8.27.2010

azul/vermelho

E sobre mulheres que amamos sem conhecer, a simpática Ana, dona do café, atribuiu-me um prémio à mesa do mesmo. A mulher que eu amava vestia-se sempre de vermelho menos nos dias em que eu a via, em que se vestia de azul...

conversa 1581

Eu – Lembras-te de mim no liceu?
Ela – No liceu?
Eu – Sim, no liceu. Eu estava completamente apaixonado por ti e sempre todo corado a mandar-te olhares...
Ela – Até termos sido apresentados hoje nunca tinha visto a tua cara.

respostas a perguntas inexistentes (103)

Passei a acreditar que o Amor é sempre uma coincidência. Aliás, convenci-me que o mundo se faz exclusivamente de coincidências para que o Amor seja sempre uma. É-nos agradável pensar na sorte que tivemos em encontrar alguém, e escusamos de pensar que se não fosse essa a dar-se seria outra qualquer. É por isso que quando vivemos um amor o mundo é o primeiro a quem nos lembramos de agradecer. E agradecemos-lhe sempre, nem que seja pelo simples facto de o percorrermos com um ar feliz.
O problema das coincidências é terem a mania que se fazem sozinhas e que depois vêm ter connosco. Não vêm. Somos nós os pais e as mães de todas as coincidências que se passam à face da Terra e temos que fazer por elas.

conversa 1580

Ela – Não percebo o motivo... alguns homens agem como se estivessem apaixonados por nós, levam-nos a acreditar que temos algum futuro juntos e depois, de repente, desaparecem...
Eu – Hum... para ser sincero já fiz isso e já me fizeram isso. Não acho que seja uma questão de género.
Ela – Eu nunca fiz isso a ninguém e não percebo por que motivo se faz.
Eu – Acho que às vezes é uma incerteza, só. Não se tem a certeza se se quer dar o segundo passo, mas para saber se se quer ou não há que dar o primeiro. Percebes?
Ela – Percebo que isso é uma desculpa de mau pagador para um gajo que mente a uma mulher quando diz que a ama.

8.26.2010

conversa 1579

Ela - O meu problema com os homens passa pelas fotografias.
Eu - Que fotografias?
Ela - As fotografias deles.
Eu - Não percebo...
Ela - Já dei por mim várias vezes, depois de começar a namorar com um homem, a olhar para a fotografia dele e a pensar: "Eu não gosto deste gajo".

8.24.2010

vinte

Lembrei-me hoje que o índice ívariano, que reflecte o meu estado emocional e amoroso, está no 20 desde Dezembro de 2008.

como ele e ela cozinham arroz de legumes...

ele:
1] Corta a cebola, o alho e os legumes todos colocando-os em recipientes diferentes pela ordem com que os vais usar.
2] Coloca num copo o arroz que vai usar e enche dois copos iguais com água.
3] Enche o fundo do tacho com azeite e frita um pouco o arroz com a cebola e o alho.
4] Põe os legumes no tacho, um a um, e faz o refogado.
5] Despeja os dois copos de água, deixa ferver.
6] Tempera a gosto.

ela:
1] Enche o fundo do tacho com azeite e põe ao lume.
2] Atira com todos os legumes para cima da banca enquanto telefona à melhor amiga para contar que o ex-namorado dela se vai casar com uma gaja feiosa.
3] Procura o tacho no armário outra vez porque entretanto se esqueceu que ele já está ao lume.
4] Como o azeite já está quentíssimo corta a cebola e o alho à pressa e corta-se num dedo. Põe lá dentro o que conseguiu cortar e algumas gotas de sangue.
5] Vai à casa de banho procurar um penso rápido, aproveita e traz a "Dica da Semana" que estava junto da sanita para ler enquanto cozinha.
6] Repara que ainda tem o telefone no ouvido apesar de já ter acabado telefonema no ponto 2.
7] Desliga o fogão para ter tempo de cortar os legumes.
8] Põe os legumes na panela mais algumas gostas de sangue e diz duas asneiras por se ter esquecido de pôr o penso rápido no dedo.
9] Despeja água a olho e acende o lume.
10] Tempera a gosto.

conversa 1578

Ela - É incrível como uma mulher muda com a vida.
Eu - Então?
Ela - Quando eu era novinha sentia-me muito mais atraída pelos rapazes que não gostavam de mim do que pelos que demonstravam interesse.
Eu - Era?
Ela - Sim...
Eu - Ok...
Ela - Agora, a única coisa que me interessa num homem é que ele goste de mim.

respostas a perguntas inexistentes (102)

As pessoas que marcam lugar têm uma grande probabilidade de falhar no Amor. Hoje estive algum tempo sentado na praça da alimentação dum shopping do grande Porto e vi uma mulher atirar-se desalmadamente para uma das poucas mesas disponíveis. Depois tirou o casaco e cobriu-a com ele antes de ir para uma slow fila duma casa de fast food. Quando voltou trazia a comida e o marido, com quem passou o jantar a discutir por ele se ter atrasado numa loja qualquer. Fez-de de vítima e de heroína, por ter conseguido arranjar aquela mesa.
O Amor não marca lugar. Procura-o quando já tem o tabuleiro na mão mesmo que demore mais a encontrá-lo. Aliás, procura-o quando já tem o tabuleiro na mão precisamente para que demore mais a encontrá-lo. É que o corpo alimenta-se do que está no tabuleiro e o Amor alimenta-se dessa procura, dos olhares que nela se cruzam, dos ombros que nela se tangem, dos cheiros que nela se misturam. O Amor é só uma probabilidade, não é uma marcação.
Marcar um lugar desta forma é virarmo-nos de frente para esse pequeno lugar e de costas para o grande resto do mundo inteiro, ainda por cima para comer uma dose de batatas fritas e um hambúrguer com queijo...

8.23.2010

conversa 1577

Eu - Olá! (dou-lhe um abraço)
Ela - Ai! Detesto homens que quando me abraçam parece que me querem partir os ossos.
Eu - Epá... desculpa. Aleijei-te?
Ela - Não faz mal... mas lembra-me de nunca ir para a cama contigo.

conversa 1576

Ela - O que mais me irrita nas mulheres é a facilidade com que se metem com um homem casado.
Eu - Achas que isso é verdade?
Ela - Acho. As colegas de trabalho do meu marido irritam-me tanto, sempre com olhinhos e sorrisinhos...
Eu - Ah! Estás só com ciúmes.
Ela - Pois estou. Os homens não se metem com mulheres casadas assim com a mesma facilidade.
Eu - Sabes lá.
Ela - Sei, sei. Sou mulher.

pensamentos catatónicos (216)

O problema do amor é vir com a idade. A idade estraga sempre tudo porque nos faz pensar na morte. Não na morte como uma tragédia iminente mas pelo menos como uma inevitabilidade. É por causa desse fim que achamos que está sempre qualquer coisa mal. Se fossemos eternos não havia problema nenhum porque podíamos tentar sempre outra vez até que o Amor saísse perfeito. Só que não podemos, por isso é que as vicissitudes do Amor nos irritam tanto.

8.20.2010

respostas a perguntas inexistentes (101)

Houve um dia em que adormeci na toalha. Acordei com a Raquel a afastar-se para ir tomar café numa das esplanadas da praia e fiquei a vê-la a desenhar na areia pegadas mudas. É estranho como a repentina ausência de quem gostamos nos acorda e a sua presença nos embala num sono leve. Sempre em silêncio.

blandícia

Precisava da tua blandícia agora!

conversa 1575

Ela - Eu já desisti de amar alguém há muito tempo.
Eu - Desististe de quê?
Ela - De amar alguém.
Eu - Mas porquê?
Ela - Desculpa se te digo isto assim, mas os homens são uns incapazes no amor.
Eu - Lá vem essa conversa.
Ela - Não é conversa nenhuma. Não acredito no amor e estou muito bem sozinha. Aliás, estou muito bem assim há mais de cinco anos.
Eu - Há mais de cinco anos?!
Ela - Sim.
Eu - Isso é muito.
Ela - Tem passado a correr.
Eu - E como é que?...
Ela - Como é que o quê?
Eu - Como é que é a vida sexual duma pessoa que desiste de amar?
Ela - Estás a ver? A tua primeira pergunta tinha que ser essa. É o que eu digo, os homens são uns incapazes de amar.

conversa 1574

(no automóvel dela)

Eu - Está calor, apetece-me mesmo uma cervejinha. Paramos aí num café qualquer?
Ela - Eu estou a conduzir, não posso beber.
Eu - Se for só uma podes.
Ela - Quando conduzo não bebo nada.
Eu - Então bebe uma cerveja sem álcool.
Ela - Não gosto.
Eu - Então não bebes nada, pronto. Bebo só eu.
Ela - Não queria mais nada. Tu a beber uma cervejinha e eu a ver...
Eu - Qual é o problema?
Ela - O problema é que eu não posso beber porque estou a conduzir para nos levar aos dois até Aveiro, logo não é justo que tu bebas uma cerveja e eu não.
Eu - E o que é fazemos?
Ela - Aguentas até Aveiro e lá já posso beber também.
Eu - Mas... ainda faltam mais de cinquenta quilómetros.
Ela - Não me pressiones.

8.17.2010

conversa 1573

Ela - Depois do último namorado que tive nunca mais quero passar pelo mesmo pesadelo.
Eu - Foi assim tão mau?
Ela - Foi. A partir de agora, sempre que me aparecer um potencial candidato a namorado faço logo um teste na primeira noite.
Eu- Que teste?
Ela - Vejo-lhe as cuecas.
Eu - Vês-lhe as cuecas?
Ela - Sim, para ficar a saber se ele sabe limpar o rabo quando vai à casa de banho.
Eu - Estás a brincar.
Ela - Não estou não. A maior parte dos homens não limpa bem o rabo depois de ir à casa de banho.

8.11.2010

camping

Disse adeus ao Algarve e deixei-me de hotéis. Agora ando em parques de campismo onde, por razões óbvias, o acesso à net é muito mais raro e difícil. Se tiver oportunidade passarei por aqui, senão... até segunda. :)

8.06.2010

conversa 1572

Ela - Estive a pensar na minha vida.
Eu - Estiveste?
Ela - Sim, estou feliz no meu casamento mas nem sei se o mantenha ou se o termine.
Eu - Se estás feliz... não percebo a dúvida.
Ela - É que se calhar só estou feliz porque nunca experimentei outro.

conversas 1571

(ao telefone)

Ela - Então, estás bem?
Eu - Estou. Acabei agora de almoçar num restaurante com vista para o mar, por isso não podia estar melhor.
Ela - Não me consegues fazer inveja, eu hoje nem posso almoçar.
Eu - Não podes almoçar?
Ela - Não.
Eu - Mas porquê? Está tudo bem?
Ela - Ontem à noite fiz um chá.
Eu - E depois?
Ela - Depois comi um pacote inteiro de bolachas.

8.05.2010

pensamentos catatónicos (215)

O divórcio é contagioso, diz um estudo norte-americano, ou seja, assistir ao divórcio de amigos aumenta em 75 por cento a probabilidade de o casal se separar.
Um passarinho engaiolado vê outro passarinho a voar em liberdade e... também quer.

conversa 1570

Ela - Dói-me a cabeça.
Eu - Toma um comprimido.
Ela - Não tenho.
Eu - Eu também não tenho...
Ela - Estou tramada.
Eu - Aguenta um pouco...
Ela - Não é fácil aguentar.
Eu - E queres que eu faça o quê?
Ela - Que fiques também com dor de cabeça.

8.04.2010

coisas que fascinam (109)

o voo da abelha

Lá dentro o meu pai falava com outros adultos sempre com ar sério e grave, normalmente em grupos de dois ou três. Era muito raro vê-lo num grupo maior e quando o via reparava sempre que ele se limitava a ouvir. Nunca falava. Acho que herdei essa característica dele, a de gostar de conversar com poucas pessoas ao mesmo tempo. Talvez como eu, ele sentisse que nas conversas com muitos interlocutores as nossas palavras percam força por baterem nas palavras dos outros, e que por isso acabamos por não falar com ninguém apesar de estarmos a falar com muitas pessoas.
Cá fora os filhos dos adultos brincavam, sempre com um ar despreocupado de quem não tem que pensar em pôr comida na mesa no dia seguinte. Também aí eu recusava os grupos numerosos. Não jogava à bola no maior grupo de rapazes que por ali andava, não gostava de jogar às escondidas nem à apanhada e por isso nem sequer conhecia muito bem a maior parte das crianças que o fazia. E foi assim que conheci a Alice, sozinha num baloiço.
A Alice era morena e tinha um vestido branco com bolas grandes vermelhas. Vi-a sentada no baloiço e uma abelha a orbita-la. Cuidado com a abelha, disse-lhe eu tentando mostrar um ar sério igual ao do meu pai. A abelha não te faz mal se te sentares aqui e não lhe fizeres mal, respondeu ela. Sentei-me no baloiço ao lado dela e logo a seguir apaixonei-me. Não pensei mais na abelha.
Passámos ali a tarde quase sem palavras. Apenas baloiçando entre as marcas quase indeléveis que os pés dela deixavam na areia e os cabelos dançantes ao som do vento. Depois os adultos começaram a sair cá para fora despedindo-se com apertos de mão firmes e o pai dela também se despediu do meu. É o teu filho? Perguntou ele. É a tua filha filha? Perguntou o meu pai. E ambos concordaram com a cabeça. Depois afastaram-se desejando boa sorte um ao outro. Nunca mais a vi.
Hoje, mais de trinta anos depois, lembrei-me deste dia enquanto uma abelha voava à minha volta, estava eu sentado num baloiço de criança a descansar. Talvez o vento e as marcas deixadas no chão pela minha companheira fossem os mesmos, ou nem por isso. Mas percebi que nós não somos apenas nós para quem nos ama. Somos também aquilo que lhe proporcionamos, seja um cabelo ao vento ou o voo duma abelha, e às vezes é isso que fica na nossa memória.
Sejam felizes.

respostas a perguntas inexistentes (100)

No Verão e de férias é possível perceber que algumas das pequenas chatices que temos com a pessoa que partilha a nossa vida se devem essencialmente ao stress do dia-a-dia. É por isso altura de pensarmos que podemos melhorar um bocadinho esse aspecto.

8.03.2010

allgarve

Lembro-me de em criança passar férias no Algarve com os meus pais. Agora sou eu que, com a minha companheira, trago os putos todos os anos ao Algarve. Tenho a certeza que eles também não se esquecerão destes dias.

Entre uma piscina fenomenal e uma praia ainda melhor, a sério que não me importava nada de viver aqui, entre Lagos, Alvor e Portimão. 
Isto tudo para explicar porque é que tenho vindo menos aqui...