Gosto de mulheres, é verdade, e quando digo que gosto de mulheres é no sentido mais amplo da coisa. Quando digo que gosto de mulheres não estou, definitivamente, a dizer que me apetece dar uma queca em cada uma que passa por mim na rua. Estou só a dizer que, se não existissem mulheres, a minha vida era dispensável. Gosto de todas as mulheres: das amigas, das avós, das mães, das filhas, das primas, das irmãs, das amantes, das transeuntes, das vendedoras de fruta ou peixe, das modelos de fotografia, das netfriends, das colegas de escola ou de trabalho. Gosto de mulheres. Ponto final.
Tudo isto tem uma desvantagem: as mulheres têm mais capacidade de me desiludir do que os homens. Se um homem amigo faz qualquer merda que eu não gosto, isso não me costuma chatear muito. Nem me costuma chatear não falar com um gajo qualquer durante, se for preciso, a vida toda. Aliás, neste momento, amigos homens mesmo a sério, tenho três, e nenhum deles vive em Aveiro. Com as mulheres é diferente, a todos os níveis, e é claro que algumas vezes a noite termina duma forma mais intensa quando se sai com uma mulher do que quando se sai com um homem. É normal que seja assim entre heterossexuais.
Gostar muito de mulheres não quer dizer que se goste de todas as amigas da mesma maneira. Há aquelas por quem nutrimos grande amizade, aquelas por quem temos uma amizade assim assim, aquelas por quem nutrimos paixão e amizade, aquelas por quem praticamente só sentimos paixão, aquelas que por quem temos apenas alguma simpatia. É assim e é normal que assim seja.
Eu não sei, neste momento da minha vida, qual é o meu futuro com as mulheres. Sei que não existe a mulher da minha vida e que não chega apenas encontrá-la por aí como numa história de príncipes. Sei que uma relação a dois é também uma construção e que, para essa construção ser sólida, tem que partir duma mulher por quem sinta amizade e paixão. Isso não chega, claro. Tenho que sentir um grau de compatibilidade razoável e tenho que sentir que ela sente o mesmo por mim. A partir do dia em que isso me acontecer, seja amanhã ou daqui a um ano, levarei a coisa a sério e serei de certeza monogâmico. Agora, naturalmente, não sou.
Em qualquer encontro casual que me aconteça, quando sinto que não passa disso mesmo, costumo pôr tudo em pratos limpos logo no princípio. Às vezes ando meses sem que nada me aconteça, e começo a ter vontade de trepar o edifício da segurança social de Aveiro, outras vezes parece que acontece tudo ao mesmo tempo. Nas últimas semanas aconteceu-me três vezes ligar-me intimamente a mulheres, por coincidência todas leitoras deste blog. Admito que me senti posteriormente desiludido com todos os casos. Não por causa de alguma instabilidade emocional que tenha surgido, até porque se há gajo que já andou emocionalmente instável por causa de mulheres sou eu, mas porque os efeitos colaterais baseiam-se sempre num princípio que não aceito: “tu comeste-me e agora não me ligas nada”. Ora bem, devo ser eu que tenho a mania de que a igualdade entre sexos é para levar a sério, e que quando um homem está com uma mulher é porque ela também está com ele. A culpa, se existe, é sempre de ambos. A essa culpa, no entanto, prefiro chamar responsabilidade.
De resto, como já disse, quando eu sentir que posso e devo ter uma relação vou mesmo ter, se conseguir. Neste momento anseio-a e até existe com quem gostasse de o tentar, mas para já não está ser possível. De qualquer maneira, não é por a ansear que o vou fazer com uma mulher qualquer (este qualquer não é no mau sentido). Agora, enquanto andar assim, livre como um passarinho, sei lá... há coisas fantásticas, não há?