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3.14.2008

tu disseste que me amavas

Zer0 ainda tenta encontrar em doi2 uma réstia dum abraço.

zer0 – Tu disseste que me amavas e que não podias viver sem mim
doi2 – Eu?! Não me lembro de ter dito isso...
zer0 – Mas então é porque podias ter dito. Caso contrário respondias-me agora que nunca na vida me dirias uma coisa dessas. Se achas que podias ter dito isso é porque me amas.
doi2 - Eu sou doi2 e tu zer0. Nunca na vida te diria uma coisa dessas.

2.20.2008

márcia on the rocks

A Márcia era puta e bebia uísque. Eu era pior, pensava: amava-a e também bebia uísque. Depois disso a noite chegava sempre ao fim como um acidente de automóvel: como se se batesse sempre ao passar a velocidade máxima permitida por lei. A Márcia era puta e era a lei. Eu amava-a e não era nada. Ela era doi2 e eu zer0. Quando fodíamos eu tinha sempre o cuidado de ter o dinheiro trocado para lhe pagar. Não queria ter que lhe dar uma gorjeta por um acto de sexo, e também não queria que ela tivesse que me dar o troco. Ambas as situações tornar-se-iam embaraçosas, e por isso chegava a ir comprar pão à padaria da frente só para ter dinheiro trocado.
Há bocado o vento acariciou-me a face e depois entrou acanhado num bar quase deserto. A carícia lembrou-me Márcia, principalmente quando ficava por cima de mim e os seus cabelos compridos caminhavam levemente sobre o meu peito. Entrei no bar a seguir ao vento e pedi um uísque novo. O vento já bebia uma bebida qualquer colorida e eu sentei-me mesmo ao lado. Queria meter conversa, desabafar um bocado, qualquer merda assim... mas mantive-me calado até agora.
Acho que as pessoas se matam porque se amam. Se zer0 não amasse doi2 não entrava num autocarro para o fazer explodir, não o socava à porta dum bar, não lhe chamava filho da puta num jogo de futebol, não lhe pagava para ter uns míseros minutos de sexo num quarto duma pensão rasca. Tento dar a mão a este pensamento que está prestes a afogar-se no uísque. Preciso salvá-lo e peço ajuda à dona do tasco, solicitando outra bebida igual. Bebo a primeira num só gole e salvo o afogado. São seis euros, diz ela, e pede-me para pagar já porque vai fechar. Eu deixo o dinheiro em cima do balcão. Sempre trocadinho, insiste ela, e pisca-me o olho. Eu amo-a e apetece-me falar desse amor ao vento mas ele já bebeu demais. Márcia foi puta e agora vende uísque. Eu sou pior: amo-a e ainda bebo uísque.

6.22.2007

abro os olhos pela primeira vez no dia

Abro os olhos pela primeira vez no dia, e ouço o vaivém das pestanas a tocar no lençol. O corpo ainda não moveu nenhum dos seus componentes. Nem um lábio, nem um dedo, nem um braço, nem uma perna. Só as pálpebras piscaram duas ou três vezes. Talvez quatro, não interessa.
Abro os olhos pela primeira vez no dia, e agasalho-me no silêncio opaco que dormiu a noite toda ao meu lado. Quieto. O rádio observa-me. O despertador também, a toalha pendurada na porta também, as gavetas abertas do camiseiro também.
Abro os olhos pela primeira vez . Conto os dias a partir de hoje, que o nascimento de Cristo não me interessa mesmo nada. Nem sei bem que é o gajo. Sei que este é o dia zero, e se a vida são dois dias zer0 tem que amar doi2. Talvez possam até sair esta noite.

4.23.2007

aproximação 0A2

Primeiro há uma aproximação. Zer0 cruza-se com doi2 na rua e os seus olhares cruzam-se durante um segundo ou dois.
Depois cruzam-se os corpos. Quando estão costas com costas Zer0 vira-se, só para ver se doi2 faz o mesmo. Nunca o faz. É a partir daí que se afastam.

4.17.2007

zer0 ama doi2 (1)

Zero ama Dois. Se não amasse talvez se achasse com mais valor, pelo menos mais um, quando enfrenta a tristeza da sua face reflectida no espelho. Ainda assim valeria apenas metade de Dois, agora que pensa nisso. Dois não ama Zero. Pelo menos é o que lhe costuma dizer.