10.31.2008

conversa 1039

Ela - Posso dormir no teu sofá este fim de semana?
Eu - Podes.
Ela - Foi onde dormi melhor nos últimos tempos. Foi no teu sofá enquanto tu trabalhavas no computador a noite toda...
Eu - Eu lembro-me. Então se eu não estiver a trabalhar no computador ainda dormes melhor.
Ela - Não... durmo melhor se estiveres no computador...
Eu - Não me vais pedir para ficar no computador a noite toda, pois não?
Ela - Vou... Quer dizer, ia.

conversa 1038

Ela - Tenho que te dizer uma coisa.
Ela - Eu não estou apaixonada por ti mas também não quero que ninguém se apaixone. Nem que tu te apaixones por ninguém. Pronto, já disse. Estava aqui atravessado.
Eu - Mas porquê?
Ela - Não quero e pronto. Vê lá o que fazes... quero que isto continue sempre assim entre nós os dois.
Eu - Em part-time?
Ela - Chama-lhe o que quiseres.
Eu - Mas vai acontecer com um de nós, mais cedo ou mais tarde.
Ela - Então tem que ser comigo primeiro. Deixa-me arranjar um gajo qualquer e depois já podes.

conversa 1037

Ela - É verdade que és anósmico?
Eu - Sim... não na totalidade mas sou um bocado, sim...
Ela - Eu tenho uma amiga que não consegue arranjar namorado porque tem um problema hormonal e cheira muito mal...
Eu - Esquece.
Ela - Esquece porquê? Se tu não cheiras...
Eu - Mas não vou andar com uma mulher que cheira mal só por isso, não é?
Ela - Não é só por isso...
Eu - É porquê?
Ela - Tu às vezes também precisas dum banho...
Eu - Eu tomo banho todos os dias já por causa disso...
Ela - Então passa a tomar dois.

trois

1] Aveiro na cultura popular... mais propriamente numa música dos trabalhadores do comércio. [link ]
2] De vez em quando lá se compreende mais ou menos uma mulher por um dia ou dois. [link]
3] A ssrighid é minha amiga e, sem medos, criou uma etiqueta chamada conversas à moda do blog do Ivar. [link]

conversa 1036

(no carro, com o rádio ligado)

Ela - Podes pôr outra vez aquela música?
Eu - Que música?
Ela - Esta que acabou de tocar.
Eu - Não posso. É rádio...
Ela - E sabes que música é? Assim podias tirá-la da net...
Eu - Ia distraído. Nem ouvi.
Ela - É o costume. Quando é importante prestares atenção nunca prestas.

10.30.2008

conversa 1035

Ela - As mulheres e os homens nunca serão iguais.
Eu - Nunca serão iguais como?
Ela - Às mulheres que pretendem igualdade com os homens, falta-lhes ambição.

um bushmills a meio da tarde

1] Está frio. Entro num café porque preciso beber um bushmills com gelo. É um café qualquer, resignado a uma posição secundária numa estrada nacional.

2] Gosto da maneira como a empregada sorri, juntando os lábios tímidos um no outro. Parece tão afectiva assim. Tento ser simpático mas a voz sai-me monocórdica e forte. Um bushmills com gelo, por favor.

3] Na mesa ao lado da minha, uma mulher já bebeu um chá e já comeu uma torrada. Agora pousou o queixo numa das mãos em forma de concha e olha lá para fora como se esperasse alguém.

4] Numa mesa do canto quatro homens jogam às cartas como se essa fosse a melhor forma de esperar pela Morte, desafiando-a com um jogo insípido qualquer. Olho lá para fora pela janela pontilhada pelos pingos da chuva. A Morte não está a chegar. Nem alguém.

5] A empregada põe o bushmills na mesa. Não tem gelo mas eu não protesto. Bebo-o mesmo assim. É um forma de compensar a minha voz grossa de há pouco. Tenho dois telefonemas não atendidos no telemóvel. Um de um número desconhecido, outro duma amiga de quem me apetece ouvir a voz. Só me apetece ouvir a voz dela porque está frio. Há mulheres frias e mulheres quentes. Esta é quente. Os homens são sempre mornos.

6] Não é a morte mas é quase. Uma família romena com duas crianças entra no café e estende a mão a todos. O homem estende-a aos jogadores de cartas, a mulher estende-a a mim, uma criança estende-a à mulher ao meu lado e outra criança, empoleirada no balcão, estende-a à empregada dos lábios juntos. São mãos que pedem mais uns minutos de vida. É curioso como a Quase Morte pode pedir vida, penso.

7] Tenho dúvidas se estou a beber um uísque ou se é o uísque que me está a beber a mim.

8] Os jogadores de cartas nem olham para o homem que lhes estende a mão. É natural. Esperam a morte e aquele homem é só a Quase Morte. Ainda respira e tudo. Que decepção.

9] Não gosto que me estendam a mão. Não é que me zangue, mas fico sempre decepcionado com o mundo quando alguém me estende a mão. De resto até percebo. Somos todos iguais e todos nos ajoelhamos perante a Fome. Perante a Morte não, perante a Fome sim.

10] A mulher ao meu lado oferece-se para pagar o lanche "aos meninos". Aproveito e ofereço-me para pagar a meias mas a todos. Depois duma conversa com a empregada, que entretanto já não parece tão afectiva, fica combinado. Eles sentam-se numa mesa perto dos homens que jogam às cartas.

11] É giro ver quatro homens à espera da Morte ao lado duma família que mendiga Vida. Melhor ainda, não é giro. É só esclarecedor. Neste momento estou zangado. Só não sei com quem. Com todos, acho eu.

12] Vou pagar e sair. Pergunto quanto é o bushmills e metade do lanche. Olho bem para os lábios dela. Desta vez não se juntaram da mesma forma. É bonita. Saio.

conversa 1034

(ao telefone)

Ela - Liga-te ao messenger que eu preciso falar contigo.
Eu - Estou sem computador. Só lá para o fim da tarde é que devo conseguir ligar-me.
Ela - Ok, então eu espero.
Eu - Mas se tens alguma coisa para me dizer, diz-me agora.
Ela - Não. Tem que ser pelo messenger.

pensamentos catatónicos (152)

O carregador do meu portátil deixou de funcionar. É um computador velhinho mas eu tenho a mania de usar as coisas até ao fim, por isso esperei até ter tempo para cortar o cabo de alimentação na zona visivelmente estragada e comprei um "ligador". Resolvi a coisa com menos de um euro mas fiquei sem internet até agora.
Há bocado sentei-me na mesa dum café e também eu me senti sem energia. Pensei na palavra "ligador" várias vezes. Acho que estou ligado a muitas pessoas e ao mesmo tempo a ninguém. Talvez me deva ligar também, a ver se me uso até ao fim. Talvez, sei lá...

10.29.2008

conversa 1033

Ela - Quero deixar de fumar mas quanto mais insegura estou mais fumo...
Eu - Devias pelo menos fumar tabaco de enrolar... fumavas menos e não faz tão mal.
Ela - Achas que eu tenho vida para andar a enrolar cigarros?
Eu - Acho.
Ela - Estás a ver? Vou fumar mais um. Achas que a minha vida é fácil, não é?
Eu - Eu não disse isso. Disse que achava que podias enrolar um cigarro de vez em quando.
Ela - Disseste, disseste...

o fim começou

Em conversas de homens diz-se de vez em quando que o melhor é um tipo envolver-se com uma mulher casada. Que uma mulher casada, dum amante, só quer a parte boa porque chatices já as tem em casa. Bem... esta teoria é uma tanga. Provavelmente nos homens também.
Em casa parece que está tudo bem. O filho já se habitou a discussões por tudo e por nada, já se habituou a que o pai saia de casa batendo a porta com mais força do que o habitual, já se habituou a que a mãe se feche alguns minutos na casa de banho enquanto ele vê televisão ou joga Playstation.
Na casa de banho ela limpa as lágrimas, mas as lágrimas não caem por causa de mais esta zanga. Caem porque ela tem raiva de não ter coragem de acabar com o inferno onde vive. Perdeu o controle de tudo, incluindo da própria vida, e por isso o amante é a única coisa que ela acha que ainda pode controlar. As mensagens de telemóvel que lhe vai mandar a seguir não são a dizer que gosta dele. São picantes, como se assim pudessem funcionar como um anzol, e chegam sempre com uma ordem qualquer, tipo "não te quero com mais gajas" ou "vê lá o que andas a fazer na minha ausência".
O marido dela pode estar a embebedar-se enquanto vê um jogo de futebol no café, pode estar no cinema ou até numa casa de putas. Já não interessa. O fim começou.

a proximidade

Às vezes, por um momento, é possível amar a mulher que não conhecemos e com quem nunca falámos. Aquela com quem nos cruzamos timidamente no elevador do centro comercial, aquela que depois passa as nossas compras pelo leitor de códigos de barras, aquela que está à nossa frente na fila para a caixa multibanco. É possível amar a mulher que atravessa a passadeira na direcção oposta à nossa ou a mulher que se senta ao nosso lado no comboio. São amores que não o chegam a ser, mas que cumprem aquilo que amores que já o foram não cumprem mais: a proximidade.

conversa 1032

Ela - O meu filho acha que eu e tu devíamos ser namorados.
Eu - E explicou-te porquê?
Ela - Assim, assim. Não explicou tudo mas disse-me que lhe prometeste que um dia destes iam para a lixeira da Taboeira com uma caçadeira matar ratazanas...
Eu - Não...
Ela - Foi ele que inventou essa história?
Eu - Não, pronto. Prometi-lhe porque estávamos a jogar computador...
Ela - Olha que eu não preciso de mais nenhum filho, pá. Principalmente dum quase com quarenta anos. Vê lá se atinas...

mulheres que eu gostava de poder não compreender (74)



nome: Somi
origem: EUA/Ruanda
info: Nasceu no estado de Illinois mas é de origem ruandesa. Podem conhecê-la melhor na página pessoal. Não me apetece dizer mais nada sobre ela a não ser que... aqueles olhos dão cabo de mim, pá.

conversa 1031

Ela - Estive a pensar no que se passou entre nós.
Eu - Pensaste mais no que se passou ou mais no que não se passou?
Ela - Pensei que ainda não estamos preparados para nada. É a verdade.
Eu - Nem estamos nem vamos estar. Já percebi que se um de nós começar uma relação entretanto vai sempre ser um processo doloroso. Gostamos demasiado de estar sozinhos.
Ela - E agora?
Eu - Agora vamos combinar um jantar esta semana... com bacalhau assado, se possível.
Ela - Boa ideia.

a cerveja é uma bebida de homens?



A cerveja alemã St. Pauli Girl, como o próprio nome indica, sustenta a sua imagem de marca numa mulher. Quem dá corpo a essa personagem é uma mulher real, conforme podem ver na página oficial. Chama-se Irina Voronina e nasceu na Rússia.
Neste cartaz a Irina é apresentada não como uma mulher mas sim como uma garrafa de cerveja. Para além de transmitir a ideia errada de que a cerveja é uma bebida de homens, o que é que se faz a uma garrafa de cerveja depois de consumida? Põe-se fora... Pois é.

10.28.2008

respostas a perguntas inexistentes (46)

O tempo é estúpido. Engoliu-a e não disse nada. Só quando ele reparou que ela não ia telefonar como das outras vezes em que eles se tinham zangado é que percebeu isso: o tempo tinha-a engolido. Sentiu-se triste e aliviado ao mesmo tempo, o que não deixou de lhe fazer confusão. Tinha saudades da boca dela.

conversa 1030

Ela - Conheces alguma mulher tão bonita que não és capaz de pensar em mais nenhuma?
Eu - Conheço... umas dez.
Ela - Umas dez não pode ser. Tem que ser uma que te faça não pensar em mais nenhuma.
Eu - Sim, umas dez, já te disse. Quando estou a olhar para uma delas não penso em mais nenhuma
Ela - Não és nada romântico.
Eu - Tu é que achas que uma gaja ser bonita é condição sine qua non para não pensar em mais nenhuma. Não é.
Ela - Então o que é que te faz não pensar em mais ninguém?
Eu - Sei lá. A ti basta-te conheceres um gajo muito giro que já não pensas em mais ninguém?
Ela - Sim, pelo menos no momento em que estou a olhar para ele.
Eu - Isso foi o que eu disse.

conversa 1029

(ao telefone)

Eu - Olá! Então?
Ela - Então, está tudo bem?
Eu - Está, e contigo?
Ela - Também. Estou a telefonar porque vou sozinha na rua e, a esta hora da noite, preciso ir a falar com alguém...

conversa 1028

(ao telefone)

Ela - Epá... sempre achei que o amor era o único remédio para as minhas depressões.
Eu - E agora, já não achas?
Ela - Acho... mas agora não tenho conseguido o remédio.
Eu - Deixa lá, eu começo a achar que o amor, mais tarde ou mais cedo, é a melhor forma de ficar com uma depressão.
Ela - Pois, como todos os remédios deve-se tomar nas quantidades certas. Nem mais nem menos.
Eu - E como é que sabes qual é a quantidade certa?
Ela - Olha... o melhor é ficarmos pelo sexo.

miss América

Toda a gente goza com o concurso Miss América por causa das barbaridades que as concorrentes dizem mas, em abono da verdade, a única coisa que distingue o concurso Miss América das eleições presidenciais americanas é que os concorrentes às presidenciais são... homens.
Eu cá prefiro ver a Miss América.

enquanto não encontra um real man



Esta rapariga acha que deve fumar um cigarro Winston enquanto não encontra um homem a sério. Se eu fosse a ela tinha cuidado, não vá morrer com cancro da boca ou do pulmão antes de encontrar o que procura. Eu não fumo nem nunca fumei, mas se fumasse tenho a certeza que depois de ver esta publicidade nunca mais comprava Winston...
Entretanto... fico a pensar o que é que raio a miúda vai fumar quando encontrar o tal homem...

10.27.2008

conversa 1027

Ela - Se fosses mais adulto em algumas coisas, eras de certeza um bom companheiro para qualquer mulher. Mas assim...
Eu - Mais adulto como?
Ela - Mais adulto. Se não te transformasses de vez em quando numa criancinha. Estou em tua casa e tu interrompes uma conversa para ir jogar não sei o quê...
Eu - Ah! Isso é o Travian. Foi só um minuto. Tinha que fazer um ataque a outra aldeia porque faço parte duma aliança...
Ela - É isso que eu quero dizer.
Eu - Mas nem um minuto foi...
Ela - Não interessa. Chateaste-me.

pensamentos catatónicos (151)

Às vezes, quando ligo o motor do automóvel segunda-feira de manhã e ele não começa a trabalhar à primeira nem à segunda tentativa, fico com a sensação que ele também sabe que é segunda-feira de manhã. É como se ele soubesse que andar a levar-me de casa para o trabalho e do trabalho para casa, não é a mesma coisa que me levar a dar uma volta ao fim de semana. Hoje entrei no carro de manhã e tornei a sair. Fui a pé tomar o pequeno-almoço a uma pastelaria de que gosto muito.

conversa 1026

Eu - Um café, por favor.
Ela - Está com um ar abatido.
Eu - Não é abatido. É cansado.
Ela - O que é que andou a fazer?
Eu - Nada. Foi só um jantar este fim de semana.
Ela - Não deve ter sido só isso. Eu janto todos os dias e não ando cansada.

conversa 1025

Eu - Sim, chateei-me com ele mas nem ligo muito a isso.
Ela - Porquê?
Eu - Porque não. Mais tarde ou mais cedo acabamos por beber um copo e pronto, fazemos as pazes.
Ela - Pois. Quando dois homens se chateiam nunca é como quando duas mulheres se chateiam.

10.24.2008

bom fim de semana e um abraço com mais de dois segundos

Uma escola do Arizona, nos Estados Unidos, proíbe os abraços com mais de dois segundos. Proibir uma manifestação de afecto é próprio de quem nunca se resolveu a si mesmo na vida. Acho que é o que se passa com a moralidade americana: tem que se resolver primeiro antes de decidir o que é legal e ilegal.
Enfim... este fim de semana vou dedicá-lo a pessoas de quem gosto muito. Não sei se vou passar por aqui mas vou tentar. Para vocês, bom fim de semana e um abraço com mais de dois segundos...

todos os dias e todos os presentes

O modelo político vigente não vê pessoas. Vê números. Considera que são as pessoas que devem servir a Economia e não a Economia que deve servir as pessoas. É ingénuo acreditar que isso não gera vítimas. Em nome da Economia que não serve quase ninguém, vai-se perdendo a vida todos os dias, adiando todos os dias a esperança de ser feliz. O trajecto casa-emprego-casa é cada vez mais uma simples transformação de oxigénio em dióxido de carbono. Respira-se sofregamente com o olhar inerte sempre no dia de amanhã, que talvez seja melhor. É a Economia que nos diz que, em nome de um futuro qualquer que nunca chega, devemos abdicar do presente. Todos os dias, todos os presentes.

Na rua procuram-se sorrisos entre as faces desbotadas, enquanto se esquadrinham as ruas contornando ombros ora caídos, ora endurecidos. E não se encontra nem um que não seja esculpido à força pela obrigação. A obrigação de atender um cliente ao balcão duma loja, a obrigação de se mostrar que não se está triste. Mas em nome da Economia tudo vale: um código de trabalho feito com a contribuição do provedor de empresas de trabalho temporário, que despe a dignidade a quem trabalha e quem, todos os dias e todos os presentes só queria conseguir olhar de frente os filhos que tem em casa; e todos os dias e todos os presentes se subsidia uma crise económica gerada por quem nos rouba esses dias e esses presentes. Todos os dias em nome de nada.

O crescimento económico não é desenvolvimento económico, e por isso também não é o desenvolvimento de nada, a não ser desta contínua morte lenta que nos cinge silenciosamente. Não é desenvolvimento social, não é desenvolvimento intelectual, não é desenvolvimento emocional, e a merda da compra a crédito dum automóvel com gps não substitui a falta de sabor que não conseguimos ter quando abraçamos quem amamos, ou era suposto amarmos. Já nem sabemos bem. Sabemos só que todos os dias e todos os presentes vamos sobrevivendo amparados ao que está prestes a cair.

Nos jornais discute-se pseudo-política por quem nem sequer sabe o que isso é. A questão verdadeira não é onde se constrói a merda dum aeroporto ou se o computador Magalhães já chegou às escolas. A questão de fundo é o modelo político em que vivemos... e esse está errado. Todos os dias e todos os presentes.

Bom fim de semana a todos os leitores e leitoras deste blogue, e obrigado por existirem.

mulheres que eu gostava de poder não compreender (73)



nome: Veeda
origem: Ghana
info: é uma das novas divas da nova música produzida no Ghana, uma fusão entre música tradicional e r'n'b, com a devida margem de erro que há sempre quando se cataloga assim o trabalho de alguém. Nasceu no Ghana mas passou parte da sua adolescência nos Estados Unidos, onde terminou os seus estudos. Como música, começou nos coros de alguns dos mais influentes músicos daquele país africano. É bonita na forma como canta e como dança e, na minha modesta opinião, é também uma mulher tão atraente que eu era capaz de quase tudo para ter um jantar com ela. Enfim... talvez um dia destes vá ao Ghana...
Este vídeo não é o mais recente mas, sinceramente, é o que eu gosto mais...

conversa 1024

Ela - Dois anos de divórcio e nada de relações. É uma miséria isto...
Eu - Quatro.
Ela - Ahn?
Eu - Já te divorciaste há quatro anos, certo? Ou mais, até.
Ela - Mas eu estava a falar de ti. A tua vida é que é uma miséria. A minha já nem isso é.
Eu - A minha vida não é uma miséria.
Ela - É, é. Se a minha é a tua também tem de ser.
Eu - Pronto...

conversa 1023

(ao telefone)

Ela - Estive o dia todo metida em casa a acabar um trabalho. Cheguei à meia-noite e reparei que ainda não tinha falado com ninguém o dia todo.
Eu - Estou em Espinho mas vou agora para Aveiro. Compro duas cervejas numa bomba de gasolina, umas batatas fritas e passo aí. Pode ser?
Ela - Traz só as cervejas. Quatro. Eu vou fazendo qualquer coisa para comeres.
Eu - Fixe. Até já.
Ela - Ah! e já agora podes comprar tabaco? Eu depois pago-te.
Eu - Posso...
Ela - Óptimo. Ah! e se trouxesses uma coca-cola? Apetece-me uma Cuba Livre e tenho aqui Rum.
Eu - Então não levo as cervejas... ou levo?
Ela - Sim.
Eu - É que eu também bebia uma Cuba Livre, mas como tenho que voltar para casa de carro não quero fazer misturas.
Ela - Mas traz. Bebo-as eu... que não vou conduzir.

10.23.2008

até uma mulher consegue?



Nos anos cinquenta apareceram nos Estados Unidos as primeiras caricas de rosca, em que não era preciso nenhum instrumento para abrir uma garrafa. Em 1953 a marca Alcoa, produtora destas caricas de alumínio, mostrava a vantagem deste sistema duma forma singular: até uma mulher conseguia abrir a garrafa.

na rádio, na tv, nos jornais... quem não vê?

Hoje vou estar no debate político da Rádio Terranova (com emissão on line), entre as 19:00 e as 20:00, defendendo a posição política do Bloco de Esquerda sobre o Piddac para a região de Aveiro.

a sensação copy-paste

A maior barreira no início duma segunda relação é o sentimento copy-paste. Pequenos comportamentos e reacções que já vimos na nossa vida passada e pelos quais não queremos passar de novo. Pode ser um pequeno amuo, uma normalíssima repreensão porque não limpámos a sola dos sapatos no tapete da entrada quando fomos a casa dela. Pode até ser um simples abanar de ombros como resposta a uma pergunta nossa, aquele abanar de ombros que é curto mas deseja provocar um tumulto dentro de nós.
O sentimento copy-paste provoca um rápido recuo no início duma relação e, de facto, a única coisa que o pode derrotar, é uma forte paixão.

conversa 1022

Eu - Tenho trinta e sete anos. Não me vou meter numa relação qualquer. Há pormenores que eu não dispenso...
Ela - Quais?
Eu - Preciso de viver com alguém que tenha um certo equilíbrio. Tem que ser alguém que esteja presente e, ao mesmo tempo, me permita alguma privacidade. É mais ou menos isso.
Ela - Se eu não fosse casada, eu servia.
Eu - Pois.

pensamentos catatónicos (150)

Cheguei a uma conclusão. Normalmente quem se exibe como uma pessoa muito feliz na relação amorosa que tem, na realidade não o é.

conversas 1021

(ao telefone)

Ela - Como é que fazes quanto te sentes sozinho em casa?
Eu - Saio de casa e vou beber um copo.
Ela - E se forem quatro da manhã, por exemplo?
Eu - Nesse caso não faço nada. Tu pelos vistos até fazes. São quatro da manhã e estás a telefonar-me.
Ela - Tu é que disseste que eu podia telefonar a qualquer hora.
Eu - Sim, disse. Não estava a criticar-te.
Ela - Posso ir a tua casa um bocadinho?
Eu - Podes. Eu estou acordado.
Ela - Oh! mas não sei... vou pensar e se decidir ir apareço até às cinco. Pode ser?
Eu - Pode. Eu estou acordado.
Ela - Oh! mas não sei... e o que é que eu faço se aí for?
Eu - Tu é que sabes...
Ela - Vou pensar...

conversa 1020

Ela - Os homens deviam ter um interruptor On/Off..
Eu - Deviam? E quando é que tu ligavas e desligavas esse interruptor?
Ela - Ligava durante a semana, para poder ter sexo depois do dia de trabalho. Ao fim de semana desligava-o e ia espairecer...

conversa 1019

Ela - Sabias que o esperma do homem atinge quarenta e cinco quilómetros à hora no momento da ejaculação?
Eu - Não.
Ela - É só para confirmar o que eu já sabia...
Eu - O quê?
Ela - És mais rápido com a cabeça de baixo do que com a de cima. Como todos os homens, aliás.

americanos....

Nos Estados Unidos da América o sexo oral é proibido nos seguintes estados: Alabama, Arizona, Florida, Idaho, Kansas, Louisiana, Massachusetts, Minnesota, Mississippi, Georgia, Carolina do Norte e do Sul, Oklahoma, Oregon, Rhode Island, Utah, Virginia e Washington. Além disso é crime os homens terem uma erecção visível através da roupa nos estados da Arizona, Florida, Idaho, Indiana, Massachusetts, Mississippi, Nebraska, Nevada, Nova Iorque, Ohio, Oklahoma, Oregon, Dakota do Sul, Tennessee, Utah, Vermont, Washington D.C. e Wisconsin.

aspira-me aqui!

Um homem foi preso por ter feito sexo com um aspirador. Consta que o aspirador, no entanto, não apresentou queixa. [link]

10.22.2008

conversa 1018

Ela - O meu marido já mandou a boca que eu passo muito tempo contigo.
Eu - Tu? Comigo? Mas não passas. Quase nunca estamos juntos.
Ela - Pois não, mas eu digo-lhe que vou ter contigo sempre que saio.
Eu - Vê lá se o gajo ainda começa a pensar que eu e tu...
Ela - É isso mesmo que eu quero.

conversa 1017

Ela - Os leões dão-se bem com touros.
Eu - Dão?! Como é que raio sabes isso?
Ela - Li.
Eu - Não fazia a mínima ideia. Pensava era que os leões comiam touros, se pudessem.
Ela - Estou a falar de signos. Tu não és leão?
Eu - Ah!

aceb - associação contra os engates baratos

Estou a pensar fazer uma associação para reunir todas as pessoas nascidas em território nacional, homens ou mulheres, que detestam frases baratas de engate. A ideia é promover a proibição das palavras flor, Lua, poesia, Sol e espectáculo de qualquer tentativa de engate, acabando com frases do género: és uma flor no meu jardim, se eu pudesse dava-te a Lua, o teu corpo é poesia e brilhas como o Sol. A palavra espectáculo fica proibida apenas a membros de partidos de extrema direita, já que a única frase que conseguem emitir quando se apaixonam é: uau, tás um espectáculo!
Sei também que esta política vai dificultar a vida ao André Sardet e à Mafalda Veiga, mas ambos estão autorizados a comprar uma casa de campo acusticamente isolada, com uma distância mínima de trinta quilómetros de qualquer sinal de civilização, onde poderão fazer músicas novas e cantar sempre que lhes apetecer.
Para não me chamarem extremista, passo a explicar melhor:

flor
A flor é uma parte duma planta angioespérmica, também chamada angiosperma. Se algum totó se quer armar em Romeu com flores, aconselho-o por exemplo a dizer qualquer coisa como: estou cheio de angiosperma para ti. É capaz é de não dar resultado...

Lua
Ora bem. Quanto à Lua não é preciso estar com grandes explicações. Se uma gaja me dissesse que se pudesse me dava a Lua, eu partia logo do princípio que a tipa era aldrabona, ou seja, gostava de prometer o que não podia dar. Olhava logo para o casaco dela a ver se não tinha um autocolante a dizer: quer emagrecer? Pergunte-me como e mandava-a ir vender Herbalife.

poesia
Vou explicar duma forma simples: a poesia é um género lírico e o corpo duma pessoa é o conjunto de todas as partes físicas que a compõem. Portanto um corpo não é poesia, muito menos quando se está, por exemplo, a falar da poesia da Florbela Espanca (Sou aquela que passa e ninguém vê… / Sou a que chamam triste sem o ser… / Sou a que chora sem saber porquê… ) e do corpo da mulher com as maiores mamas do mundo, aquela que já injectou oito quilos de silicone em cada uma. Garanto que toda a gente a vê quando passa. Agora se é triste e chora sem motivo é que já não sei.

Sol
Ora bem... a palavra Sol, para além de ser o nome dum pasquim português que sai todas as semanas, é também o nome da estrela do nosso sistema planetário. Quem olhar directamente para o Sol (seja a estrela seja o pasquim) fica... cego. E pronto, era só isto.

10.21.2008

pensamentos catatónicos (149)

Se eu chamasse qualquer coisa à última pseudo-relação que tive, chamava-lhe surda. Claro que ela não me ia ouvir.

tens a mania

Tens a mania de ser uma cidade. Uma cidade despovoada onde me nidifico nas noites sós, onde um carro pestaneja os médios como se fossem um olhar nervoso e fugitivo, antes de deixar uma sombra na porta da tua casa. E eu não sei se é tua.
Tens a mania de ser um semáforo desprogramado, e por isso eternamente intermitente, ou a porta dum bar fechado, e por isso eternamente. E é nesse bar que me desprogramo eu, mergulhando-me a espaços em ondas de uísque fresco. Há por aqui mais uma sombra duma mulher qualquer. Só não sei se é a tua.

vai ali uma toyota toda boa

Não acho mal que um gajo faça sexo com carros... mas... era preciso ser-lhes infiel com um helicóptero?

conversa 1016

Ela (mostrando-me dois vestidos) - Qual é o vestido que achas que me fica melhor? Este ou este?
Eu - Pfff!
Ela - Não fica nenhum?
Eu - Não é isso. Ficam os dois mais ou menos. Nenhum fica melhor do que o outro...
Ela - Pfff! quer dizer que fica mal. Nem sequer é mais ou menos.
Eu - Eu não queria dizer mais ou menos. Ficam-te os dois bem... é isso.
Ela - Não me parece nada que seja isso. És mesmo reles.
Eu - Estava a ler esta revista... distraído...
Ela - A revista é mais importante do que eu?
Eu - Não, mas estava a dar uma vista de olhos...
Ela - Faz-me um favor: lê a revista e não opines mais sobre os meus vestidos.

conversa 1015

Ela - Estás numa boa posição para teres sexo sem te chateares muito...
Eu - Sexo sem me chatear muito? O sexo nunca me chateou lá muito.
Ela - Não é isso. Estás numa boa posição para estares com mulheres casadas...
Eu - Porquê?
Ela - Porque tens 37 anos... Nessa idade todas as mulheres desejam ter um amante.
Eu - Todas?
Ela - Quase todas.
Eu - Como é que sabes?
Ela - Já tive essa idade, não é?

tabanca

Tabanca (em crioulo de Cabo verde é Tabanka) é um género musical de Cabo Verde que encerra em si um movimento cultural abrangente. Segundo a wikipédia, a tabanca surge quando os senhores dos escravos, imbuídos de algum espírito cristão, terão concedido por um dia a liberdade aos escravos, permitindo-lhes que elaborassem os seus festejos. Os escravos terão então aproveitado essa liberdade temporária para realizar um teatro de rua onde ridicularizavam toda a estrutura social em vigor. Hoje em dia, e apesar da tabanca se ter tornado gradualmente numa manifestação clandestina, sendo inclusive proibida nos centros urbanos, existem uma série de festividades associadas entre Maio e Junho. No entanto, como género musical, foi-se lentamente agonizando.
Apesar da agonia, e porque hoje é noite de Couscous Prosjekt no melhor bar do mundo, é certo que esta tabanca dos Tubarões se ouvirá por lá... a mim não me lembra agonia nenhuma. :)

contribuição do joão branco:
Hoje a Tabanca é uma manifestação reconhecida, estudada e acarinhada, inclusivé, a nivel oficial, como uma das mais importantes manifestações culturais do arquipélago. Sempre que há visitas de Estado, por exemplo, grupos de Tabanca são convidados para se apresentarem. É, diria, uma espécie de folclore cabo-verdiano, embora a sua complexidade e organização vá muito para além da componente etnográfica.
Os grupos de Tabanca concentram-se principalmente na cidade da Praia e em S. Catarina, ambos na ilha de Santiago, a maior de Cabo Verde.

10.20.2008

conversa 1014

(no msn)

Ela - Tens cam?
Eu - Tenho mas não está ligada.
Ela - Liga.
Eu - Não me apetece.
Ela - Gosto de olhar nos olhos as pessoas com quem falo.
Eu - Prometo que se algum dia tomarmos café levo os meus olhos.
Ela - Não percebi. És tímido?
Eu - Muito.
Ela - Onde vives?
Eu - Na minha casa.
Ela - Já fizeste sexo virtual?
Eu - Já mas sem cam.
Ela - ????
Eu - Sexo virtual não é um gajo masturbar-se com uma cam à frente?
Ela - Tchau. Beijinhos.
Eu - Tchau.

conversa 1013

(ao telefone)

Ela - Deixaste aqui em minha casa a tua esferográfica de madeira. Aquela que te ofereceram com o teu nome inscrito...
Eu - Mas eu não vou a tua casa há um mês, mais ou menos...
Ela - Pois... na verdade fui eu que a trouxe sem querer, no bolso, a última vez que fui aí...

inverdade

1] Tenho sono. Lembro-me que hoje a minha sombra se deitou no alcatrão da estrada e foi atropelada por um automóvel. Não morreu. Pelo menos está aqui comigo no quarto, agora, enquanto folheio um jornal roubado no café cheio de manchas de gordura. Vai dormir comigo.

2] A roupa da cama está desarrumada. Ontem fiz amor com a solidão e depois saí à pressa de manhã. No chão estava um copo de uísque em que dei um pontapé. Ouvi-o rolar sobre o soalho de madeira mas nem perdi tempo a olhar para trás.

3] Agora o copo ainda ali está. Parece o cadáver dum pequeno animal qualquer. Penso nele como um animal venenoso e por isso não lhe toco. Sabe-me bem chamar veneno ao uísque. Dá-me uma ligeira sensação de sobriedade. Só não consigo perceber porque é que estava com tanta pressa de manhã. Fui e vim. Agora estou aqui sem que nada tenha mudado na minha vida.

4] É assim que me explico. O amor deve ter um limite de velocidade qualquer e eu ultrapassei-o. É nítido que o ultrapassei durante muito tempo. Agora tenho medo de tornar a acelerar. Não fui eu que reparei nisso. Foi ela, portanto deve ser verdade.

5] É raro reparar com verdade em mim. Ela telefonou-me há bocado e eu menti-lhe. Disse-lhe que tinha que trabalhar só para ela não vir dormir comigo. Depois vi a cama desarrumada pela solidão da noite anterior e inventei uma desculpa estúpida: a minha sombra está ferida porque foi atropelada. É uma desculpa estúpida, sim, mas é raro reparar em mim com verdade.

pensamentos catatónicos (148)

Há sempre uma mulher na linha da frente do nosso pensamento. Mesmo quando não estamos totalmente apaixonados por ninguém, há sempre uma que ocupa uma espécie de primeiro lugar e em quem pensamos pelo menos quarenta e seis vezes por dia. Isso é lixado.

conversa 1012

Ela - Tenho que encontrar um homem com quem eu possa andar sem andar, percebes?
Eu - Não.
Ela - Um homem que eu goste e que goste de mim. Que esteja comigo quando eu preciso e seja carinhoso mas, ao mesmo tempo, me dê espaço e privacidade quando preciso.
Eu - E se por exemplo for ele a precisar de ti num momento em que precises desse espaço e dessa privacidade?
Ela - Pois... isso não sei.
Eu - Nem eu.

conversa 1011

Ela - Tu dizes que não queres viver com ninguém, que estás muito bem sozinho e essas coisas todas porque não percebes o essencial da questão.
Eu - E o que é o essencial da questão?
Ela - Um casamento não é quando uma pessoa encontra outra com quem consegue ou quer viver junto. Um casamento é quando uma pessoa encontra outra sem a qual não consegue viver.
Eu - É uma frase feita mas mesmo assim... deixaste-me a pensar.
Ela - As frases são todas feitas. Não existem frases não feitas.

anos 80

Em 1980 eu fiz nove anos. Era o início duma década de sonho para os miúdos prestes a entrar na adolescência. Para trás ficava a sujidade e os alfinetes do punkrock dos sex pistols e começava a maravilhosa era das estrelas sexy dos anos 80. Não havia internet e a Sic e a Tvi só começariam as suas emissões no início dos anos 90. Por isso mesmo estávamos limitados aos canais da rtp e a um programa que se chamava top disco onde, durante meses a fio, fomos obrigados a ver os telediscos do Stevie Wonder, I Just Called to Say I Love You, e dos USA for Africa, We Are the World. Entre estes telediscos insuportáveis, uma vez por outra, lá tínhamos acesso a um ou outro com miúdas muito curtas de roupa. Para além do top-disco, o acesso visual a mulheres quase nuas restringia-se à revista Bravo que, apesar de só existir em alemão, o pessoal comprava para ficar com os posters e os autocolantes. Com mais coragem, entre amigos, às vezes lá se tirava à sorte para vem que ia comprar a revista Gina, uma revista de fotonovelas pornográficas quase tão rasca como o Correio da Manhã. Eu, totalmente corado, lá fui algumas... ah, e por falar em Correio da Manhã, foi também o primeiro jornal de grande tiragem a publicar uma revista ao fim de semana com mulheres nuas. Mas a sério que éramos felizes... tão felizes, aliás, que me sinto na obrigação de dedicar um espaço a algumas dessas mulheres...

Samantha Fox
Teve o grande hit Touch Me (I Want to Feel Your Body), em cujo teledisco aparecia a cantar com umas calças de ganga rasgadas no rabo e, para além dum casaco também de ganga aberto, uma camisola preta justa que lhe fazia sobressair os seios. Quanto a mamas grandes em cintas demasiado magras, não havia nada para ninguém. A Samantha (na foto) tinha febra que chegava e sobrava. Sempre acreditei que era para mim que ela cantava os versos Touch me, touch me / I want to feel your body / Your heart beat next to mine / This is the night / Touch me, touch me now. Não era.

Sabrina
Consta que foi a primeira estrela pop a injectar silicone nos seios. Não é verdade mas o mito durou muito provavelmente porque no seu video Boys, filmado numa piscina com ela aos saltos entre umas bolas de praia sabe-se lá porquê, o biquini vai-lhe caindo até deixar praticamente tudo à mostra. Era o delírio. Quase no princípio há um gajo que entra de sapatos e fato na água para lhe servir uma bebida. Ainda hoje quando vou à praia e vejo uma miúda com um biquini branco me lembro logo da Sabrina. Boys boys boys, I'm looking for a good time /Boys boys boys, get ready for my love.

Tiffany
A Tiffany, uma americana de origem libanesa, tinha uma particularidade que eu nunca mais me esqueci: apesar de ser uma estrela já nos anos 80 tinha a minha idade. Exacto, também é da grande colheita de 1971. Por isso sempre pensei que fosse possível... conhecê-la melhor. Mandei-lhe uma carta a explicar que a versão dela da música I Think We Are Alone Now era fantástica e que a forma como eu a sentia era uma coisa entre mim e ela. Na resposta mandou-me uma fotografia autografada sem uma única palavrinha. Enfim... desilusão total.

10.19.2008

conversa 1010

Ela - Tu és exageradamente parecido com o meu ex.
Eu - Exageradamente porquê? Ele era assim tão feio?
Ela - Era.

poliamor

O Jornal de Notícias publica hoje uma reportagem sobre a comunidade Poliamor em Portugal. Os poliamantes recusam a excessiva carga sexual na relação e são adeptos da poligamia. Não a poligamia consentida como uma espécie de infidelidade sexual, mas sim uma poligamia em que não há lugar para traições, ilusões ou infidelidades. Porque ninguém é enganado.
O Poliamor, segundo a wikipédia, é a tradução livre para a língua portuguesa da palavra inglesa Polyamory, que descreve relações interpessoais amorosas que recusam a monogamia como princípio ou necessidade.
A ideia agrada-me. A organização formal dos poliamantes... não a acho necessária. [link]

10.18.2008

conversa 1009

(numa esplanada)

Ela - Olha, estás a ver ali aquele gajo naquela mesa?
Eu - Aquele de camisola azul?
Ela - Sim.
Eu - O que é que tem?
Ela - É meu amigo.
Eu - É? Não se cumprimentam porquê?
Ela - É meu amigo no Hi5.

as mulheres são vingativas?



Lembro-me de uma amiga minha me dizer que os chocolates têm uma espécie de efeito de bola de neve nas mulheres, isto porque as engordam e ao mesmo tempo combatem estados depressivos. Uma mulher come chocolate e engorda, depois fica deprimida, come chocolate e engorda de novo. Isto não é para levar à letra, mas que os chocolates são doces lá isso são. Segundo esta publicidade aos chocolates ekelof, para uma mulher são mesmo a única coisa mais doce que a vingança...

10.17.2008

não fiquem deprimidos que é normal.

1] Quando uma mulher chega a casa, depois de um dia normal de trabalho, e tira os sapatos, já não sai de casa por motivo nenhum. Quando lhe telefonamos a convidá-la para sair, diz muito simplesmente: "já me descalcei". A resposta normal seria: "então calça-te" mas um gajo às vezes fica sem forças. Não fiquem deprimidos. É normal.

2] Quando por acaso ela não se descalçou e vamos jantar fora a um restaurante qualquer e, depois de já termos comido as entradas e bebido um cerveja, ela decide que aquele restaurante não tem nada de jeito na ementa e temos que ir a outro, não fiquem deprimidos. É normal.

3] Quando dão boleia a uma mulher e ela se engana três vezes a indicar o caminho da própria casa, e depois de finalmente indicar o caminho certo e nós termos perdido vinte minutos a encontrar um lugar para estacionar, ela se lembra que se esqueceu de alguma coisa no restaurante em que jantámos, ou melhor, não nesse mas naquele em que só comemos as entradas, não fiquem deprimidos. É normal.

a virgem mais velha de Inglaterra

Esta senhora tem 105 anos de idade e é considerada a virgem mais velha de Inglaterra. Chama-se Clara Meadmore e diz que teve várias amizades platónicas, mas nunca sentiu a vontade de ir mais longe ou mesmo de casar. Como quando era jovem o normal era ter sexo apenas com o marido, ainda é virgem. Como segredo da sua longevidade apresenta precisamente o facto de ser virgem, dizendo que o sexo envelhece.
Na verdade não acredito que o sexo envelheça. Antes pelo contrário até acredito que é um dos melhores e mais saudáveis exercícios que podemos praticar. Aquilo que envelhece é... casar. E ela nunca casou. Nunca teve discussões conjugais, nunca se cansou de partilhar o mesmo espaço com a mesma pessoa durante anos, nunca olhou para um homem como se ele fosse o dono da sua vida. Por isso é que chegou aos 105 anos...

pensamentos catatónicos (147)

A faca desliza um pouco enquanto corto a cebola e fere-me o dedo. É normal, acho que me corto uma em cada três vezes que cozinho. Sangro e, por isso, vou à casa de banho desinfectar a ferida. Sento-me no banco e espero um pouco, enquanto estagno o sangue com algodão embebido em água oxigenada.
No chão estão alguns cabelos compridos que eu sei de quem são. É estranho. Estes cabelos e a minha ferida na mão fazem-me ter um pensamento catatónico: há mais de um ano que não dou a mão a uma mulher na rua.

conversa 1008

Eu - Já não te via há éne tempo, pá. Estás bem?
Ele - Sim. Estou a morar com aquela eslovaca de que te falei uma vez.
Eu - Ah! Fixe...
Ele - Ela é fixe, sim. Só que já me anda a controlar demais.
Eu - Controlar como?
Ele- Opá, as eslovacas e as portuguesas são a mesma coisa, já percebi. Agora tenho horas para jantar, horas para chegar a casa, tenho que lhe dizer para onde vou quando saio à noite... enfim. Às vezes saio para tomar café com um amigo e às onze já me está a telefonar para saber onde ando.
Eu - E não sais com ela? Ela se calhar ainda não tem muitos amigos. Como não é de cá...
Ele - Não faltava mais nada. Depois começa a saber também que locais frequento.

conversa 1007

Eu - Então, já andas melhor?
Ela - Já. Só há uma coisa que me deixa fula no fim do meu casamento.
Eu - o quê?
Ela - Devia ter sido eu a acabar com ele e não o meu marido. Assim ele ficou a rir.
Eu - Estive com ele há uns dias e não me pareceu com grande vontade de rir. Essa ideia de que quem acaba com uma relação não sofre está errada. A sério.
Ela - A sério?
Eu - Sim.
Ela - Espero que ele sofra muito, então.

conversa 1006

Eu - Estou aqui em casa sem fazer nada. Queres ir ao cinema?
Ela - Ver o quê?
Eu - Não sei... gostava de ver o Mamma Mia. Ainda não vi...
Ela - Eu até ia... mas ainda não jantei.
Eu - Eu estou a fazer o jantar agora. Se quiseres passa aqui e jantas cá.
Ela - Estava à espera que dissesses isso. Vou aí jantar mas depois não me apetece ir ao cinema.

10.16.2008

conversa 1005

Ela - Achas que pode haver uma pessoa por quem gostavas mesmo de te apaixonar mas não consegues?
Eu - Claro que pode.
Ela - Acho que é o que se passa contigo. Queria apaixonar-me por ti e não consigo.
Eu - E porque é querias isso?
Ela - Porque sim. Gosto de estar ao pé de ti.
Eu - Deixa lá. Se te apaixonasses por mim talvez deixasses de gostar de estar comigo em pouco tempo. Assim é fixe. Vamos jantando juntos de vez em quando e indo ao cinema. Por mim está-se bem e chega.
Ela - Combinado.

respostas a perguntas inexistentes (45)

Na estação está uma mulher à espera do último comboio da noite. Ela e eu somos os únicos. Já olhei para ela e ela já olhou para mim. Agora esperamos o comboio em silêncio. Se não fôssemos humanos, se fôssemos por exemplo cães, estávamos a interagir um com o outro até que o comboio chegasse. Talvez eu pudesse aproximar-me dela e cheirar-lhe o nariz ou talvez pudesse simplesmente deitar-me no chão com ela aninhada em mim. Mas não. Estamos os dois a uma distância estratégica um do outro esperando o comboio em silêncio.

conversa 1004

(às duas da manhã)

Eu - Olha, por favor, onde é que eu posso comer alguma coisa a esta hora?
Ela - Comer o quê?
Eu - Comida.
Ela - Ah! Siga esta rua e vire à direita no fim. Depois vai ver aí um café que ainda está aberto...

fetiches

Há fetiches mais ou menos comuns aos homens. Pelo menos é o que a minha memória selectiva de conversas de café me leva a querer. A saber, e por ordem alfabética:

a dentista
A dentista é um fetiche comum a todos os homens que gostam de sexo oral, por razões que me parecem mais ou menos óbvias, mas no meu caso não é só isso. Quando era adolescente andei no consultório duma dentista que, para além de ser extremamente bonita era também pequenina. Como a cadeira não baixava o suficiente ela, instintivamente e para me tratar a boca, tinha que a trepar. Normalmente acabava com ela nitidamente em cima de mim. Para além disso tinha a mania de falar muito e de me fazer perguntas a que eu nunca podia responder porque estava com a boca aberta e cheia de coisas. Nunca mais fui o mesmo...

a enfermeira
A enfermeira é o fetiche dos fetiches. Nenhum homem me venha dizer que nunca teve um sonho húmido com uma enfermeira que eu não acredito, e desenganem-se aqueles que pensam que o fetiche por enfermeiras tem apenas a ver com a bata branca. Não, também tem a ver com a credibilidade que qualquer enfermeira tem na forma carinhosa como trata os outros. Eu, pessoalmente, comecei o meu fetiche por enfermeiras quando tive que levar, aos 14 anos, três injecções de penicilina no rabo. Lembro-me de ohar para a agulha e começar a suar. Ora, uma mulher que é capaz de me dar aquela injecção sem dor...

a militar
O fetiche pela militar é óbvio. Ao contrário do que se possa pensar, não tem a ver com o facto de de ser activou ou passivo na cama e por isso gostar de dar ou levar ordens. Eu, depois de uma aprofundada pesquisa, acredito que tem a ver com a... máquina zero. Não vou explicar mais porque... para bom entendedor meia palavra basta.

a professora
A professora é um fetiche de adolescente. Não acredito também que nenhum homem chegue à idade adulta sem se apaixonar pelo menos uma vez por uma professora. Eu, pelo menos, perdi-lhes a conta. Este fetiche adolescente é, a meu ver, facilmente explicável: um tipo está numa sala de aula a ter geografia depois de já ter tido Matemática, Educação Física, Português e História. A professora é uma mulher de trinta e tal anos toda giraça para quem o aluno tem que estar a olhar durante uma hora. Não se conseguindo já concentrar no que ela diz, vai pensar no quê?

conversa 1003

Ele - Tu procuras demais nas mulheres, pá. Assim não te safas.
Eu - Porquê?
Ele - Se eu fosse como tu nunca tinha casado.
Eu - Sim, acredito, mas como já casaste três vezes, talvez eu não deva seguir o teu conselho.
Ele - É por isso é que deves seguir. Tenho uma vasta experiência. No princípio pensava em ter uma mulher simpática e que se desse bem comigo, depois à segunda pensei que tinha também que ser do mesmo partido político que eu. A terceira, admito que foi um impulso porque estava muito em baixo e só precisava de alguém que me desse atenção. Agora...
Eu - Agora o quê?
Ele - Agora só quero uma gaja boa qualquer.

respostas a perguntas inexistentes (44)

Hoje vi no supermercado uvas sem caroços, ou seja, manipuladas geneticamente. Os bagos de cada cacho eram praticamente iguais e sempre perfeitos e, por isso, enchi um saco com cerca de um quilo e meio e trouxe-o para casa. Só à noite, quando as provei, é que me senti um bocadinho desiludido com o sabor.
Optei pela minha terapia habitual para dias lixados como o de ontem (em que nem tempo para actualizar este blogue tive). Enchi um copo com bagaço amarelo (com o patrocínio duma grande amiga), escolhi um cd e sentei-me no sofá com os auscultadores colocados. Foram provavelmente os primeiros minutos em muitas horas que tive para pensar. A manipulação é uma das coisas de que tenho medo numa relação, seja a minha seja a da minha companheira. Manipulamos a pessoa de quem mais gostamos e com quem mais tempo passamos na vida. Ela fica como nós queremos: sem caroços e com uma forma perfeita. O problema é que também pode ficar sem sabor...

conversa 1002

Ela - Eras capaz de assumir uma relação com uma mulher bissexual?
Eu - Se gostasse muito dela, sim. Claro que sim.
Ela - Mesmo que de vez em quando ela estivesse com mulheres?
Eu - Sim, claro que sim.
Ela - És o primeiro homem que me responde assim a isto.
Eu - A quantos perguntaste antes?
Ela - Bem, nunca perguntei a nenhum mas tenho a certeza que a maior parte me dizia que nunca andaria com uma bi.
Eu - Não sei. Talvez te estejas a precipitar...
Ela - Pelo menos já acabaram duas vezes comigo por causa disso. No princípio dizem que não há problemas mas depois, na hora de verdade...

10.14.2008

engates na net

Uma das coisas que não consigo compreender na internet, nos sites tipo Hi5 e sucedâneos, alguns dos quais até sou "cliente", é o tipo de comentários que os homens fazem normalmente às fotografias da mulheres. Normalmente são uma espécie de engate babado de pacotilha, e se algum gajo acredita que aquilo dá resultado está certamente maluco. Se dá mesmo resultado, então sou eu que estou maluco. Estes são alguns exemplos que apanhei assim de repente, com erros e tudo:

Não há um adjetivo que defina a tua beleza ! (este é um tipo que diz a mesma coisa a todas as mulheres que vê e não sabe escrever adjectivo)

és uma princesa e eu havia de te sentar ao teu lado. contacta-me *******@***.com (esta, definitivamente, não percebi muito bem, mas é dum gajo cuja fotografia tem uns óculos escuros maiores do que a face)

és uma flore que brota num jardim de flores que não são tão florescem como tu! sabias? (esta vi no Hi5... não sei porquê mas acho que ela não sabia. como é que uma mulher pode saber uma coisa destas?)

que maravilha!!!!!!!!! que loucura!!!!!!!!!!!! belesa pura!!!!!!!!!!!!!!!!!! (esta também foi no Hi5. gosto muito da ideia da beleza pura, até porque de beleza impura estamos todos fartos... mas quando em vez de beleza me vêm com belesa... uau! passo-me)

tás com um ar muito marota e eu assaltava-te em cima!!! kom amor baby benfica sempre (admito que se uma mulher me dissesse uma coisa destas, que me assaltava em cima kom amor baby, eu no mínimo ia querer jantar com ela. aposto que seria uma noite divertida)

tens um perfil de lado espetacular. tecla komigo e quem sabe... (sempre adorei mulheres com um perfil bonito... mas quando esse perfil é de lado, a sério... não consigo resistir. )

conversa 1001

Ela - Sabes qual é a grande diferença entre um homem e uma mulher?
Eu - Qual?
Ela - Os homens gostam de abraçar as mulheres antes do sexo. As mulheres gostam de abraçar os homens depois do sexo.
Eu - A ser verdade isso é óptimo, não é? Há sempre abraços...
Ela - Não percebes nada do que eu digo...

conversa 1000

Ela - Não achas estranho eu e tu nunca termos ido prá cama?
Eu - Porque é que perguntas isso?
Ela - Sei lá. Acho que temos uma relação muito ambígua.
Eu - Mas nós já fomos prá cama... três ou quatro vezes até.
Ela - Sim... mas não se passou quase nada.
Eu - Para a próxima vamos tentar ir sóbrios...
Ela - Lá está... sóbria não sei se sou capaz.

conversa 999

Ela - Perguntei ao meu marido se ele alguma vez me traiu, que me dissesse a verdade que eu não ficava chateada mesmo que ele o tivesse feito.
Eu - Ah!
Ela - E ele disse que não. Acreditas?
Eu - Sim, pode ser verdade.
Ela - Bem, se ele dissesse que sim estava a apanhar.
Eu - Mas tu não lhe disseste que não ficavas chateada mesmo que ele admitisse?
Ela - Sim, mas uma vez também lhe disse para nunca na vida me dizer que tinha ido prá cama com outra gaja mesmo que o tivesse feito.

conversa 998

Eu - Por acaso agora até precisava que uma coisa qualquer me corresse bem.
Ela - Uma coisa?
Eu - Sim... na minha vida emocional. Ando cansado de coisas pontuais.
Ela - Então deixa de procurar. Vais ver que te aparece mais rapidamente do que pensas.

10.13.2008

chapéu



Não gosto de moda. Não gosto de estilistas nem de desfiles de moda. Não gosto de nada que tenha a palavra fashion. Pensem o que quiserem. Não gosto na mesma. Nem da moda em si nem de tudo o que ela representa e envolve. Também não não gosto de modelos. Digo mais, acho a moda uma arte menor e que é, do ponto de vista criativo, sobrevalorizada pelos media.
Estava a ver esta fotografia do ModaLisboa no Jornal de Notícias e só me vieram à cabeça duas coisas: 1] Esta mulher está triste, 2] Este chapéu é estúpido e não dá jeito para tomar café.
Se alguma mulher comprar e usar isto é, definitivamente, uma mulher que eu não compreendo.

talvez sim

1] São três da manhã. Estaciono o carro em frente a casa e desligo o motor. Ouço o silêncio da rua. No espelho retrovisor vejo a luz de um dos candeeiros públicos que tremula como se estivesse doente. Apesar de doente, é o único sinal de vida que me rodeia.

2] Procuro as chaves de casa nas calças sem meter as mãos nos bolsos. Por fora, apenas. Se o único sinal de vida que me rodeia está doente, talvez eu não devesse subir já. Não gosto de me ver no espelho do elevador nestas noites de ausência. Quando vivemos sozinhos reparamos mais vezes que a nossa noite está doente, penso.

3] No bolso onde estão as chaves também está o telemóvel. Tiro-o enquanto estiro o banco do automóvel e me deito. Abro a caixa das mensagens. Leio as dela, uma por uma antes de as apagar. Foi sempre um "talvez sim". Até um não. O processo é o mesmo: são mensagens onde já houve vida. Agora não há.

4] A noite acorda. Um carro estaciona mesmo atrás de mim. Sei quem é a condutora. É uma prostituta que vive no prédio ao lado do meu, de quem a maior parte dos meus vizinhos já me fez queixa. Ela é bonita e sempre simpatizei com ela. Apresso-me a sair do carro.

5] Boa noite, digo-lhe. Boa noite, responde ela. Consigo subir o elevador com um sorriso. Pelo menos é o que o espelho me diz. Espero que ela esteja a sorrir também, no espelho do elevador dela. Talvez sim.

conversa 997

Ela - Isto que te vou dizer é uma estupidez mas vou dizer na mesma.
Eu - Diz...
Ela - Se tu esperasses por mim até eu eu me divorciar, eu ficava feliz.
Eu - Quando é que te vais divorciar?
Ela - Ainda não arranjei coragem.
Eu (risos)
Ela - Ris-te de quê?
Eu - Vou-te explicar uma coisa. Se um dia te divorciares, depois vais ainda ter que passar um período sozinha. Uma espécie de período de nojo. Depois até pode acontecer que gostes tanto que não te metes noutra facilmente.
Ela - Foi isso que te aconteceu?
Eu - Foi. Mais ou menos.
Ela - E não te vais meter noutra?
Eu - Facilmente não.
Ela - Então não sei se quero.
Eu - Não sabes se queres o quê?
Ela - Divorciar-me. Não estou minimamente apaixonada pelo meu marido mas gosto dele. Fica assim...
Eu - Tu é que sabes.
Ela - É só isso que tens para me dizer?
Eu - É.
Ela - Preciso duma vida dupla, pá. Não percebes isso?
Eu - E eu preciso duma vida normal. O problema é esse.

conversa 996

(no quiosque)

Eu - Queria a National Geographic, por favor.
Ela - Estou sem óculos. Pode-me dizer quanto é que custa a revista?
Eu - Dois e noventa e cinco.
Ela - Só?
Eu - Sim...
Ela (pegando na revista e saindo do balcão) - Não sei se acredito. Deixe-me só ir ali perguntar...

(um minuto depois)

Ela - Tem razão. Dois e noventa e cinco.
Eu - Se não acredita nos clientes não vale a pena perguntar-lhes.
Ela - Não é isso. É que as revistas de animais costumam ser mais caras.
Eu - Isto não é uma revista de animais.
Ela - É, é.
Eu (pagando) - Ok, é. Essa nota é de vinte euros. Não confunda.
Ela - Eu as notas vejo bem. O preço das revistas é que não...

conversa 995

Ela (acendendo um cigarro) - Está calado. Detesto homens que me chateiam para deixar de fumar.
Eu - Mas eu não disse nada.
Ela - Foi o teu olhar.
Eu - Mas que olhar? Nem pensei nisso.
Ela - Pensaste que eu percebi.
Eu - Se queres saber, de facto detesto tabaco, mas sempre tive namoradas que fumavam e nunca chateei nenhuma com isso.
Ela - Agora vens com essa. Eu não quero namorar contigo. Já tenho namorado.
Eu - Não era isso que eu estava a dizer. Só estava a explicar...
Ela - Eu percebi muito bem.
Eu - Deixa lá. Esquece...

idosos namorando no terraço



Este desenho é de 2006. É um dos vários que estão no meu site pessoal, agora renovado porque encontrei uma forma gratuita e fácil de o fazer. Se quiserem passem por lá.

é uma vergonha um homem apanhar duma mulher?

Diz o jornal de Notícias de hoje que apenas cerca de 10% das denúncias de violência doméstica em Portugal são feitas homens, isto porque a vergonha social impera no momento de se assumirem como vítimas das mulheres. É uma vergonha um homem apanhar duma mulher? Não, não é. Tenho a mania de achar que a vergonha está sempre do lado do agressor, independentemente do género. Mas isso sou eu...

10.10.2008

conversa 994

Ela - Temos que combinar um fim de semana juntos. Só os dois... Galiza, Salamanca... um sítio qualquer.
Eu - Pois temos. Já tenho saudades de ir contigo a qualquer lado.
Ela - Sim... além disso detesto conduzir. Dás sempre jeito.

pensamentos catatónicos (146)

Às vezes anda-se por aí, em direcção a lugar nenhum. Tange-se o homem triste que plastifica documentos e que está sempre na mesma posição, tange-se o manequim do pronto-a-vestir que vai mudando de roupa e está sempre na mesma posição, tange-se o parquímetro que conta o tempo e está sempre na mesma posição. Depois chega-se ao destino, ao lugar nenhum onde uma vez lhe demos a mão e nos deitámos a ver o céu estrelado. Nada está na mesma posição.

conversa 993

Ela - Eu não estou para estar com coisas... apetece-me estar contigo mas na boa. Às vezes sim, outras vezes não. Percebes?
Eu - Percebo. Já tinha percebido,aliás.
Ela - E achas que pode ser assim? Com dias Sim e dias Não?
Eu - Pode, pelo menos enquanto eu estiver disponível.
Ela - Óptimo. Para começar hoje é um dia Não.

seis reacções ao facto de um gajo ter tido mais um falhanço emocional na vida

o amigo: fixe, assim tens mais tempo para beber uma cervejas.

o colega de trabalho: fixe, assim podes fazer o turno da noite mais vezes.

a amiga: fixe, assim posso jantar em tua casa de vez em quando.

a filha: posso montar a tenda de campismo na sala?

a outra amiga: deixa lá... hás-de conseguir. Não sei quando mas chegas lá. Só não sei quando...

a empregada do café: já vem outra vez sozinho tomar café...

conversa 992

Ela - Lembras-te da tua primeira vez?
Eu - Da primeira vez que quê?
Ela - Pronto, não te lembras... és um insensível.

mulheres artistas que não compreendo (21)



Jenny Holzer nasceu em 1950 e é americana. Enquanto estudante iniciou-se na pintura abstracta mas, mesmo aí, já pintava palavras e frases nos seus quadros. Foi essa força da palavra que acabou por prevalecer no seu trabalho. Em formatos diferentes, como leds, pinturas ou projecção de luz, contextualiza no espaço público frases que considera determinantes.
Centra grande parte da sua vida nos direito humanos e, mais especificamente, nos das mulheres. Acha que a arte mais ousada é precisamente feita por mulheres. Por exemplo, em 1993, durante a guerra da Bósnia, publicou na capa da revista sueddeutsche zeitung a frase, escrita a tinta e sangue, "Onde as mulheres morrem eu estou totalmente acordada".
Na imagem, a frase "Private Property Created Crime" colocada na Times Square, Nova Iorque, em 1985.

10.09.2008

a prova dos nove

1) Às vezes gosto de olhar para a minha imagem no espelho, outras vezes não. Desta vez estou a gostar de me ver no espelho da minha casa de banho. Coloco as mãos em forma de concha e encho-as com água da torneira para lavar a cara. Paro uns segundos. É um gesto que se repete desde criança.

2) Uma criança anda a pedir nas ruas de Espinho. Estende-me as mãos enquanto me obstrui o passo. O gesto dela é igual ao meu só que eu nunca o fiz para pedir. Ofereço-lhe o lanche.

3) Dois bolos e uma coca-cola. A criança é romena. Come dois bolos e bebe uma cola enquanto eu tomo café. Do outro lado do balcão uma mulher olha-me impaciente. Não quer que eu esteja ali por causa da criança que, tinha sido expulsa de certeza se não estivesse comigo. Sinto uma agradável e estranha sensação de poder.

4) Às vezes gosto de olhar para a minha imagem no espelho, outras vezes não. Desta vez não estou a gostar de me ver na porta envidraçada do armário frigorífico que mantém as bebidas de lata frescas. A miúda gasta seis guardanapos para limpar as mãos e depois vai à casa de banho.

5) Obrigado. Ela diz obrigado antes de se afastar e eu fico a vê-la correr entre os carros estacionados num parque automóvel improvisado. Gosto da sensação de a ver correr. Acho que é por isso que depois, quando atravesso a rua na direcção oposta, só piso as linhas brancas da passadeira. É uma brincadeira de criança que ainda faço com a minha filha.

6) Os meus olhos cruzam-se com os de uma mulher no passeio. Adivinho que ela reparou em mim quando pisei nas linhas brancas. É bonita. Aliás, é mais do que bonita. Mulheres bonitas há muitas, mas com este je ne sais quoi que me faz ter uma vontade imediata de a abraçar não há assim tantas. Sorri. Também é simpática.

7) Gosto sempre mais do comboio no regresso a casa do que no trajecto para o emprego. Os passageiros estão mais cansados e silenciosos. Nem sequer percebem que acabaram de viver mais um dia. Penso nisso, em viver mais um dia, e sinto-me feliz por sentir que, apesar de tudo, tenho aproveitado os dias. Às vezes gosto de olhar para a minha imagem no espelho, outras vezes não. Desta vez estou a gostar de me ver ver no reflexo da janela do comboio.

8) Pico uma cebola, corto um dente de alho, um pimento e um tomate. Lembro-me da criança romena porque estou com comida entre as mãos. Refogo tudo num wok e depois junto umas lulas limpas. Tempero. Lembro-me da mulher bonita por causa do tempero. Era mesmo bonita. Junto couscous e espero dez minutos com o fogão desligado. Às vezes gosto de olhar para a minha imagem no espelho, outras vezes não. Desta vez não estou a gostar de me ver no reflexo da janela da cozinha. Devia ter, no mínimo, sorrido também àquela mulher.

9) Coloco as mãos em forma de concha e encho-as com água da torneira para lavar a cara. Paro uns segundos. É um gesto que se repete desde criança. Lavar os dentes antes de me deitar também. Lembro-me da criança romena porque estou a lavar os dentes. Às vezes gosto de olhar para a minha imagem no espelho, outras vezes não. Agora olho e não sei se estou ou não a gostar. Sei que tenho alguns cabelos brancos e preciso de fazer a barba. É tudo.

a mulher como dona de casa



O marido chega a casa e fica surpreendido com a mulher, que apesar de realizar tão bem todas as tarefas domésticas parece sempre fresca e graciosa. A explicação está nos cereais Pep da Kellogg's. Esta publicidade (clicar na imagem para ver maior) americana é de 1930, ou seja, os EUA estavam ainda mergulhados na depressão económica de 1929 (que duraria até 1932). A depressão, pelos vistos, não era só económica...

conversa 991

Ela - Gosto muito mais de ti assim sozinho do que com uma namorada.
Eu - Porquê?
Ela - Porque assim posso jantar em tua casa várias vezes. Gosto tanto do teu polvo.
Eu - Se eu tivesse uma namorada podias na mesma.
Ela - Não podia nada.
Eu - Podias. Claro que podias.
Ela - Isso não depende de ti. Depende da namorada que arranjares. Se fosse comigo, por exemplo, não podias andar a jantar com gajas em tua casa como fazes agora. Pensas o quê?
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

oito

É uma queda anunciada. Assim como a maior parte das bolsas de valores, o índice ivariano cai seis pontos, situando-se agora no nível oito. E pronto...

conversa 990

(ao telefone)

Ela - Podias ter dito alguma coisa. Eu estava aqui à tua espera...
Eu - Combinámos alguma coisa?
Ela - Não, mas...
Eu - Então pronto. Podia de facto ter dito alguma coisa mas também podia não ter dito nada...
Ela - Só me telefonas quando te apetece.
Eu - Sim, só telefono quando me apetece. Isso não é normal?
Ela - Para os homens é tudo normal, quando lhes dá jeito. Eu mandei-te uma mensagem e nem me respondeste.
Eu - Não me perguntaste nada...
Ela - Era preciso?
Eu - Não. Preciso era tu teres-me dito algumas coisas sobre a tua vida pessoal há algum tempo atrás.
Ela - Como o quê?
Eu - Como... tu sabes... como não estares propriamente disponível.
Ela - Nós combinámos que tu não tocavas nesse assunto.
Eu - Também combinámos que não me chateavas quando eu não te ligasse.
Ela - Então tchau. É melhor nem nos vermos mais... (desliga)

os silêncios mexem nas coisas

Os silêncios mexem nas coisas e há dois tipos de silêncio no mundo. Um silêncio que nos abraça, outro que nos desmama. A única coisa comum entre ambos é a ausência de som. Normalmente passamos o dia cercados por ruídos, por isso é que depois dum dia de trabalho procuramos algum refúgio no silêncio da nossa casa. O problema é que nunca sabemos que tipo de silêncio vamos encontrar quando abrimos a porta.
Os silêncios mexem nas coisas. Um dias destes cheguei a casa e o livro que eu andava a ler estava em cima do sofá à espera de se pronunciar, uma garrafa de vinho estava em cima do balcão da cozinha à espera de ser aberta e bebida e, pela forma como me olhava a partir da estante da sala, um cd estava à espera de ser ouvido depois do livro. Suspirei de alívio. Era um bom silêncio que estava em minha casa, daqueles que ouvem música e tudo.
Abri a garrafa de vinho e levei-a para a sala com um copo cuidadosamente inspeccionado, depois sentei-me no sofá e também abri o livro. Pedi ao silêncio que me abraçasse e fiquei ali aninhado durante algum tempo. E este é o silêncio que eu não quero perder, pensei.
Quando o telemóvel tocou foi, por isso, como se alguém me despertasse dum sono recém-nascido. Ainda demorei algum tempo a atender. Era ela, claro, e este 'claro' esvoaçou pelo meu pensamento como o bater de asas duma borboleta, aquele que é suave mas provoca uma tempestade do outro lado do mundo. E provocou, com a particularidade que era o meu mundo.
Os silêncios mexem nas coisas, e enquanto ela me pedia uma justificação para nem sequer lhe ter telefonado, eu explicava-lhe que é precisamente por não me apetecer dar justificações a ninguém que opto por estar sozinho. A discussão prolongou-se e o silêncio arrumou as suas coisas e saiu. Quando finalmente desliguei o telefone já era outro que estava em minha casa: um que desmarcou a página do livro, verteu o resto do vinho na sanita sem sequer arrumar o copo e arrumou os meus cd's por uma ordem que eu não compreendo. É que os silêncios mexem nas coisas...

10.08.2008

conversa 989

Ela - Avisas-me quando vieres a Lisboa?
Eu - Aviso... aviso sempre toda a gente.
Ela - Isso faz-me sentir tão especial.

favas com chouriço

Há uma mulher por quem sempre tive um respeito enorme. Com alguma razão, há mulheres que se queixam do excesso de trabalho doméstico quando o marido não faz nenhum, outras de ganharem menos nos empregos para fazerem o mesmo que os homens, outras ainda de serem vítimas de algumas bestas que mandam bocas na rua tipo "oh! boa, comia-te toda". Isso é tudo verdade, mas não tem significado nenhum quando comparado com o que passou a partenaire do José Cid, no vídeo A Pouco e Pouco que ficou para a História como Favas Com Chouriço.
Se repararem bem na letra, José Cid revela-se um torturador profissional, com requintes de malvadez capazes de fazer corar qualquer um. Tudo começa na primeira quadra (Acordas-me com um beijo / E um sorriso no olhar / E levantas-me da cama /Depois tiras-me o pijama), em que Cid obriga a vítima a tirar-lhe o pijama depois de a já ter obrigado a dar-lhe um beijo. Ainda assim, como em qualquer câmara de tortura, o processo vai evoluindo a pouco e pouco, e logo a seguir, enquanto ele faz a barba e ela podia ter um pouco de descanso, a obriga a ouvir na rádio o José Cid a cantar (Faço a barba /E dá na rádio / O Zé Cid a cantar).
A tortura psicológica, todavia, vem depois. Ela é obrigada a telefonar-lhe às cinco e meia em ponto e a dizer-lhe que não sabe o que fazer sem ele (Não sei viver sem ti amor / Não sei o que fazer), e ele obriga-a a cozinhar... favas com chouriço (Faz-me favas com chouriço / O meu prato favorito). No fim, quando a porta da liberdade se está finalmente a abrir para ela, José Cid promete nunca mais a deixar em paz (Vou ficar a vida inteira / A viver dessa maneira / Eu e tu e tu e eu e tu e eu e tu).
Por tudo isto, deixo aqui o vídeo numa singela homenagem a esta mulher...

conversa 988

Ela - Ensinas-me a tirar músicas e filmes da net?
Eu - Posso dizer-te como é que eu costumo fazer...
Ela - Diz... dá trabalho?
Eu - Algum...
Ela - Então é melhor eu dar-te uma lista do que quero e fazes tu isso. Pode ser?

até aquele gajo passou

Há bocado ia a atravessar uma rua em Espinho e, na direcção oposta à minha, vinham duas mulheres. Como a rua estava deserta passei mesmo com o sinal vermelho para peões. Uma delas fez o mesmo. A outra, parada no passeio, gritou-lhe: "está vermelho, estúpida!", ao que a estúpida respondeu: "não vês que até aquele gajo passou?". O gajo era eu. Não me importo que me chamem gajo mas.... porque aquele "até"?

para uma condução simples



Em 1970 a Morris tentava demonstrar a simplicidade da condução do seu Mini de mudanças automáticas, mostrando que até uma mulher o podia conduzir...

mulheres que perturbam a paz

Trinta e cinco (35) mulheres foram presas, no Sudão, por perturbarem a paz. Como é que elas estavam a perturbar a paz? Usando calças muito justas. Foram presas no domingo e libertadas na terça-feira, após terem sido presentes a tribunal.
Quem decidiu que as mulheres com as calças justas estavam a perturbar a paz foi... a polícia. Eu entendo perfeitamente. Deve ser difícil passar o dia todo dentro duma esquadra e de repente, uau, ver uma mulher de calças justas... [link]

conversa 987

(ao entrar num café)

Ela - Gosto de sentir o vento a soprar-me na face...
Eu - Fixe, então podemos ficar na esplanada em vez de entrar lá para dentro...
Ela - Não. Vamos lá para dentro. Estava só a tentar fazer poesia...

10.07.2008

respostas a perguntas inexistentes (43)

Gosto da forma como ela me diz que precisa estar sozinha. É tão delicada. E enquanto o diz vai tocando o nariz com um lenço de papel, delicadamente também. Parece um abelha sobrevoando uma flor. Que precisa de espaço, insiste. Depois ri-se timidamente.
Gosto da forma como ela morde o pastel e depois limpa o resto de creme nos lábios. Eu sei o que é precisar estar sozinho e, na verdade, não pensava ocupar-lhe o espaço dela. Digo-lho assim e os olhos dela riem. São os primeiro olhos que vejo a rir desde que nasci.
Gosto da forma como o silêncio se aninha comodamente entre nós. Parece o mesmo silêncio da noite, só que agora orbitado pelo amanhecer da cidade. Ela levanta-se e vai embora. A mão dela lambe-me o ombro. Acho que nos compreendemos.

conversa 986

Ela - Divides um pastel comigo?
Eu - Não. Não me apetece nenhum doce agora...
Ela - A mim apetece-me só que não queria um inteiro. Tenho que manter a linha.
Eu - Ah!

(trinta segundos depois)

Ela - Aqueles caramujos estão ali a olhar para mim cá duma maneira...
Eu - Pede um então e esquece essa porcaria da linha.
Ela - Não posso. Engordei dois quilos em dois meses...

(trinta segundos depois)

Ela - E se eu pedisse um e comia só a metade que tem creme?
Eu - Parece-me bem. Vá, pede lá o pastel senão ficas angustiada.
Ela - Angustiada fico sempre. Se não comer fico angustiada porque não comi, se comer fico angustiada porque comi.
Eu - Às vezes não tenho pachorra...
Ela - Porquê?
Eu - Nada. Deixa lá...

Diversidade Sexual e Igualdade



Não aceito viver num país com cidadãos de primeira e de segunda. À luz da lei portuguesa, os homossexuais são cidadãos de segunda porque não podem casar. Se permitirmos que o Estado intervenha desta forma naquilo que é a nossa liberdade individual, estamos a abrir um precedente grave e a permitir que o Estado se imiscua na nossa vida pessoal por outro motivo qualquer.
Quinta-feira às 21:30, no auditório da Biblioteca Municipal de Aveiro, o Bloco de Esquerda promove um debate aberto a todos sobre Diversidade Sexual e Igualdade, moderado por Carmo Marques e Elisabete Pereira. Eu vou lá estar, claro.

10.06.2008

contas de uma segunda-feira dum gajo de classe média

corte de cabelo na barbearia aveirense: €7
duas sweat-shirts na Lefties: €11.9
cerveja, hambúrguer misto e café no Ramona: €3,65
uma cerveja numa esplanada da Costa Nova, €1.2
carregamento de telemóvel UZO: €15
três croissants na pastelaria Bom Gosto: €1.8
gasolina sem chumbo 95 octanas: €25
um lava-loiça, dois pimentos verdes, seis cervejas, um quilo de couscous e uma escova de dentes no supermercado: €9.98
um café e um pingo no Retail Park: €1.1

total: €76.63

guardo o telemóvel no bolso

É só uma mulher mal casada, penso. Só que esse é o primeiro problema: uma mulher nunca é só uma coisa. É várias coisas. Ainda bem. Rio-me, dou mais um gole na cerveja enquanto guardo o telemóvel no bolso. Ela acabou de me mandar uma mensagem a informar que não pode sair porque o marido, ao contrário do que estava previsto, voltou para casa mais cedo.
Pouso a cabeça na ma palma da minha mão, cujo braço tremula no balcão, como se quisesse acalmar o turbilhão de pensamentos que se agitam no meu cérebro. Não sei se devo responder. Dou outro gole. Sim, respondo. Eu sou o gajo que responde sempre. Nem sabia que tinhas marido, teclo. Bloqueio de novo o teclado. Guardo o telemóvel no bolso.
Agora são os meus olhos que pousam num aviso cansado. As bebidas expostas são para consumo da casa. Então agora quero um uísque. Mais uma mensagem: Não sabes porque eu nunca te disse. Amanhã falamos. Beijinho. E o beijinho transforma-se numa borboleta que mergulha no copo. É um beijo este próximo gole de uísque. Só não sei se me vai saber bem. Guardo o telemóvel no bolso.

conversa 985

Eu - Então, como é que estás?
Ela - Cada dia que passo sem Prozac é uma vitória pessoal.
Eu - Sentes-te triste?
Ela - Sinto-me a precisar de qualquer coisa.
Eu - Eu também. Vou pedir um café...
Ela - Depois aparecem-me gajos como tu...
Eu - Como eu?
Ela - Sim, que só precisam de um café.
Eu - Eu não preciso só de um café, só que neste momento um café chega.
Ela - Mas eu estava a falar de qualquer coisa assim... em grande.
Eu - O quê, por exemplo?
Ela - Sei lá.

conversa 984

Eu - As mulheres têm mesmo a mania dos gatos...
Ela - Claro. Há alguma coisa melhor que a barriga dum gato rechonchudo ao nosso colo?
Eu - De certeza que há.
Ela - Reformulo a frase: há alguma coisa melhor que a barriga dum gato rechonchudo e peludo ao nosso colo?

o teu marido casava outra vez contigo?



Esta publicidade de 1921 não deixa margem para dúvidas. Se o marido (aquele gajo com ar de quem apanhava na escola é o marido dela) aceitasse casar de novo com a mulher, é porque ela usava Palmolive. Mas não é só nesse aspecto que não deixa margem para dúvidas. Ele podia querer ou não casar com ela de novo. Ela queria de certeza. Pois é...

estou ecitado com estas buscas

mais buscas no google que vieram dar a este blogue:

sexo com porcos e mulheres
sexo com porcos e com mulheres não é bem a mesma coisa. Acredito, no entanto, que se o caríssimo leitor escolher como companheira sexual uma neo-nazi britânica que uma vez passou por mim em Londres, conseguirá ter uma experiência muito próxima do que é sexo com um porco.

fotos de mulheres ecitantes peladas
cuidado com a ecitação em demasia. É que se eu me ecito, tu te ecitas e ele se ecita, nós todos podemos começar a ecitar-nos e depois é um problema.

molher fazendo cexy
eu já vi uma vez uma molher a fazer o cexy. Em Ermesinde, claro.

mulher gosta de insistência?
O meu conselho é manter a luz acesa e ir olhando para a cara dela. Se, em determinado momento, o leitor estiver a suar e a gritar que está quase a vir-se enquanto ela está com as mãos atrás da cabeça a contar as nódoas de humidade no tecto, talvez esteja um bocadinho farta da insistência. Digo eu, não sei...

çexo
hum... hum... o 'c' antes do e não leva cedilha. hum... hum... mesmo assim... acho que há mais qualquer coisa que está menos bem... hum...

10.03.2008

a balança

Há uma balança com dois pratos. O prato "quero encontrar uma companheira" e o prato "estou muito bem assim".
Quando estamos divorciados há pouco mais de dois anos, como é o meu caso, começamos a ter dúvidas do que realmente queremos para a nossa vida emocional. As vantagens de viver sozinho são tantas que praticamente só sentimos realmente falta de alguém quando adoecemos e ninguém nos faz um chá. É um egoísmo serôdio, eu sei, mas também é verdade.
Alguns momentos de solidão e uma vida sexual irregular vão pesando cada vez menos no prato "quero encontrar uma companheira". A espaços há encontros que nunca resultam porque a balança não está equilibrada. Alguns nem era suposto resultarem, outros se calhar era. Nunca sabemos muito bem.
Um destes dias fui a um desses encontros que supostamente deviam (que é diferente de podiam) resultar. Saí de Aveiro às duas da tarde para estar numa cidade que fica a cerca de setenta quilómetros um pouco antes das três. Encontrei facilmente o local onde tinha combinado e esperei. Ela apareceu uns minutos depois. Era bonita, na verdade muito mais bonita do que me tinha parecido nas fotografias enviadas por email. Depois vi-a beber uma cola light com goles tímidos e envergonhados. No princípio as palavras não surgiam e embrulhámo-nos num silêncio incómodo de alguns minutos, mas à medida que o tempo foi passando os temas de conversa foram-se sucedendo. Contámos a nossa vida um ao outro, escondendo umas partes e destapando outras.
Só no regresso a casa, já a noite ia longa, é que percebi o que tinha ido ali fazer. Na verdade não tinha ido em busca de nada a não ser da novidade instantânea. Às vezes sabe bem alguém que nunca vimos na vida. É como se escrevêssemos numa folha em branco em vez de numa folha amarfanhada e cheia de rabiscos. Às vezes, só. E é isto que nos acontece também quando vivemos muitos anos com a mesma pessoa. Ela pode ser a melhor pessoa do mundo mas já nos adivinha as palavras e os gestos. Isso é óptimo quase todos os dias. Às vezes não.
A vida a dois é um processo de aprendizagem e, quando se começa demasiado cedo essa vida, a nossa folha fica inevitavelmente cheia de apontamentos, palavras riscadas e emendadas sucessivamente. Talvez todos devêssemos ter uma segunda oportunidade. Eu tenho-a. Vou esperando que o prato "quero encontrar uma companheira" pese mais...

pensamentos catatónicos (145)

Eu tinha pouco mais de cinco minutos antes do comboio que me levaria ao emprego. Ela sentou-se à minha frente, à hora combinada, só para tomar um café rápido no bar da estação. Vinha com os auscultadores na cabeça e, enquanto se sentava, pediu-me desculpa mas tinha mesmo que acabar de ouvir a música que estava a ouvir. Passei a odiar a civilização.

conversa 983

Ela - Precisava mesmo dum namorado, pá, mas tu não serves.
Eu - Já agora posso saber porquê?
Ela - Tem que ser um gajo que faça tudo o que eu quero.
Eu - Isso é capaz de ser difícil.
Ela - Não é nada. Há alguns assim. É só encontrá-los.

conversa 982

Eu - Queres jantar comigo amanhã?
Ela - Amanhã não posso. Apetece-me ficar por casa a descansar e a tratar das minhas coisas.
Eu - Ok, pronto.
Ela - Não insistes?
Eu - Não insisto em quê?
Ela - Eu só disse que me apetecia ficar por casa. Não disse que tinha um compromisso importante. Podias ter insistido...
Eu - Queres vir ou não?
Ela - Agora já não quero.

conversas 981

Ela - Não percebo alguns amigos que tenho que, durante meses e meses, deixam a disposição das mobílias de casa sempre na mesma. Não sabem dar um ar de graça às coisas...
Eu - Eu já não mudo as mobílias da minha casa há montes de tempo.
Ela - Era mesmo a ti que me estava a referir.

xadrez 17

10.02.2008

conversa 980

Ela - Tenho sonhado contigo à noite.
Eu - A sério? E que sonhos são?
Ela - Não sei muito bem. Esqueço-me sempre dos sonhos...

discussões

Sempre tive um respeito enorme pelas discussões entre marido e mulher. Admiro-as, até. São mais interessantes do que qualquer outra discussão. Mais interessantes do que as discussões entre patrão e empregado, portista e benfiquista, vendedor e cliente ou mesmo primeiro-ministro e Francisco Louçã. É que em todas as discussões há substrato, em todas as discussões é fácil encontrar um motivo. No caso das discussões entre marido e mulher... não.
Hoje tive uma manhã particularmente ocupada. Eram onze horas quando peguei no carro para ir a um café onde costumo ir quando quero estar sozinho. Ali nunca encontro amigos nem conhecidos. Entrei, pedi um café e sentei-me. Ao meu lado sentou-se um casal a quem dou no máximo mais quinze dias como tal, que também pediu dois cafés.
Abri o jornal e a discussão começou. Era sobre... legumes e guarda-chuvas. Pois. Qualquer dia começa a chover e, como ano passado perderam os dois guarda-chuvas que tinham (acho que foi ele que se esqueceu deles em sítios públicos) ela agora, quando começar a chover, não pode ir de manhã comprar legumes frescos que são essenciais para a sua dieta.
A discussão azedou. Ela abriu o pacote de açúcar para adoçar o café e fez um gesto repentino. Encheu-me de açúcar, a mim e ao jornal. Não me pediu desculpa mas disse-me que a culpa era dele. Ele respondeu que era dela. Levantei-me e fui embora. Eles continuaram a discutir. Por minha causa...

conversa 979

(no meu carro)

Ela - Está a jogar o Porto e tu não tens o rádio ligado. Parabéns, deves ser o único homem no país assim...
Eu - Olha que não. Para além dos que não ouvem relatos porque não gostam, que é o meu caso, há os que não são do Porto.
Ela - Sim, mas é raro. De qualquer maneira é um alívio não ter que ouvir relatos de futebol no carro dum homem.
Eu - Percebo...

(uns minutos depois)

Ela - Podes só ligar um bocadinho o rádio para eu saber o resultado?
Eu - Pensei que não gostavas...
Ela - É só para saber o resultado.
Eu (ligando o rádio) - Ok.

(uns minutos depois)

Ela - Estamos a perder 4-0. Não sei para que é que ligaste isso...

tau tau no rabinho



Esta publicidade americana ao café Chase & Sanborn, de 1952, é das minhas preferidas. Cuidado, se o seu marido descobre que não anda a tentar fazer um café mais fresco... tau tau no rabinho

podem pensar o que quiserem, só não podem votar como quiserem

A tacanhez no partido Socialista é desesperante. Há um passo civilizacional para ser dado mas, por razões de oportunidade, o líder parlamentar socialista reiterou a posição de voto contra as propostas do BE e d'Os Verdes a favor dos casamentos homossexuais. Enfim, vocês podem pensar o que quiserem, só não podem votar como quiserem. Refira-se que a razão de oportunidade é só uma: o PS sabe que tem milhares de eleitores tacanhos e que, se aprovar este projecto de lei, perde esses votos.

p.s.: a propósito do comentário do Nélson, deixo aqui o link para o fabuloso texto: Afinal, quem é maricas?