9.29.2010

conversa 1604

Ela - Tenho tudo para ser feliz. Tenho uma boa casa já paga, um carro razoável, amigos, um emprego estável e que não é tão mal pago quanto isso, uma filha maravilhosa e um marido honesto e carinhoso...
Eu - E então?
Ela - Não me sinto feliz.

do outro lado do balcão

Do outro lado do balcão estavam dois homens sentados, com os olhos colados a um monitor de computador para o qual um deles ia apontando com um ar grave e sério. Desde que entrara naquela pequena agência bancária ainda nenhum deles se tinha dignado a olhar directamente para mim. Não estão a atender, pensei eu encostando-me em modo de espera num dos pontos de atendimento.
E esperei. Esperei, esperei e tornei a esperar. Esperei até que uma morena giraça de saia curta entrou no local e os mesmos dois homens se atropelaram um ao outro para a poder atender.
- Mas eu sou transparente? - Perguntei.
- Não, não é. Esta senhora também não é. A questão é precisamente essa. - respondeu o mais baixinho.

9.28.2010

conversa 1603

(no café)

Ela - Sinto-me tão sozinha...
Eu - Agora neste momento ou habitualmente?
Ela - Deixa-te de ser estúpido. Sinto-me sempre sozinha...
Eu - Como és casada pensei que podias estar a sentir-te sozinha só hoje, sei lá...
Ela - O problema é precisamente esse, sentir-me sozinha apesar de partilhar a vida com outra pessoa. Se eu estivesse mesmo sozinha não me sentiria tão sozinha, percebes?
Eu - Acho que vou pedir uma cerveja. Queres uma?
Ela - Não, não percebes...
Eu - Perceber até percebo... acho eu.
Ela - Se eu estivesse sozinha sempre tinha a expectativa de poder conhecer alguém novo e dar uma volta de cento e oitenta graus à vida, percebes?
Eu - Então... se o problema é só esse, separas-te e pronto, já está.
Ela - Sim, quero uma cerveja. Pede-me uma das grandes, por favor.
Eu - Um príncipe, pode ser?
Ela - Claro que pode, um príncipe qualquer... mas isso não é assim tão simples.
Eu - Estou a falar da cerveja. O príncipe é um fino mas maior...
Ela - Ah! Pode, pode...

conversa 1602

(na casa dela, depois dela abrir uma garrafa de vinho)

Eu - É bom, este vinho. Não conhecia.
Ela - É razoável.
Eu - Para mim é bom.
Ela - Ainda bem que achas, mas eu tenho aí vinho bem melhor.
Eu - Tens?
Ela - Tenho, só que não vou abrir uma garrafa de quinze euros por tua causa. Tu já tens namorada e esse vinho é só para engates.

conversa 1601

Ela - Estou a precisar de férias e queria falar contigo.
Eu - Diz...
Ela - Preciso que me ajudes a marcar uma viagem e uma estadia baratas...
Eu - Epá, a minha namorada é que costuma tratar disso...
Ela - Pois, as mulheres é que tratam sempre de tudo. Eu também tenho que preparar tudo para mim, para o meu marido e para o meu filho.
Eu - Vão os três? Então é melhor marcar uma casa com cozinha...
Ela - Claro que vamos os três, o que é que pensavas?
Eu - Pensava que podias eventualmente deixar o puto com uma avó e ires só com o teu marido.
Ela - Queres que o meu filho cresça sem conhecer os pais?
Eu - Eu não quero nada. Estava só a supor, mais nada. Acho que às vezes também é importante abdicar dos filhos uns dias para estar com o marido... mas isso sou eu.
Ela - Eu não acho.
Eu - Eu acho que, assim como se pode correr o risco de afastamento dos filhos se se abusar nas saídas sem eles, um homem e uma mulher também podem afastar-se um do outro por dedicarem a vida só aos putos.
Ela - Sim... mas isso não me interessa.
Eu - Não interessa?
Ela - Não. De marido pode-se trocar facilmente. De filho não.

9.27.2010

pensamentos catatónicos (219)

Um dos passos mais importantes na passagem da adolescência para a fase adulta dum homem é perceber que uma mulher, de facto, pode contribuir decisivamente para a sua felicidade. E para a infelicidade também...

conversa 1600

Ela - Opá, antes de me separar imaginava que, se um dia isso me acontecesse, a minha vida ia ser muito melhor.
Eu - E então? É pior?
Ela - Tenho ficado muito em casa a ver televisão. Não saio com amigos e amigas como sempre pensei que ia fazer.
Eu - Então faz. Amigos não te faltam para isso...
Ela - Pois... acho que primeiro vou mandar desligar a tv por cabo.

9.22.2010

respostas a perguntas inexistentes (106)

Lembro-me com alguma nostalgia do tempo em que me sentava em qualquer lado para namorar. Podia ser na beira dum passeio, num muro qualquer ou até no chão arenoso do liceu. Agora não o faço a não ser no conforto do sofá da sala e, vá lá, uma vez por outra na areia da praia ou numa relva que por acaso se encontre fofa e sem detritos caninos. O que interessa é que dantes estar perto dela era o mais importante, agora o mais importante é estar perto dela e em condições de higiene e conforto mínimas. Não é que esteja mal, mas continuo a acreditar que a adolescência é uma fase única da vida.

conversa 1599

(no café)

Ela - Tenho consciência que não sou muito feia nem muito bonita.
Eu - Eu acho que és bonita.
Ela - Também acho que de corpo não sou assim nem muito má nem muito boa. Sou mais ou menos...
Eu - Hum, hum...
Ela - Então não dizes que sou boa?
Eu - Digo, digo... se quiseres eu digo.
Ela - Oh! Agora já não conta.
Eu - Desculpa. Estou a tomar café, nem te estava a dar atenção.
Ela - Pois... é que em conversa também só sou mais ou menos, não é?
Eu - Não, não. És boa de conversa.
Ela - Não mintas.
Eu - Então faço o quê?
Ela - Cala-te!

9.21.2010

conversa 1598

Ela - Achas muito mal uma mulher ir para a cama com um homem que é o ex-marido da sua melhor amiga?
Eu - Não, não acho nada mal.
Ela - Porquê?
Eu - Sei lá porquê. Não acho e pronto.
Ela - Caraças. Precisava dum argumento...

conversa 1597

Ela - Só a partir dos trinta e poucos anos é que me apercebi do que é ter sexo a sério.
Eu - Desde que te divorciaste, queres tu dizer...
Ela - Pois.
Eu - Preferia que não me dissesses isso.
Ela - Porquê?
Eu - Sou amigo do teu ex-marido e às vezes até bebo um copo com ele...
Ela - Por isso mesmo é que te digo isto.
Eu - Por isso mesmo? Não queres que eu lhe vá dizer que tu me disseste que não gostavas dele na cama, pois não?
Ela - Querer não quero, mas podes dizer à vontade.

lista de natal. epá! as gajas não tinham dinheiro?

Nos anos 50 as mulheres tinham o trabalho facilitado para o Natal. As listas de prendas já vinham publicadas em revistas e elas só tinham que escolher, chorar um bocadinho, e o marido comprava. Claro que a lista era só coisas úteis para elas poderem diverti... hum... hum... ter a vida doméstica facilitada. Pois...

Esposas, vejam este anúncio cuidadosamente. Façam um círculo à volta dos itens que querem para o Natal. Mostrem-no aos vossos maridos. Se ele não for ao armazém imediatamente chorem um pouco. Não muito. Só um pouco. Ele vai, ele vai.
Maridos, vejam este anúncio cuidadosamente. Escolham o que as vossa mulheres querem e vão comprar. Antes que elas comecem a chorar.

9.20.2010

couscous no mercado

amanhã, dia 21 de Setembro, é noite de Couscous Prosjekt no Mercado Negro.

conversa 1596

Ela - Qual foi a coisa mais maluca que fizeste por causa duma mulher?
Eu - Não sei... sei lá.
Ela - Ora pensa bem.
Eu - Talvez ter trepado a um segundo andar pelas varandas dum prédio quando era puto.
Ela - Fizeste isso?
Eu - Sim, uma vez. E tu? Qual foi a coisa mais maluca que fizeste por causa dum homem?
Ela - Bem... agora que falas nisso talvez tenha sido deixar que um gajo trepasse à minha janela pelo exterior do prédio.
Eu - O quê? Isso aconteceu-te mesmo?
Ela - Aconteceu... mas eu vivia num rés do chão.
Eu - Ah! Isso é fácil.
Ela - Pois é. Eu devia era ter obrigado o gajo a trepar dois ou três andares na casa duma vizinha...
Eu - Devias? Para quê?
Ela - Quando somos miúdas dá-nos gozo ver os rapazes perdidos a fazer essas figurinhas para nos impressionar.
Eu - Sim, esta conversa é a prova de que são os homens que andam sempre atrás das mulheres e não contrário.
Ela - Isso é verdade mas só até aos trinta anos.
Eu - Só até aos trinta?
Ela - Sim... aos trinta começamos a querer ter filhos.

os que não o estão...

É quando estou apaixonado que reparo mais facilmente nas pessoas que não o estão. Eu, porque estou apaixonado, não tiro os olhos da praia que corre do lado de lá da janela do comboio, como se ela me estivesse a convidar para ir lá com por quem me apaixonei; quem não está apaixonado viaja sempre a olhar para o chão ou a desviar o seu olhar do dos outros. Eu, porque estou apaixonado, bebo o copo de vinho ao almoço em suaves e prolongados goles, daqueles que acabam com um doce lamber dos lábios e um "ah!" saído do interior do peito; quem não está apaixonado bebe-o sem lhe perceber o aroma.
É quando estou apaixonado que reparo mais facilmente nas pessoas que não o estão, e é então que reparo que quase ninguém o está. Hoje de manhã as pessoas foram ocupando os bancos do comboio um a um, preferindo sempre os lugares mais vazios e distantes dos que já estavam ocupados. Ao almoço, depois de terminado o processo de mastigação, fiquei a saborear o que sobrava do vinho e do tempo entre mesas já abandonadas com copos deixados a meio. É como se todos se evitassem uns aos outros constantemente e não tivessem tempo para viver. Só para sobreviver.
É quando estou apaixonado que reparo mais facilmente nas pessoas que não o estão. Acabei o vinho a perceber que a diferença entre estar e não estar apaixonado é a mesma que distingue a vivência e a sobrevivência. Nada de novo, a não ser o facto de perceber que sobrevivi a isso...

9.19.2010

conversa 1595

Ela - Estou tão cansada. Não dormi nada esta noite.
Eu - Insónias?
Ela - Dormi com um gajo, um engate de ontem, que deixa a janela toda aberta. Logo de madrugada acordei com a luz do Sol a entrar no quarto. Eu só consigo dormir com tudo escuro...
Eu - E porque é que não fechaste a janela?
Ela - Ele estava a ressonar tão alto que achei melhor levantar-me de fininho, vestir-me e vir embora tomar café. Também não consigo dormir com barulho...
Eu (risos) - Então... e vieste embora assim? Quando ele acordar e não te vir pode ficar confuso.
Ela - Não. Eu avisei a mãe dele que ia embora porque não estava a conseguir dormir.
Eu - Espera aí. Desculpa lá a curiosidade, mas foste dormir a casa de um engate fortuito e a mãe dele estava lá?
Ela - Sim... um gajo com quase quarenta anos que deixa a janela aberta durante a noite, ainda vive com a mãe e ressona alto não pode ser grande coisa.
Eu (mais risos)
Ela - Agora só quero esquecer este fim de semana e ver se não encontro o gajo por aí nos próximos dias.
Eu - Eu acho que ele te vai telefonar mal acorde.
Ela - Não... o número de telefone que lhe dei é falso.

9.17.2010

conversa 1594

Ela - Preciso de um homem para ir ao cinema comigo este fim de semana.
Eu - Eu até posso ir. Qual é o filme?
Ela - Ainda não sei. Sei que o meu ex vai ao cinema com a namorada dele e eu quero aparecer lá de braço dado a um gajo qualquer.
Eu - O teu ex conhece-me e sabe que tu não és minha namorada.
Ela - Tens razão, não serves. Tens algum amigo que me possa ajudar?
Eu - Mas... tu estás bem? A ti basta-te estalar os dedos e de certeza que tens muitos homens para ir contigo ao cinema, jantar contigo ou o que te apetecer.
Ela - Mas isso não quero. Quero um gajo que vá comigo e depois não me chateie mais.
Eu - Ahn?
Ela - Não quero que o meu ex pense que eu não consigo arranjar nenhum homem para companhia. Ao mesmo tempo estou numa fase em que prefiro não ser incomodada por nenhum ser que tenha o órgão sexual no lugar do cérebro...

conversa 1593

Ela - Tens uns óculos novos?
Eu - Tenho. Como é que reparaste? São tão parecidos com os outros...
Ela - Estão limpos.

9.16.2010

couscous depois do jantar

Hoje à noite há Couscous no Clandestino bar em Aveiro, a partir das onze da noite, mais coisa menos coisa...

conversa 1592

Ela - Finalmente consegui que o meu marido faça alguma coisa lá em casa.
Eu - Conseguiste o quê?
Ela - Que o meu marido ajude um pouco nas tarefas domésticas lá em casa.
Eu - Ah! E como?
Ela - Dou-lhe as meias e cuecas para dobrar no princípio de um jogo de futebol e ele dobra tudo enquanto o vê na televisão.
Eu (risos) - Só o deixas ver o jogo na televisão se ele fizer isso, é?
Ela - Não... mas se o fizer prometo que o deixo em paz e nem sequer entro na sala.

conversa 1591

Ela - Ainda tens aquele livro que eu te emprestei?
Eu - Qual livro? Não me lembro de me teres emprestado nenhum livro...
Ela - Ok, era só para saber.
Eu - Só para saber o quê?
Ela - Se tinhas algum livro meu em tua casa. É que empresto tantos livros que já nem sei onde está a maior parte deles.
Eu - Podias ter perguntado directamente se eu tinha ou não algum livro teu.
Ela - Pois podia, mas aí tu ficavas a saber que eu não tinha a certeza se te tinha ou não emprestado algum.
Eu - E não confias em mim?
Ela - Não tem a ver com confiança. É uma questão de método.

9.13.2010

voar pela primeira vez

A minha filha faz anos hoje e nunca voou. Para festejar a data vou voar com ela pela primeira vez até Madrid e volto um dia depois. Não sei porquê mas apeteceu-me dizer isto, talvez por gostar da expressão "voar com a minha filha pela primeira vez". Só isso. E de repente acho que Madrid esteve ali sempre à espera deste dia.
Esta sensação de que uma imensidão esperou por nós uma eternidade é dum profundo egoísmo, admito, e acho que é por isso que só acontece em casos de amor.

conversa 1590

Ela - Ando tão ansiosa.
Eu - Andas?
Ela - Sim. É como se estivesse à espera que alguma coisa acontecesse na minha vida.
Eu - Alguma coisa? Mas o quê?
Ela - Não sei. Ainda não aconteceu.
Eu - Estás a gozar?
Ela - Não, deixa lá. Isto é mais uma das coisas que os homens não percebem.
Eu - Os homens não percebem a ansiedade duma mulher que está à espera duma coisa que não sabe o que é... muito bem...
Ela - Não sabe o que é mas sabe que vai acontecer.
Eu - Estou curioso. Quando acontecer diz-me para ver se eu percebo.
Ela - Está bem. Se puder dizer...
Eu (silêncio)
Ela - Mas escusas de olhar para o relógio. Não vai acontecer hoje.

conversa 1589

(ao telefone durante a noite)

Ela - Como é que estás?
Eu - Bem... mas com dificuldades em dormir.
Ela - Insónia?
Eu - Não é bem... é mais por tua causa.
Ela - Por minha causa? Mas eu estou na minha casa e tu na tua.
Eu - Exacto.

respostas a perguntas inexistentes (105)

alfinetes

Há poucas histórias sóbrias sobre o Amor que me interessem. Acho que as boas histórias sobre Amor são sempre histórias embriagadas. A mesma coisa se passa com o álcool. Há poucas bebedeiras que me interessem se não estiver apaixonado. Talvez os estados de ébrio e de apaixonado sejam mesmo semelhantes.
O Amor, no entanto, está muito longe de ser um gajo porreiro que bebe uns copos e conta histórias. Sabe quem já se apaixonou por uma mulher que não se apaixonou por ele. Sei-o eu, sabemo-lo todos. Aliás, a maior parte das conversas que tive com esse gajo foram tristes, acho eu, em frente a um mapa cheio de alfinetes.
É que também sei que as mulheres por quem me apaixonei e que nunca se apaixonaram por mim se foram transformando em alfinetes espetados num mapa, como aqueles que indicam os lugares que nunca visitámos mas queríamos visitar um dia.
Hoje por acaso tive uma conversa feliz com ele. É que o mapa só tem um alfinete e eu já o visitei. Acho que ele queria falar mais, mas eu disse-lhe que há poucas histórias sóbrias sobre o Amor que me interessem...

9.12.2010

conversa 1588

Ela - Há pessoas que detesto mesmo sem as conhecer de lado nenhum.
Eu - Não te preocupes. Isso é mais normal do que possas pensar...
Ela - É?
Eu - É. Pelo menos eu acho que sim.
Ela - Que tipo de pessoas detestas tu?
Eu - Sei lá... olha, por exemplo, pessoas racistas detesto de certeza.
Ela - Eu detesto as pessoas que me detestam a mim.

9.11.2010

conversa 1587

Ela - Lembras-te daquele rapaz de quem te falei?
Eu - Aquele com quem saíste algumas vezes?
Ela - Sim.
Eu - Lembro.
Ela - Esquece. Já não vai dar nada com ele.
Eu - Fiquei com a impressão que até estavas a gostar dele...
Ela - E estava... mas... na hora da verdade não gostei e desisti.
Eu - Na hora da verdade? Mas quê? O sexo correu mal? Isso às vezes corre mal a primeira ou a segunda vez mas depois vai melhorando...
Ela - Qual sexo qual quê? A hora da verdade foi o restaurante que o gajo escolheu para me levar a jantar fora a primeira vez. Que restaurante de merda.

pensamentos catatónicos (218)

As mulheres são boas

Estou perfeitamente convencido que por norma as mulheres são boas. Boas pessoas, quero eu dizer. Preocupam-se com o bem estar dos outros como nenhum homem o faz. Talvez isso tenha, de facto, a ver com questões biológicas ou talvez não. Sei lá. Sei que não é por acaso que elas deixam os homens convencerem-se que mandam nisto tudo e que o modelo social em que vivemos é masculino. É por serem boas. Os homens não mandam nada e só se apercebem disso quando se apaixonam. Mas mesmo quando um homem se apaixona por uma mulher, ela deixa-o convencer-se que ele manda em tudo. Em tudo menos nela, e que essa excepção se deve à grande força da natureza que é o Amor.

respostas a perguntas inexistentes (104)

A dança dos machos

Há uma relação directa entre o mundo do amor nas aves e na nossa espécie. Percebi isso ontem enquanto bebia uma cerveja num bar em Aveiro onde outra mesa era ocupada por uma mulher também sozinha. Uma mulher sozinha num bar nunca é uma coisa qualquer, é uma ilha para onde alguns homens querem navegar mas não têm permissão para aportar. Por isso pedem-na, e pedem-na da mesma forma que uma ave macho qualquer o faz para conseguir acasalar, ou seja, realizando performances pouco discretas para chamar a atenção.
Um grupo de homens entrou na sala e começou imediatamente a dança do acasalamento. Todos pediram cerveja, o que para além de mostrar alguma maturidade ajuda a ganhar alguma coragem. Imediatamente subiram o tom da voz, entrando numa conversa em que todos falavam sem se ouvirem uns aos outros. Mas eu (e já agora o bar inteiro) ouvia tudo. Fiquei a saber que estavam todos disponíveis, que todos tinham uma vida agitada e interessante, ou porque um praticava desporto ou porque o outro andava a ser perseguido no emprego por ser o melhor naquilo que faz.
As aves macho fazem mais ou menos o mesmo: abrem as asas e erguem o rabo em redor da fêmea enquanto cantam. Esta fêmea não lhes ligou nada e saiu depois da bebida. Eles baixaram todos o nível de intensidade vocal e eu lá pude escrever o que acontecera num bloquinho para não me esquecer. Depois também saí. Nenhuma fêmea me ligou nada durante a noite inteira.

9.10.2010

conversa 1586

Ela - Às vezes acho que é mais difícil de suportar o ciúme dum amigo do que o ciúme de um ex-namorado.
Eu - Não percebi.
Ela - Para mim, se um amigo meu deixa de me telefonar com regularidade porque arranjou uma namorada é pior do que ver o meu ex-namorado com uma namorada nova.
Eu - Ah! Porquê?
Ela - Porque a um amigo não consigo desejar mal, a um ex-namorado normalmente só quero é que a vida lhe corra mal.

pensamentos catatónicos (217)

Acho que o mais difícil de compreender numa mulher, ou seja, em todas as mulheres que tive o prazer de conhecer intimamente até hoje, é o síndrome da inexplicável e repentina alteração de humor.

9.09.2010

ausência

Este blogue esteve um pouco parado esta semana por motivos pessoais, ou seja, a administração do meu local de trabalho/executivo PSD da Câmara Municipal de Espinho deixou de me pagar o salário sem explicar nada a ninguém nem dar satisfações. Como devem percebem facilmente, trabalhar e não receber tem implicações directas no dia-a-dia de qualquer pessoa, para além da óbvia falta de respeito por mim que o facto demonstra, tive que me mexer para conseguir pagar algumas das minhas obrigações mensais. Daí a minha ausência. Era só para vos explicar...

conversa 1585

Ela - Convidei um amigo meu para o meu aniversário, ele agradeceu e disse-me que ia pedir permissão à mulher para aparecer. Acreditas nisto?
Eu - Acreditar, acredito...
Ela - Mais uma relação em que a mulher é que manda.
Eu - Sim... pelo menos parece. Mas também parece que ele aceita bem isso.
Ela - Aceita mais ou menos. Depois admitiu que até prefere que ela não o deixe.
Eu - Que não o deixe? Porquê?
Ela - Porque se ela não deixar vir ao meu aniversário depois não tem coragem para não o deixar ir ao futebol no fim de semana.

9.03.2010

conversa 1584

Ela - Estou farta daqueles beijos entre marido e mulher em que os só os lábios é que se tocam...
Eu (risos) - Estás? São assim tão maus?
Ela - Não é que sejam maus, pá, mas quando me casei pensei que ia ter beijos de língua todos os dias.
Eu - Pois... com o tempo os beijos de língua vão-se transformando em beijos mornos, sim...
Ela - E eu que tive tanto cuidado para escolher um marido que lavasse bem os dentes.

bacalhau à brás

Esta semana tive muito pouco tempo para vir até aqui, o que na verdade me deixa com uma pedrinha na alma. Hoje, pelo menos, poderão ler a última crónica de engate, crónicas de engate essas que a partir de agora serão publicadas no site amulher.com. Hoje saiu a primeira e chama-se Bacalhau à Brás.

9.02.2010

conversa 1583

(no café)

Ela - Caraças, pus açúcar no café.
Eu - E depois?
Ela - Decidi que não bebo mais café com açúcar. Estou a ficar muito gorda.
Eu - Fazes bem.
Ela - Faço bem?! Estás a dizer que estou gorda?
Eu - Não, estou só a dizer que fazes bem. Toda a gente sabe que se deve controlar o consumo de açúcar.
Ela - Hum...
Eu - E desde quando é que tomas o café sem açúcar?
Ela - Na verdade esta ia ser a primeira vez.

9.01.2010

conversa 1582

Ela - Já alguma tiveste a sensação de que uma relação pode não funcionar apesar dos envolvidos gostarem muito um do outro?
Eu - Hum... já, já tive.
Ela - É a sensação que eu ando a ter agora. Passo a vida a discutir com o meu marido apesar de gostar muito dele e acho que não aguento mais...
Eu - Às vezes essa sensação é temporária. Há fases melhores e fases piores em todas as relações.
Ela - O pior é que eu estou nesta fase desde que me casei.
Eu - Desde que casaste?
Ela - Bem... desde o dia seguinte ao casamento. Nesse dia discutimos logo no Hotel onde passámos a noite de núpcias por causa de qualquer coisa que já nem me lembro.
Eu - Há quanto tempo casaste?
Ela - Há dez anos.