gajo dizer logo na primeira noite, quando as coisas entre ele e ela já estão quentes: "espera só um bocadinho que tenho que ir à casa de banho!".
Hum... eu cá não compro.

11.12.2009

conversa 1361

Ela - Às vezes acho que os homens com quem eu estou só se interessam por mim pelo sexo.
Eu - Não. Não te preocupes com isso. De certeza que não...
Ela - Estás a dizer que eu não sou sensual?
Eu - Não, não... estou a dizer que tens outros focos de interesse para além da sensualidade...
Ela - Ai, estou lixada contigo. Já ando insegura que chegue e tu ainda me vens dizer que eu não tenho interesse fisicamente.
Eu - Eu não disse isso. Acho que és bonita mas, como me parecias preocupada por achares que os homens só te pegam por aí, estou a dizer que na minha opinião não é só por isso.
Ela - Mas achas-me bonita?
Eu - Sim, acho.
Ela - Mas então porque é que nunca te fizeste a mim?
Eu - Sei lá. Não me posso fazer a todas.
Ela - Quer dizer que te fizeste a todas menos a mim...
Eu - Não é isso, não me fiz nada a todas. Mal de mim se me andasse a fazer a todas as mulheres que passam por mim. Estou só a dizer que nunca me fiz a ti mas nem sei porquê. Acho que seres bonita não chega...
Ela -Então é isso. Sou bonita mas é só isso...
Eu - Não é nada.
Ela - Foi o que tu disseste.
Eu - Não foi nada. Por exemplo, nunca fui para a cama contigo e agora estou aqui a beber umas cervejas contigo. Isso é por seres minha amiga, o que já é um interesse para além do interesse sexual, percebes?
Ela - Percebo que me aturas por seres boa pessoa...
Eu - Estás com a autoestima um bocado em baixo, não estás?
Ela - Nota-se muito?

conversa 1360

(num bar)

Eu - Queres mais uma cerveja?
Ela - Eu? Credo! A beber assim ainda saio daqui aos ésses...
Eu - A sério? Ainda só bebemos uma...
Ela - Mas eu não estou habituada...
Eu - O.k. Peço só mais uma para mim, está bem?
Ela - Isso não. Então pede outra para mim também. Não estou habituada mas habituo-me num instante.

conversa 1359

(no café)

Ela (pegando no meu pacote de açúcar) - Ando a fazer colecção de pacotes de açúcar. Como tu nunca pões açúcar no café podes dar-me alguns...
Eu - Claro. Vou ver se me lembro de guardar o pacote de açúcar cada vez que tomar café.
Ela - Obrigado.
Eu - E já tens muitos?
Ela - Não, só tenho este que te tirei agora. Comecei a colecção agora mesmo.

a mulher polvo



Este anúncio de 1965 da Hysil apresentava o seu conjunto de cozinha como essencial, económico, atractivo, eficiente, moderno, prático, agradável e utilíssimo. Por mim tudo bem, acredito que o conjunto fosse tudo isso. O que eu não percebo é aquele "Grande Concurso Hysil" anunciado no canto inferior direito que diz "preencha o postal Hysil com o seu nome e morada e poderá ser contemplada com um dos conjuntos". Contemplada quer dizer que os homens nem sequer podiam concorrer. Fico na dúvida, portanto, se aqueles oito adjectivos se referiam exclusivamente ao produto ou se era mais à mulher polvo do anúncio...

[anúnico tirado deste blogue]

ao murro, ao pontapé e a conversar...



Um chinoca maluco chamado Xiao Lin iniciou um negócio inovador: apanhar de mulheres. O público alvo é composto por mulheres stressadas que, pela módica quantia de quinze dólares, lhe podem bater durante meia hora. Até agora, segundo ele, nenhuma mulher completou os trinta minutos a que tem direito, já que normalmente as suas clientes preferem acabar por conversar.
Fiquei entusiasmado com esta notícia. É que normalmente os negócios iniciados por chineses proliferam rapidamente e acabam por invadir o mundo inteiro. Estou ansioso que em cada esquina de Aveiro comecem a surgir lojinhas para as mulheres poderem bater durante meia-hora num chinês. A mim, pela parte que me toca, cada vez que sentir uma amiga minha a prender a respiração e a preparar-se para se chatear comigo por um motivo que eu nem sequer percebo, dou-lhe logo quinze dólares para ela ir acalmar os nervos numa lojinha dessas. Espero até que haja uma espécie de cartão cliente para as clientes habituais, que assim talvez me saia mais barato. Quanto ao facto de elas gastarem parte do tempo a conversar em vez de bater, parece-me bem, até por que a maior parte das vezes que falo com amigas minhas sinto que é como se estivesse a falar chinês.

[ler no NY Daily News]

11.11.2009

conversa 1358

Ela - Socorro. Vem aí mais um Natal.
Eu - Concordo. Detesto esta obrigação social de comprar prendas...
Ela - Não é isso. Da parte das prendas eu até gosto. O problema é a balança depois do almoço e do jantar de Natal...

11.10.2009

conversa 1357

Ela - Acho que as embalagens de preservativos, em vez daquelas instruções no interior que não servem absolutamente para nada, deviam trazer um lembrete do lado de fora a avisar para retirar imediatamente os preservativos da caixa mal se chegue a casa...
Eu - Porquê?
Ela - Porque alguns homens demoram tanto tempo a conseguir tirar o plástico que envolve a caixa que uma mulher perde a pica toda enquanto tentam...
Eu - Já te aconteceu?
Ela - Já... um intervalo de dois ou três minutos numa queca só para tirar um preservativo da embalagem é mesmo muito tempo...
Eu - E porque é que não tiraste tu o preservativo da caixa? Se ele estava a demorar assim tanto...
Ela - Ele levantou-se e foi à cozinha cortar a embalagem com uma tesoura... eu não ia atrás dele...
Eu - Ena...
Ela - Entretanto fiquei no quarto dele e reparei que ele ainda é mais desarrumado que o meu ex-marido. Tem roupa interior num dos cantos do quarto que já deve estar ali há séculos...
Eu - E ele demorou muito a regressar da cozinha com a caixa dos preservativos aberta?
Ela - Demorou o suficiente... quando regressou e eu lhe disse que ele era muito porquinho, perdemos os dois a pica e acabámos por adormecer...
Eu - Tens razão, acho que as caixas de preservativos deviam trazer esse aviso por fora.
Ela - Pois deviam, pois deviam...

11.08.2009

conversa 1356

Ela - Ando a ver se o meu marido deixa de fumar. Ele fuma tanto...
Eu - Fazes bem... deixar de fumar é mesmo importante para a saúde.
Ela - Eu quero lá saber da saúde dele. Eu quero é que ele pare de encher a casa com beatas e quero que a casa deixe de cheirar a fumo...

conversa 1355

(ao telefone)

Ela - Antes de vires para aqui passas no supermercado e compras maçãs golden royal, por favor?
Eu - Maçãs quê?
Ela - Maçãs vermelhas mas que não sejam escuras.
Eu - Vou...
Ela - Com os homens é preciso ser simplista e eu às vezes esqueço-me disso...

11.06.2009

conversa 1354

(na casa dela)

Ela - Da minha casa ouço os gritos da minha vizinha do lado a fazer amor com o marido. Aquilo é que são gritos...
Eu - É o isolamento sonoro da casa que é mau...
Ela - Ou então é o marido dela que é bom.
Eu - Ou isso...
Ela - E eu aqui a viver sozinha. Às vezes dá-me uma raiva. Já pensei em pôr-me também aos gritos só para ela ver que não é a única.
Eu (risos) - Não és capaz!
Ela - Não fazes ideia do que uma mulher é capaz!

conversa 1353

Eu - Parti os meus óculos...
Ela - Não parecem partidos.
Eu - Colei-os com super cola 3. Espero que se aguentem algum tempo mas já percebi que mais tarde ou mais cedo vou ter que comprar outros...
Ela - Quando comprares outros diz-me, que é para eu ir contigo ajudar-te a escolher.
Eu - Mas eu não preciso de ajuda a escolher. Eu compro sempre, dentro dos que são mais parecidos com estes que tenho, os mais baratos.
Ela - E nunca experimentas outro tipo de óculos?
Eu - Não.
Ela - Realmente, os homens não sabem dar nenhuma piada à vida.

etic

Na ETIC - Escola Técnica de Imagem e Comunicação, no âmbito de um trabalho do módulo Iniciação Prática, foi feito este vídeo com diálogos retirados deste blogue.

branco velho, tinto e jeropiga... com peixe frito

Pronto... a jeropiga produzida no Fundão é boa... mas dá um bocado de dor de cabeça quando bebida depois de vinho tinto...

11.05.2009

conversa 1352

(ao telefone)

Ela - Ainda nem te agradeci. Gostei muito de jantar contigo... e acho que cozinhas bem.
Eu - Obrigado.
Ela - Não agradeças. Cozinhas bem mas cozinhar como os homens fazem é fácil. Não era propriamente um elogio.
Eu - É fácil?
Ela - Sim... cozinhar para uns amigos de vez em quando é fácil. Difícil é pensar na merda do almoço e do jantar, para o marido e para os filhos, todos os santos dias...
Eu - Sim... mas eu...
Ela - Pronto, já estou irritada.

noite fria com música

Hoje é noite de Couscous Prosjekt no Clandestino Bar.

calcanhares assassinos



A Killerheels é uma marca de sapatos para mulheres que se define metaforicamente, mesmo através do próprio nome (calcanhares assassinos), uma marca capaz de matar homens. Eu percebo a ideia embora não seja grande adepto deste cartaz. É que os sapatos de salto alto que as mulheres usam matam mesmo um homem. Pelo menos, no mínimo dos mínimos, matam-lhe a paciência. Matam-lhe a paciência quando ficam presos durante dez minutos num buraco qualquer do passeio, exactamente na manhã em que ele está cheio de pressa para uma reunião de trabalho; matam-lhe a paciência quando no último dia de férias em Veneza eles decidem conhecer a cidade a pé e ela torce a tibio-társica a meio do caminho; matam-lhe a paciência quando, depois de uma noite de copos, ela decide que já não pode caminhar mais com aqueles sapatos de quatrocentos euros porque tem os pés cheios de bolhas. Enfim... a Killerheels é uma marca que sabe do que fala...

conversa 1351

(no café)

Ela - Nem reparaste que eu fui ao cabeleireiro...
Eu - Foste ao cabeleireiro?
Ela - Fui...
Eu - Já não te via há uns quinze dias... é por isso.
Ela - Fui ao cabeleireiro esta manhã. Acho que se repara na mesma... mas pronto.
Eu - És tão bonita que nem reparei no teu cabelo...
Ela - Quer dizer que se te aparecesse careca também não notavas.
Eu - Vem aí o empregado. Queres um café?
Ela - Isso, isso... muda de conversa agora.
Eu - Eu preciso mesmo dum café. Estou meio ensonado. Se calhar foi por isso que não reparei...
Ela - Quanto mais falas mais te enterras.

11.04.2009

não ao referendo

Sou contra o referendo sobre a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Porquê? Porque enquanto cidadão não tenho o direito de opinar sobre as opções ou tendências sexuais dos outros. Se duas pessoas do mesmo sexo decidem casar, isso faz parte apenas da esfera individual de cada um.
Recuso-me é a viver num país onde há cidadãos de primeira e cidadãos de segunda e, no caso do casamento civil, os homossexuais são considerados pela lei cidadãos de segunda. É preciso por isso que tenham os mesmos direitos dos outros....

11.03.2009

apaixonei-me por ela numa viagem de comboio.

Apaixonei-me por ela numa viagem de comboio. Primeiro vi-a sentada num dos bancos da estação, folheando um livro enquanto arrumava o seu próprio corpo na quantidade exagerada de objectos que a acompanhavam. Uma pequena e coçada mala vermelha cheia como um ovo; uma carteira de tiracolo de onde tinha tirado o livro e que agora esperava como um cão obediente, de boca aberta, que ela o tornasse a arrumar; um casaco comprido adormecido serenamente no seu colo apetecível e, ao seus pés, um saco de plástico de um supermercado qualquer com algumas compras.
Apaixonei-me por ela numa viagem de comboio. Depois vi-a a guardar calmamente o livro na carteira, acordar com doçura o casaco antes de o vestir, pôr a carteira a tiracolo ajustando-a milimetricamente ao seu corpo e, por fim, caminhar para o comboio com o saco de plástico numa mão e a mala vermelha noutra.
Eu já lá estava, observando-a privilegiadamente a partir duma janela, porque tinha corrido para a carruagem com a pressa de todos os outros passageiros. Foi só aí que me expliquei aquela paixão súbita, enquanto ela se instalava num banco à minha frente exactamente como se instalara no cais: com o casaco a adormecer de novo ao seu colo e a carteira de boca aberta ao seu lado. Ela tinha uma velocidade diferente. Era como se todos caminhassem rapidamente para a morte e ela, apesar de ir na mesma direcção, parasse de vez em quando para contemplar a vida.
Apaixonei-me por ela numa viagem de comboio. E se ela contemplava a vida eu contemplava-a a ela, e se ela se perdia num mar de letras eu perdia-me num mar de mulher. Um mar de ondas calmas e espaçadas, às vezes provocadas pelo virar de mais uma página, outras vezes por uma efémera troca de olhares e outras vezes pelo simples acto de respirar.
Apaixonei-me por ela numa viagem de comboio. Depois adormeci... e talvez por o meu sono ser ciumento do sono do seu casaco, fui mergulhando nessas ondas como num sono cada vez mais profundo. Quando acordei ela já não estava. Tinha saído numa estação qualquer. Não faz mal, às vezes apaixonamo-nos por quem não pode viajar connosco.

10.31.2009

conversa 1350

(no meu carro, a chegarmos a minha casa para jantarmos juntos)

Ela - Que estás a fazer?
Eu - À procura dum lugar para estacionar...
Ela - Havia ali atrás...
Eu - Estou a ver se há um lugar mais perto.
Ela (impaciente) - És daqueles que precisam mesmo de estacionar em cima da porta de casa? Já agora leva o carro para o segundo andar...
Eu - Pronto, tem calma... eu dou a volta e estaciono lá atrás.
Ela - Sim, mas já agora deixa-me à porta e dá-me a chave de casa para eu ir subindo... não queres que eu faça este caminho todo a pé, pois não?

10.30.2009

conversa 1349

Ela - Normalmente lês mais à noite ou de dia?
Eu - De dia é mais quando ando de comboio. De resto é mais à noite quando já estou na cama...
Ela - E tens sexo depois ou antes de ler?
Eu - Não sei... acho que leio mais vezes quando estou sozinho...
Ela - Caramba, é que eu desde que comecei a namorar com o XXXXXX ainda não avancei uma página no livro que andava a ler...

conversa 1348

(ao telefone)

Ela - O meu filho está a dizer que tu lhe prometeste que lhe arranjavas um jogo de futebol para o computador...
Eu - É o Pro Evolution Soccer 2010. Já o tenho e já lhe gravei... este fim de semana dou-to.
Ela - Não é isso. Eu estou farta de ver o puto agarrado ao computador. Para a próxima, antes de lhe prometeres um jogo perguntas-me a mim se eu deixo...
Eu - Eu acabei de te dizer que to dou a ti este fim de semana...
Ela - Mas já o deixaste a ele com água na boca. Não se pode prometer nada a um miúdo de doze anos... depois eu não o consigo controlar.
Eu - Eu vi o computador dele e tinha vários jogos. Parti do princípio que tu até o deixas jogar...
Ela - São outros amigos meus que lhe arranjam tudo o que ele quer... e como ele já sabe que é assim, pede-os.
Eu - Pronto, tem calma. Depois deste não lhe arranjo mais nenhum...
Ela - E já agora, arranjas-me a mim o último Sims? Aquele que é para gerir famílias...

10.29.2009

o beijo


túmulo, Praga-República Checa, junho 2009

dedos nas meias

Há uma altura em que se deixa de ter noção dos limites do corpo. Já não sente os dedos dos pés embora saiba que eles se debatem nas meias como um cardume de sardinhas prestes a ser apanhado nas redes da pesca. É por isso que não tem a certeza se está a beber o último uísque da noite ou se se está a afogar nele.
Há uma altura em que se deixa de ter a noção dos limites da própria alma. Tal como os dedos nas meias ou as sardinhas nas redes, também os seus pensamentos se debatem liquefeitos no cérebro antes de se evaporarem em nuvens que orbitam a única mulher no café. Uma mulher num café é sempre o centro do mundo, pensa, e também esse pensamento dorido se desfaz em vapores que talvez não sejam nada. É por isso, por talvez não serem nada, que ele não tem a certeza se realmente a orbita ou se anda à deriva pelo desconhecido. Ela queixa-se ao empregado que ficou até àquela hora a fazer uma montra qualquer duma loja qualquer. Até a queixar-se sabe sorrir.
Nos homens há uma solidão que não tem a ver com estar sozinho, tem a ver com a falta de um gesto qualquer. Trezentos amigos não a resolvem mas um abraço duma mulher sim, resolve. É uma solidão estranha, como se se ouvisse continuamente a música que mais se gosta mas num rádio roufenho. Está lá tudo o que se quer ouvir mas distorcido... uma distorção que depois é física e emocional.
Pediu outro uísque mas viu o seu pedido recusado. Que são horas de ir dormir, respondeu o empregado numa mistura de impaciência e falso paternalismo. A mulher também já saiu... sem olhar para trás. Sem olhar para trás. O que ele queria mesmo era que o tempo congelasse num momento em que os seus olhares se cruzassem para poder contemplá-la. Contemplar mesmo, da mesma forma que se contempla o primeiro dia da Primavera.
Há uma altura em que se deixa de ter a noção do tempo e do espaço. Quando fecha o último café da noite é como se o mundo adormecesse. E a solidão de um homem também é isso: estar acordado quando o mundo dorme. Senta-se numa dessas esquinas dormentes do mundo saboreando um pingo de uísque sobrevivente num dos lábios. Do outro lado da rua, na montra dum pronto-a-vestir qualquer, há o manequim duma mulher que sorri. Talvez hoje possa congelar o tempo por aí, enquanto agita os dedos dos pés numas meias apertadas...

conversa 1347

Ela - Apetecia-me um pão com manteiga. Tens manteiga em casa?
Eu - Tenho... o pão está congelado. Tens que pô-lo no microondas...
Ela (já na cozinha) - Onde é que está a manteiga?
Eu - Está aí... mesmo à tua frente.
Ela - Não vejo...
Eu - Mesmo à tua frente. Um pacote de Planta...
Ela - Eu disse manteiga. Planta não é manteiga.
Eu - É, é.
Ela - Não é nada.
Eu - É, é.
Ela - Então anda cá ver o que diz a embalagem.
Eu (já com ela na cozinha) - Mostra lá...
Ela - Vês?! Diz "creme vegetal de barrar". Quando um pacote tem manteiga lá dentro diz manteiga do lado de fora...
Eu - Sei lá... para mim isso sempre foi manteiga.
Ela - Vou sair num instante comprar manteiga...
Eu - Não me digas que vais sair às dez da noite só para comprar manteiga.
Ela - Vou...

10.27.2009

coisas que fascinam (90)

Ando a pé por aí, fazendo cócegas ao mundo com os meus pés de chumbo, calcorreando os jardins, as ruas e os centros comerciais duma cidade que vi crescer. Esta cidade faz parte da minha vida e nela, a espaços, passam mulheres que fazem parte do meu dia. As mulheres têm essa capacidade, penso, a de fazerem parte do nosso dia apenas por terem passado por nós... e talvez sorrido. Talvez uma tenha também mordido a ponta do cabelo enquanto desviava o olhar do meu, talvez outra tenha cruzado os braços como se se abraçasse a si mesma e talvez outra tapado a boca com dois dedos, o do meio e o indicador, enquanto mordia um pequeno pedaço de um bolo de arroz.
Talvez no gesto das mulheres haja sempre qualquer coisa a mais para além do próprio gesto, penso. E há mesmo. Há esse momento do meu dia.

10.26.2009

conversa 1346

Ela - Preciso de levar uns móveis e uns caixotes para a minha casa nova. Estava a pensar pedir-te o teu carro...
Eu - Está bem. Tem piada, eu pensava que tinhas comprado um carro qualquer há pouco tempo...
Ela - Comprei, comprei... mas como ainda está novo não o queria começar a estragar já...

loiras na pré-história

Um estudo científico demonstra agora que os homens pré-históricos preferiam as mulheres loiras de olhos azuis. Mais ainda, esse mesmo estudo diz que as loiras de olhos azuis apareceram durante o fim da idade do gelo como uma reacção à escassa presença do género masculino. Basicamente, como havia poucos homens, e por isso uma maior pressão sexual, começaram a aparecer mulheres loiras para captar maior atenção do género masculino. [link]
Para além da inveja que tenho de todos os homens que viveram na idade do gelo, acho que consigo delinear uma estratégia para seduzir mais facilmente uma mulher loira: grunhir enquanto se bate fortemente com as mãos nos pêlos do peito. Está-lhes no código genético...
E pronto, agora vou só ali ensaiar uns grunhidos e ver se os dezasseis pêlos que eu ontem tinha no peito ainda lá estão.

10.24.2009

estar como peixe na água



Será que sou o único que acha que ter um peixe pendurado ao fio do tampão não deve ser assim muito confortável para uma mulher? É que pelo menos na Tampax eles não devem ter a mesma opinião, senão não tinham feito este anúncio com a frase "je suis comme un poisseau dans l'eau" (estou como peixe na água). E se a ideia era dar uma conotação sexual ao anúncio, em que o peixinho é que se sente como peixe na água por estar a olhar para debaixo da saia duma mulher qualquer... argh!

conversa 1345

(num hipermercado)

Ela - Vai-me comprar fiambre enquanto eu faço as compras que preciso, por favor.
Eu - Fiambre?
Ela - Sim... duzentos gramas de fatias bem fininhas.
Eu - Mas... isto está cheio. Se eu vou agora ao fiambre apanho uma seca enorme à espera de vez...
Ela - Por isso é que te estou a pedir.
Eu - E se comprares fiambre daquele que já vem embalado?
Ela - É mais caro e de pior qualidade.
Eu - Ok... vou buscar a senha...

(cinco minutos depois)
Eu - Olha, tirei a senha noventa e seis e ainda vai no número cinquenta e tal...
Ela - Vês que sorte? Enquanto eu faço as compras podes ir tomar café...

10.23.2009

conversa 1344

(no café, porque eu tinha o Caim, do Saramago, na mesa)

Ela - Ah! Andas a ler isso?
Eu - Ainda não comecei... comprei-o hoje... vou começar a lê-lo esta noite.
Ela - Está tudo bem contigo?
Eu - Sim, e contigo?
Ela - Comigo também. Contigo é que não parece...
Eu - Porque é que não parece?
Ela - Quando um homem comprometido compra um livro do Saramago para começar a ler numa sexta-feira à noite... fico com a sensação que alguma coisa está mal.
Eu - Não percebi...
Ela - Deixa lá... esquece.
Eu - Juro que não percebi...
Ela - Nem acredito que consigas perceber.

a mulher mais sexy do mundo...

Quando eu era pequenino não havia embalagens descartáveis para o leite. Aliás, nem sequer havia leite de longa duração. O leite vinha numas garrafas que tinham uma tampa que nunca caía por estar presa ao vidro através dum arame, e era com essas garrafas que todos os dias eu ia com a minha mãe à mercearia do senhor Samico comprar a dose diária de leite.
A loja do senhor Samico, já no fim da rua Dr. Mário Sacramento, ficava mesmo ao lado dum edifício com dez andares que, nesses felizes tempos, era o prédio mais alto da cidade de Aveiro. Aliás, era tão alto que lhe chamavam o arranha-céus. Uma vez ouvi uma conversa nessa mercearia em que uma mulher qualquer se gabava de ter visto in loco o maior prédio do mundo que, segundo ela, era mesmo muito maior do que aquele. Encolhido nos meus cinco ou seis anos de idade, fiquei um bocado lá fora a olhar espantado para aquele arranha-céus. Seria possível haver mais alto do que aquilo?
Hoje lembrei-me disto quando li no jornal que uma miúda brasileira de 27 anos, chamada Grazielli Massafera, foi considerada a mulher mais sexy do mundo. Senti-me de novo na redutora incapacidade dos meus cinco anos de idade: Será possível haver alguém mais sexy do que quem eu gosto? E pronto... depois fui tomar café.

10.22.2009

conversa 1343

(no cinema, no fim do filme)

Ela - Vamos embora...
Eu - Espera aí... quero ver uma coisa na ficha técnica.
Ela - Vamos embora, anda lá. Não acredito que és daquelas pessoas que ficam a ver as letrinhas todas no fim dos filmes...
Eu - Não sou dessas pessoas. Às vezes fico, outras vezes não...
Ela - Não acredito que me vais fazer esperar só por causa destas letrinhas...
Eu - É só um bocadinho. Espera aí...
Ela - Vou andando devagarinho... quando acabares vai atrás de mim a correr para ver se chegamos ao carro ao mesmo tempo.
Eu - Não me enerves. Tem calma...
Ela - Calma? Como é que eu vou ter calma se tu me fazes perder tempo com isto?
Eu - São dois minutos... espera aí...
Ela - Prometeste que íamos beber uma cerveja depois do filme.
Eu - E vamos. Espera só um bocado.
Ela - Mas afinal o que é que tu queres saber?
Eu - Queria ver a banda sonora... mas se calhar já passou. Distraíste-me...
Ela - Ainda bem. Vá, vamos embora.

conversa 1342

Ela - Achas possível apaixonares-te por uma pessoa que passou por ti na rua mas que não conheces de lado nenhum?
Eu - Isso aconteceu-te?
Ela - Não sei...
Eu - Eu acho possível isso acontecer...
Ela - Então aconteceu-me.

10.21.2009

coisas que fascinam (89)

Habituei-me à luz do Sol que todos os dias entrava pelas frinchas da persiana do meu quarto e me acordava com rara suavidade. Era o Sol a dizer-me: "bom dia, hora do pequeno-almoço!" todas as manhãs e eu a resmungar em silêncio porque queria dormir mais.
Um destes dias acordei sozinho, que o Outono chegou definitivamente ao país e apagou esses traços da luz do Sol que amanheciam na minha cama, e esse foi o meu primeiro pensamento outonal do ano: "a chuva apagou o Sol". O segundo, enquanto abria o frigorífico para fazer o pequeno-almoço um pouco mais tarde do que o habitual, foi que devia ter bebido a garrafa de vinho branco que lá está durante os dias de calor.
Tudo bem, são pensamento egoístas, eu sei. Os pensamentos têm a mania de ser egoístas. Aliás, há duas coisas que têm essa mania: os pensamentos e o amor. Também já me habituei uma vez a uma mulher que todos os dias me acordava com rara suavidade. Era ela a dizer-me: "bom dia, hora do pequeno-almoço!" todas as manhãs e eu a resmungar em silêncio porque queria dormir mais.
Um dia acordei sozinho, que também no amor o Outono chegara sem avisar, e por estes dias tenho pensado (mais um pensamento egoísta) em como as mulheres se assemelham às vezes à luz do Sol que de vez em quando entra pelas frinchas das nossas persianas e se desenha na colcha da cama ou na parede. Essa luz ora vem ora não vem... mas sabem? Não há problema, todos os anos as estações se repetem e todos os anos o Sol volta durante algum tempo.

10.16.2009

conversa 1341

(ao telefone)

Ela - Queres trocar de casa comigo um fim de semana?
Eu - Trocar de casa?
Ela - Sim. Eu vou para Aveiro um fim de semana e fico em tua casa. Tu vens para Lisboa no mesmo fim de semana e ficas na minha. É uma forma de passarmos o fim de semana fora sem gastar dinheiro em alojamento...
Eu - Mas assim nem nos vemos...
Ela - That's the point!

conversa 1340

Ela - Posso perguntar-te uma coisa íntima?
Eu - Podes. Depois vejo se respondo ou não...
Ela - O período incomoda-te?
Eu - O período das mulheres?
Ela - Sim...
Eu - Não. Porque é que me havia de incomodar?
Ela - Estou a perguntar se para ti é um facto de inibição sexual...
Eu - Ah! Não... não é.
Ela - Pois... para os homens nunca é. Para as mulheres é... pelo menos para mim é...
Eu - Desculpa contradizer-te mas acho que para as mulheres normalmente também não é...
Ela - Não é enquanto elas não perceberem que no dia seguinte são sempre elas a lavar os lençóis. Porra...
Eu - Pronto, tem calma... pensei que estavas a fazer uma pergunta noutro âmbito...
Ela - Claro, o âmbito de lavar roupa nunca é dos homens...
Eu - Tem calma, tem calma...
Ela - Não tenho calma nada...

couscous aveiro mix

Este domingo, a após um convite de última hora, os Couscous Prosjekt vão estar à noite no Mercado Negro, em Aveiro, para que a iniciativa A Língua Toda acabe com sons afro. Na terça-feira voltamos ao Clandestino Bar e à diáspora mundial do costume...

coisas que fascinam (88)

As mulheres que vivem sozinhas dividem-se em dois grupos: as mulheres que colam cenas nos frigoríficos e as mulheres que não colam cenas nos frigoríficos. Entenda-se por cenas coisas tipo fotografias, ímanes das viagens que fazem, contas por pagar, desenhos feitos em guardanapos de café e afins...
Acho que sempre me interessei mais pelas mulheres que colam cenas nos frigoríficos. Normalmente são mulheres com mais garra emocional. Riem e choram com mais facilidade porque tudo o que lhes aconteceu na vida teve importância, má ou boa. Aliás, colar cenas no frigorífico é precisamente isso: tentar agarrar pedacinhos da vida e fazer um pequeno mural com eles para que nunca desapareçam.
É verdade que viver com uma mulher que cola cenas no frigorífico é um desafio maior, mas também é verdade que a vida fica mais condimentada. Há uma espécie de caos nestas mulheres que eu adoro. É o caos dos cabelos sempre por pentear, é o caos das calças pisadas no calcanhar, é o caos do filho que foi para a escola sem a lancheira, é o caos da borbulha que apareceu exactamente na ponta do nariz e por fim é o caos das emoções, aquelas emoções que se manifestam numa lágrima que cai num copo de vinho depois dum jantar que quase queimava, dum sorriso trémulo levemente embriagado e, por fim, dum abraço forte incontrolável.
Acho que quando se tem uma namorada que cola cenas no frigorífico é bem possível que essa relação seja duradoura. Duradoura e caótica, é verdade... mas vivida com muitos altos e muitos baixos. Com uma namorada que não cola cenas no frigorífico até podemos nunca nos chatear mas é certo que a coisa vai acabar cedo. Provavelmente vai até acabar muito antes do seu fim oficial, porque não percebemos logo que a branquidão vazia daquele frigorífico é também o vazio da nossa vida...

10.13.2009

maitê proença



Portugal tem uma incapacidade enorme de se rir de si mesmo e uma enorme tendência para a pequenez. Só isso é que pode justificar o facto de metade do país andar indignado com o vídeo que a Maitê Proença fez em 2007 e que passou agora num canal de televisão brasileiro.
A mim o vídeo não me incomoda nada e não o acho importante. A Maitê é apenas uma brasileira entre muitos milhões de brasileiros e tem o direito de ter a opinião e os sentimentos que lhe apetecer em relação a Portugal, mesmo que o faça com algum mau gosto.
O que me incomoda no vídeo é esta imagem em que ela aparece a cuspir para uma fonte. Caramba... perdeu a sensualidade toda que eu lhe via desde a adolescência. Depois disto só lhe faltava arrotar, coçar a tomatada e dar um beijinho no Paulo Portas. Pois é...
[ler no JN]

saudades

agora, assim de repente, tenho saudades tuas...

conversa 1339

(na minha cozinha)

Eu - Tiras aí duas cervejas do frigorífico, por favor?
Ela (espreitando para o frigorífico) - Tens algumas coisas no teu frigorífico fora de prazo...
Eu - É possível... às vezes acontece...
Ela - Posso arrumar o teu frigorífico? Está tão desarrumado...
Eu - Não, não podes. Podes é tirar duas cervejas para bebermos...
Ela - Posso só pôr este queijo ralado no lixo? Está fora de prazo...
Eu - Podes, pronto. Depois tira as cervejas...
Ela - E estes iogurtes também.
Eu - Ok... mas tira as cervejas...
Ela - Já tiro, já tiro... há quanto tempo é que estas tupperwares com comida estão aqui?
Eu - Não sei... tira as cervejas...
Ela - E precisas limpar isto. Está tão sujo...
Eu - Tira as cervejas...
Ela - E este vinho branco cheira mal... só o usas para cozinhar, não é?
Eu - É... mas tira as cervejas...
Ela - Já tiro, já tiro... deixa-me só ver se estes molhos estão bons...
Eu - Não vejas nada disso. Tira as cervejas, caraças...
Ela - Tiro só uma, então. Não me apetece beber nada agora.

conversa 1338

(ao telefone com uma senhora do citibank)

Ela - Boa tarde!
Eu - Boa tarde!
Ela - Estou a falar do cartão citibank e queria saber se gostava que o citibank lhe depositasse 6000 euros na sua conta à ordem em menos de 48 horas...
Eu - Gostava sim, gostava muito até...
Ela - Nesse caso, e como o seu crédito está aprovado, vou só confirmar os seus dados para lhe enviar os papéis que deve assinar...
Eu - Mas para me depositar dinheiro na conta eu tenho que assinar papéis?
Ela - Sim... referente ao crédito...
Eu - Mas eu não quero fazer crédito nenhum. Só quero que me deposite 6000 euros na conta, como me perguntou se eu queria...
Ela - Mas quer saber a prestação que vai pagar?
Eu - Eu não vou pagar prestação nenhuma... se quiser depositar dinheiro na minha conta agradeço, que até estou a precisar... mas não vejo motivo para lhe pagar prestação nenhuma...
Ela - Temos condições vantajosas para si...
Eu - Nesse caso também tenho condições vantajosas para si. Empresto-lhe 100 euros hoje e para a semana dá-me 140. Pode ser? Até lhe emprestava mais mas neste momento não posso. No entanto, quando me pagar os 140 posso emprestar-lhos de novo e depois paga-me 180...
Ela - Já vi que não está interessado...

aumente os seus seios

Este senhor com ar de quem-espera-pelo-verde-para-peões-numa-passadeira-de-Serpa-às-três-da manhã, chama-se David Knight e diz que é hipnotizador. Mais ainda, diz que através da hipnose consegue aumentar o tamanho dos seios das mulheres. Mais ainda, diz que para isso acontecer basta às mulheres ouvir o seu conjunto de cd's. [ler no PD]
A explicação é simples: os seios de todas as mulheres são produzidos pela mente e por isso a mente também os pode melhorar.
Sinceramente, estou a pensar comprar este conjunto de cd's do David e pô-lo a tocar durante todo o dia na minha rua, com a minha aparelhagem na varanda. Tenho a certeza que o meu bairro vai ficar muito mais bonito e um melhor lugar para se viver...

sexo com velhinhas idosas

Há muito tempo que não fazia isto: ir ver buscas no google que vieram aqui dar. É uma mina para quem está a precisar de rebolar a rir, coisa que eu não estou. De qualquer maneira fica aqui uma mostra. O prémio, na minha modesta opinião, vai para a frase "sexo com velhinhas idosas". Pela originalidade, claro...

molheres noas
Vieste ao blogue certo. Aqui há montes de molheres noas. Ainda ontem esteve aqui uma toda noa. hoje é que por acaso não está nenhuma.

hi5 de gajas porcas a fuder com fruta portugal
Com fruta mesmo? Ena... quero ver isso, uma mulher e uma maçã, uma mulher e uma uva, uma mulher e um morango...

palavras com fra fre fri fro fru
França, frete, friigorífico, frontal, fruta. Pronto.

fazere sexo forsa
Dále de forsa, dále de forsa...

fotos mulhe em relasao com outras mulher
Em relasao a isso não sei de nada.... mas por mim tudo bem.

mulher de quatro para um porco
Hum... hum... e o porco faz o quê?

mulheres quando fazem sexo suam sera que faz bem a saude
Será que sim? Será que não? Só Deus sabe... são estes mistérios divinos que dão alguma graça à vida, pelo menos quando se sua...

os melhores videos de sexo com chinesas velhas
É um bocado específico...

pensamentos das mulheres tamanho penis
Acho que as mulheres não pensam muito nisso, para ser sincero. Os homens é que pensam que elas pensam...

sexo com velhinhas idosas
Com velhinhas idosas é difícil. Com velhinhas novas é muito mais fácil porque, lá está, as velhinhas ainda são novas.

suino e mulher faz sexo
De certeza? é que eu acho que não...

velhas malucas a despirem-se
Se forem malucas é mais giro, acho eu. Devem vestir cenas engraçadas. A despirem-se, malucas ou não, vai dar ao mesmo...

10.12.2009

quero ver esta mulher nua...

Marge Simpson, a mulher do famigerado Homer Simpson, vai ser a estrela principal da revista Playboy no mês de Novembro.

Não sei se também o vai ser na edição portuguesa mas creio que não, o que quer dizer que vou ter que reservar no quiosque um exemplar da edição americana. É que desde que comecei a beber copos com o meu amigo Homer que sinto uma sedução enorme da parte da Marge... e nesta fotografia ela está tão bonita... oh Marge, oh Marge... chuif...

Ei! só espero é que aquela luva que ela tem na fotografia não seja uma daquelas luvas de crina de cavalo... é que mulheres sensuais com luvas dessas dão-me medo. Acho que já sei porque é que o Homer bebe tanto...

10.10.2009

conversa 1337

(ao telefone)

Ela - Queres tomar um café? Preciso sair de casa que já não aguento mais isto...
Eu - Não aguentas o quê?
Ela - O meu marido trouxe os amigos todos para ver o Portugal - Hungria cá em casa. Não aguento tantos comentários estúpidos em minha casa. Tenho que sair...
Eu - Ok... eu até tomava um café.
Ela - Mas não pode ser num café. Tem que ser em tua casa. Os cafés também estão cheios de homens a ver o jogo...
Eu - Não estarás a exagerar?
Ela - Não. Os homens queixam-se que as mulheres vêem telenovelas mas ao menos nós vemos telenovelas sozinhas. Não nos juntamos em grupo a dizer barbaridades umas a seguir às outras...

conversa 1336

Ela - Preciso falar contigo... preciso desabafar...
Eu - Então?
Ela - Ando a ter tentações com o meu ex-marido e não queria nada...
Eu - Não querias nada porquê?
Ela - Acho que as pessoas são como lugares. Quando somos muito felizes num lugar nunca devemos lá voltar anos mais tarde. A única coisa que vamos encontrar lá é melancolia e saudade.
Eu - Isso quer dizer que tens saudades do teu ex-marido...
Ela - Tenho saudades do que ele já foi, não daquilo que ele é agora...
Eu - Então afasta-te...
Ela - Imagina, por exemplo, que tinha sido muito feliz em Paris há dez anos atrás. Agora, muito tempo depois, passavas lá perto e sabia que não ias encontrar ninguém das pessoas com quem tinhas sido feliz lá. Entravas ou não na cidade?
Eu - Talvez entrasse...
Ela - Pois é..

10.09.2009

conversa 1335

Ela - Sinto-me gorda e feia.
Eu - Engordaste um bocadinho mas eu acho que estás muito bem assim.
Ela - Vês? Engordei.
Eu - Engordaste mas não estás gorda. Estás bonita e com bom ar...
Ela - Mas engordei...
Eu - Mas estás muito bonita. A sério.
Ela - Mas engordei...
Eu - Mas estás... vale a pena eu continuar a dizer que estás bonita?
Ela - Não. Eu engordei...

mais politiquices...

Acho que este foi o primeiro discurso político oficial que fiz na vida... e agora que a campanha acabou preciso mesmo de descansar e voltar à minha vida normal.
Preciso também de agradecer a todos os incansáveis que contribuíram desinteressadamente para esta candidatura histórica do Bloco de Esquerda em Aveiro e de dizer que houve momentos em que o esforço de alguns me emocionou.
Obrigado.

10.08.2009

conversa 1334

(ao telefone)

Ela - Olha, preciso de azeite, cebolas e alho para o jantar. Podes ceder-me alguma coisa?
Eu - Posso... mas é meio-dia. As lojas ainda estão todas abertas...
Ela - Mas eu não posso comprar. Fui à aldeia no fim de semana e deixei lá os meus cartões todos. Já nem gasolina no carro tenho.
Eu - Se não tens gasolina como é que vens aqui buscar o azeite, as cebolas e o alho?
Ela - Não vou. Vens tu aqui trazer.
Eu - Estou cheio de pressa. Ando muito ocupado... mas vou ver se passo aí esta tarde. Não posso é jantar contigo porque hoje tenho jantar do Bloco.
Ela - Não faz mal, também não te ia convidar.

10.07.2009

politiquices



1] Hoje às 19:00, na rádio Terranova, representarei o Bloco de Esquerda num debate com os candidatos à Assembleia Municipal de Aveiro do PS, da CDU e da coligação CDS-PP/PSD.

2] Amanhã às 20:00, quinta-feira 8 de Outubro, é o jantar de encerramento de campanha do Bloco de Esquerda em Aveiro no restaurante Ceboleiros, que contará com a intervenção dos candidatos aos órgãos autárquicos locais e de Pedro Filipe Soares, deputado eleito pelo distrito de Aveiro. O jantar está aberto a todos os aderentes e simpatizantes da esquerda política, que se podem inscrever pelo telefone 960 045 419 ou, em exclusivo para leitores deste blogue, através do meu email: bagacoamarelo@gmail.com. Por favor, deixem o vosso telefone que é para eu confirmar a vossa presença.

conversa 1333

Ela - Temos que falar...
Eu - Temos que falar porquê? Ainda estás chateada comigo?
Ela - Vim a tua casa para falar contigo, não foi para beber vinho.
Eu - Mas eu perguntei-te se podia abrir a garrafa e tu disseste que podia.
Ela - E podias... só que eu não quero beber enquanto não tiver falado a sério contigo.
Eu - Não podemos ao menos falar enquanto bebemos um copo?
Ela - Não.

respostas a perguntas inexistentes (66)

Sempre achei que um dos filtros necessários para conseguir separar um bom amigo de um amigo menos bom é ter uma chatice com ele. Depois de ter uma discussão com um amigo, se não me apetecer voltar a falar com ele, nem ele comigo, é porque na verdade nunca fomos realmente bons amigos. Os que considero meus melhores amigos são homens com quem já me chateei a sério pelo menos uma vez, amuei, protestei e uns tempos depois estava a beber um copo com eles como se não fosse nada.
Com as mulheres já não é assim. Não é que não seja possível chatear-me com uma mulher e depois esquecer tudo de repente. É possível sim, mas não é possível beber uma cerveja com ela sem pôr tudo verbalmente em pratos limpos primeiro.

conversa 1332

Ela - Como é que tu ainda acreditas no amor eterno é que não consigo perceber...
Eu - Eu não acredito nisso. Aliás, isso nem me interessa...
Ela - Interessa-te o quê, então?
Eu - A duração do amor não me interessa. Interessa-me é se esse amor me faz bem ou me faz mal, mesmo que seja só de cinco minutos.
Ela - Lá está. Cinco minutos de amor para mim é uma eternidade.

só defeitos e nada mais

Quero agradecer imenso à leitora que há uns dias me presenteou com esta música da Erika, "Só Defeitos e Nada Mais". Tenho a certeza que um dia, quando eu estiver no leito da morte, me vou lembrar desta música como um dos momentos de maior clarividência da minha vida. Toda a minha vida, sublinho, incluindo aqueles momentos em que vou ao talho comprar carne e fico a olhar para o calendário de 1989 com mulheres nuas que ainda está pendurado na parede.



Não sou uma boneque que podes usar / Nem tão pouco um trapo que podes rasgar /
Tenho sentimentos, defeitos e virtudes / Gostava de ficar mas preciso que mudes /
Pensas que só tenho defeitos e nada mais / Que só sirvo para teu gozo e nada mais / Mas quando queres amor, carinho, ternura, vens à minha procura

Eu, pessoalmente, tenho a certeza que a Erika não tem só de feitos e que está cheia de qualidades mas, com astúcia, a cantora esconde todas essas qualidades na sua própria música. É uma forma de mostrar ao ouvinte que é necessário procurar insistentemente no seu âmago o que de melhor ela tem. Mais ainda, que no amor nunca nos devemos ficar por uma análise superficial da pessoa amada. Bonito... e profundo...

a violência contra as mulheres é um desporto universal



Acho esta publicidade francesa contra a violência doméstica muito feliz, isto porque é mais dirigida à própria mulher enquanto vítima do que ao homem enquanto agressor, ou seja, compara a mulher a um saco de pancada mas não compara o agressor ao que efectivamente ele é: uma besta. É que antes de fazer com que um homem deixe de bater na mulher lá em casa, é preciso fazer com que a própria mulher perceba que não pode aceitar em circunstância nenhuma que isso lhe aconteça... até porque uma besta não costuma entender a mensagem à primeira.

10.06.2009

conversa 1331

Ela - Apetece-me chorar...
Eu - Apetece-te chorar?
Ela - Sim, apetece-me chorar. Sinto-me triste...
Eu - Então chora.
Ela - Não é assim tão fácil.
Eu - Se te apetece devia ser fácil...
Ela - Mas não é...
Eu - Se quiseres ajudo-te a chorar, então. Posso dar-te um beliscão ou assim...
Ela - Não me faças rir.

as mulheres não percebem que há ajudas que simplesmente não devem prestar a um homem...

As mulheres não percebem que há ajudas que simplesmente não devem prestar a um homem. Não devem e pronto. Este fim de semana entrei num café qualquer duma aldeia do interior do país e, sedento e suado, pedi uma água com gás ao homem que descansava do lado de lá do balcão. Era um homem com uma barriga tão generosa quanto o seu bigode farfalhudo e, como se alguém que pede uma água estivesse a mais naquele estabelecimento, colocou a garrafa à minha frente e pediu-me imediatamente o dinheiro. Oitenta, disse ele com agressividade enquanto batia os dedos numa prateleira de forma a imitar o som dum cavalo a galope.
Procurei as quatro moedas de vinte cêntimos que eu sabia que tinha nos bolsos e deixei-as a dançar em cima do balcão para ele as ter que apanhar uma a uma. Depois peguei na garrafa e tentei abri-la imediatamente para saciar a sede e o mal estar provocado pelos enchidos do almoço. Foi aí que comecei a suar ainda mais. As mãos escorregavam-me e a carica de rosca nem se mexia. Tentei uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes... e nada, nem um milímetro a tampa rodava. Foi aí que percebi porque é que um homem que só pede água não é bem vindo ali: quatro tipos, também com bigode e barriga, tinham na mesa pelo menos vinte garrafas de cerveja e alguns copos de bagaço. Olhavam todos para mim com um ar que misturava o álcool que tinham bebido com um ar de desafio...
Da casa de banho saiu uma mulher com pouco mais de metade da minha altura e um ar franzino e, ao passar por mim, esticou o braço soprando um suave: "deixe cá ver isso". Nunca pensei, claro, que ela conseguisse abrir a garrafa mas, apesar dos seus dedos tão finos como palitos, abriu à primeira e devolveu-ma com um sorriso sem esforço. Os bebedolas riram-se todos e eu fui lá para fora beber. Nunca uma água me caiu tão mal. As mulheres não percebem que há ajudas que simplesmente não devem prestar a um homem...

conversa 1330

(enquanto ela estacionava o carro e um arrumador dava indicações)

Ela - Não suporto arrumadores de carros. Vê se mandas esse gajo embora, por favor.
Eu (abrindo o vidro e virando-me para o arrumador) - Está tudo bem, não precisamos de ajuda...
Ela - Foi-se embora. Fixe... estes gajos enervam-me.
Eu - Hum.. hum...
Ela - Podes ir agora tu lá fora ver se eu não bato no carro de trás?

mamas grandes

Este tipo da fotografia é o reverendo William Brooks, tem 58 anos e é director da Escola Episcopal Fort Lauderdale na Flórida. Segundo a notícia do Daily Mail, é acusado de estar a despedir professoras com alguma idade para as substituir por professoras mais jovens com seios grandes.
A Comissão Para a Igualdade de Oportunidades no Emprego investigou a situação e concluiu que o William se vangloriou várias vezes de estar a "substituir todas as mulheres mais velhas com mulheres jovens com seios grandes".
Ok... eu até ia tentar defender o homem, dizendo que o tamanho das mamas das novas professoras deve ser coincidência ou assim mas, com aquele sorriso estampado na cara, não consigo. Cá para mim é mesmo verdade...

pensamentos catatónicos (191)

Quando ando de avião estabeleço muitas vezes o paralelismo entre o trem de aterragem da aeronave e o fim do meu primeiro casamento. O objectivo de qualquer trem de aterragem é absorver a energia cinética produzida pelo contacto entre o avião e a pista. Foi isso que me aconteceu. Se considerar que o meu casamento foi um voo, quando esse voo começou a perder altitude e atingiu o chão, alguém tinha que o parar...
Há duas vantagens em parar um voo que já perdeu toda a sua altitude: acaba a oscilação tremenda do impacto e os passageiros podem voltar a pôr os pés na Terra.

10.05.2009

procura-se raposa

Aproveitei este fim de semana prolongado para descansar um pouco da política e conhecer as seguintes localidades de Portugal: Linhares da Beira, Gouveia, Manteigas, Belmonte, Sortelha, Malcata, Penamacor e Monsanto.
No parque de merendas de Covão D'Ametade, algures entre Manteigas e Belmonte, fui roubado por uma raposa que, com uma grande lata, me levou uma pizza de 14 euros enquanto eu tentava fazer uma pequena fogueira. Depois, durante a noite, acordei porque senti algum movimento fora da tenda. Abri o fecho da porta e vi o mesmo bicho fugir com uma sapatilha da minha companheira na boca.
É tramado. Estou farto de andar durante a noite em locais de Lisboa, Porto, Aveiro ou Braga supostamente perigosos e nunca fui assaltado. Vou para o meio do nada e acontece-me isto. Agora nem sequer sei como apresentar queixa...

10.02.2009

conversa 1329

Ela - Como é que se deve dizer a um homem que se gosta dele?
Eu - Gosto de ti.
Ela - Gostas de mim?
Eu - Não. Deves é dizer "gosto de ti".
Ela - Então não gostas de mim...
Eu - Gosto sim... não é isso...
Ela - Digo-lhe "gosto de ti", é isso?
Eu - Sim.
Ela - Só isso? Isso é o que os homens deviam dizer às mulheres e nunca dizem...
Eu - Às vezes é falta de coragem.
Ela - Então é como nas mulheres.
Eu - Bingo!
Ela - Que seca!

conversa 1328

(ao telefone)

Ela - Já vi o teu cartaz do Bloco de Esquerda por aí...
Eu - E então?
Ela - Estás de t-shirt...
Eu - Estou.
Ela - Não tens vergonha? Até num cartaz político apareces de t-shirt...
Eu - Eu ando quase sempre de t-shirt. Não há motivo nenhum para mudar...
Ela - Há, há... tu é que não percebes isso...

pensamentos catatónicos (190)

Sempre admirei a capacidade que as mulheres têm de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Para as mulheres não é um problema ter que ir buscar os putos à escola ao fim da tarde, fazer compras e preparar o jantar. Em casa não é um problema fazer esse jantar enquanto se aspira a sala, se apanha a roupa da corda e se organiza os papéis da corrosiva burocracia doméstica. Lembro-me, por exemplo, das festas de aniversário da minha filha em que a mãe dela fazia as compras, cozinhava, pendurava os balões e as fitinhas no tecto, fazia os convites e distribuía-os, recebia os convidados. Eu... fugia. Não era má vontade, a sério que não. Era pânico. Um pânico controlado mas nem por isso deixava de ser pânico.
A questão é que acho que esta capacidade que as mulheres têm de fazer várias coisas ao mesmo tempo reflecte-se também na sua estrutura emocional, ou seja, as mulheres são capazes de sentir várias coisas coisas ao mesmo tempo. Por exemplo, são capazes de estar tristes e felizes, de sentir frio e calor, de se sentirem sós e a precisar de privacidade e silêncio. Tudo ao mesmo tempo...
Eu só consigo fazer uma coisa de cada vez. Para mim ir às compras é um sacrifício e por isso vou todos os dias, durante dez minutos, comprar por exemplo uma cebola, uma garrafa de vinho, um pacote de leite e um peixe para grelhar. Sou incapaz de fazer compras para o mês e de estar duas horas num supermercado a projectar o que vai ser esse mês. Acho incrível que uma mulher consiga perceber, enquanto está a olhar para umas embalagens de detergente, que vai precisar de 10 litros de lixívia, três caixas de fósforo, trinta refeições frugais, quarenta lanches, vinte e oito pequenos almoços, quarenta ceias, doze jantares de carne e dez de peixe, etc, etc. Ufa! Socorro. Também só consigo sentir uma coisa de cada vez. Ou estou triste ou estou feliz, ou estou apaixonado ou não estou, ou tenho frio ou tenho calor, ou me apetece estar com amigos ou me apetece estar sozinho. Sei o que estou a sentir e actuo conforme os meus sentimentos me pedem.
Acho que esta forma maniqueísta de ser sempre prejudicou os homens na sua relação com as mulheres. Quando sentimos que as companheiras estão alteradas esquecemo-nos da enorme complexidade (e também capacidade, admito) que vai ali dentro. Perguntamo-lhes se estão triste e elas abanam os ombros, perguntamo-lhes se precisam duma bebida e elas abanam os ombros, perguntamo-lhes se elas querem que liguemos o aquecedor e elas abanam os ombros. Depois de tanto abanar de ombros zangamo-nos e vamos beber um uísque a um bar. Esquecemo-nos sempre que as mulheres nunca precisam nem querem uma só coisa e nós sim. Nesse momento é precisamente um uísque.

respostas a perguntas inexistentes (65)

Imaginem-se a olhar durante um dia inteiro para uma parede amarela sem pestanejar e após esse dia a parede torna-se vermelha. Às vezes há mulheres que quando se aproximam de nós têm esse efeito: o mundo muda de cor. Ela passou por ele na fila para a casa banho do bar, sorriu-lhe e disse-lhe olá. Olá. Olá pode ser uma marca de gelados ou um cumprimento. Nessa noite foi uma cor... e ele adormeceu com essa cor: vermelho.