2.28.2007

frio e quente

Estava só aqui, febril e fragmentado, para te ver respirar.
Importas-te?
Mesmo que a febre aqueça o vento frio que dança com os teus cabelos?
Que fragmentos expludam e formem planetas que te orbitem?
Como o Big-Bang

Como um Big Mac
Numa esplanada cheia de deserto ruminante
De embalagens pútridas dançando em círculos
Com o vento frio e quente

Frio e quente
Frio e quente
Frio e quente

Importas-te?
Estava só aqui, febril e fragmentado, para te ver respirar.

conversa 90

lol! acabei de ter uma discussão com um conhecido completamente ridícula. Ele acha que as mulheres de Lisboa se vestem melhor do que as mulheres do Porto. Está mesmo convencido do que diz. Lol! lol! lol! Depois eu disse-lhe que acho que as mulheres de Freixo de Espada à Cinta é que se vestem mesmo bem e ele levou-me a sério:

Ele - Em Freixo de Espada à Cinta não sei. Nunca lá fui e não falo do que não sei. Mas Lisboa garanto que é verdade... nenhuma mulher do Porto se veste como uma mulher de Lisboa...
Eu - Mas, há tantas mulheres do Porto a passear em Lisboa, e tantas mulheres de Lisboa a passear no Porto... como é que se sabe quem é quem?
Ele - Lá estás tu a desconversar...

ando a deixar...

Ando a deixar o café… ou melhor, a diminuir o café. Bebo mais cariocas de limão. Um carioca de limão é um bocadinho de água da torneira aquecida com uma amostra de casca de limão lá dentro.

Ando a deixar a carne… ou melhor, a diminuir o consumo de carne. Como mais legumes. Legumes são plantas leguminosas comestíveis.

Ando a deixar a tristeza… ou melhor, a diminuir a tristeza. Sorrio mais vezes. Sorrir é conseguir olhar os outros nos olhos logo pela manhã.

Ando a deixar o vermute… ou melhor, a diminuir o vermute. Sento-me mais vezes na cadeira da cozinha. Sentar-me na cadeira da cozinha é olhar lá para fora e ver tudo menos o que está lá fora.

2.27.2007

crónicas da cidade que sopra | amor pelo interior

Estar só é ser sangue bombeado num determinado momento. Rasgam-se artérias de lábios colados, ombros endurecidos e ouvidos bloqueados por leitores de mp3. É ser-se transparente na intersecção de inúmeros olhares, e continuar a andar passo a passo, esforço a esforço, transformando lentamente oxigénio em dióxido de carbono. Estar só é sentirmo-nos progressivamente venosos, agressivamente apartados do que nos rodeia e nos tange de indiferença, à deriva pela cidade que vai soprando sem motivo aparente. Depois o sangue regressa, às vezes, ao coração e renova-se. Só às vezes, e é por isso que Helena chegou à conclusão que a felicidade não existe. Existem momentos felizes. Talvez chegue.

Quinta-feira o Diário de Aveiro publica mais uma crónica da cidade que sopra. Pronto, este post é só por isso. Fiquem bem...

oito merdas que já pensei hoje... ou oitenta

1) Levanto-me e a planta do pé esquerdo é a primeira queixar-se, quando toca no chão. Diz que não lhe apetece sair da cama. O dia vai ser mais difícil para o objecto cardíaco do que para ti, respondo-lhe, e insisto que não se queixe...

2) A ******** abraça-me, mas não é um abraço qualquer. Pergunta-me se eu estou bem e eu sinto que o abraço e a pergunta são a sério. Mesmo a sério. Às vezes há abraços que não são a sério, sabem?

3) Vou da sala até ao quarto com a luz apagada, orientado apenas pela parca luminosidade do telemóvel. Não sei porque é que faço isso, mas gosto de o fazer. Sinto-me mais perto de qualquer coisa que não sei muito bem o que é...

4) A pior sensação que o nosso objecto cardíaco pode ter, é a de que gosta mais de alguém do que esse alguém gosta dele. O sentimento inverso também é fodido. Não é tão fodido porque todos somos um bocadinho egoístas, mas é fodido na mesma...

5) Aos trinta e tal anos todos sabemos que a paixão é um passageiro de metro. Entra numa estação e sai na seguinte. Depois torna a entrar e a sair. Temos apenas que ir fazendo com que entre e viaje connosco o mais tempo possível, se for preciso aliciando-o com a paisagem ou com o conforto da carruagem. O amor não é assim, é uma passageiro mais gordo, com menos vontade de andar a entrar e a sair a qualquer momento. Por isso é que quando sai, normalmente já não volta.
Quando se escolhe alguém é porque se acredita que esse passageiro já se sentou connosco.

6) Gosto muito de joaninhas. Tenho uma coleção enorme na garagem. Acho que vou recuperá-la. Estou a falar de bonecos e não de insectos mortos.

7) Olho muito para o chão. Acompanho a degradação lenta dos meus sapatos. Não faz mal, que não há nada pior do que calçar sapatos novinhos em folha. Gosto de calçado já usado, se possível até já um pouco estragado.. Quer dizer, há coisas piores do que calçar sapatos novos, mas a fingir que não, está bem?

8) Gostava de a encontrar hoje, por acaso, na quinta avenida de Nova Iorque, à hora de ponta, e eu ser o único gajo com guarda-chuva. Ela abraçava-me e pedia-me boleia. Eu perguntava-lhe se lhe podia oferecer um carioca de limão ao balcão dum café qualquer e ela aceitava. No meu diário que não o chega a ser, chamaria a esse momento "o melhor carioca do mundo".

pouca gente...

Ontem esteve mesmo pouco pessoal no melhor bar de Aveiro a ouvir o dj Bagaço Amarelo. Mas pronto, esteve-se bem. Então mulheres... pouquinhas, pouquinhas...

conversa 89

Ela – Boa tarde. Fala com a ******* da DHL. Em que posso ser útil?
Eu – Boa tarde. Pode ser útil se me explicar porque é que estive seis horas à espera da estafeta da DHL, em minha casa, e ela não apareceu...
Ela – Era uma entrega ou uma recolha?
Eu – Uma recolha...
Ela – Pode-me dizer o número de recolha?
Eu – Não tenho.
Ela – Não lhe deram um número de recolha?
Eu – Não...
Ela – Diga-me o seu nome por favor...
Eu – Ivar... i, vê, ah, érre... Corceiro.
Ela – Só um minuto...
Eu (silêncio)
Ela – O seu telefone é o 963431743?
Eu – Não.
Ela – Pois... como deu o telefone errado a estafeta tentou contactá-lo mas não conseguiu...
Eu – Eu não dei o número de telefone errado, tenho a certeza. Esse número nem sequer é parecido com o meu... e nunca tive um parecido... também não costumo mentir quando dou o número de telefone a empresas que têm que vir a minha casa levantar uma encomenda.
Ela – Pois... compreendo.
Eu – Já sei o que é que quer dizer DHL...
Ela – Sim?
Eu – Depressa Homem, Levanta-te. Vocês têm aí um gajo qualquer a dormir ressacado e, quando aparece um serviço qualquer dizem-lhe: - "Depressa Homem, Levanta-te", e ele levanta-se a resmungar e depois não faz nada bem feito...
Ela – Posso-lhe garantir que a DHL não funciona assim... Pode então dar-me o seu número de telefone?
Eu - Ok...

2.26.2007

coisas que fascinam (38) e pensamentos catatónicos (57)

coisa que fascina: ocupo 90% do meu tempo a pensar na mesma pessoa.

pensamento catatótico: quanto é que ficou o Beira-Mar este fim de semana?

paisagens

A relação acidental e espinhosa entre homem e mulher no Ocidente, na minha opinião, um bocadinho a ver com o que li hoje no livro que tenho na minha mesa de cabeceira.

Um sintoma nítido do contraste entre o Ocidente e o Oriente é a diferença entre duas formas de pensar o lugar do homem na paisagem. A pintura paisagista chegou tardiamente à arte ocidental... ...os frescos de Ambrogio Lorenzetti no Palazzo Publico, em Siena, são as mais antigas pinturas ocidentais que chegaram até nós e nos mostram uma cena pintada directamente da natureza... ...a paisagem só se torna um tema independente com os pintores holandeses e flamengos do séc. XVII.
Na China, porém, no século IV, já a paisagem se transformara num tema infindavelmente fértil. A natureza não era um mero cenário para o drama humano... ... a paisagem chinesa era uma cena de harmonia e de vida rítmica, onde o homem se integra imperceptivelmente, por vezes até de uma forma obscura.


Daniel J. Boorstin em "Os Criadores"

Este contraste visível na arte não é uma causa mas sim uma consequência, principalmente das diferenças entre as religiões ocidentais com um Deus único e criador, e as linhas de pensamento tauistas e confucianistas que nunca tentaram explicar sequer a criação do mundo. Enquanto na Europa apartávamos a relação homem/mulher considerando-a pecado aos olhos dum Deus inventado, no oriente a filosofia tentava apenas resolver os problemas da infelicidade humana através da total integração na natureza.

conversa 88

Ela – Tens nódoas de lixívia nas calças.
Eu – Pois tenho... estive a limpar o tecto da casa de banho... olha, isto agora não dá para resolver, pois não?
Ela – Não.
Eu – Pois... fiz asneira.
Ela – Pareces uma criança.

2.25.2007

aniquilar o silêncio

Amanhã, dia 26 e segunda-feira, é dia do divorciado aniquilar o silêncio do melhor bar de Aveiro. Dj Bagaço Amarelo no Clandestino Bar, a partir das 22:22...

ligação à terra

A cabeça apoia-se na palma da mão, cujo braço se apoia na mesa apoiada no chão por grossas pernas de madeira escura. Na quietude da cadeira apoia-se o corpo, onde o pensamento se apoiou para descansar um pouco. Procuro-o mas não o encontro. Deve estar a dormir. A outra mão apoia-se no fémur da perna direita. Preciso pousar uns dias em qualquer sítio, talvez no cheiro duma mulher não qualquer. Acho que se este pensamento acorda me pode matar à queima-roupa. Pois pode.
Acordo pousado num sonho de que não me lembro. Nem sequer se foi bom ou se foi mau. Lembro-me primeiro dela, e sei que é boa. Pois sei. O silêncio incomoda-me. Quando ando assim, pousado brandamente no ar que respiro, o silêncio é um hospedeiro non grato no meu objecto cardíaco. Tomo banho e ligo o rádio que pousei em cima da sanita fechada. Ouço a primeira música do cd* que lá está e já nem me lembrava qual é. Vou pousando o pensamento nas temperatura da banheira fria e da água quente. Hum... hum... vale a pena acordar e fazer ligação à terra. Também vale a pena achar que as mulheres são mais importantes para a existência que o ar que respiramos. Pois vale.

* champloose - haisai ojisan

2.24.2007

coisas que fascinam (37)



Esta música fascina-me desde pequenino. Hoje não estou muito católico para escrever porque é um dia em que me parece que não compreendo mesmo as mulheres, e ainda por cima acho que o problema está em moi même. Bem... deixem lá. Fascinem-se também... I started a joke / which started the whole world crying,/ but I didnt see that the joke was on me / oh no... :)

Tokyo Bossa Nova Lounge



Este cd é tão bonito que seria um crime eu não partilhar este link que descobri há bocadinho. Parece mesmo feito para divorciados errantes com o objecto cardíaco a pedir que acertem. Sabe-se lá em quê, não é?

01 - Kiyoko Itoh & The Happenings
02 - Ruriko Asaoka - Siam-Neko Wo Daite.mp3 Four - O Ganso
03 - Akira Terao - Kaze Mo Nai Gogo No Samba
04 - Toi Et Moi - White Waves
05 - The Modern Playing Mate - Day By Day
06 - Mike Maki & Bibari Maeda - Nemuritainosa
07 - Kaori Kumi - Kami Ga Yureteiru
08 - Keisuke Egusa - Call Me
09 - Ryoko Moriyama - Ameagari No Samba
10 - Kazumi Yasui - Warui Kuse
11 - Kiyoshi Hasegawa - Tomeina Hitotoko
12 - Hiroshi Matsumoto - Agua De Beber
13 - Purple Shadows - The Joker
14 - Akira Terao - Anata No Kotoga
15 - Tami Masuda - Yattsu No Omoide
16 - Hiroshi Matsumoto - Meditation
17 - Kyoko Enami - Sayonara Mo Ienakute
18 - Hiroshi Kamayatsu Et Al - When We Were 20 Years Old
19 - Masami Kawahara - Mas Que Nada
20 - Kyoko Okada - Donnafuni
21 - Kyosen Ohashi - Koryamata Minasa Hyakumenso
23 - Ryoko Moriyama - Akogare Wa Tsubasa Ni Notte
24 - Keisuke Egusa - Summer Samba (So Nice)

link rapidshare

índice em cima mas a olhar para baixo

O índice ivariano desceu hoje um bocadinho. Só um bocadinho, estando agora no 18. O divorciado ainda está um bocadinho doente, mas hoje também está um bocadinho confuso. A coerência entre o seu cérebro e o objecto cardíaco não é total.

2.23.2007

mulheres que eu gostava de poder não compreender (45)


nome: Andrea Corr
origem: Irlanda
info: É a vocalista da banda irlandesa “the Corrs”, que por acaso tem mais duas mulheres também muito bonitas. Por falar nisso, tenho que ir à Irlanda. Aquilo parece mesmo um bom país para um divorciado. Ai parece, parece…

por esta ordem...

1) A minha filha está doente. Gostava que ela ficasse boa este fds.

2) Estou cheio de saudades duma pessoa. Gostava de conseguir estar com ela este fds.

3) Estou ainda um bocadinho doente. Gostava de ficar bom este fds.

4) Joguei no totoloto e no euromilhões. Gostava de ficar rico este fds.

5) O Beira-Mar joga com o FC Porto. Gostava que o Porto perdesse este fds.

máquina que temos à nossa esquerda

Recebi um email duma amiga minha em que ela chama ao coração a máquina que temos à nossa esquerda. Gostei... mas vou continuar a escrever objecto cardíaco.

2.22.2007

amigos

Já fui a entrevistas para todo o tipo de trabalhos imaginários. Acho que é normalmente quando se procura emprego que se fica mais triste, é quando se percebe que há pessoas que não estão definitivamente na nossa linha de pensamento. Aconteceu-me isso na semana passada, a propósito duma entrevista para um emprego nos supermercados LIDL, emprego que até não desejava assim tanto (felizmente não estou desempregado de momento) e a cuja entrevista acabei por nem ir.
Telefonaram-me numa quinta-feira ao fim da tarde para estar na sexta seguinte em Famalicão para a entrevista. Eu perguntei porque é que não me tinham telefonado antes, que ir de Aveiro a Famalicão num dia de semana pode não ser assim muito simples. Do outro lado respondeu-me uma voz fria: - “É uma entrevista de trabalho para chefe de secção. Quer, quer. Não quer, não quer. Sobre tudo o mais terá que conseguir falar directamente com o director”. Estava na estação de Espinho nesta altura, entre inúmeras pessoas com o olhar acentuado pelo cansaço do dia, à espera dum comboio que as levasse ao conforto de casa. Fechei os olhos e respondi: - “Olha, eu não quero trabalhar no LIDL”, e desliguei.
Na viagem de 36 minutos até Aveiro vim a pensar como até sou uma pessoa com sorte. A falta de emprego encarnou duma forma fria a lei da oferta e da procura, e as pessoas acham que podem dizer tudo o que lhes apetece às outras, mesmo que nem as conheçam. Trabalhar não é só um dever, é também um direito, e temo que a nossa sociedade se tenha esquecido disso. Até sou uma pessoa com sorte. Vou conhecendo e fazendo amigos que escapam a esta lógica mercantilista da vida, com quem consigo falar um pouco de tudo sem ter que me sentir analiticamente observado ou a minha privacidade invadida. Com os meus amigos posso falar do Beira-Mar, dos problemas do meu objecto cardíaco, da mulher que eu mais gosto no mundo, dos chocolates Toblerone, dos filmes que já vi e dos livros que já li, da minha cor preferida para as paredes da casa de banho. Sempre com um sorriso nos lábios. São os meus amigos.
No último fim de semana senti que algumas coisas não andam pelo melhor com alguns deles, principalmente pelos mesmos motivos que me fazem a mim sentir o homem mais feliz do mundo ou também o mais infeliz. Quando andamos com o nosso objecto cardíaco cheio de questões por resolver, não anda mais nada bem. É normal. É assim comigo e, naturalmente, também é assim com eles. Os problemas de emprego, burocracias, dinheiro ou outra merda qualquer não interessam nada comparados com o facto de, por exemplo, sentirmos carência emocional. Por isso é que que queria mandar um abraço a todos e todas os que vão rodeando os meus dias. Acho que tenho sorte por os conhecer, por estar sempre a organizar jantares, noites de copos e idas ao cinema. Tenho sorte, pronto. Só lhes queria dizer que desejo mesmo que a vida lhes corra bem. Neste momento eles sabem quem são...
Quanto ao resto, já fui operário numa fábrica de cerâmica em Aveiro, já fui cobrador, já montei cinemas em vários países do mundo, já estive desempregado, já fiz filmes e publiquei um livro, já escrevi para jornais, já joguei andebol, já pratiquei karaté, já chorei e muito por causa de mulheres, já fiz arroz doce, já comprei uma t-shirt do Calvin, já fiz uma aposta sobre futebol com um grupo de prostitutas checas, já fiz karaoke na em Hong-Kong duma música chinesa, já adormeci ao relento em Barcelona, já tomei banho à noite no Algarve, já vi um filho nascer, já vi amigos morrer, já andei seiscentos quilómetros para poder ver uma pessoa durante vinte minutos. É assim: a vida renova-se todos os dias, para todas as pessoas do mundo. Tenho pena que nem toda a gente consiga perceber isto. Neste momento só sei que não vou trabalhar para o LIDL. Não quero.

Talvez este texto não esteja muito bem escrito, mas estou doente e não me apetece revê-lo, está bem? Fiquem todos bem!

fotografia

Ontem estive a ver fotografias antigas, que estavam esquecidas em sacos de plástico na garagem, e encontrei uma da minha primeira companheira. Tinha aí uns dezasseis anos e lembro-me de a ter tirado. Na altura pensava que aquilo nunca ia acabar. Tem piada como as pessoas mudam tanto em... hummm... ups... dezanove anos...

darsan

Comecei ontem a ler "Os Criadores" de Daniel J. Boorstin. A ligação do hindus ao sagrado é mais ou menos semelhante à minha ligação com as mulheres, isto é, faz-se essencialmente através da recepção do darsan, que é no fundo, ver e ser visto. Cada Deus, tal como cada mulher, tem um darsan próprio.
Pois... estou doente, estou...

doente

o divorciado está com febre, garganta inflamada, voz rouca e uma olheiras do tamanho do mundo. Fosca-se!

2.21.2007

porco + ouro = a muitos bebés



O meu signo chinês é o do Porco. Eu levo muito a sério o meu signo chinês, isto porque sempre achei que a China tem… sei lá… qualquer coisa de especial que agora não me lembro muito bem o que é… Ah! Já sei, são as chinesas.
Ora, estamos precisamente a entrar no ano do Porco (representado na figura) e, como podem ver nesta notícia do DN, porco + ouro = a muitos bebés. O mesmo jornal diz ainda que esta equação parece estapafúrdia mas não é. Não se preocupem, digo eu, não parece nada estapafúrdia. Tem toda a lógica, até. Ora…se porco + ouro = a muitos bebés, então porco = muitos bebés – ouro. Pronto… ainda bem que nunca compro o Dn

lai lai lai ri lai lai

O divorciado está mesmo apaixonado. Hoje calçou uma meia preta e uma azul clara, saiu de casa e demorou meia hora a lembrar-se onde é que tinha estacionado o carro, Preparou o pequeno-almoço e não o comeu. Agora tem que ir trabalhar. Bom dia para vocês todos, menos para os gajos que votam no Partido Popular, os que querem que o Chelsea ganhe hoje ao Porto e os que fazem as rotundas pela faixa de fora.

crónicas da cidade que sopra | procura-se não se sabe o quê

Amanhã, quinta-feira, no Diário de Aveiro:

Procura-se e não se encontra. Helena procura-se do outro lado do espelho, mas não se reconhece naquele corpo precocemente envelhecido. Em gestos repetidos vai esticando as rugas que respiram timidamente na sua pele da face, como se ainda não tivesse percebido que é o tempo quem nos beija na cama quando estamos sós, como se valesse a pena esperar por um milagre. Em cima da cama jazem algumas roupas de carnaval. Talvez seja altura de deixar de fingir. Lava a face com água fria e caminha, contrariando a vontade das suas pernas, para aquilo a que alguns teimam em chamar trabalho.

2.20.2007

Ngozi Iwere


Por norma rejeito qualquer tipo de movimentos feministas. Tendencialmente, na minha opinião, só servem para criar guetos e fazer das mulheres uma espécie de coitadinha-que eu-sou-ajudem-me-por-favor. No entanto, e infelizmente, em alguns casos talvez ainda se justifiquem… Ngozi Iwere é um desses exemplos.

talvez, pensa-se

Talvez, pensa-se. Depois pára-se num semáforo vermelho e esquece-se de arrancar no verde. Os automóveis que esperam atrás buzinam. Depois estaciona-se na baixa da cidade sem pagar, caminha-se sem sentir o chão e entra-se numa frutaria só porque cheira bem. Bebe-se um batido e folheia-se uma revista de som e de vídeo. Talvez, pensa-se. À noite toma-se um café sem açúcar e guarda-se o pacote no bolso do casaco. Mesmo assim mexe-se dezenas de vezes a colher, nem se sabe muito bem porquê. Talvez, pensa-se. Talvez.

dez coisas importantes que me aconteceram no carnaval...

1) Cortei as unhas dos pés, com um corta-unhas verdadeiro e tudo.
2) Disse a uma pessoa que gosto muito dela.
3) Bebi demais no Clube 8 e dancei uma música horrível que é mais ou menos assim: “sempre em cima, em cima, em cima, em cima…”
4) Disse a uma pessoa que gosto muito dela.
5) Passei um fim de tarde a cozinhar com uma amiga enquanto bebia vermute.
6) Disse a uma pessoa que gosto muito dela.
7) Arranjei muita música étnica para a minha colecção e tenho muitas coisas novas para ouvir.
8) Disse a uma pessoa que gosto muito dela.
9) Estive praticamente três dias sem olhar para um computador.
10) Disse a uma pessoa que gosto muito dela.

2.19.2007

incompreensão

Ando, felizmente, com pouco tempo para computadores e internet. A partir de amanhã, infelizmente, tudo volta mais ou menos ao normal.
Uma amiga disse-me que, para eu compreender as mulheres, devia passar algum tempo sem ver nenhuma. O facto de eu não as compreender, disse-lhe eu, não quer dizer que a compreensão seja um objectivo primordial. Até acho que gosto assim...

2.17.2007

e porque hoje é sábado...

...o divorciado vai dedicar o dia todo à mulher mais importante do mundo e não põe mais os pés na internet. Nem as mãos, nem a cabeça... nem nada.
A minha filha está à minha espera. Fiquem todos bem...

2.16.2007

conversa 87

Contam-se as coisas. Todas as coisas. O nome do café tem duas palavras com oito letras: Bom Gosto; a empregada dá vinte e dois passos do balcão até à nossa mesa, para nos perguntar o que queremos; queremos um café, três palavras com catorze letras; ela tem três nódoas, relativamente grandes, no avental com oito riscas verticais azuis; ao lado, uma criança já pediu um ovo de plástico três vezes ao pai.
Conta-se o tempo, até, mas não em horas nem em minutos. Nem sequer em segundos. O tempo conta-se como se conta o espaço: em área ardida, por exemplo. O meu tempo tem alguma área a ardida. Não é má, a área, mas ardeu. Eu nem seguro tinha.
Conta-se o que se quer e o que não se qu...............

Fecho o livrinho em que escrevo estas linhas. A ****** senta-se ao meu lado. Pede um café sem esperar que a empregada se aproxime da mesa.

Ela – Então? Já vi no teu blog que o índice ivariano está no máximo…
Eu (silêncio e sorriso)
Ela – Não pareces feliz, pensei que te ia ver mais sorridente.
Eu – Estou feliz, mas não tenho que andar aos pulos pela rua…
Ela – Eu conheço?
Eu – Conheces quem?
Ela – A miúda que te põe o índice no máximo…
Eu – Não… e não é uma miúda, pelo menos com esse tom de voz não quero que lhe chames miúda.
Ela – Não me queres dizer quem é?
Eu – Não…
Ela – Era sobre ela que estavas a escrever?
Eu – Não…
Ela – Mas já tens uma relação, é?
Eu – Não…
Ela – Mas vais ter?
Eu – Não sei…
Ela – Isso quer dizer que tu gostavas de ter, não é?
Eu – Talvez.
Ela – Mas estás mesmo decidido?
Eu – Para já estou indisponível… percebes?
Ela – Indisponível? Para quem?
Eu – Opá, para todas as mulheres do mundo.
Ela (ri-se) – Ena, parece sério…
Eu (sorrio) – Não tenho que te dar mais explicações, está bem? Até acho que não te portaste muito bem comigo… mas pronto, isso já não é grave.
Ela - Eu?
Eu – Sim…
Ela – Sabes… eu também ando à deriva. Não sei o que quero nem o que sinto. Às vezes é complicado saber o que queremos.
Eu – Pois, acredito… mas não é assim tão complicado despedirmo-nos das pessoas e explicar isso que acabaste agora de me explicar.
Ela (silêncio)
Eu – Importas-te que eu continue a escrever?
Ela – Vou já embora… (levanta-se)

Conta-se o que se quer e o que não se quer…. (não consegui escrever mais)

não

mulheres que eu gostava de poder não compreender (44)



nome: Andrea Gerak
origem: Hungria
info: Tem uma voz a que ninguém fica indiferente, se bem que não é só à voz que ninguém fica indiferente. Se aqueles olhos entrassem numa mercearia onde eu fosse o merceeiro, para comprar um quilo de batatas… sei lá… convidava-a para jantar as batatas lá em casa. Actualmente vive na Suécia. Tem um sítio na Internet interessante.

procurar mulheres boas nuas

Tudo normal. O não compreendo as mulheres continua a ser visitado por pessoal que considera o google uma espécie de estrela Polar. Mais buscas que vieram aqui dar:

procurar mulheres boas nuas
Eu, hoje de manhã, procurei mulheres boas nuas lá em casa. Procurei na cozinha, depois debaixo da cama e debaixo do sofá. Por fim até fui à despensa… mas não encontrei nada.

com quantos dias podemos voltar a ter relacoes depois de ter um bebe
?
Um mês depois…

so queria que me dissesses alguma coisa

"A patafísica estuda aquilo que é negligenciado pela física e pela metafísica" - Pronto, já disse…

2.15.2007

ruposhoni alicarguá continua no 20



O índice ivariano continua no máximo. Hoje o objecto cardíaco disse-me que está a sentir-se vivo como não se sentia há muito tempo, e que está a gostar da viagem por este oceano, apesar das ondas que às vezes surgem inesperadamente. Depois pediu-me para lhe cantar uma música. Não tenho paciência para isso, disse-lhe, e mandei-o ouvir esta que trouxe de Hong Kong. Gosto essencialmente da letra...

coisas que fascinam (36)

Tinha-me esquecido do que é pensar numa mulher, todos os dias, mal se acorda e se abre os olhos de manhã. Aqui está uma sensação que todos os homens do mundo deviam ter, exceptuando, talvez, os padrecas...

entalanço

A barwoman de feições asiáticas que trabalha no Visual, na praia da Costa Nova, é muuuuuuuito bonita.
Ufa! Tinha que dizer isto ao mundo. Estava-me aqui entalado.

aviso

a crónica que devia ter sido publicada hoje no Diário de Aveiro, vai sê-lo apenas segunda-feira...

bilhete de identidade

Só hoje é que renovei o bilhete de identidade.

Certidão de nascimento: €8
papelada do BI: €7,05
fotografias: €5
total: €20,05

De amanhã a oito dias, ou seja, sexta-feira, vou ter um bilhete de identidade com a palavra divorciado impressa. Para fazer inveja pus a língua de fora na fotografia...

2.14.2007

dia dos namorados

Este blog afirma-se contra o Dia dos Namorados. Não comprem nada nem ofereçam nada à pessoa que mais gostam no mundo. Façam-no, por exemplo, amanhã.

crónicas da cidade que sopra | árvores que caem

Amanhã é quinta-feira. O Diário de AVeiro publica mais uma crónica da cidade que sopra. Árvores que caem.

A luz atapeta devagar o chão do quarto, atravessando sub-repticiamente as frinchas da persiana, e destapa os despojos da guerra: uma garrafa de água sem tampa, um relógio de pulso que não dormiu, um telemóvel mudo e alguma roupa cansada. A cidade que sopra discutiu violentamente com a tranquilidade que, durante a noite, se escondeu naquele compartimento e, enquanto um homem e uma mulher semeavam beijos em extensões primaveris de pele sedenta, fez cair algumas árvores e postes de iluminação. Hugo ainda se mantém na cama, exercitando os dedos dos pés, e os únicos sons que se lembra de ter ouvido morreram com algumas moedas que pontilham silenciosas um canto parcamente iluminado.

ajuda lá em casa?

Já conhecem o Playgrelo? É um blog para os homens que não compreendem as mulheres...
No último post diz que "Acreditem homens, se ajudarem as vossas mulheres nas tarefas da casa, se lhes derem atenção de vez em quando, de certeza que não vão ter razões de queixa".
O divorciado detesta que as mulheres peçam ajuda nas tarefas domésticas. Não se trata de ajuda, trata-se mesmo duma vida a dois. Às vezes as mulheres são as primeiras a ser machistas. Como é que as hei-de compreender?
Pior ainda é a ideia que fica de que o sexo é uma forma de pagamento da "ajuda lá em casa"... Sei lá. Ajudem-me... estou sozinho nisto?

2.13.2007

conversa 86

Ela – Bebes mais um copo?
Eu – Hum, hum…
Ela – Vinho quente?
Eu – Hum, hum…
Ela – Estás bem?
Eu – Hum, hum…
Ela – De certeza?
Eu – Hum, hum…

ruanda

Durante o genocídio do Ruanda todos ouviram falar das etnias Hutu e Tutsi. No contexto mediático a guerra foi, aliás, uma espécie de vingança dos Hutus relativamente aos Tutsi, pela forma discriminatória como os belgas trataram os primeiros na sua administração do território até 1962 (altura em que o país se tornou independente). Aquele território foi uma colónia alemã até ao fim da primeira guerra mundial e depois, até à segunda, foi um protectorado das Nações Unidas.
A verdade é que o termo conflito étnico não se adequa totalmente ao acontecimento. Milhares de Hutus considerados passivos pelo poder político também foram mortos. Há dois filmes muito interessantes sobre o assunto, mas que inevitavelmente são também violentos: Hotel Ruanda e Shooting Dogs.
Os que nunca foram tratados pelos media nem pelos filmes, e que foram praticamente dizimados pela guerra, foram os Twa, um povo indígena e pigmeu que representa cerca de 0,5% da população. O dj Bagaço Amarelo não faz uma sessão sem passar pelo menos uma música twa. Fiquem aqui com esta, chama-se ikinyogote (porco-espinho) e tem uma voz feminina que eu acho fantástica.

2.12.2007

we don't need nobody else



Em 1995 eu ainda não tinha filhos nem era casado. Vivia no porto e passava a vida a desesperar em autocarros cor de laranja. A *** era uma das minhas melhores amigas e passávamos os dias e as noites juntos. Ela era da Maia e um dia gravou-me esta música, que acabei por gravar muitas vezes seguidas numa cassete para ouvir repetidamente. 1995 foi, provavelmente, o ano em que fiz mais asneiras na minha vida. Foi também um ano em que me soube muito bem estar vivo. Desde 1996 que não vejo a ***, mas tenho saudades dela. Hoje, como ando feliz, gostava de a encontrar por acaso. Não podia ser de propósito, tinha que ser por acaso...

conversa 85

(com um amigo, hoje de manhã, no café)

ele - Eu não a conheço, mas não achas muito rápido para te meteres já noutra? Há quanto tempo te separaste?
eu - Separei-me há sete meses... mas o tempo não conta. O que conta é se tu já resolveste isso ou não. Há quem resolva em dois dias e há quem nunca resolva.
ele - E tu resolveste de certeza?
eu - Sim... isso é mesmo a única coisa que eu tenho a certeza.
ele - Hum! e quem é a felizarda?
eu - Não te vou dizer, está bem? até porque, como tu dizes, ainda não me meti noutra. Pretendo fazê-lo devagar... por muitos motivos. Não tenho a certeza absoluta que vai dar certo mas acredito que sim, percebes?
ele - Hum, hum... fazes bem. Boa sorte, pá.
eu - Obrigado. Eu pago os cafés... deixa estar.
ele - Ah! É verdade... já me gravaste o dvd do Family Guy?
eu - Não... gravo esta semana, está bem?

coisas que fascinam (35)

Ando a tentar perceber se o que sinto é resultado de algum egoísmo meu. Estou feliz porque acho que não, não é…
No entanto gostava de perceber em que altura é que os processos químicos do meu corpo se transformam nesta coisa que fascina que é pensar isto.

Interrupção primaveril

Andorinhas ricocheteiam nas nuvens de alcatrão
Chovem mortas na estrada que liga duas cidades despovoadas
Um homem fotografa-as com um máquina sem película
Mas dispara o flash destapando a noite
E dispara, dispara, dispara…

Deitado na relva escrevo poemas de amor
Enquanto bebo chá sem açúcar
numa chávena vermelha

Já não me lembro em qual das cidades vivo
Ou vou para aquela de onde vêm os pássaros suicidas
Ou vou para aquela onde eles não chegam

E o homem dispara o flash destapando a noite
E dispara, dispara, dispara…

IVG

Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?

Sim: 59%
Não: 41%

Estou feliz. Hoje não digo mais nada sobre isto.

2.11.2007

máximo

o índice ivariano atinge, pela primeira vez, o seu nível máximo: 20.

2.09.2007

dj bagaço amarelo | datas

coisas que fascinam (34)

Diz a Lia que tem que se fazer uma escolha: ou se amam ou se compreendem as mulheres... e eu concordo. É uma coisa que fascina...

três pensamentos

Em Aveiro abriu a primeira loja de drogas legais do país, vem hoje no Público. Chama-se Cogumelo Mágico e é, segundo o proprietário, também a primeira loja do género em toda a Europa (com excepção, claro, da Holanda).

O meu objecto cardíaco navega em águas calmas. Hoje de manhã, eu e ele, fomos tomar um café juntos, para ter uma conversa privada. Ele disse-me que se encontra bem de saúde mas que me sente um bocadinho nervoso. Eu sei disso, respondi-lhe. Depois pedi-lhe algum tempo…

O mesmo jornal diz que o Euromilhões pôs muitos europeus a sonhar com férias fabulosas, iates magníficos, carros de arrasar, casas como as que se vêem nas revistas. Começa assim, o artigo assinado por Andreia Sanches. O divorciado não gosta de pornografia, como tal não gosta desta introdução da peça jornalística. Férias fabulosas é ao lado de alguém que se gosta, iates magníficos é coisas que dispenso, carros de arrasar também (estou fato de ver acidentes arrasadores) e, julgo eu, casas que só se vêem nas revistas não servem para muito, já que são inabitáveis.

2.08.2007

mais um café.

Perderam-se as causas ou, pelo menos, as causas passaram a envergonhar-nos.

Primeiro gole. O café está quente e saboroso. Sem açúcar.
Há um suposto pragmatismo que é obrigatório encarnar. Os outros, os que abdicam um bocadinho de si para se dedicarem a uma causa, são fracos.

Segundo gole. O café perdeu a espuma e deixou uma marca na chávena. Apetecia-me escrever ali, em letras pequenas: “cheia de 8 de Fevereiro de 2007”.
As causas podem ser várias: o Tibete, a morte de golfinhos no Japão, a mulher que amamos, a bola duma criança que atravessou o muro intransponível dum jardim.

Terceiro e último gole. O café arrefeceu. Soube-me mal no fim. Se eu não pensasse tanto tempo nestas merdas tinha saboreado melhor. Paciência… juro que amanhã tiro um tempo para tomar um café sem pensar em mais nada...

pensamentos catatónicos (56)

menos que oito

Estava vermelho para os peões. Ela dum lado da rua, ele do outro. Frente a frente. Ele contou as linhas brancas da passadeira que ligavam as duas margens: oito, contou as vezes em que trocaram olhares: oito, contou as pombas que assediavam uma velha arremessando grãos de milho: oito. Sentiu o estômago apertado e objecto cardíaco a acelerar.

Depois o trânsito parou, tornou-se impossível prolongar o momento. Atravessaram a estrada em silêncio e depois a cidade engoliu-os. Engoliu-os e mastigou-os, alojando-os nas suas entranhas. Ele contou os anos que viveu sem a ver: oito.

Ontem, quando reparou nela ao balcão dum bar, teve vontade de lhe falar, de lhe perguntar se ela se lembrava desse momento. Levantou-se e a cadeira caiu produzindo uma pequena explosão sonora. Trocaram de novo olhares, mas desta vez sem manifestações espontâneas do estômago ou do coração.

Agora está sentado numa cadeira da cozinha. Os olhares, os sentimentos, os estômagos apertados, o bater do coração, os cheiros… têm um prazo limitado. Talvez seja melhor não deixar passá-los por nós em silêncio, assim como quem atravessa uma simples passadeira para peões. Não sabe qual é o prazo, mas é de certeza menos que oito.

2.07.2007

sim / não



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minipreço canas de senhorim

quero aproveirar este momento para dar um grande abraço à pessoa que veio aqui ter através da procura no google de "minipreço canas de senhorim". Já aqui tinham vindo ter através de keywords como "mulheres preferem homem com barba por fazer", "elsa raposo nua", "não sei se sou gay" ou "quero levar no cu", mas nunca "minipreço canas de senhorim". Obrigado... estou emocionado. chuif...

pensamentos catatónicos (55)

A minha ex-companheira tem razão: há muito pessoal que reage estranhamente ao facto de sermos amigos e sairmos muitas vezes para tomar café ou beber um cerveja com tremoços. Ontem reparei que isso é verdade.
É estranho, porque de facto parece que o normal é duas pessoas, quando se divorciam, nunca mais se darem bem, enterrando uma história de anos de convivência dum dia para o outro.

fechar os olhos

Amanhã, por ser quinta-feira, o Diário de Aveiro publica mais uma crónica da cidade que sopra.

Fecha os olhos. A escuridão no olhar é o ninho onde Sandra sossega momentaneamente, enquanto faz mais uma viagem num autocarro nervoso, até um destino onde realmente não quer ir. Na carteira leva um maço de tabaco só com dois cigarros, já cansados do dia, e uma carteira de fósforos só com um fósforo. Leva também um telemóvel com uma mensagem a que não responde por não ter saldo. É do ex-marido, que lhe pergunta desprendidamente se ela ainda gosta um bocadinho dele. Assim mesmo, com as palavras “um bocadinho” a esboçarem um último sorriso triste. Queria responder mas não pode, por isso fecha os olhos e sossega o que é possível.

conversa 84

(ou como às vezes me dá para a parvalheira total)

Ela – Podemos jantar um dia destes?
Eu – Podemos jantar todos os dias. Não tem é que ser forçosamente juntos.
Ela – Nunca sei quando é que estás a falar a sério...
Eu – Neste caso não é difícil saber...
Ela – Ui, Ivar, deixa-me em paz...
Eu – Posso deixar, a caminho do trabalho. Hoje trabalho à noite por isso vou de carro. Tens é que me dizer onde fica...
Ela – Estou sem sentido de humor.
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

conversa 83

(com um amigo, hoje de manhã, num café em Aveiro)

Ele – A XXXXXXXX mandou-me um email a perguntar se eu quero ir ver uma exposição com ela ao Porto. Cá para mim quer-me comer...
Eu – Ah! Mas o que é que diz o email exactamente?
Ele – É só para ir à exposição...
Eu – Não sei... se uma mulher me convidasse para ir ao Porto a uma exposição eu não partia do princípio que ela queria sexo. A sério... mas se calhar sou eu que sou banana.
Ele – O que é pensavas, então?
Eu – Pensava só que ela queria ir ao Porto comigo ver a exposição. Não pensava mais nada.
Ele – Pois, mas isso és tu que és, não me leves a mal, um bocado ingénuo...
Eu – Se calhar sou... não faz mal. Já agora, qual é a exposição?
Ele - Nem sei...
Eu - Não sabes?! Olha lá, não serás tu que estás cheio de vontadinha de a levar para a acama a ela?
Ele – Achas?!
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

índice ivariano no futurama

O índice ivariano desce um bocadinho, de 19 para 17. O divorciado ressalva que tem esperança, no entanto, de inverter esta tendência num futuro próximo.

2.06.2007

pensamentos catatónicos (54)

O número de visitas ao "não compreendo as mulheres" é inversamente proporcional ao índice ivariano.

conversa 82

Ela – Não me deste uma única oportunidade de começar uma coisa bonita contigo...
Eu – Pois... é verdade, mas não me parece que estas coisam dependam de oportunidades que se dão.
Ela – Dependem de quê?
Eu – Acho que dependem... sei lá. Dependem de nos sentirmos doentes quando estamos pertos de alguém, de termos dores de barriga e não conseguirmos pensar em praticamente mais nada.
Ela – Isso nunca te aconteceu comigo?
Eu – Não... Acho que és muito bonita e não és uma pessoa qualquer na minha vida. Quero mesmo que as coisas te corram bem. Mas não, nunca estive assim apaixonado por ti.
Ela – OK...
Eu – Mas também não queria deixar de ser teu amigo... mesmo que um dia arranje alguém.
Ela – Estás quase a arranjar alguém, não estás?
Eu – Não sei. Não tenho pressa, para ser sincero. Pode ser amanhã ou daqui a um ano. Mas sim, é verdade que me sinto doente e com dores de barriga actualmente.
Ela (risos) – Boa sorte, está bem?
Depois abraçámo-nos...

lista de contactos

A lista de contactos do telemóvel do divorciado é relativamente grande. Até o número da GNR de Aveiro lá está, portanto podem imaginar a coisa. Cada contacto é ilustrado por um ícone, e o divorciado criou uma espécie de hierarquia icónica da seguinte forma:

1)Coração | é um coração vermelho e está atribuído apenas a um número, pertencente ao número cuja dona ocupa o T1 que é o meu objecto cardíaco.
2)Borboleta | é uma borboleta azul de asas abertas, e está atribuído a todas as mulheres que, não ocupando um lugar no meu objecto cardíaco, ocupam um espaço considerável na memória interna.
3)Estrela | é uma estrela alaranjada que está atribuída aos amigos homens que considero “cinco estrelas”.
4)Gato | é um gato cinzento, apenas atribuído a mulheres de quem não me apetece receber telefonemas nem mensagens. Cuidado, pá, os gatos são matreiros...
5)Fábrica | é uma pequena fábrica fumegante. Atrnuo este ícone ao pessoal que tem a enorme sorte de trabalhar comigo.
E pronto, é tudo. De resto há mais uns ícones de caras que utilizo para a família e para os amigos cujos ícones anteriores não são aplicáveis...

coisas que fascinam (33)

O que não é o que está para ser o que já está aser
e que não sendo excede sempre em íntima dissonância
que perpetua o mundo para além de nós

António Ramos Rosa em "Génese"

2.05.2007

sem título, mas se tivesse um era malcriado

O objecto cardíaco do divorciado está em greve. Reclama por melhores condições de vida, essencialmente no que se refere à estabilidade emocional. Acusa-me de não se democrático e de não o ter consultado em situações que o envolveram.
Hoje tentei ter uma reunião com ele, a ver se acalmava as coisas, mas ele está mesmo amuado. Diz que tem sido sujeito a esforços suplementares enormes e que, actualmente, se sente a trabalhar por dois ou três objectos cardíacos ao mesmo tempo. Eu compreendo.

Fui ao barbeiro ou, como dizem as crianças que atiram pedras à capela da minha rua, à tosquia. Depois perguntei ao senhor se estava a nevar ou aquilo que me caía nas pernas eram mesmo cabelos brancos. Já está a começar a pintar, disse ele. Mas só um bocadinho...

O desejo estúpido, mas que realmente não é assim tão estúpido, para o dia de hoje, é que as coisas me corram bem. Sim, só isso. O divorciado continua a caminhar com os pés cerca de dez centímetros acima do chão...

2.04.2007

hoje...

Hoje estava parado numa fila de automóveis. A menina, aí duns cinco anos, que ia no banco de trás do carro em frente ao meu, disse-me adeus e mostrou-me um peluche. Também lhe disse adeus. Depois foi, aí durante uns dois ou três quilómetros, sempre a rir-se para mim.

Hoje comi cereais de chocolate à mão enquanto andava pela rua, e depois deixei a embalagem num ecoponto.

Hoje recebi um poema em sms.

Hoje mexi cento e cinquenta e quatro vezes o café, sem pôr açúcar, com um pau de canela.

Hoje estou a trabalhar até pouco depois da meia-noite.

Hoje já baixei mais de metade dos episódios do Family Guy (ver post anterior) em Div X.

famílias

milagres

O Beira-Mar venceu um jogo, este é um dia em que milagres podem acontecer. Se eu a encontrar por aí hoje à noite, acho que lhe digo que gosto dela.

com a barba por fazer

Quem quiser aumentar o número de visitas no seu blog só tem que escrever "Elsa Raposo nua" num post qualquer. Só o mês passado vieram aqui ter cinquenta e três bananas, aliás, leitores através desta busca no google. Este mês, apesar de ainda ir no princípio, já há coisas engraçadas:

Dezanhos
Eu gosto de dezanhar, por acaso, mas aqui neste blog até nem ponho muitos dezanhos. Lamento

não sei se sou gay
Eu sei que não sou, mas também não sei se és ou não. Percebes?

mulheres preferem homem com barba por fazer
preferem? E eu que ando aqui cheio de cuidadinho a fazer a barba todos os dias… a vida não é mesmo justa. Ah! os homens também preferem mulheres com a barba por fazer, é que quando elas começam a fazer a barba...

mulher depois dos 40 não casa por que?
É fácil. Se têm mais de quarenta anos já têm idade para ter juízo.

principe+encantado+Mealhada
não sou príncipe, não sou encantado nem sou da Mealhada. No entanto pareço um sapo, se me deres um beijo nunca se sabe… a Mealhada também não é assim tão longe

2.03.2007

oriente



Andarem aqui visitas orientais. Andarem, andarem...

michu

encontrei a Fausta aí num bar e falámos do michu. Assim, como quem não quer a coisa, disse-lhe que era o melhor jogador do mundo e tal... não é que me costume gabar disso.

mulheres que eu gostava de poder não compreender (43)


nome: Marta Gómez
origem: Colômbia
info: A Marta é uma das mais famosas cantoras latino-americanas, com a diferença de que também escreve a maior parte do que canta. É uma mulher bonita, daquelas que nos fazem esquecer em que paragem devíamos sair quando se cruza connosco no autocarro. Por falar em autocarro, sigam viagem até ao site dela.
Mais uma coisa, quem não gosta desta música não merece viver. :)

pensamentos catatónicos (53)

Quando duas pessoas gostam uma da outra, é quando têm mais oportunidades de se ferirem uma à outra também.

2.02.2007

melhor do mundo

Há por aí muito pessoal a armar-se que joga bem michu. Chegam ao pé duma miúda gira, com um copo de vermute on the rocks na mão, e dizem: - "queres vir jogar michu p'ra minha casa? Não encontras ninguém tão bom a jogar michu como eu...".
A verdade, no entanto, é só uma: eu sou o melhor jogador de michu do mundo. Agora, quando sair do trabalho, vou até um bar qualquer e, quando encontrar uma miúda gira só tenho que lhe dizer: - "Olá, sabias que eu sou o melhor jogador de michu do mundo? Sabias que sou detentor do record de 1790960 pontos? Queres vir a minha casa?"

idosos namorando no terraço



Da cabeça do divorciado, actualmente, não sai nada. Fiquem com este desenho de 2006. Talvez mais uma conversa estúpida que tive, e que estou a pensar se ponho ou não... ah! e obrigado por andarem aí.

conversa 81

Eu – Não podes andar a comer coisas diferentes sempre que te apetece, a não ser que sejam donuts. Os donuts fazem-te crescer e ganhas mais pontos por cada um que comeres. Agora, não deves crescer demais em fases complicadas porque depois perdes bocados do teu corpo e perdes também pontos…
Ela – Não percebi…
Eu – Bem, para já vai comendo sempre da mesma espécie… se comeres cinco seguidos iguais podes começar por outro diferente…
Ela – Ah! Eu gosto de comer diferentes por causa da música.
Eu – Assim nunca vais jogar bem michu.
Ela – Jogo bem, jogo. Só não faço pontos…
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

marionetas



O Centro Multimeios de Espinho tem patente uma exposição de marionetas e formas animadas. Hoje andei por ali, à tarde, a tirar fotografias. Apenas eu e as marionetas. Saí de lá com a impressão que elas me liam o pensamento. Estes dois tipos, por exemplo, estavam a discutir sobre mim. O de barbas ia dizer-me para estar quietinho e meter-me na minha vidinha. Não tens hipótese nenhuma com ela, gritou. Depois o outro mandou-o calar e meter-se ele na vida dele. Fez bem…

2.01.2007

coisas que fascinam (32)

Em França o café vinha com cubos de açúcar, não com pacotes de açúcar como em Portugal. Descobri isso pouco depois de a ver a correr, no cais da estação, na minha direcção. O primeiro abraço, o primeiro beijo, os primeiros cheiros, o primeiro sinal de cansaço, a primeira certeza de que ela ainda existia. Depois o primeiro café.
Gestos decididos, disse-lhe eu, e perante o silêncio aprofundei a ideia: - “Esta empregada tem gestos curtos mas rápidos, desde o olhar ao arrumar as cadeiras. São gestos decididos... de certeza que dorme oito horas por dias certinhas, não fuma nem bebe muito, guarda a comida que sobra em tupperwares para fazer outras refeições e toma café sempre ao balcão”. Ela sorriu, mas não foi um sorrir qualquer: - “Chegaste agora e já estás a reparar nas francesas?”. Eu dei pelo erro e compensei. Expliquei-lhe que se encostasse um cubo de açúcar ao café, ela veria o líquido a subir e pintar de negro a solidez do doce. O doce tinha espaços por preencher, o amargo não. Ninguém o disse mas ambos o pensámos.
Não falei muito. Fiquei a ouvi-la falar durante muitas horas, e para mim era como se estivesse num concerto da melhor música do mundo, sozinho numa sala de cadeiras acolchoadas e perfeita equalização. Estás pouco falador, disse-me entretanto. Aí fui eu que lhe sorri sem ser um sorriso qualquer: - “É preferível adoçar um bocadinho o amargo mergulhando nele o açúcar, do que deixar esse amargo invadir lentamente o que é doce”. Estava frio em Bordéus. Eu estava desempregado e passara três meses a tentar juntar dinheiro para a ir ver uma semana a França. Pedimos mais dois cafés que a empregada de gestos decididos trouxe para mesa e, antes de os beber, pedimos uma dose extra de açúcar.
Estava mesmo apaixonado. Lembro-me de sentir as pernas a tremerem debaixo da mesa, de achar que não tinha força suficiente para levantar uma simples chávena de café, de sentir as palavras agarradas à garganta e não quererem sair. Depois fomos para a casa dela. Queres ir de táxi ou a pé? Perguntou-me. A pé e pelo caminho mais longo, respondi. Estávamos em Outubro de 1992. Desde então e até esta semana que as palavras não me ficavam assim, agarradas à garganta.

coisas que fascinam (31)

Uma colega minha de trabalho disse-me hoje de manhã que estou com uma cara diferente. Pois estou, respondi.

projecto de lei

Devia haver uma lei que obrigasse as pessoas a apaixonarem-se pelo menos uma vez por ano. Fazem tantas leis estúpidas que, uma vez na vida, deviam fazer uma a sério.

seis pontos sem interesse nenhum sobre o divorciado

1) O divorciado não sente o chão quando anda, não ouve a campainha de casa tocar e esquece-se do leite a aquecer no fogão.
2) O divorciado sentou-se hoje de manhã no comboio, em Aveiro, e não se lembra da viagem de 35 minutos que fez até Espinho.
3) O divorciado gosta mais de nozes hoje do que há três semanas atrás.
4) O divorciado já tomou dois cafés hoje e vai tomar outro, já a seguir a este post, porque não dormiu nada esta noite.
5) O divorciado está sem capacidade de concentração suficiente para poder, nos próximos tempos, tornar-se no melhor jogador de michu do mundo. Mas não se preocupem… não desistirá.
6) O divorciado tem vontade de praticar desportos radicais, tipo xadrez ou damas, mas acha que neste momento perderia todas as partidas.

pelo NÃO 3

o jakim também é pelo NÃO e publica hoje uma imagem que não deixa margens para dúvidas. Vão lá ver.