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3.25.2016

uma santa Páscoa!

Grupos organizados de ateus têm agredido cristãos e muçulmanos na Birmânia e no Nepal. Em Portugal não se fala muito nisso, mas o jornal brasileiro Globo trouxe várias vezes à luz do dia, durante o ano passado, a forma como famílias muçulmanas são deixadas à morte em pequenas e velhas embarcações de pesca abandonadas no alto mar.
A violência ateísta é, aliás, secular. Já entre os séculos XI a XII, exércitos enormes de ateus da Europa Ocidental realizaram ataques consecutivos aos territórios chamados pelos crentes monoteístas de terra Santa. Pelo caminho, violavam mulheres e decapitavam homens e crianças. A violência era tanta, que a sua fama chegou a Jerusalém antes dos próprios exércitos ateístas.
Recentemente, ateus levantaram um muro que aprisiona na Faixa de Gaza quase dois milhões de palestinos que, assim, vivem numa espécie de gaiola que nem dourada é e são sujeitos a humilhações e privações diárias no exercício do seu direito fundamental de mobilidade.
Actualmente, os ateus encontram-se no auge da violência e da opressão sobre todos os crentes. Alguns, em nome do ateísmo, fazem-se explodir em cidades europeias ou africanas em atentados que já fizeram alguns milhares de vítimas mortais. Na Nigéria, onde centenas de crianças têm sido raptadas para serem usadas como escravas sexuais, a organização ateísta tem mesmo um exército bem armado e treinado.
O mesmo se passa no Médio Oriente, com o autoproclamado Estado Ateísta, que ocupa actualmente uma pequena parte do Iraque e uma grande parte da Síria. O autoproclamado Estado Ateísta não é oficialmente reconhecido por nenhum outro país, mas mantém relações comerciais com a Turquia, a Europa Ocidental e os Estados Unidos, seus principais fornecedores de armamento e clientes de petróleo.
Infelizmente, também na Índia a violência ateísta se faz notar, principalmente contra cristãos. O Partido Nacionalista Ateu tem como prática corrente queimar crianças cristãs e muçulmanas como forma de tortura, deixando-as com marcas físicas e psicológicas profundas para toda a vida.
É claro que este texto é uma enorme mentira, mas passa a ser verdade se, em vez de ateus, falarmos de budistas no primeiro parágrafo, cristãos no segundo, judeus no terceiro, muçulmanos no quarto e no quinto, hindus no sexto.
Os ateus são os únicos cuja condição é pacífica e pacifista. A razão é simples, são os únicos que aceitam a vida como ela é e as pessoas como elas são, colocando todos neste planeta ao mesmo nível de importância, ou seja, ao seu direito de existência.
Os ateus são os únicos que não se puseram a inventar histórias manhosas de mulheres que nascem a partir de costelas de um gajo qualquer, de um tipo barbudo que transforma água em vinho, de virgens no céu à espera de mártires ou outra coisa qualquer.
As religiões são todas uma tanga, o que até não fazia mal nenhum se essa tanga não se tivesse transformado numa via para atingir os poderes económico e político. Mas atingiu, e é em nome de historietas de merda que todos os dias temos más notícias nos jornais e gritamos "Ai, meu Deus!".
Boa Páscoa, é o que vos desejo como ateu que sou.

2.23.2016

é um complô!

Os homens aprendem a Amar com as mulheres. É por isso que, apesar do sofrimento, acabar um Amor e começar outro é quase sempre positivo. É um passo à frente, na verdade. Se as mulheres não quisessem ser professoras como normalmente são, à primeira asneira grave de um homem mandavam-no logo passear. Mas não o fazem, penso eu que por condescendência. Em vez de perderem toda a paciência duma vez, preferem perdê-la devagarinho. Devagarinho também, vão-no ensinando a ser um Amor melhor.
É um complô das mulheres, claro. Agindo assim, em grupo, elas sabem que têm mais hipóteses de um dia conseguirem ter um companheiro menos estúpido, um qualquer que já tenha derretido totalmente a paciência a pelo menos uma outra mulher, para compensar a paciência que a actual companheira também perdeu com outro homem qualquer.
Apesar de tudo, os homens também lucram com esta estratégia colectiva das mulheres. Por um lado porque aprendem bastante com elas, segundo porque vivem sempre na ilusão de que sabem Amar. Eles nunca topam que elas estão apenas a contar o tempo que falta para o porem à disposição de outra e acreditam que estão numa óptima relação eterna. É por isso, aliás, que são quase sempre elas a acabar com a coisa.
A condescendência das mulheres para com os homens não se fica por aqui. Enquanto elas ensinam o essencial, que é saber Amar, fingem que também têm muito a aprender com eles. É por isso que as actividades marcadamente masculinas são sempre coisas tão simples como apertar um parafuso, mudar o pneu dum automóvel ou trocar um interruptor lá em casa. Eles ficam todos contentes porque fizeram qualquer coisa e elas fingem que estão muito admiradas com a capacidade que eles demonstraram.
É claro que não cheguei sozinho a tudo isto que acabei de escrever. Foi uma mulher que me ensinou. Estávamos num restaurante qualquer quando ela me deixou e me disse que esperava que eu fosse um homem melhor na minha relação seguinte, se viesse a ter alguma. O que ela queria realmente dizer era outra coisa, que apenas lhe li no pensamento enquanto o empregado trazia a conta: "Espero ter-te ensinado alguma coisa estes anos todos!".
É um complô!

7.05.2015

Consegues ser mais promíscuo do que um miúdo de dez anos?

Os homossexuais, bissexuais e transexuais não são, por definição, tarados sexuais que só pensam em sexo com vestimentas alegóricas, próprias do Carnaval do Rio de Janeiro. São pessoas que Amam, se apaixonam e sofrem de Amor como outra pessoa qualquer.
Estou a dizer isto por um motivo muito simples: quem assiste a uma marcha qualquer sobre o Orgulho LGBT pode pensar que sim, e é por isso que eu não dou muito crédito a essas marchas. Aceito-as, mas acho-as estúpidas porque têm um efeito contrário ao que teoricamente pretendem, ou seja, a aceitação generalizada de todas as orientações sexuais.
Vejo reportagens fotográficas e vídeo das várias marchas que recentemente se realizaram um pouco por todo o mundo (algumas, infelizmente, com intervenção policial injustificada) e vem-me à mente um programa de televisão que se poderia chamar "Consegues ser mais promíscuo do que um miúdo de dez anos?".
A promiscuidade não é exclusiva de quem não é heterossexual, mas as manifestações parecem querer fazer parecer que sim. Provavelmente, nunca ninguém ali falou com um putanheiro a sério, bom chefe de família, bebedor de Teobar e presente todos os fins de semana nos jogos do Benfica.
Por isso repito: os homossexuais, bissexuais e transexuais são pessoas que Amam, se apaixonam e sofrem de Amor como outra pessoa qualquer. 

5.19.2015

A Guerra dos Tronos

Defendo a ideia de que todos os homens deviam ter um sofá só para eles, como antigamente. De preferência um monolugar grande e robusto, parecido com o trono de um rei, onde as crianças até podem dar uma cambalhota quando ele não está, mas a mulher nem pensar.
Todos ganham com esse sofá. O homem, que pode ser Rei em casa mesmo quando é humilhado todos os dias no trabalho; a mulher, que ganha o estatuto de conselheira familiar por uns momentos; a criança, que pode dar umas cambalhotas de vez em quando.
O sofá monolugar sempre foi um elemento essencial na estrutura familiar portuguesa. Era com esse sofá que parecia que tudo estava bem, mesmo quando tudo estava mal. Era o Poder do Trono. O homem sentava-se nele a ler o jornal e ganhava imediatamente o estatuto que não tinha em mais lugar nenhum, nem sequer no café da frente entre os bêbados diários (cada um deles também teria o seu sofá em casa).
Com o fim do sofá, as famílias desagregaram-se porque a peça principal da estrutura ruiu. As mulheres começaram a partir do princípio que também tinham o direito à felicidade e, pior, a decidir o seu próprio destino. Aumentou o número de separações, divórcios e discussões caseiras.
O Ikea tem parte da culpa, porque os seus sofás são todos iguais. Falta-lhe o sofá monolugar tipo trono, com uma almofada enorme, pesados pés de madeira e um tecido grosso e difícil para ela limpar.
Na boa época do sofá, um homem decidia que estava apaixonado e queria ficar com aquela mulher para toda a vida, sempre antes do primeiro sexo. Assim mesmo, com o verbo "ficar", não pelo seu significado de posse, mas sim pelo seu aspecto mais conservador. Ficar significa permanecer ou deter-se. O sofá era a garantia desse conservadorismo e o conservadorismo sempre seguiu um modelo masculino.
O fim do sofá como lugar de Poder é uma responsabilidade feminina, no exacto momento em que as mulheres decidiram que o homem não tinha o direito de decidir ficar (lá está o verbo de novo) com elas. A subversão da coisa é que deixou de ser o trono do Rei para passar a ser um lugar de queca. Foi o fim da monarquia lá de casa.
Ainda assim, todos os homens deviam ter um sofá como antigamente.

5.14.2015

bullying

Tenho uma revelação a fazer ao mundo: quando era criança fiz bullying com outros. Fui violento, física e verbalmente, com colegas meus da escola. Tenho ainda outra revelação a fazer: quando era criança fui vítima de bullying. Alguns colegas meus agrediram-me, física e verbalmente, sem que houvesse motivo para tal.
Estou a caminho dos quarenta e quatro anos e olho para a minha experiência como algo que contribuiu para a minha formação e o meu crescimento. Foi através, também dessa violência, que me tornei naquilo que sou. Entre outras coisas, um pacifista.
Não, não estou a dizer que devemos aceitar o bullying como se fosse uma coisa normal, deixando os putos agredirem-se mutuamente como se fossem animais numa jaula. Devemos, todos nós estar lá, presentes. Até porque, adivinhem, nós também fazemos parte da formação e do crescimento desses putos.
Da minha professora, de quem tenho saudades, levei uma chapada ou duas, mas não foi isso que me fez parar (bem, houve uma reguada que ajudou bastante). Foi a vida toda e o facto de ter crescido. Recuso-me a esta visão simplista e maniqueísta da violência dividir bons e maus. Isso é falso.
A revelação final que vos tenho a fazer, e que eu pensava que Darwin já tinha feito antes de mim, é que Adão e Eva nunca existiram. Nós vimos mesmo de um antepassado em que a agressão foi uma forma de organização social (hoje ainda é). Está escrito nos nossos genes, nos lóbulos frontais e temporais e também numa ou outra hormona.
A boa notícia é que se passa exactamente o mesmo com o Amor, que também é algo em que se evolui. Na verdade, se me lembro hoje de ter chorado e rido intensivamente muitas vezes, foi sempre por causa do Amor e não dos murros que dei ou levei. Esses foram apagados pelos abraços de quem me Amou e nunca me condenou a ser uma pessoa má.

4.29.2015

Amor e carapau frito

Tenho um imenso orgulho em ser português, ou melhor, deixem-me reformular, tenho um imenso orgulho em pertencer a um certo tipo de portugueses, aqueles que se estão perfeitamente nas tintas para o facto de o serem.
Sou português por mero acaso. Se tivesse nascido noutro sítio, era doutro sítio. Por acaso nasci aqui, neste país. Gosto, apesar de tudo o que não gosto. De qualquer forma, orgulho, orgulho mesmo, não posso dizer que tenha.
Ainda assim, sinto-me português de gema em muitas situações. Quando joga a selecção de futebol não sinto nada, mas quando como carapau frito com arroz de tomate, sim, sinto. Se houver algum motivo de orgulho neste país é esse. Acreditem que é um bom motivo.
Acontece-me mais ou menos o mesmo com vinho tinto, sardinha assada com pimento e alguma música, principalmente fado. Por falar em música, é uma área em que sou muito mais africano e brasileiro do que europeu.
Voltando a Portugal, e para além do carapau frito com arroz de tomate, acredito que tive a sorte de nascer num país bom para me apaixonar. A razão é simples: a única mulher do mundo inteiro por quem eu me poderia apaixonar é portuguesa. Foi uma sorte brutal que eu tive, porque isso me permitiu conhecê-la.
Espremo o mundo inteiro e é essa a razão de eu gostar deste país: poder apaixonar-me nele e conseguir acreditar na enorme mentira que me diz que nunca me apaixonaria noutro lugar.

4.24.2015

animais

Existem algumas pessoas, felizmente muitas, que defendem os animais com o argumento que se encerra nos próprios animais, isto é, defendem o direito dos animais porque consideram que eles têm o direito a uma vida digna e com o mínimo possível de sofrimento.
Eu concordo com estas pessoas e com estes argumentos, mas o meu argumento principal em defesa dos animais é diferente, porque tem o próprio Homem por trás. Considero que quando um Homem trata mal um animal perde um pouco de humanidade. Enfim, é uma vergonha para a espécie. Para quem se estiver a perguntar, sim, considero que é o caso dos toureiros e de quem defende a tauromaquia. Para mim não são pessoas, são uma imitação barata de pessoas.
Não estamos aqui a falar apenas de emoções (mas também, claro). Estamos a falar de ciência, ou melhor, neurociência e neuropsicologia. Eu sou um ignorante em ambas porque ambas ultrapassam em muito o empirismo, mas sei o suficiente para perceber que a estrutura nervosa de um gato, de um cão ou de um touro lhe "permite" sofrer física e emocionalmente. Simplificando, eu sei que se der um pontapé num cão, ele vai sofrer pela dor física e também pela dor emocional. A minha resposta é fácil: não dou pontapés em cães.
É a partir daí que defendo os animais para defender o Homem. Custa-me ver um indivíduo da minha espécie descer ao nível mais reles que o mundo possibilita, que é esse de fazer outro ser sofrer em nome de coisa nenhuma. É o caso de todos os toureiros, pelos quais sinto imensa vergonha alheia. Enfim, posso chamar-lhes todos os nomes, menos o de animais, porque os animais são melhores do que eles.

4.17.2015

Os nossos governos estão cheios de Jics

Por definição, sou contra os homens que não são contra nada. Existe uma raça de homens no nosso país que chamo de Jics. São aqueles que, surja que tema surgir numa conversa, antes de emitir opinião dizem que não têm nada contra. Querem estar bem com todos, mesmo que todos estejam mal com eles, e em nome desse bem estar abdicam da sua própria afirmação.
Estar bem com todos pode dar jeito no futuro, porque assim ninguém lhes aponta o dedo. A quem não tem opinião, ninguém acusa de a ter ou de ter tido. Por isso, just in case, não são contra nada. É daí que vem a alcunha de Jic.
O grande problema dos Jics é a palavra "mas", que os trai a cada conversa e a cada momento. Eu não tenho nada contra os homossexuais, mas...; eu não tenho nada contra os comunistas, mas...; eu não tenho nada contra as tatuagens, mas...; o "mas" é a palavra que morde pela calada.
"Não ter nada contra, mas..." é uma característica de género e, já agora, também portuguesa. É dos homens portugueses, pronto. É ela o grande denominador comum da nossa querida classe política (aquela que pertence à esfera do poder, pelo menos), contra a qual não tenho nada contra, mas que só faz merda, lá isso é verdade.
Os nossos governos estão cheios de Jics.

4.08.2015

Lá fora

Nós, portugueses, temos um contrasenso tão delicioso que só pode ser Amor. Falamos sempre do estrangeiro como o "lá fora". Se não concordamos com alguma coisa, dizemos que lá fora é que é, sem nos apercebermos que esse "lá fora" é o mundo todo, da Coreia do Norte à Patagónia, e que portanto nos estamos a comparar ao mundo inteiro.
É interessante como nos conseguimos criticar constantemente por não sermos tão bons como o resto do mundo, ao mesmo tempo que afirmamos que estamos quase lá. Somos nós e o resto do mundo num permanente e desigual combate.
E eu digo que só pode ser Amor. É como nas discussões Amorosas em que os apaixonados atribuem mil e um defeitos ao outro e o comparam injustamente a alguém. Discutem e argumentam, mas à noite deitam-se juntos e fazem Amor.
É que o Amor é isso, considerar o outro tão bom como o mundo inteiro ou, no meu caso, melhor ainda.

2.27.2015

há coisas que não vão mudar

A Santa Casa da Misericórdia tem uma publicidade onde diz que há coisas que não vão mudar. Um homem feio que acertou no Euromilhões apresenta a namorada à mãe, uma mulher que já foi Miss Universo, e a mãe acha-a magrinha. Há, realmente, coisas que não mudam. A estupidez é uma delas. Misericórdia, por favor.
As mulheres bonitas e magras só estão ao alcance dum homem milionário. Já os homens têm mais sorte, podem ser sempre feios, ter um bigode mal cortado e barriga de cerveja. Enfim, a vida deles é muito mais simples do que a delas, que têm que estar sempre em forma e bem tratadas.
Claro que eles só podem ser feios se forem ricos e elas só devem ser bonitas se forem compráveis. Tudo o resto foge a uma normalidade que me escapa totalmente.
Hoje é sexta e eu não joguei no Euromilhões, apesar do meu sonho de dar a volta ao planeta de mochila às costas. Quando um dia destes jogar, se vir uma mulher na fila, dir-lhe-ei que é um jogo só para homens. O melhor que lhe pode acontecer é ser mulher dum gajo rico ou, em última análise, mãe incomodada desse mesmo excêntrico.

2.05.2014

recomenda-se

Na minha busca incessante por um emprego, abro a minha conta de email e vejo que uma empresa me pede uma carta de recomendação. Não percebo a que propósito é que alguém quer que eu seja recomendado por quem não conhece. É que eu próprio não recomendo a ninguém trabalhar onde eu trabalhei nos últimos doze anos da minha vida. Para além dos salários em atraso serem uma constante, sou autor dum processo judicial cuja sentença, aliás, deve estar quase a sair.
Este é apenas um dos problemas deste mundo, a forma como confiamos ou desconfiamos uns dos outros. Uma empresa não confia num trabalhador que não conhece de lado nenhum, mas confia na carta de recomendação de outra empresa que também não conhece de lado nenhum. Não há nada que prove que uma empresa merece mais confiança do que um trabalhador. Na minha opinião, muito pelo contrário. Pela minha experiência, até sei que algumas empresas passam cartas de recomendação aos trabalhadores dos quais se querem ver livres, precisamente por isso.
Ninguém consegue pôr em causa o que está estabelecido como normal. Por exemplo, a uma empresa alemã que me pediu uma carta de recomendação, obrigatoriamente em alemão, eu fiz o mesmo e pedi uma carta de recomendação dos seus trabalhadores, obrigatoriamente em português. Demoraram quinze dias a responder-me que não tinham que o fazer. Pois bem, eu também não tenho que o fazer, nesse caso.
A este propósito, lembrei-me dum quase Amor que vivi uma vez. Era um Amor recomendado por amigos comuns, tanto de um lado como do outro. Encontrámo-nos num Domingo, num café em Viana. De tanta recomendação, estávamos convencidos que tínhamos sido feitos um para o outro, mesmo sem nos conhecermos de lado nenhum. A coisa durou um quarto de hora.

1.25.2014

Já não há pachorra para os Patetas

Os Patetas adoram
Morangos Com Açúcar
Resposta a um Pateta que escreve no Público

O ainda jovem Pateta é cada vez mais uma figura de relevo em Portugal. Não há semana em que não escreva uma crónica num jornal, palco de um coitado a quem o país deu um futuro, apesar de demonstrar ter uma capacidade de análise igual à de uma das figuras mais emblemáticas da Disney: o Pateta.

O Pateta critica severamente aqueles que se queixam dum país que os obrigou a emigrar por uma questão de sobrevivência e não por opção. Pior, não percebe que se este país é chamado de piolheira por alguns, é precisamente por causa de jornais de seriedade duvidosa que deixam gajos com menos de dois neurónios escreverem o que lhes apetece e ainda lhes paga por isso. Se puxarem por ele, até é capaz de se referir a esses emigrantes como amigos do Gato Xoné.

Felizmente não sou amigo destes Patetas. Acredito mesmo que constituem uma minoria hiperbolizada pelos jornais que defendem o interesse de grandes grupos económicos (o Público é do Tio Belmiro). Se não escrevessem este tipo de asneiras, não tinham lugar no jornal.

E eu nem estou a falar de cronistas que, apesar de estarem ligados ao poder político actual deste país, fazem uma ideia mínima do que está a acontecer. Este Pateta tem uma génese diferente. Apresenta-se aos leitores como alguém que "nasceu no segundo mês dos anos 80 e gosta de gelatina de morango". Uau, mas que grande totó...

As asneiras e a arrogância com que este Pateta escreve é alimentada pelo mito de que a crise económica se deve ao facto dos trabalhadores deste país terem vivido muito tempo acima das suas possibilidades e que, portanto, a solução passa por massacrá-los com impostos, baixos salários, trabalho temporário e desemprego. O Oliveira e Costa, a especulação financeira protegida pelos governos portugueses das últimas décadas, as parcerias público-privadas e os paraísos fiscais não tiveram nada a ver com isto.

É importante que alguém desengane este Pateta e lhe explique que para escrever não basta saber juntar palavras. É preciso pensar e ter, no mínimo, um neurónio em actividade. Já agora, perceber alguma coisa de Economia e de Política também ajuda.

Este Pateta tem, por isso, duas opções, ou continua a escrever no Público (pasquim que eu vou deixar definitivamente de comprar), ou emigra para deixar de ser totó e ver o que custa a vida.

9.27.2013

serpentinas

Era um dos meus passatempos de criança. Durante a época carnavalesca, eu e o meus amigos da rua onde cresci abríamos um saco de serpentinas, desenrolávamos uma a uma e passámos a tarde a deixá-las ir nas antenas dos automóveis que passavam. A técnica era fácil, mas apurada. Cada um ficava numa das margens da rua com a serpentina esticada. Quando víamos um carro ao longe, se ele trouxesse antena (dantes só alguns automóveis é que tinham rádio), tentávamos que ela engatasse na serpentina e ficávamos a vê-la ir até aos limites do nosso mundo, ou seja, até à primeira curva.
As cores das serpentinas era normalmente um pouco apagadas, como se tivessem secado ao Sol durante décadas. Além disso variavam pouco. Havia o vermelho, o amarelo, o azul, o verde e, tanto quanto me lembro, a coisa ficava por aí. Mesmo assim eram essas as serpentinas dos meus sonhos. Na minha cabeça, os carros que as levavam nunca mais paravam. Com ela acabariam por colorir todas as regiões do mundo.
Lembrei-me desta minha sensação de criança há uns dias atrás, quando, com uns colegas meus da política, ocupei um lugar de estacionamento numa das principais avenidas de Aveiro e o ajudei a transformar num espaço verde. Hoje os meus sonhos são outros, mas tenho essa sorte de ainda conseguir sonhar. Sonho, por exemplo, que todos tenham direito ao que é fundamental, como a água, a mobilidade, a educação, a saúde, o lazer, o trabalho e... enfim. a própria vida.
Por isso mesmo, por causa desses sonhos, é que não tenho vindo aqui. Durante as últimas semanas tenho estado envolvido com a campanha do Bloco de Esquerda em Aveiro e foi por isso arranjei uns minutos para vir aqui escrever agora. É que pelas ruas só tenho encontrado desânimo e tristeza, o que eu compreendo perfeitamente. Também estou estou desempregado, por exemplo. Também eu pago a segunda água mais cara do país, também eu tenho uma filha a crescer num país onde não se vê futuro.
O que eu não compreendo é a desistência. Ouço demasiados jovens a dizer que desistiram da política, que não votam, que não querem saber. Cada um dos que diz isto, cada um dos que desiste em nome de nada, está a contribuir para que quem nos rouba há anos continue a fazê-lo por muito mais tempo. E era só isso que eu queria dizer-vos hoje. Não desistam, pelos vossos sonhos!
No Domingo saiam de casa, vão até às urnas e votem. Não vos estou a dizer para votarem no Bloco. Estou a pedir-vos que votem de forma consciente, que não deixem que os outros falem por vocês. Só isso. E se tiverem tempo e paciência, deixo-vos aqui alguns vídeos do que fomos fazendo por aqui nestas duas semanas.





9.04.2013

engole o teu piropo

ou solta o grunho que há em ti!

Duas aderentes do Bloco de Esquerda decidiram fazer, durante um evento anual que o partido organiza há já alguns anos, uma conferência chamada “Engole o teu piropo”. A mesma destinava-se a uma reflexão sobre o machismo no nosso país, ou seja, mais concretamente sobre a forma invasiva e desrespeitosa como alguns homens tratam as mulheres. Esse evento chama-se Socialismo e é composto por conferências com diversas e variadas temáticas. Eu próprio, no ano de 2012, fiz uma sobre o filme Blade Runner e o livro de Philip K. Dick que esteve na sua origem.
Voltando aos piropos, umas das coisas que eu gosto no Bloco é precisamente a sua capacidade de discutir tudo e mais alguma coisa que diz respeito à organização política. Machismo, feminismo, bem estar dos animais, exploração no trabalho, injustiça na Economia, etc. Não creio que haja temas menores quando neles há vítimas directas que, muitas vezes, sofrem em silêncio.
É o caso dos piropos, por exemplo, que na verdade me preocupam enquanto Homem e, já agora, enquanto pai duma menina que está a entrar na adolescência e a começar a perceber o grunho que existe dentro de alguns portugueses. É preocupante, tanto porque define um pouco o país em que vivemos, como porque afecta a vida de todas as raparigas que, tal como a minha filha, estão expostas a essa grunhice. Para mim, não restem dúvidas, é um tema a discutir. Sempre.
Fiquei ainda mais preocupado quando percebi a reacção de um vasto sector da sociedade portuguesa, maioritariamente masculino, a esta iniciativa. Vi, ouvi e li de tudo. Chamaram lésbicas às minhas camaradas, inúteis e, em tom jocoso num cartoon do Expresso, podres de boas. Enfim, todos deram razão à existência da iniciativa, porque todos pareceram soltar com vontade o grunho que tinham reprimido lá dentro. E não, não estou a exagerar. O piropo é para acabar.
Lembro-me muito bem de, quando tinha vinte anos de idade, uma colega minha entrar na sala de aula a chorar, como se uma nova e doentia condição humana lhe tivesse sido revelada naquela manhã de Outubro. Um homem qualquer, bastante mais velho, tinha-a perseguido durante alguns minutos e, antes dela entrar na escola, prometido que estaria ali à espera que lhe fizesse uma mamada. Só isso. Ela não aguentou. Alguns grunhos acharam que era normal. Eu não.
Percebi agora que, quase trinta anos depois, os homens portugueses evoluíram muito pouco ou nada. A questão atingiu uma proporção tão dantesca que ouvi comentários de quem nem sequer sabia o que se passava. Parecia que o Bloco tinha feito um projecto de lei sobre o assunto e esquecido que estamos em crise. Não esqueceu, mas a crise não implica esquecer o resto, o resto, ou seja, o respeito por cada um de nós, independentemente do género, da etnia, da religião ou doutra coisa qualquer.

E, por favor, poupem-me ao contraditório. Eu sei muito bem que há piropos e piropos. Há os que devem ser engolidos e os que devem ser livres. Por isso mesmo acabo este texto com um piropo a todas as mulheres que aqui me visitam: “Obrigado por existirem!”. Infelizmente, muitos homens homens não percebem que a normalidade em que vivem não é normal.

8.18.2013

não é só pelos touros

é por todos nós

Já lá vou ao episódio triste (mais um) da tourada de Viana do Castelo. Primeiro regresso trinta anos atrás, à minha Aveiro de criança e aos copos de gasosa Uprel que eu bebia por vinte e cinco tostões na genuína tasca do senhor Seabra, a uns vinte metros da fonte dos Amores.
Nessa tasca misturavam-se as crianças que bebiam Uprel e os adultos que bebiam vinho. Demasiado vinho, diga-se de passagem. Tanto, que mais tarde ou mais cedo as palavras começavam a sair da boca sem controle nenhum, sempre em direcção à filha desse homem que ainda teimo em chamar de senhor.
Um desses homens era conhecido por ter assassinado a mulher à pancada, numa lenta e longa tortura que hoje em dia já tem nome e algum enquadramento jurídico. Chama-se Violência Doméstica e é um crime público.
Era um fim de tarde e eu refrescava-me com esse milagre de água açucarada e gaseificada quando alguns homens, a custo, se levantaram para irem jantar. Um deles, tão inclinado como a torre de Pizza, também se ergueu, mas recusou-se a dar os primeiros passos.

- Eu só vou para casa quando me apetecer, que não tenho mulher em casa que mande em mim. A essa cabra, já a matei há anos!

É verdade que esse homem me assustava. Apenas o senhor Seabra me acalmou um pouco nesse momento, quando se aproximou dele e o expulsou do estabelecimento. Lá fora, ainda o ouvi praguejar.

- Oh! Seabra, se quiseres também mato a tua!

Gerou-se alguma confusão. Aquele tipo, que se orgulhava de ter assassinado uma mulher, estava de orgulho ferido e não aceitava ser expulso de lugar nenhum. Alguém tentava pôr água na fervura e pedia calma. Eu aproveitei uma abertura e fugi. Voltei a esta história uns dias depois, quando percebi que a maior parte desse grupo de clientes estava proibida de entrar na taberna pelo próprio senhor Seabra.

- Não é pela mulher. É por todos nós! - ouvi-o explicar a uns quantos clientes curiosos.

Esta foi uma das histórias de violência da minha vida, da qual nunca mais me esqueci. Outra delas passou-se ontem e vi-a apenas através do ecrã da televisão da casa duma amiga. Uma mulher ainda jovem, que se manifestava contra a organização duma tourada, era arrastada pela polícia. Alguns manifestantes, indignados, manifestavam-se a alguma distância.
Lembrei-me da frase do senhor Seabra, há mais de trinta anos atrás. É que não é só pelos touros e pelo sofrimento animal, embora o seja principalmente. É também por todos nós. A tourada não é uma tradição, não é um espectáculo cultural. Não é nada, a não ser um acto de violência que nos envergonha a todos pelo simples facto de existir. É um retrocesso civilizacional e uma amostra do quão animalesca pode ser a nossa espécie. A humana.
Agradeço a essa jovem arrastada e a todos os outros manifestantes de Viana do Castelo. Não só pelos animais, mas também por todos nós. Obrigado.

6.07.2013

dona Elvira

Começo pelo baloiço do parque. Aquele onde a Helena conseguia sempre baloiçar mais alto do que eu e depois saltava lá de cima até enterrar os pés na areia. Lembro-me de a ver a sacudir as mãos e a dizer-me "outra vez!". E eu, que não tinha coragem para ir tão alto, ficava a vê-la repetir a operação durante uma tarde inteira.

- Não fazes? - perguntava ela de vez em quando.
- Não me apetece! - nunca admiti que tinha medo.

Depois veio o ciclo e uma nova paixão, já diferente da anterior e mais perto do início da puberdade. Não havia baloiço, mas havia um enorme muro onde jogávamos ao equilíbrio. A Maria fazia-o todo quase em bicos de pés, eu caía sempre antes de chegar ao fim. Era grande demais para a minha idade e meio desconchavado. Uma vez ela começou num extremo do muro e eu no outro, até nos encontrarmos algures no meio. Dei-lhe a mão e a voz tremeu-me.

- Gosto de ti!

Ela olhou para mim durante alguns segundos, com aqueles enormes olhos de amêndoa de que nunca mais me esqueci. Atirou-me ao chão e fugiu. Eu chorei escondido num arbusto da escola, sem ninguém me ver. Depois o Filipe deu-me um maracujá, porque eu gostava de maracujás ou pelo menos fingia que sim. Talvez tenha sido a minha primeira desilusão de Amor.
Veio o liceu e mais duas mulheres com quem nunca tive coragem de falar, que não queria cair de mais nenhum muro. Passei por elas durante anos como uma bola perdida numa máquina de flippers, aquela Dona Elvira onde vim a fazer um dos meus melhores amigos depois duma cena de pancadaria entre os dois.
Eu estava a jogar, creio que quase a bater o meu recorde pessoal, e ele deu um pontapé na máquina para accionar o bloqueio automático da mesma. Os dois flippers pararam e eu perdi o jogo. Dei-lhe um encontrão que se veio a transformar em murros e pontapés. Acabámos os dois a sangrar do nariz e expulsos do café por um dos empregados, que nos pediu para nunca mais lá voltarmos.
Passámos a cumprimentarmo-nos nos corredores da escola, já que afinal de contas éramos conhecidos. Primeiro com alguma distância, mas depois o tempo curou a nossa zanga e tornámo-nos amigos. Bebemos as primeiras cervejas juntos e falávamos de Amor como se dominássemos o assunto. Não dominávamos, mas parecia que sim e só ele sabia de quem eu gostava mesmo.
Hoje, tantos anos depois, gostava de lhe poder dizer que uma dessas miúdas é a minha namorada, por quem estou apaixonado como quando andava no liceu. É essa a recordação que eu tenho da escola. De Amores transformados em lágrimas e lágrimas transformadas em abraços. É certo, mais um murro ou um pontapé à mistura.
Talvez hoje a escola não esteja a formar pessoas, não esteja a ensinar-nos a viver com o sucesso e com a derrota, ambos inerentes à própria vida. Talvez a competição instaurada entre alunos seja um erro e talvez a maior parte dos professores não tenha mais forças para realmente o ser.
Há qualquer coisa de errado nisto tudo, menos os putos.

3.08.2013

Dia Internacional da Mulher

Amanhã, e nos outros dias que se seguirem, enquanto eu estiver vivo, continuarei  a lutar pela igualdade entre géneros no que diz respeito às condições de vida e de trabalho. E sobre este dia, é só o que tenho para dizer.

1.26.2013

tudo isto é triste


A Barbie e o Ken encontraram-se finalmente. O problema é que o Ken não compreendeu a Barbie.
Ela, uma ucraniana que não diz quantas cirurgias já fez para se parecer com a boneca lançada em 1959 pela Mattel, viajou até aos Estados Unidos para conhecer um homem que já fez cerca de cem cirurgias plásticas para se assemelhar ao popular boneco lançado nos anos sessenta pela mesma empresa. Conheceram-se, mas o Ken já fez saber que a considera "muito esquisita, muito formal e com falta de personalidade". Parece ser um casal sem futuro, portanto.
Eu defendo que cada um de nós tem direito ao seu próprio corpo e que, por isso, pode fazer com ele o que muito bem entender. Mesmo que esse entendimento passe por ficar igual ao Ken, à Barbie ou até ao Senhor Cabeça de Batata. Não os vou criticar, assim, por isso.
O que me assusta nisto tudo, é a forma como a sociedade mediática nos diz como deve ser o nosso corpo. Uma empresa lançou dois bonecos há mais de cinquenta anos e, entretanto, nasceu uma indústria que decide por nós o que é bonito e feio. Nos Estados Unidos há uma indústria gigantesca à volta de concursos de moda para crianças, em que o objectivo é ser o mais parecido possível com o Ken ou com a Barbie. Alguns pais investem milhares de euros nos seus filhos apenas com o objectivo de os vencer.
A própria moda emagreceu as mulheres, multiplicando os problemas de bulimia e anorexia na adolescência, colocando à margem social aqueles cujo corpo não se presta a tais semelhanças. A beleza deixou de ser uma contemplação e passou a ser uma violência.
Eu, como já referi aqui, defendo o direito de cada um ao seu corpo, e é por isso mesmo que me assusto com esta agressividade da indústria da moda, que nos tira esse mesmo direito sem sequer notarmos. Sem notarmos também, estamos a ceder todos os dias a nossa individualidade a um paradigma social que só tem um objectivo: servir um modelo de crescimento económico em que nada mais cresce a não ser ele mesmo. Nem os nossos salários, nem a nossa qualidade de vida, nem a nossa felicidade.
Tudo isto é triste.

1.13.2013

das coisas inúteis à inutilidade em si...


Um país inteiro caiu em cima da Pepa Xavier só porque ela admitiu que deseja ter uma mala qualquer. Acusaram-na de estar desfasada da realidade económica do país e de pôr a nu o quão hipócrita pode ser a sociedade.
No vídeo que eu vi, a Pepa Xavier propõe-se a comprar a mala, não a roubá-la. Parece-me legítimo, o desejo, e compreendo-o. Aliás, desculpem-me os mais sensíveis, mas eu tenho vários desejos do género. Não com malas mas com objectos igualmente inúteis. Ou ainda mais, se calhar. Estou desempregado neste momento, mas continuo a tê-los. Há coisas caríssimas e sem utilidade que eu gostava de ter
Eu compreendo a Pepa. Não compreendo é um país que reage desta forma por causa duma mulher revelar um simples desejo. Aliás, gostava de saber, de todos os que disseram mal dela nestes dias, quantos é que estão preocupados com a inutilidade de mais um jogo de futebol entre duas sociedades anónimas desportivas marcado para este fim de semana. Estou a falar do Benfica-Porto e, pelo que tenho reparado no Facebook e nos jornais, são muitos. É só um exemplo. Podia arranjar mais.
O meu problema é que até acredito que há aqui uma questão de género. A Pepa foi crucificada por ser mulher e querer uma carteira. Se fosse um homem a desejar estragar um automóvel com um tunning estúpido qualquer, a reacção seria mesma? Fica a pergunta.
E hoje, entre o Benfica e o Porto, que percam os dois. É o desejo de alguém que gostava de ter uma Playstation 3...

12.19.2012

maria

É verdade que o menino Jesus cresceu e fez montes de milagres. Multiplicou pães e vinho, curou cegos e paralíticos. Depois disso, só o Pai Natal é que o conseguiu derrotar. Para além de ter renas voadoras, pôs milhões de pessoas, um pouco por todo o mundo, a gastar dinheiro que não têm para comprar coisas que não precisam, e bate-o aos pontos em popularidade.
Do milagre da Maria, mãe de Jesus, é que pouco se fala. Quer dizer, fala-se, mas ainda assim é um milagre secundário comparado com os do seu filho ou com os do gordo barbudo. A mulher engravidou mantendo-se virgem o que, convenhamos, é ainda mais incrível do que renas a voar, paralíticos a andar ou cegos a ver. Da multiplicação do pão e do vinho já não digo nada, porque quando a coisa mete vinho pelo meio é comum começar a ver a dobrar.
Serve este texto para dizer que eu considero que Maria conseguiu, de facto, um milagre enorme. Não através da acção do Espírito Santo no seu ventre, mas sim através da sua inteligência. Não é preciso muito para ver o que acontece a uma mulher adultera, ainda hoje, em alguns grupos sociais com maior fervor monoteísta. Na melhor das hipóteses, sobrevive depois de levar uma valente sova, mas o mais normal é acabar alguns palmos debaixo da terra.
Foi sempre assim que as coisas acabaram para as mulheres em regimes onde o poder político e a religião se confundem. Olhemos para a Inquisição ou para a recente introdução da Sharia na Nigéria. As mulheres saem sempre a perder, a não ser que se dê um milagre. Com a Maria deu, porque ela o soube criar.
Boas festas!