4.30.2010

conversa 1506

Ela - Estou sempre a apaixonar-me por quem não é suposto apaixonar-me.
Eu - Como assim?
Ela - Ou está casado, ou vive longe, ou acabou de sair duma e não se quer meter noutra, ou, ou, ou...
Eu - Ou?
Ela - Ou então na cama é um desastre.
Eu (risos) - Às vezes tens que dar algum tempo ao homem para estar mais à vontade.
Ela - Quanto tempo?
Eu - Sei lá. Um dia, uma semana, um mês...
Ela - Um mês?! Lá está, estou sempre a apaixonar-me por quem não é suposto apaixonar-me.

conversa 1505

(no café, com Ela e com um amigo)

Ela - Lá estás tu... sempre a falar de política. Até chateias.
Eu - Não era contigo que eu estava a falar, era com ele.
Ela - Mas eu estou aqui e tenho que ouvir.
Eu - Se quiseres podes ir para outra mesa.
Ela - Vão vocês conversar para outra mesa.

pensamentos catatónicos (204)

Se há coisa que já aprendi nesta vida é que são as pessoas de quem mais gostamos que nos podem pôr mais tristes. Podem fazê-lo tão facilmente que às vezes o fazem mesmo quando não querem. Tendo única  e exclusivamente isto em conta, não nos devíamos nunca apaixonar. Devíamos, pura e simplesmente, ter um caso aqui ou outro ali com alguém que nos parecesse apetecível. Mas nunca é assim...

4.29.2010

conversa 1504

Ela - Estás com má cara, hoje.
Eu - Pois estou. Admito que hoje o dia me está a correr mal.
Ela - Está?
Eu - Sim. Há muito tempo que não tinha um dia tão mau.
Ela - Fixe, que é para não ser só eu.

respostas a perguntas inexistentes (83)

Às vezes farto-me, é só isso. Farto-me da enorme centopeia em que a vida tem a mania de se tornar, calcorreando lentamente um caminho tortuoso qualquer. São tantos passos que é preciso dar para andar tão pouco.
Às vezes apetecia-me ganhar asas, era só isso. Sobrevoar isto tudo devagarinho sem me preocupar mais com a data limite para pagar o Imposto de Circulação Única, com as Bolas de Berlim que sangram açúcar nas montras das pastelarias ou a conversa elogiosa da vizinha ao seu novo aspirador que purifica o ar.
Agora bebo uma cerveja numa esplanada qualquer, é só isso. Incomoda-me que na mesa ao lado da minha esteja uma mulher tão bonita e que isso não me interesse minimamente. É que quando isso acontece é porque o mundo emperrou em qualquer lado...

4.28.2010

keep you beautiful



Hoje de manhã fiz esta bricadeirinha para a música dos Tindersticks, "Keep You Beautiful". Não sei se já vos aconteceu uma música lembrar-vos alguém com tanta intensidade que vos apetece fazer alguma coisa com ela.

conversa 1503

Ela - Então, amanhã apareces?
Eu - Vou tentar. Ainda não sei se tenho trabalho ou não.
Ela - Oh! Anda lá, vê se podes.
Eu - Vou tentar. A sério que vou.
Ela - Se não apareceres não tens desculpa.
Eu - Já te disse que se calhar trabalho.
Ela - Não tens desculpa, não tens desculpa.

4.26.2010

conversa 1502

Eu - Às vezes acho que as mulheres só gostam mesmo de gajos quando as tratam mal.
Ela - Isso não é verdade. Quer dizer... às vezes é.

conversa 1501

Eu - Estou a precisar duma estante nova para a minha sala.
Ela - Não estás nada. Já tens uma...
Eu - Mas já não chega para guardar tantos livros, cd's e dvd's...
Ela - Se ainda fosse para pôr uns bibelôs e umas fotografias...

mulheres e futebol

Dos jogos do Beira-Mar no antigo estádio Mário Duarte, quando eu era criança, lembro-me essencialmente de três coisas: o Manecas, um defesa direito memorável; os tremoços e as pevides vendidos em sacos de plástico pequeninos e papel de jornal e, por último, o mar de automóveis na rua das Pombas com mulheres sozinhas lá dentro.
Das mulheres que ficavam sozinhas no automóvel enquanto os seus maridos viam o jogo, umas passavam o tempo a fazer tricô, outras sem fazer nada. Era só isso, ficavam no carro a olhar para a monotonia do tempo enquadrada por um pára-brisas sujo.
Este fim de semana fui ver o Beira-Mar - Penafiel e, ao regressar, passei por um automóvel onde uma senhora idosa esperava sozinha pelo fim do jogo. Fixei-a durante uns segundos e reconheci-a. É uma senhora que há trinta anos já fazia o mesmo: esperar pelo marido durante os jogos. Há coisas que nunca mudam...

4.25.2010

conversa 1500

Ela - Tu és teimoso.
Eu - Por acaso não me acho.
Ela - Mas és...
Eu - Nem por isso...
Ela - És, és.
Eu - Não me acho assim tão teimoso.
Ela - Mas és e acabou-se.
Eu - Pronto, está bem, sou teimoso.
Ela - Vês?

ermelinda duarte - somos livres

O que eu disse o ano passado sobre o 25 de Abril mantém-se, e mantém-se este dia como um dia que me importa. Outra coisa que importa é recordar um ícone da Revolução e que para mim é também um encontro com a minha infância.

cancelamento do set no Performas

Esta noite, afinal, os Couscous não passaram som no Performas, local onde eu não tenciono voltar. A explicação está no sítio adequado.

4.23.2010

wonderbra

Não dá, não dá! Queres fazer amor comigo sem tirar o wonderbra! Era o Pedro Abrunhosa que cantava isto há uns anos atrás, talvez sem se dar conta que Wonderbra não é um tipo de sutiã mas sim uma marca que conseguiu impor-se de tal forma no mercado que uma coisa e outra confundem-se. Diz-se hoje que se tem um Wonderbra sempre que se tem um sutiã que põe as mamas para cima e num volume generoso. É a mesma coisa que dizer que se tem um Kispo ou um Black & Decker quando na verdade não se tem.
É verdade que esta conquista desta marca de sutiãs se fez por ser um produto apetecível mas, na minha modesta opinião, também porque conseguiu fazer sempre (ou quase sempre) campanhas com uma grande imaginação, muitas vezes sem mostrar o próprio produto e sempre sem cair na brejeirice. Aliás, acho fantástico que alguns dos outdoors criados para vender um sutiã só apareçam... homens. 


conversa 1499

Ela - Tenho uma coisa que tu queres muito.
Eu - Não sei se tens.
Ela - Tenho, tenho. Uma coisa que desejas ardentemente.
Eu - Não sei se tens.
Ela - Tenho, tenho. O single original de 45 rotações da Marina.
Eu - O Papa Popeye?
Ela - Sim...
Eu - Ena, eu quero isso. Empresta-me...
Ela - Até to dou.
Eu - Dás-me?
Ela - Sim, em troca de me aspirares a casa, passares a esfregona, limpares os vidros, limpares os móveis da casa de banho, arranjares os interruptores avariados e levares o meu cão a passear uma tarde.

terapias para ser feliz mesmo quando ela passa por nós e nem nos cumprimenta (5)

1] Cortar algumas folhas de alface em bocadinhos muito pequeninos e colocar numa tijela.
2] Juntar azeitonas pretas sem caroço.
3] Polvilhar queijo de cabra curado ralado e orégãos.
4] Temperar com azeite e vinagre.
5] Abrir uma garrafa de vinho Meio Século Alentejano.
6] Deglutir tudo lentamente.

conversa 1498

(no café, logo pela manhã)

Ela - Estás com um ar cansado, precisas mesmo dum café.
Eu - Preciso. Acordei há uns quinze minutos.
Ela - Quinze minutos? E já aqui estás?
Eu - Sim.
Ela - Eu acordei há mais de uma hora. Logo de manhã pus a máquina da roupa a lavar, passei alguma roupa a ferro, tomei banho e penteei-me.
Eu - Eu acordei, lavei a cara, vesti-me e vim para aqui.
Ela - Cá para mim nem a cara lavaste. Estás cheio de ramela nos olhos. Vê lá se a vais lavar agora.

respostas a perguntas inexistentes (82)

Não faz mal, pensa ela enquanto enquanto encosta a cabeça ao vidro da janela. Do outro lado da rua passa um homem abraçado a uma mulher e isso fá-la sentir-se ainda mais só. E a merda da solidão que anda ali por casa não faz nada: não lava a louça, não passa a roupa a ferro, não aspira e nem sequer faz a cama. Não faz mal, é só um vidro transparente que a separa do mundo lá fora, esse mundo onde as pessoas se abraçam, trocam beijos e palavras doces. É só um vidro, pensa.
Não faz mal. Já os vidros a separaram da felicidade muitas vezes na vida. Era o da montra da lojas de animais quando era criança que não a deixava fazer festas aos gatos; nessa altura, era também o vidro da máquina automática de chocolates na estação. Depois foi o vidro da janela dum autocarro cansado que, durante anos e anos, a levou todos os dias de casa para o trabalho e do trabalho para casa no que parecia ser um monótono vaivém até à morte. Mas não foi, acabou por fugir com o que lhe restava da vida para novas formas de sobrevivência: Limpou os vidros do balcão de um café, depois das janelas da casa dum homem a quem tratava por doutor, depois já nem se lembra... talvez por se ter apaixonado.
Aprendeu com o tempo que os vidros são uma forma cruel e transparente de impedir o contacto entre as pessoas e comprovou-o depois nessa paixão. O amor escoava-se todos os dias mais um pouco, talvez a conta-gotas para lugar nenhum, e o que restava da vida era essa crescente sensação envidraçada. Os beijos passaram a ser distantes e frios, as palavras passaram a ser curtas e de baixa intensidade, o calor dos corpos desapareceu. Era um vidro constante entre eles os dois. E tornou a fugir com o que o que lhe restava da vida, desta vez para uma casa só, em cujo vidro da janela agora encosta a cabeça. Do outro lado da rua passa um homem abraçado a uma mulher. Não faz mal, pensa.

4.22.2010

mostra-me 40% do teu corpo

Um estudo científico, feito por pesquisadores da Universidade de Leeds, chegou à conclusão que os homens se interessam mais por mulheres que mostram cerca de 40% do corpo. O ideal para chamar a atenção dos homens é mostrar um pouco dos braços e das pernas, mas sem exagero. Mostrar mais do que isso sugere alguma infidelidade e demasiada disponibilidade. Para o estudo, considerou-se que cada braço representa 10% do corpo, cada perna 15% e o torso 50%.

conversa 1497

(numa esplanada)

Ela - Adoro o bom tempo.
Eu - Eu também.
Ela - Já sentia falta de estar numa esplanada na praia.
Eu - Eu também.
Ela - Até parece que o café tem outro sabor.
Eu - Sim...
Ela - E agora tira os olhos dessa gaja de mini-saia na mesa à nossa frente.

silêncio

Enquanto tento arranjar tempo para acabar o meu novo filme, "vidros", o meu "white cell" tem mais duas exibições marcadas: 24 de Abril em Aveiro (Performas) e 7 de Maio em Herning (Dinamarca). A propósito, na noite desse sábado e logo a seguir ao concerto da Celina Pereira, os Couscous Prosjekt aniquilam o silêncio com sons do mundo inteiro. A propósito ainda, tudo em Aveiro se integra no festival Silêncio.

pensamentos catatónicos (203)

Hoje de manhã, numa praia de Matosinhos, um rapaz que corria na areia era a espaços chamado pela mãe. Ela penteava-lhe o cabelo com os dedos das mãos e depois punha-lhe a camisola dentro das calças. Depois ele voltava para as suas correrias sempre observado pelo olhar sorridente da progenitora.
Eu estava na mesa duma esplanada a comer um queque de cenoura e a tomar café. Escrevi num papel que acho que aquilo é uma manifestação inconsciente de amor: o querer que o outro esteja "bem arranjado". É que para o rapaz, estar penteado ou não e com a camisola dentro das calças ou não, ia dar exactamente ao mesmo. Para ela é que não.
Talvez essa seja uma variável importante nas relações, o querermos que o outro esteja bem. É que de facto há casos em que é evidente que isso não acontece e quem diz que ama nem sempre faz com que o outro se sinta bem.

4.21.2010

conversa 1496

Ela 1 - Não percebo. Só vejo o meu namorado aos fins de semana e mesmo assim quando ele cá vem passa o tempo quase todo em frente ao computador.
Ela 2 - Ai é?
Ela 1 - Sim, damos uma queca e depois ela vai para o computador.
Ela 2 - Eu deixava o gajo já.
Ela 1 - E vou deixar, mas só quando entrar de férias. Agora ainda vai servindo para alguma coisa...

conversa 1495

Ela - Ando a precisar de não sei o quê.
Eu - Andas a precisar de não sei o quê?
Ela - Sim.
Eu - Como é que se precisa duma coisa que nem se sabe o que é?
Ela - Fácil. Basta sentir falta duma coisa que não se sabe o que é.

conversa 1494

(na minha casa)

Ela - Brrrrrrr... a tua casa é um gelo.
Eu - Eu sei. Toda a gente diz isso.
Ela - Mas se é assim agora, como será no Inverno?
Eu - No Inverno é que é mesmo mau. Só com aquecimento...
Ela - E a construção é recente, não é?
Eu - Sim...
Ela - Bem... deve ter vantagens.
Eu - Que vantagens?
Ela - Vantagens...
Eu - Não estou a ver a vantagem de ter uma casa fria.
Ela - Mas eu estou, eu estou...

sem título

eu tenho que me pôr á defeza e não poço dizer quem sou para não saberem quem sou, não penses já que sou cobarda mas é o aonimante que me deicha. tu penças que sabes e que és o melhor mas para mim só te vês como o melhor e eu sou mulher e não gosto de ti. devias era ir para as sais da tua mãe e deichar de coisas

coisas que fascinam (101)

Quando viajamos sozinhos, às vezes queremos partilhar o que vemos e sentimos com a pessoa de quem mais gostamos. Viajei algumas vezes sozinho quando era miúdo e, talvez por isso, não o tenha feito tantas vezes depois de me ter divorciado. Nos cerca de três anos de divórcio, sempre fui mais de pegar no carro e conduzir até parte incerta para passar uma noite também incerta. Lembro-me, por exemplo, de ter feito sem pensar percursos de Aveiro à Guarda, Salamanca, Vigo ou Évora.
Foi preciso conhecer uma pessoa incerta que, com o tempo, se foi transformando numa certeza para começar a planear viagens de novo. É que a vantagem é essa: vemos uma montra, um monumento ou simplesmente saboreamos um prato típico qualquer e temos sempre alguém para dizer que nos sabe bem.

dia 21 de Abril de 2010

Até agora gastei €72,68 no dia de hoje.

Tirar o passaporte: €60
Almoço (duas cervejas, salada mista, meio frango e café): €6,25
Compras (quatro iogurtes líquidos e uma garrafa de vinho Meio Século Alentejo): €6,43

4.20.2010

conversa 1493

Ela - Anda tomar café comigo.
Eu - Já tomei quatro cafés hoje.
Ela - Quatro?
Eu - Sim.
Ela - Eu não aguentava tomar tantos cafés. Isso faz um mal terrível.
Eu - Pois faz, eu sei.
Ela - Ainda bem que aguentas. Anda tomar café comigo só para eu não tomar sozinha.

conversa 1492

Ela - Há quanto tempo é que não fazes a barba?
Eu - Há uns dois dias...
Ela - A tua namorada não protesta?
Eu - Ia protestar por que motivo?
Ela - Bem... quando o meu homem se deita comigo com a barba por fazer, mando-o logo dar uma curva. A barba comprida dum homem dá cabo da pele duma mulher...

quatro perguntas que são um perigo

O que é tu queres de mim?
Esta pergunta é sempre uma ameaça, antes de tudo porque exige que ele queira de facto alguma coisa dela. Se ele se limita a abanar os ombros ou a dizer que não quer nada de especial, está lixado.

Achas que eu sou um objecto sexual?
Pergunta com duas respostas possíveis: sim ou não. Quem responder sim está lixado porque nenhuma mulher quer ser considerada um objecto sexual, quem responder não está lixado porque todas as mulheres querem ser consideradas um objecto sexual. Hum... hum... pois.

Lembras-te daquilo que eu te disse ontem?
Ahn!... se eu me lembro... ahn!... lembro pois. É só por dizer que agora estou aqui com um problema. Ai, dói-me mesmo a cabeça. Tens aí um comprimido com paracetamol? Pois... lá está ele lixado.

Não reparaste em nada de diferente em mim?
Sim, sim. Está tudo diferente. Hum... quer dizer, há umas coisas diferentes e outras iguais. Ah! sim, só há uma coisa diferente e sinceramente está muito melhor. A sério, está altamente. É o cabelo. Não, são os brincos. Não, fizeste um lifting. Não, é o vestido. Não... pronto, desisto. Estou lixado.

conversa 1491

Ela - Sabes uma coisa que atrai em ti?
Eu - Diz...
Ela - És capaz de contar uma história a partir do nada. Isso atrai muito as mulheres.
Eu - A sério?
Ela - A sério... mas há o revés da medalha.
Eu - Ah! Qual é?
Ela - Só atrai para ser amiga, não atrai sexualmente.

4.16.2010

conversa 1490

Ela - Será que no cinema, nas cenas de sexo, há mesmo penetração?
Eu - Sei lá. Acho que não...
Ela - Porque é que achas isso?
Eu - Estou a imaginar-me na cama com uma gaja qualquer e com montes de gajos a olhar para mim, mais os projectores de luz, etc. Acho que isto não... rolava.
Ela - Ah! Bem feita.
Eu - Bem feita?
Ela - Bem feita não é para ti, é para as gajas que contracenam com o George Clooney

conversa 1489

(enquanto passávamos por um casal de namorados aos beijos na rua)

Ela - Acho um mau gosto estas manifestações públicas de afecto...
Eu - Vá lá, estás a exagerar. Só estão a dar uns beijos, não me parece um problema.
Ela - Uns beijos e ele está com a mão no rabo dela, por dentro das calças, e ela está com a mão na braguilha dele.
Eu - Não reparei.
Ela - Reparei eu.

4.15.2010

elas não gostam de gajos com espinhas...

As mulheres não suportam gajos com espinhas, pelo menos é a conclusão que se tira deste anúncio vintage a um produto para limpar a pele. Até aqui tudo bem, esta publicidade deve ser aí dos anos 30 mas quando eu era adolescente havia sucedâneos desta onda para impingir cremes a adolescentes oprimidos pelos seus distúrbios hormonais, na altura essencialmente da marca Clearasil. Hoje de certeza que ainda há e provavelmente ainda mais.

O giro deste anúncio é o facto de estarem quatro mulheres, viradas umas para as outras como se estivessem a esconder qualquer coisa, a cochichar sobre as espinhas dum triste qualquer. Esta sensação de estar a ser objecto de intriga num grupo de mulheres é-me familiar e leva-me aos tempos do liceu, em que eu também tinha espinhas. Terá começado aí toda esta incompreensão...

conversa 1488

(ao telefone)

Ela - Desculpa mas afinal não posso ir ter contigo agora.
Eu - Ok... mas está tudo bem?
Ela - Sim... mas está a chover...
Eu - Ei! Só não podes vir ter comigo por estar a chover?
Ela - Pois, é que acabei de secar o cabelo.

várias coisas

Logo à noite, para quem é de Aveiro e arredores num raio de 15 000 quilómetros, Ouagadougou por exemplo, ir ao Clandestino Bar beber uma cerveja ou um vinho quente com especiarias pode ser uma opção agradável. É que estão lá os Couscous Prosjekt, que é como quem diz o Bagaço Amarelo e a Moa Bird, a passar música. Ah! Com os Couscous é capaz de aparecer também o Gnonnas Pedro e este "Yiri Yiri Boum".



Mais coisas, e porque a vida não é só música e mulheres (infelizmente, pá), podem ler aqui um artigo político meu na página do Bloco Aveiro, e aqui outro sobre a Assembleia Municipal de Aveiro ontem.
Mais coisas, e porque a vida não é só política (felizmente), fica aqui o link para o artigo que saiu este domingo na revista do Correio da Manhã.

4.14.2010

conversa 1487

Ela - Para mim um homem tem mesmo é que ter sentido de humor.
Eu - Para mim uma mulher tem mesmo é que ser boazona.
Ela - Já não estás a ter piada nenhuma.

conversa 1486

Ela - Os homens são muito melhores na cama a partir dos trinta anos.
Eu - São?
Ela - São. Normalmente sim. Os putos de vinte anos são uma seca, parece que se estão a masturbar dentro de nós. Aos trinta e aos quarenta os homens sabem muito mais...
Eu - Ah!
Ela - o problema é que...
Eu - É que?
Ela - Os putos de vinte gostam de estar com mulheres mais velhas, mas a partir dos trinta os homens começam a querer pitas novas.

conversa 1485

(na minha casa)

Ela - Tu vives mesmo sozinho?
Eu - Sim...
Ela - Tens quatro escovas de dentes no copo da casa de banho...
Eu - Tenho.
Ela - E?
Eu - E o quê?
Ela - Eu perguntei se vivias sozinho e respondeste que sim. Agora afirmei que tens quatro escovas dentes na casa de banho... portanto...
Eu - Portanto o quê?
Ela - Portanto se calhar não vives assim tão sozinho como isso.
Eu - Ah! Uma é minha, outra da minha namorada e outra da minha filha.
Ela - Isso dá três escovas de dentes.
Eu - Pois dá.
Ela - Estão lá quatro. De quem é a outra?
Eu - Isto parece um interrogatório da KGB. Daqui a bocado apontas um projector de luz na minha direcção.
Ela - Só fiquei curiosa... sei lá. Se não quiseres dizer não digas. É-me igual.
Eu - Não, não digo. Até dizia mas não gostei da forma como perguntaste.
Ela - Ai mau! Estamos zangados?
Eu - Não, não estamos.
Ela - Se calhar estamos.
Eu - Bem... continuamos a trabalhar ou não?
Ela - Acho que vou embora. Continuamos noutro dia. Hoje já estou farta. Cansada, quero dizer...

respostas a perguntas inexistentes (81)

Uma vez disse-te que ia ficar tudo por fazer entre nós e tu silenciaste. O silêncio é sempre o melhor dos argumentos quando não se ama alguém, quando não me amas a mim. E tudo era o quê? Tudo: comprar peixe fresco na Praça, apanhar amoras, aspirar a mesma carpete várias vezes, embebedarmo-nos e fazer amor. Depois os nossos olhos tocaram-se numa imensa solidão, como se entre eles estivesse todo o Universo ou, mais do que isso, o nosso não amor.
Uma vez zanguei-me contigo e tu comigo porque não nos amávamos e tu achaste injusto. E era injusto, sim, mas não nos podemos zangar nunca com o Amor. É demasiado perigoso. Se nos zangarmos com o Amor ele pode zangar-se também connosco, disse-te eu. Depois ri sem ser um riso qualquer e tu acalmaste. Encostaste a cabeça ao meu ombro sem me amares e eu abracei-te sem te amar. Depois fizemos não amor.
Uma vez acabámos à janela a olhar para as sombras das árvores . Estavas nua de frio como elas de folhas e eu aconcheguei-te um casaco qualquer. Perguntaste-me se podias dormir ali. Que sim. Perguntaste-me se eu tinha gostado. Que sim. Perguntaste-me se nos amávamos. Que não. Depois fechaste os olhos. Pelo menos não ia ficar tdo por fazer entre nós. Pelo menos, respondi eu afirmativamente. Às vezes, quando se está só, sabe bem um não amor, não sabe?

4.13.2010

mulheres artistas que não compreendo (23)

Adriana Varejão nasceu no Rio de Janeiro em 1964 e, segundo a própria, a sua pintura é uma forma de contar histórias que não pertence a qualquer era ou tempo. É modelada pelas violações. No seu trabalho, a cultura brasileira, desde a era colonial até a actualidade torna-se numa metáfora do mundo moderno.
Adriana trabalha essencialmente em cerâmica, fazendo despropositadamente uma ponte entre Macau, Portugal e o próprio Brasil, já que foram os portugueses que no século XIV importaram a cerâmica decorativa de Macau e a exportaram para o Brasil. Essa ponte, está no entanto propositadamente presente na temática dos seus trabalhos, extremamente sensoriais, e que revela o ponto de vista dum povo maltratado pela História colonial.
No caso desta pintura, chamada Filho Bastardo, não foi utilizada cerâmica mas sim tela e madeira. Escolhi-a porque do que conheço é a que melhor faz a ponte entre o passado e o presente. Nela, um padre viola uma mulher africana e dois soldados torturam uma mulher branca presa a uma árvore. Ao meio, como se fosse um corte independente de toda a pintura, uma ferida em forma de vagina parece querer assaltar o observador. E assalta mesmo.
Incomodam-me as pessoas que não se incomodam com nada. Adriana Varejão é certamente uma mulher incomodada... e ainda bem.

4.12.2010

conversa 1484

Ela – Há coisas que devem sempre ser esclarecidas antes de um homem e duma mulher começarem uma relação.
Eu – Concordo... mas isso nem sempre é possível.
Ela – Mas deve-se tentar.
Eu – Olha, a mim basta-me que uma mulher me faça um calendário com os dias em que está bem humorada e aqueles em que está mal humorada. Quando estiver mal humorada eu vou dar uma volta e pronto, fica a coisa resolvida.
Ela – Que engraçadinho. É precisamente quando uma mulher está mal humorada que o namoradao deve ficar ao pé dela.
Eu – É?
Ela – É.
Eu – E quando está bem humorada é suposto estarmos aonde?
Ela – Em casa, a lavar pratos e aspirar que é para ela aproveitar esse momento.

coisas que fascinam (100)

Hoje de manhã, em plena luz do dia, mergulhei na escuridão dos olhos pretos duma mulher que se dirigiu a mim em plena baixa da cidade de Aveiro. Perguntou-me onde fica o Cais da Fonte Nova e eu expliquei-lhe. Desenhei-lhe o percurso com a voz como se lhe contasse um segredo ao ouvido, aconchegado por essa noite que caíra subitamente sobre mim. Depois ela agradeceu e foi-se embora em passos leves, deixando-me amanhecer de novo pela segunda vez neste dia. Era tão bonita.
Acho que às vezes pode haver alguma crueldade numa mulher que me pergunta por uma direcção. Ela vem, obtém o que quer e depois vai-se embora. Vai-se embora deixando-me ali, só e encantado com uma noite de dois minutos. Não era suposto as noites durarem mais?

4.11.2010

conversa 1483

Ela - Até posso gostar dum homem tímido, não consigo gostar é dum homem atado.
Eu - Qual é a diferença?
Ela - Um homem atado é um homem que anda a rondar uma mulher mas nunca avança.
Eu - E se tu não avançares também, não és atada?
Ela - Claro que não. Uma mulher dá sinais que um homem pode ou não arriscar. Se ele não arrisca é que é atado.
Eu - Como por exemplo?
Ela - Epá, se uma mulher aceita ir sozinha a casa dum homem ou que ele vá sozinho a casa dela, é para avançar...
Eu - Ah! E tens apanhado muitos atados?
Ela - Já apanhei alguns...
Eu - E nunca puseste a hipótese que esses homens pudessem simplesmente não estar interessados em ti?
Ela - Claro que não. Um homem está sempre interessado numa noite de sexo.
Eu - Estás tão enganada.
Ela - Não estou nada e não me convences do contrário.

pensamentos catatónicos (202)

Em Inglaterra, quem sobe uma escada rolante qualquer encosta-se sempre à direita para deixar passar pelo seu lado esquerdo os que querem andar mais depressa. No metro de Londres, por exemplo, há mesmo sinais a pedir que os transeuntes façam isso e, de facto, as pessoas fazem-no. É um país onde há lugar para quem quer apenas deixar-se levar pela escada e para quem que subir os degraus pelo seu próprio pé. Em Portugal é comum ver duas pessoas paradas, lado a lado, num escada rolante qualquer. Quem quiser andar mais depressa que espere.
Na vida também é assim. Há quem se deixe simplesmente levar por ela e há quem queira dar os seus próprios passos nessa imensa escada rolante que a vida é. Acredito que esta é uma das maiores incompatibilidades entre pessoas, e por isso mesmo será também a causa do fim de muitas relações. Não há problema nenhum, ou pelo menos eu nunca vi um problema nisso, desde que se suba essa escada como na Inglaterra e não como em Portugal. É só preciso ter a noção que entre quem se deixa levar e quem anda per si vai havendo uma distância cada vez maior.

as gordinhas vivem à custa dos maridos...

Ok... é domingo e estou oficialmente deprimido. Tenho que o agradecer ao Leonel, autor desta... hum... hum... fabulosa canção portuguesa chamada "gordinha", que dá uma nova perspectiva a todos os homens sobre as mulheres gordinhas.
Portugueses preparem-se: graças a este grande génio ficamos todos a saber que as mulheres gordinhas são sustentadas pelos maridos, coitados, mouros de trabalho. É que algumas mulheres fazem tudo para emagrecer mas outras querem é viver à custa deles e não se importam nada. É o tal deixa andar...



há tanta mulher gordinha que não gostava de ser
por isso elas tudo fazem para emagrecer
também há quem não se importe, é o tal deixa andar
então pobres dos maridos para as sustentar

maminha a crescer, perninha a engordar
bolhinha bem feita, é o que está a dar

toda a mulher que é fininha tem tendência a engordar
se não engorda solteira, engorda depois de casar
nas solteiras e nas casadas gordura é o que está a dar
algumas para emagrecer passam o dia a caminhar

conversa 1482

Eu - A verdade é que são sempre as mulheres que mandam numa relação. Os homens só se armam em durões mas normalmente são o elo mais fraco.
Ela - Oh! Não digas isso.
Eu - É verdade...
Ela - Pois é, sim, mas não digas na mesma.

respostas a perguntas inexistentes (80)

Ele vai-se despindo enquanto caminha para a casa de banho, deixando a roupa pelo caminho. Ela repara nas meias e nas cuecas espalhadas pelo chão e grita-lhe: "Olha que se nos queres tens que fingir que me amas". A voz dela excita-o e enrijece-lhe o pénis. É pena, agora apetecia-lhe ter sexo mas tem mesmo que tomar banho. Abre a torneira da água quente e aproveita a primeira, a que vem fria, para perder o tesão. Depois pergunta: "E tu não te importas que eu finja que te amo?". Ela abana os ombros como quem não quer a coisa, enquanto apanha a roupa suja para pôr na máquina, e grita mais uma vez: "Não". A água já aqueceu e ele torna a excitar-se. "Então está bem", responde.

4.10.2010

conversa 1481

Eu - Costumas sentir falta do teu ex?
Ela - Às vezes...
Eu - Só às vezes?
Ela - Sim, principalmente quando é preciso fazer furos na parede ou assim...

respostas a perguntas inexistentes (79)

Ela cansou-se de saber tudo sobre o mundo. Cansou-se também que ele lhe pergunte tudo sobre esse mundo. Onde é que está a minha camisa branca? E ela sabe que está pendurada na cadeira da despensa. Onde é que está o livro que ando a ler? E ela sabe que está na terceira gaveta a contar de cima na cómoda do quarto. O que é o jantar? E ela sabe que é caldo verde com peixinhos da Horta e puré de batata. Como é que está a criança na escola? E ela sabe que a professora se queixou da sua aparente ausência nas aulas.
Aquela casa tornou-se num mundo do qual ela sabe tudo e, agora que pensa nisso, talvez ele já não faça parte desse mundo. Ele tornou-se numa espécie de visitante regular que vem e pergunta tudo. Depois regressa não se sabe para onde.
Aquela casa tornou-se num mundo do qual ele não sabe nada e, agora que pensa nisso, talvez ela já nem goste dele. Ele, que se lembre, já não lhe diz que gosta dela há anos. Limita-se a fazer-lhe perguntas inócuas a que ela responde automaticamente.

4.09.2010

passem por mim no Correio da Manhã

No próximo dia 11, a revista Domingo do Correio da Manhã vai dedicar algum do seu espaço a um artigo sobre este blogue. É giro... estava a escrever esta frase e a pensar como às vezes o ciúme pode ser parecido com uma revista. No amor dedicamos parte do nosso espaço à pessoa de quem gostamos, à espera que essa pessoa nos leia e nos compreenda. Ela faz o mesmo. O ciúme acontece principalmente quando achamos que o espaço que nos é dedicado é muito pouco. Tão pouco que protestamos por isso, sem perceber que às vezes a culpa é de lermos demasiado depressa.
Há relações assim, tão fortes que se consomem demasiado depressa. Este domingo, se tiverem tempo e disponiblidade, leiam a revista devagar...

conversa 1480

Ela - Acreditas naquela tanga que diz que as segundas relações têm mais hipóteses de correr bem do que as primeiras?
Eu - Até acredito um bocado.
Ela - Acreditas?
Eu - Sim... principalmente porque acho que numa segunda relação somos mais experientes.
Ela - Mais experientes?
Eu - Sim, todos nós cometemos erros na primeira relação que temos. Acho que é possível evitá-los numa segunda oportunidade.
Ela - Ah! Então é isso...
Eu - É isso o quê?
Ela - Com o meu primeiro marido não cometi erro nenhum. Foi sempre ele...

conversa 1479

(ao telefone)

Ela – Vem aqui tirar-me de casa, por favor.
Eu – Tirar-te de casa?
Ela – Sim. Leva-me a tomar café, ver as estrelas, qualquer coisa...
Eu – Mas o que é que se passa?
Ela – Estou sozinha em casa e não paro de comer.

respostas a perguntas inexistentes (78)

Um homem, só, dedica parte do seu tempo a imaginar uma mulher e um amor. Imagina-se com ela numa conversa, num silêncio, numa cama, num sofá, na areia duma praia solarenga, num café que se prolonga pela noite, num automóvel avariado numa estrada despovoada. Enfim, imagina-se e deseja-se assim. Há um dia em que percebe que essa mulher que imagina não existe, e considera que deu um passo em frente para conseguir iniciar uma relação que andava hesitante. Há uma noite em que percebe que ele próprio não existe tal como se imagina, e aí deu de facto um passo em frente para conseguir iniciar uma relação que andava hesitante.

4.08.2010

conversa 1478

Ela - Se eu fosse rica era incapaz de deixar de trabalhar. Detesto estar sem fazer nada.
Eu - Eu, se fosse rico, não trabalhava de certeza, mas também não ficava sem fazer nada.
Ela - Fazias o quê?
Eu - Escrevia, viajava...
Ela - Só isso? E mais?
Eu - Continuava na política...
Ela - Só isso? E mais?
Eu - Continuava dj...
Ela - Só isso? E mais?
Eu - Cozinhava bastante para os amigos...
Ela - Pois... sexo nada...
Eu - Acho que sexo seria mais ou menos o mesmo que tenho agora.
Ela - Pois, vês? Não vale a pena deixar de trabalhar

4.07.2010

pensamento catatónicos (201)

Sempre achei que as mulheres que gostam e insistem na ideia que os homens as devem surpreender são de fugir. A conversa é mais ou menos sempre a mesma e insiste no modo imperativo do mesmo verbo: surpreende-me, surpreende-me, surpreende-me.
O que é que raio uma mulher que pede a um homem que a surpreenda quer realmente? Que ele se vista de Super-Homem e faça Breakdance no meio da rua? Que ele se atire do quarto andar para uma tijela de sopa de feijão? Que ele faça Faro-Bragança a conduzir de marcha-atrás? Sei lá... sei que sempre que uma mulher me pede para a surpreender o meu primeiro pensamento é: "SOCOOOOOORRO!"
O problema é que por trás deste pedido/ordem está sempre uma crítica associada, ou seja, ela acusa-o de ser pouco criativo e culpado pela seca que a vida dela é, sem perceber que ao fazê-lo está a assumir um papel passivo na relação. Ela é uma espécie de rainha e o que espera do namorado é que ele seja um bobo da corte.

conversa 1477

Ela - Acho que está na altura de ter um animal de estimação.
Eu - Porquê?
Ela - Faz dois anos que vivo sozinha. Já me convenci que a única companhia que consigo ter sem dores de cabeça é mesmo um bicho...
Eu - E queres ter o quê? Um gato? Um cão?
Ela - Estava a pensar num gato mas hoje passei numa loja de animais e vi um coelho tão bonito...
Eu - Os coelhos são sempre a melhor opção.
Ela - Achas?
Eu - Sim. Se te fartares cozinhas o bicho. Não se perde tudo...
Ela - Hum... acho que vou pelo gato.

4.06.2010

conversa 1476

Ela - Estou numa fase da vida em que às vezes preciso de estar sozinha.
Eu - Isso é compreensível.
Ela - Achas? O meu marido não compreende nada.
Eu - Não?
Ela - Não. Ainda agora na Páscoa, quando eu lhe disse que precisava ficar sozinha, ele amuou logo e disse que então ia passar o fim de semana a Lisboa com uns amigos.
Eu - Bem... pelo menos era uma oportunidade. Ele ia a Lisboa e tu já podias ficar sozinha.
Ela - Mas ficar sozinha não é ele ir a Lisboa e eu ficar em Aveiro.
Eu - Não? Então é o quê?
Ela - Eu fico muito bem sozinha se ele também estiver lá em casa mas caladinho. Só fala se eu lhe perguntar alguma coisa...

conversa 1475

Ela – Nunca tive uma relação que durasse mais de seis meses, essa é que é a verdade.
Eu – Mas isso é um problema para ti?
Ela – Começo a achar que há qualquer coisa de errado comigo.
Eu – Porquê?
Ela – Todos me dizem que o problema é falta de Química, falta de Química... já estou farta.
Eu - Às vezes é mesmo isso. Tu até podes gostar muito dum homem mas falta isso a que chamam Química...
Ela – Eu não quero saber nada disso da Química. Desde que haja pelo menos alguma Física, claro.

4.02.2010

quando eu era pequenino

Três medos de mulheres que eu tinha quando era pequenino:

1] Quando eu era pequenino tinha medo dos cabeleireiros femininos, muito por culpa daquelas coisas que punham à volta da cabeça das mulheres durante largos períodos de tempo, e que vim a descobrir serem apenas secadores, mas que na verdade me pareciam máquinas alienigenas para sugar a inteligência terrestre.

2] Quando eu era pequenino bebia gasosa Uprel, a copo, numa tasca onde homens bebiam vinho sentados em cima de sacos com batatas. Tinha medo da dona porque também tinha medo desses homens bêbados, e ela costuma expulsá-los de vez em quando.

3] Quando eu era pequenino os casais tinham a mania de ir para a praia ou para o campo dar uma queca no carro, e para tal tapavam completamente os vidros com jornais. Uma vez eu estava a jogar futebol perto da praia da Barra, em Aveiro, e uma mulher saiu de um carro desses aos gritos e a correr na minha direcção. Assustei-me, larguei a bola e fugi também, e e os meus amigos.

4.01.2010

conversa 1474

(ao telefone)

Eu - Estás com voz de quem esteve a chorar...
Ela - Mais ou menos.
Eu - O que é que se passa?
Ela - Nada, nada...
Eu - Diz lá, não gosto nada de te ver a chorar.
Ela - É que às vezes fico com vontade de chorar. Só isso...
Eu - Mas assim, sem motivo?
Ela - Hoje, por acaso, estive a cortar cebola.

conversa 1473

Ela - Tens recebido as minhas mensagens?
Eu - Aquelas a mandar-me um beijo?
Ela - Sim.
Eu - Tenho. Nunca tinha recebido tantas mensagens destas em tão pouco tempo. Sabe-me bem...
Ela - É que eu tenho cem sms's grátis para mandar até ao fim do mês e se não as mandar fico sem elas.
Eu - Ah!

conversa 1472

(no café, antes de um jantar em minha casa)

Ela - Vais fazer salada para o jantar?
Eu - Só espinafres com azeite e vinagre.
Ela - Espinafres?
Eu - Sim, o jantar vai ser tortellini de espinafres com espinafres e cogumelos grelhados.
Ela - Ah! Parece-me bem... é que eu já não como legumes há muito tempo.
Eu - Tem cuidado com a alimentação. Nunca ouviste a frase: "diz-me o que comes, dir-te-ei quem és"?
Ela - Já.
Eu - Pois...
Ela - Mas sempre pensei que fosse: "diz-me quem que comes, dir-te-ei quem és".