1.31.2013

conversa 1990

Ela - Adoro mesmo iogurtes.
Eu - Ah!
Ela - Adoro tanto iogurtes que prefiro iogurtes a chocolate.
Eu - Hum, hum...
Ela - E olha que gosto muito de chocolate. Prefiro chocolate a aletria.
Eu - Ena!
Ela - E aletria é um dos meus doces preferidos desde criança...
Eu - Eu percebo...
Ela - Gosto mais de aletria do que de arroz doce, por exemplo. Mas adoro arroz doce.
Eu - Já não te via há muito tempo, mas parece-me que andas com uma fixação por comida.
Ela - Estou muito gorda, é?
Eu - Não, não estás. Falas é muito de comida.
Ela - Falo?

1.30.2013

conversa 1989

(no carro dela)

Ela - Tenho que ir pôr gasolina.
Eu - Mas... ainda tens o depósito a meio.
Ela - Nunca deixo passar disto. Tenho medo de me distrair e ficar parada, sem gasolina, num sítio qualquer.
Eu - Está bem, compreendo. Mas pôr já gasolina quando ainda tens meio depósito é um exagero. Com o que tens fazes pelo menos duzentos quilómetros...
Ela - Não me interessa. Vou encher o depósito e pronto.
Eu - Pronto, okay... tu é que sabes...
Ela - Antes de me divorciar, acho que a última discussão que tive com o meu marido foi igualzinha a esta.
Eu - Que discussão de merda para se ter.
Ela - Estás a ver?! Achas que é uma discussão de merda para se ter entre marido e mulher, mas não achas que seja uma discussão de merda para se ter entre dois amigos.
Eu - Na verdade também acho.
Ela - Então porque é que começaste a tê-la comigo?!
Eu - Não sei... só estava a dizer que é muito cedo para pores gasolina...
Ela - Não, não. Estavas a criar uma discussão onde ela não devia existir.
Eu - Mas se ainda tens meio depósito...
Ela - E pensas que não sei isso?! Sou burra ou quê?! Eu sei que tenho meio depósito, mas o meu método de pôr gasolina é este. Podes ter respeito pelo meu método de pôr gasolina no meu automóvel?
Eu - Posso. Já cá não está quem falou.
Ela - Ah! Bom!

1.29.2013

respostas a perguntas inexistentes (244)

Não sei todos chegaram a fazer isto. Eu pelo menos cheguei, no meu princípio da adolescência. Estou a falar de rasgar um bocadinho de papel duma folha do caderno de escola e escrever uma mensagem de Amor. Depois amarfanhá-la e entregá-la discretamente a uma miúda da mesma turma, a duas ou três secretárias de distância, normalmente por via aérea.
Os telemóveis acabaram com isto, cobrando alguns cêntimos para fazer exactamente o mesmo, evitado até o risco que o papel caia nas mãos erradas. Pensei nisto hoje, quando ouvi uma mãe ralhar com o filho por causa da quantidade de mensagens que ela anda a enviar a uma miúda qualquer. É uma questão de dinheiro, não de conteúdo. Estamos lixados.
Percebo perfeitamente que aquele rapaz que vi no café, corado pela vergonha que a voz alta da mãe o fazia passar, não envie papelinhos como eu fazia na idade dele. Deve ser foleiro ou, como dizem agora os miúdos, "não cria cenário" (aprendi esta com a minha filha). A tecnologia liberta-nos, mas ao mesmo tempo aprisiona-nos. Aquele rapaz não pode enviar mensagens de Amor se a mãe não lhe carregar o telemóvel. Eu podia.
A Eva, na verdade, não me ligou nada quando lhe disse que gostava dela. Pegou na bolinha de papel, olhou para mim com um certo ar de desprezo e rasgou-a em dois ou três pedaços enquanto abanava os ombros. A minha história de Amor com ela morreu ali, à nascença. Não se falou mais nisso. Os meus pais não me controlavam o saldo de folhas de papel dos meus cadernos.

1.26.2013

tudo isto é triste


A Barbie e o Ken encontraram-se finalmente. O problema é que o Ken não compreendeu a Barbie.
Ela, uma ucraniana que não diz quantas cirurgias já fez para se parecer com a boneca lançada em 1959 pela Mattel, viajou até aos Estados Unidos para conhecer um homem que já fez cerca de cem cirurgias plásticas para se assemelhar ao popular boneco lançado nos anos sessenta pela mesma empresa. Conheceram-se, mas o Ken já fez saber que a considera "muito esquisita, muito formal e com falta de personalidade". Parece ser um casal sem futuro, portanto.
Eu defendo que cada um de nós tem direito ao seu próprio corpo e que, por isso, pode fazer com ele o que muito bem entender. Mesmo que esse entendimento passe por ficar igual ao Ken, à Barbie ou até ao Senhor Cabeça de Batata. Não os vou criticar, assim, por isso.
O que me assusta nisto tudo, é a forma como a sociedade mediática nos diz como deve ser o nosso corpo. Uma empresa lançou dois bonecos há mais de cinquenta anos e, entretanto, nasceu uma indústria que decide por nós o que é bonito e feio. Nos Estados Unidos há uma indústria gigantesca à volta de concursos de moda para crianças, em que o objectivo é ser o mais parecido possível com o Ken ou com a Barbie. Alguns pais investem milhares de euros nos seus filhos apenas com o objectivo de os vencer.
A própria moda emagreceu as mulheres, multiplicando os problemas de bulimia e anorexia na adolescência, colocando à margem social aqueles cujo corpo não se presta a tais semelhanças. A beleza deixou de ser uma contemplação e passou a ser uma violência.
Eu, como já referi aqui, defendo o direito de cada um ao seu corpo, e é por isso mesmo que me assusto com esta agressividade da indústria da moda, que nos tira esse mesmo direito sem sequer notarmos. Sem notarmos também, estamos a ceder todos os dias a nossa individualidade a um paradigma social que só tem um objectivo: servir um modelo de crescimento económico em que nada mais cresce a não ser ele mesmo. Nem os nossos salários, nem a nossa qualidade de vida, nem a nossa felicidade.
Tudo isto é triste.

1.25.2013

conversa 1988

Ela - Andamos sempre a dizer que vamos organizar um jantar com os nossos amigos de antigamente e nunca mais...
Eu - Este anos podíamos fazer uma sardinhada...
Ela - Sim, boa ideia.
Eu adoro sardinhas.
Eu - Eu também.
Ela - Ainda dizes que não nos entendemos. Estás a ver? Há uma coisa em que estamos em sintonia...
Eu - Sim, de facto. Adoro umas sardinhas com broa e pimento assado.
Ela - Com broa e pimento assado é que já não. Prefiro-as no prato com uma saladinha de tomate e alface.
Eu - Pronto... não é grave, desde que possamos escolher o mesmo vinho...
Ela - Eu não bebo vinho. No máximo bebo uma cervejinha, mas actualmente é mais água..
Eu - Isso lá é bebida para acompanhar sardinhas?!
 la - Então não é?! Vamos para o campo assar umas sardinhas, levamos umas cervejas fresquinhas e a ver se não bebes...
Eu - Para o campo?! Sardinhas é na praia. Em Mira, por exemplo.
Ela - Não gosto de piqueniques na praia. É só areia!
Eu - Bem... se calhar é melhor pensar noutra coisa, sem ser uma sardinhada.
Ela - Talvez... umas fêveras de porco, por exemplo.
Eu - Não como carne vermelha, actualmente.
Ela - Bem, talvez seja melhor adiar este projecto e pensar melhor lá mais para a frente...
Eu - Talvez...

1.23.2013

conversa 1987

Ela - Hoje fui tão antipática com um gajo que me atendeu numa loja...
Eu - Deves ter tido razão. Por acaso sempre te achei simpática.
Ela - Normalmente sou simpática, sim. Não tenho outro remédio.
Eu - Não tens outro remédio?!
Ela - Não, porque não sou assim muito bonita. Se fosse uma mulher daquelas mesmo muito bonitas, já podia ser uma cabra com toda a gente.
Eu - Ia dizer-te que te acho bonita, mas de repente achei melhor ficar calado.

respostas a perguntas inexistentes (243)


Aconteceu-me numa das raras vezes em que conduzo. Ela ia ao meu lado, no lugar do morto, silenciosa. Era como se a cidade nos estivesse a seguir e quiséssemos passar despercebidos. O meu telemóvel tocou e encostei à direita para atender. Senti que a minha voz era demasiado alta, por muito baixinho que eu falasse. Tínhamos combinado ir buscar um amigo comum, sem hora certa marcada, e ele queria saber se já estávamos a caminho. Depois disso, iríamos os três de fim de semana.

- Ainda demoro uns quinze minutos! - disse eu antes de desligar e retomar a marcha.

Um pouco mais à frente parei num sinal vermelho. O silêncio continuou mas, por qualquer motivo, senti que não era igual ao anterior. Talvez o respirar dela me tenha deixado perceber isso, não sei. Sei que me lembrei dum amigo meu, já adiantado numa noite de copos, quando uma vez me disse que a respiração dos outros nos permite perceber o seu estado de espírito. Não liguei nada, porque ele estava bêbado, mas nesse momento lembrei-me dele.

- Porque é que disseste que demoramos quinze minutos, se vamos demorar uns cinco? - Perguntou ela.

Demorei a responder propositadamente. Era uma forma de diminuir o ritmo da discussão. Afinal de contas, era de pressa e de ritmo que estávamos a discutir.

- Assim sei que ele não está à minha espera. Não gosto de fazer esperar os outros. - Sorri, na esperança de que a coisa ficasse por ali.
- Pois, pois. Assim espero eu, não é? - Ouvi-a suspirar.

Estava a começar a apaixonar-me por ela nesses dias. Pensava eu, enganado, que talvez ela o estivesse por mim. A discussão acabou de forma educada, mas fria. Percebemos uma grande diferença entre nós, assumida de forma clara na última coisa que cada um disse.

- Se eu lhe disse que o ia buscar depois de fazer a minha mala e de te apanhar, não vou fazer com que ele fique agora à minha espera no cruzamento duma estrada, caso demore um pouco mais do que o previsto. - disse eu.
- Se lhe dissesses que estava mesmo a chegar, ele já lá estava de certeza quando chegássemos. Era o que eu faria. Só isso. - disse ela.

O fim de semana nem correu mal, numa casa de turismo rural em que o tempo parecia não existir. Ouvimos música os três, vimos um filme ou outro, caminhámos na serra e jogámos xadrez. Percebi, no entanto, que  seria incompatível com ela num contexto onde o ritmo fosse outro.

1.22.2013

o lugar das mulheres é na cozinha


Este anúncio de 1893 a um produto de limpeza chamado Gold Dust (Pó de Ouro) não deixa margem para dúvidas: o lugar das mulheres é em casa, longe de lugares onde se trabalha a sério, ou seja, longe dos lugares onde os homens trabalham. De forma interessante, admite no entanto que o trabalho doméstico ocupa catorze horas, enquanto o trabalho fora ocupa normalmente oito.
O trabalho doméstico é, de facto, duro. Lembro-me de em criança, quase um século depois deste anúncio ter sido publicado, a realidade em Portugal não ser muito diferente. Apesar do Pó de Ouro ter sido substituído por aspiradores...

1.21.2013

meia hora de vida

A primeira coisa em que pensei foi em recusar o convite. Afinal de contas, embora gostasse muito da Vienna, a impressão que eu tinha é que ela era dum meio social muito diferente do meu. Vestia-se com muito cuidado e tinha um comportamento, vá lá... bastante fino para aquilo que eram os meus padrões. Na verdade, só ficámos a falar um com o outro porque eu achei piada ao facto de conhecer uma Vienna no primeiro dia em que estive na capital da Áustria. 
Eu andava de mochila às costas há algumas semanas pela Europa e, para ser sincero, com um aspecto já bastante sujo e descuidado. Numa rua qualquer ela veio falar comigo e avisou-me que não devia continuar naquela direcção por causa dum grupo de extrema direita que estava uns metros à frente. Não gostavam muito de estrangeiros e podiam tornar-se agressivos. No princípio fiquei um bocado assustado e perguntei-lhe por onde é que devia seguir, pois nem sequer fazia a mínima ideia onde estava, e ela acabou por me convidar para beber uma cerveja num sítio seguro.

- I'm Vienna! - Disse ela.
- Are you Vienna or do you live in Vienna? - perguntei.
- No, no... my name is Vienna. - sorri.

E foi assim que começou a nossa conversa. Ela era loira, tão loira e tão bem vestida quanto uma actriz de cinema consegue ser. Bastante bonita e energética. Não demorou muito a perceber que eu estava praticamente sem dinheiro e que andava a pé porque um bilhete de metro custava, já naquele ano de mil novecentos e noventa e cinco, o equivalente a seiscentos escudos. Uma brutalidade, portanto. Disse-lhe que ia apanhar um comboio às seis da manhã para Praga e, por isso, nem sequer ia dormir em lado nenhum, o que era verdade. Pagou-me duas cervejas que custaram também um balúrdio e convidou-me para uma festa na casa dela nessa mesma noite.Assim, poderia sair da festa e ir directamente para a estação de comboios.
Aceitei um papelinho com uma morada escrita à mão, pensando que nunca na vida a iria procurar, e por isso despedi-me dela com um "see you!" acreditando que, na verdade, nunca mais a veria. À noite, no entanto, e porque a solidão começou a pesar, acabei por ir dar à casa dela depois de ter conseguido comprar uma garrafa de vinho português num supermercado. Assim que entrei, perguntei por ela, pois foi um desconhecido que abriu a porta e eu não sabia mais o que dizer. Um homem alto e muito magro mandou-me entrar, ofereceu-me uma cerveja, fez-me algumas perguntas por causa da garrafa que eu lhe entreguei e apresentou-me algumas pessoas. Ele, pelos vistos, também não conhecia todos os presentes. A Vienna, entretanto, tinha ido a um sítio qualquer e não ainda não tinha chegado.
Acabei por me sentar numa cadeira que tinha outra igualzinha mesmo ao lado, onde acabei por ficar quase uma hora. A cadeira ao lado da minha estava livre e, por isso, de vez em quando alguém se sentava ali e começava a falar comigo sem mais nem menos. Alguns, que não sabiam que eu era português, falavam em alemão, ao que eu respondia sempre da mesma forma, dizendo em inglês que não estava a perceber.
Durante esse tempo reparei numa mulher que, por qualquer motivo, me interessou bastante. Não é que fosse especialmente bonita (a Vienna, por exemplo, era muito mais atraente). Foi qualquer coisa daquelas que não conseguimos explicar, mas que faz com que de repente não pensemos em mais nada senão em conhecer aquela pessoa. Como quase todos os presentes estavam a rodar pela cadeira junto à minha, decidi ficar ali sentado à espera que chegasse a vez dela. Dessa forma poderia meter conversa discretamente, com o álibi de quem nem sequer tinha sido eu a ir ter com ela. 
Pois bem... acho que ela foi das únicas que não se sentou ao meu lado. Na verdade, nem sequer olhou para mim durante todo esse tempo. Comecei, de certa forma, a ficar angustiado. Como tinha que ir embora, sabia que o tempo para a conhecer estava a passar e era limitado, como se de uma ampulheta se tratasse. Quando a Vienna chegou, finalmente, percebi que elas eram uma espécie de melhores amigas. Só nesse momento é que a conheci, pois foi-me apresentada. Chamava-se Lena e era portuguesa. Pelos vistos, a Vienna tinha-me dito que tinha uma grande amiga portuguesa mas eu, distraído como sou, nem sequer tinha ouvido.
Nesse momento, e porque entretanto já tinha bebido algumas cervejas, expliquei-lhe que tinha estado a noite toda à espera que se sentasse ao meu lado, só para a poder cumprimentar. Ela, não gostando muito do rumo da conversa, afastou-se. Lembro-me que fiquei desiludido e com uma pequena dor de barriga.
Eram cerca das cinco da manhã quando peguei na mochila para me ir embora e comecei a despedir-me dos poucos que ainda estavam presentes. A Lena era uma delas e ficou surpreendida. Expliquei-lhe que tinha um encontro em Praga nessa mesma tarde e tinha que mesmo que ir. Ela, para minha surpresa, ofereceu-se para me acompanhar à estação e foi assim que tive, muito provavelmente, umas das melhores meias horas da minha vida.
Nessa meia hora de vida apaixonei-me totalmente e, antes de entrar para o comboio, procurei-lhe no fundo dos olhos aquela sensação que tinha encontrado nas suas palavras: a de que valia a pena eu mudar de planos por uma incerteza. Tive dúvidas, para ser sincero. Trocámos contactos, um beijo tímido nos lábios e eu despedi-me. Nunca mais a vi.

1.18.2013

conversa 1986

(em casa dela)

Eu - Ena! Mudaste as mobílias todas. Está fixe, assim.
Ela - Mudei ontem. Estava aqui em casa sem fazer nada e decidi aproveitar...
Eu - Espera aí! Mudaste este armário pesadíssimo sozinha? Deves ser a super-mulher...
Ela - Não foi bem sozinha. Vieram aqui dois mormons todos simpáticos, perguntaram-me se eu precisava de ajuda e eu aproveitei. Pus os homens a carregar alguns móveis...
Eu - E depois não tiveste que os aturar a falar de Deus?
Ela - Não. Assim que mudaram as coisas mais pesadas, ofereci-lhes um café e aproveitei para lhes dizer que sou ateia e que não não valia a pena chatearem-me com essas coisas...
Eu - E eles não ficaram chateados?
Ela - Claro que não. São mormons...

1.16.2013

Amor à porta duma casa de banho

Conheci a única mulher com quem tive filhos na porta da casa de banho de um café. Dito assim pode parecer estranho, mas é verdade. Foi há muitos anos, no café Palácio em Aveiro. A casa de banho dos homens estava ocupada e fiquei à espera na entrada, talvez uns dois minutos. Ela estava numa mesa próxima e começámos a falar um com o outro.
Isto não é importante, mas penso muitas vezes como teria sido a minha vida se nessa noite não tivesse ido à casa de banho daquele café. Muito diferente, certamente. Não tinha passado dezasseis anos com ela e a minha filha não existia. Talvez nem tivesse filhos, mas se tivesse seriam outros. 
Não acredito no destino, mas acho mesmo muito interessante a forma como a probabilística nos molda a vida. A maior parte do tempo nem pensamos nisso, mas pequenas coisas sem importância nenhuma podem mudar significativamente o rumo da nossa vida.

Estava a detestar a sensação de ver os assuntos entre nós morrer rapidamente. Eu dizia qualquer coisa e ela nunca tinha resposta. O mesmo se passava no sentido inverso. Era como se a nossa conversa fosse composta por peças de puzzles diferentes. Estava a detestar o facto, principalmente porque sabia que a Irina era mulher para se levantar e ir embora ao mínimo suspiro. É que a mim agradava-me estar perto dela, mesmo quando as conversas não passavam de meras tentativas de encontro, e aquele fim de tarde no café estava a saber-me bem.
Eu estava a folhear o mesmo jornal pela quinta ou sexta vez, apenas para justificar a minha presença ali. Assim, evitava estar a olhar para ela frente a frente, sem termos nada que dizer um ao outro. Acho que ela se apercebeu, porque a certa altura passei três ou quatro folhas sem sequer olhar para elas. Foi então que se referiu a um livro qualquer que andava a ler (não me lembro do autor nem do nome) em que duas pessoas se apaixonavam na porta da casa de banho dum café.

- Na porta da casa de banho dum café?! - Perguntei. - Foi assim que conheci a minha ex-mulher...
- Que lindo! E também decidiram fazer uma viagem os dois até um país distante?
- Não. Decidimos tomar café uns dias depois. Porque é que eu havia de fazer uma viagem com uma pessoa que eu mal conhecia?

Senti o peso do olhar desiludido da Irina por, mais uma vez, ter estragado uma conversa que estava a começar. A ela apetecia-lhe falar sobre uma surreal aventura amorosa qualquer, eu estava muito terra-a-terra nesse dia. Ela acabou, uns cinco minutos depois, por se levantar e despedir-se.

- Vou andando! - disse.

Pedi uma cerveja e fiquei ali mais uma meia hora sem fazer nada de interessante. Uma espécie de meia hora vegetativa a ter pensamentos que eu próprio não poderia descrever, como se não fosse eu a tê-los realmente e não passassem dum ruído de fundo qualquer. Do televisor, por exemplo.
Uma mulher entrou no estabelecimento e foi directamente à casa de banho. Ao abrir a porta bateu de frente num homem que ia a sair. Ficaram ali uns segundos a falar um com o outro e depois acabaram sentados ao balcão, lado a lado. Primeiro com um banco de intervalo entre eles, depois ele moveu-se para mais perto dela. Pareceu-me que era a primeira vez que estavam a falar, mas talvez já se conhecessem.
A minha coincidência desse dia foi outra. Se a Irina tivesse ficado mais algum tempo no café, talvez tivesse visto aquela cena e teríamos certamente motivo de conversa. Talvez ficássemos o dia todo um com o outro, jantássemos juntos, bebêssemos um copo num bar pouco frequentado ou fôssemos ao cinema. Não aconteceu. Acho que passei a vê-la com menos frequência desde esse dia.
Nunca consegui contar-lhe isto, principalmente porque sempre achei que ela ia pensar que eu estava a mentir.

1.15.2013

conversa 1985

Ela - Isto é um jogo para ver como vai a tua vida. Faço-te cinco perguntas e tens que responder logo, está bem?
Eu - Okay...
Ela - Diz-me a marca da última cerveja que bebeste...
Eu - Sagres.
Ela - Diz-me o nome do último vinho que bebeste...
Eu - Hum... Azinhaga de Ouro. É um Douro tinto.
Ela - Diz-me qual foi o prato da tua última refeição...
Eu - Esparguete à Bolonhesa.
Ela - Diz-me a marca do último café que bebeste...
Eu - Delta.
Ela - Diz-me a marca do último preservativo que usaste...
Eu - Hum... hum... hum... epá...
Ela - Pronto, a tua vida corre bem em quase tudo. Parabéns...
Eu - Isso não é justo.
Ela - Ninguém disse que a vida era justa.

1.14.2013

conversa 1984

Ela - Queres tomar um café?
Eu - Só se for rápido. Tenho que fazer e ainda vou ali comprar uma ou duas camisolas de poliéster.
Ela - De poliéster? Eu não deixo o meu marido usar poliéster.
Eu - Porquê?
Ela - O poliéster é uma fibra artificial. Ainda agora, nos saldos, lhe comprei umas camisolas de lã. Nem o deixo escolher...
Eu - Eu prefiro poliéster. Assim não me preocupo quando lavo a roupa. É que a lã encolhe, o poliéster não...
Ela - Eu lavo a roupa ao meu marido, precisamente para ele não a estragar.
Eu - Se lhe comprasses poliéster já o podias deixar lavar a roupa dele.
Ela - Hum... talvez vá contigo às compras e também lhe compro poliéster.

1.13.2013

das coisas inúteis à inutilidade em si...


Um país inteiro caiu em cima da Pepa Xavier só porque ela admitiu que deseja ter uma mala qualquer. Acusaram-na de estar desfasada da realidade económica do país e de pôr a nu o quão hipócrita pode ser a sociedade.
No vídeo que eu vi, a Pepa Xavier propõe-se a comprar a mala, não a roubá-la. Parece-me legítimo, o desejo, e compreendo-o. Aliás, desculpem-me os mais sensíveis, mas eu tenho vários desejos do género. Não com malas mas com objectos igualmente inúteis. Ou ainda mais, se calhar. Estou desempregado neste momento, mas continuo a tê-los. Há coisas caríssimas e sem utilidade que eu gostava de ter
Eu compreendo a Pepa. Não compreendo é um país que reage desta forma por causa duma mulher revelar um simples desejo. Aliás, gostava de saber, de todos os que disseram mal dela nestes dias, quantos é que estão preocupados com a inutilidade de mais um jogo de futebol entre duas sociedades anónimas desportivas marcado para este fim de semana. Estou a falar do Benfica-Porto e, pelo que tenho reparado no Facebook e nos jornais, são muitos. É só um exemplo. Podia arranjar mais.
O meu problema é que até acredito que há aqui uma questão de género. A Pepa foi crucificada por ser mulher e querer uma carteira. Se fosse um homem a desejar estragar um automóvel com um tunning estúpido qualquer, a reacção seria mesma? Fica a pergunta.
E hoje, entre o Benfica e o Porto, que percam os dois. É o desejo de alguém que gostava de ter uma Playstation 3...

1.11.2013

respostas a perguntas inexistentes (242)

molas

Uma vez conheci uma mulher que fazia colecção de molas de roupa. O mais estranho é que, à época, ela nem sequer lavava ou secava a própria roupa. Levava-a a casa dos pais, pelo menos pelo que me disse no dia em que a conheci. Nesse dia bebemos uns copos e ela acabou por me convidar para ir a casa dela, onde me mostrou a sua colecção de molas de roupa com a mesma emoção que se mostra um álbum de fotografias a um amigo novo.
Passo a explicar. A colecção de molas de roupa tinha uma característica que me suscitou algum interesse, pois por trás de cada uma delas havia um rosto humano. Na verdade, a Fátima nunca tinha comprado nenhuma mola de roupa na vida. Coleccionava aquelas que apanhava no chão, caídas duma varanda ou duma janela qualquer. Fazia isso há anos e cada vez que encontrava uma mola tentava adivinhar de onde ela tinha caído. Depois visitava o mesmo sítio repetidamente até conseguir tirar uma fotografia ao antigo dono da mola enquanto estendia ou apanhava a roupa, imprimia-a e pendurava-a numa das cordas de roupa que tinha espalhadas pelas paredes da casa. Com a mola respectiva, claro.
Tinhas as paredes da sala e de um corredor repletas de fotografias com pessoas a estender ou a apanhar a roupa. Fotografias tiradas em pequenas varandas de cidades, pátios soalheiros de casas de aldeia, grandes terraços, etc. Percorri cada uma delas com interesse genuíno e fui parando naquelas que, por algum motivo, careciam de uma análise mais pormenorizada.

- Disseste-me que fazias colecção de molas... - disse-lhe eu.
- Sim.
- Mas isto é uma colecção de histórias. - concluí.

Ela concordou. Disse-me que eram as suas próprias histórias. Através daquela colecção conseguia lembrar-se de cada um dos momentos e das viagens da sua vida. Numa das fotografias, por exemplo, uma miúda loira com doze ou treze anos dizia adeus à máquina. Tinha sido, pelos vistos, uma criança que deixou cair uma mola duma varanda no Algarve e a quem o então namorado da Fátima a pediu encarecidamente para a sua colecção. O namorado da Fátima já tinha deixado de o ser muitos anos antes e, muito provavelmente, a miúda já andaria na Universidade por aqueles dias.
Cada mola pendurava um momento do passado dessa minha nova amiga como se fosse uma peça de roupa a secar ao Sol. A diferença é que ela nunca os apanhava e, por isso, estavam ali a perpetuar-se nos dias que passam com uma estranha insistência. Eram pequenos momentos que pareciam teimar em viver mais tempo do que aquele que a natureza lhes atribuíra por direito.
A Fátima acabou por me explicar que a memória cerebral não chega para que esses pequenos momentos vivam dentro de nós. Acabam por desaparecer, como grãos de areia engolidos por uma onda do mar. Eu concordei na altura, mas hoje de manhã lembrei-me desta história apenas porque estava a estender a roupa aos fracos raios deste Sol invernoso que tenta aquecer a cidade de Aveiro. Lembrei-me dela de repente, sem qualquer outra justificação para além de estar a estender a roupa. Talvez a nossa memória cerebral não seja assim tão má. Pelo menos aquela que está, duma forma ou de outra, ligada ao coração.

1.10.2013

conversa 1983

Ela - Porque é que compraste a "Quero Saber"? Isso é literatura de casa de banho...
Eu - Na capa dizia que tinha tudo sobre bonsais, mas de facto não tem quase nada. Fiquei desiludido, não a torno a comprar.
Ela - Pois... quem promete tudo, normalmente não tem quase nada para dar.
Eu - Pois... sobre bonsais tem quatro ou cinco parágrafos pobrezinhos...
Ela - És homem, já devias saber que não se deve acreditar em quem promete tudo...
Eu - O que é que isso tem a ver com ser homem?!
Ela - Já alguma vez prometeste Amor total a uma mulher?!
Eu - Já...
Ela - E cumpriste?
Eu - Bem... não propriamente, mas quando prometi estava a falar a sério...
Ela - Pois... 

1.09.2013

conversa 1982

Ela - Agora que tenho quase cinquenta anos, acho que estou a atravessar a melhor fase da minha vida, sabes? Sinto-me em paz...
Eu - Ainda bem.
Ela - Sinto-me calma e equilibrada, algo que nunca me aconteceu antes, muito por culpa dos homens que se atravessaram na minha vida.
Eu - Como te conheço há muitos anos, percebo o que dizes. Ainda bem que agora estás melhor.
Ela - Sim... a única coisa que me tira do sério, apesar de tudo, continuam a ser alguns homens que conheci.
Eu - Saudades?
Ela - Não. Raiva.
Eu - Raiva?!
Ela - Sim, quando me dou conta que perdi alguns anos da minha juventude por causa de homens que não o mereciam. Quando me ponho a pensar nisso, lá se vai a paz...

1.08.2013

coisas que fascinam (158)

o Amor é um fósforo

Acho que o Amor é um fósforo. Acende-se, queima-se e morre. Não existe, por isso, o Amor duma vida inteira. É falso. O que pode existir é uma vida inteira onde todos os dias nasce um novo Amor entre os mesmos Amantes, que o Amor é coisa para um dia. Não mais do que isso.
Dois Amantes que estiveram juntos durante um ano apaixonaram-se trezentas e sessenta e cinco vezes nesse ano. Basta terem-se apaixonado trezentas e sessenta e quatro que, lá pelo meio, é mais do que certo que tiveram um dia triste. Um dia em que, não o confessando a ninguém, duvidaram daquilo que sentiam.
A dúvida faz parte do Amor. Surge sempre naqueles dias em que nós acordamos, mas o Amor não. São dias de sonolência, esses. E no entanto, essenciais para que nos apaixonemos de novo, logo na manhã seguinte, pela mesma pessoa.

1.07.2013

conversa 1981

Ela - Não sentes que há qualquer coisa de mágico num ano que começa de novo? Qualquer coisa que faz as pessoas sentirem uma nova força, uma energia redobrada?!
Eu - Não.
Ela - Estragas sempre tudo.

conversa 1980

Ela - Não te sei explicar muito bem o que sinto. Estou mesmo cansada de viver com o meu marido e já não o posso ver, mas ao mesmo tempo tenho um carinho muito especial por ele e não ganho coragem para o deixar...
Eu - E umas férias sozinha, já pensaste nisso?
Ela - Já pensei... mas não sei se ele vai gostar da ideia...
Eu - Tu é que sabes. Eu acho que é sempre bom falar nessas coisas. Pôr tudo em cima da mesa, amigavelmente, e discutir. Já falaste com ele sobre isso?
Ela - Não consigo falar com ele sobre isso.
Eu - Tens que ganhar coragem...
Ela - Não é bem uma questão de coragem, é mais uma questão de oportunidade.
Eu - De oportunidade?! Vocês vivem juntos...
Ela - Vivemos... mas ele está sempre a jogar Playstation 3 na sala e eu a ver televisão no quarto...

1.04.2013

coisas que fascinam (157)

uma questão de pele

Talvez já tenha acontecido a todos nós. A mim, pelo menos, já me aconteceu mais do que uma vez não gostar duma pessoa não tendo motivo nenhum para tal. Lembro-me da Rosa, por exemplo, a quem nunca consegui apontar nenhuma característica que não me fosse simpática e de quem, no entanto, nunca gostei no seu todo. Nada mesmo, sublinhe-se.
Diz-se normalmente que é uma questão de pele, o que nos leva a não gostar duma pessoa contra a qual até nem temos nada. Que eu me lembre, nunca toquei na pele da Rosa, nunca a cheirei nem senti. Mas até acredito que possa ser mesmo uma questão de pele, já que nunca encontrei nenhuma justificação para tal.
A Rosa até era bonita. Tinha uma cabelo curto encaracolado e algumas sardas nas bochechas. Parecia uma menina de escola mal comportada e, se eu a tivesse visto apenas numa fotografia, acho que tinha gostado dela. Mas ela era apenas amiga duma amiga, ou seja, uma conhecida que nunca tinha passado desse estatuto, apesar de nos termos sentado um número infindável de vezes à mesma mesa do café.
Convém acrescentar, claro, que eu sempre tive a perfeita noção de que eu, para ela, também não era flor que se cheirasse.. As nossas conversas de café tinham sempre a Susana, a tal amiga comum, como intermediária.
Uma vez, tínhamos acabado de nos sentar os três à mesa do café e de pedir uma cervejas, quando a Susana recebeu um telefonema urgente qualquer e teve que se ausentar durante quase uma hora. Ficámos nós os dois, eu e a Rosa, duas peças dum puzzle que não encaixavam claramente uma na outra, frente a frente.
Lembro-me perfeitamente que me tentei refugiar na televisão mas estava a dar uma partida de ténis qualquer, desporto pelo qual nunca nutri grande simpatia e do qual sei muito pouco. Além disso, todos os jornais disponíveis no estabelecimento eram desportivos, coisa que eu também não consigo ler durante mais do que cinco minutos. Acabei por me refugiar na própria cerveja, que bebi mais depressa do que seria normal por não ter com quem falar.
O silêncio começou a ser perturbador e eu olhava ansioso para a entrada à espera que a Susana regressasse ou que, pelo menos, um outro amigo qualquer entrasse e desanuviasse o ambiente pesado. A Rosa, de cujo olhar o meu fugia como uma borboleta tonta, estava sentada como se fosse uma estátua intocável, o que me incomodava ainda mais.
Foi nesse momento que tudo mudou. Ela começou a rir, abriu a carteira e deu-me uma pequena consola de jogos para a mão, uma Game Boy Color. Eu fiquei perdido e perguntei-lhe para que é que eu queria aquilo.

- Nós, por qualquer motivo, não gostamos um do outro. Isso é ponto assente. Mas escusas de estar aí tão inquieto só porque não temos assunto. Eu posso estar aqui quieta e não te chateio com nada e tu, se quiseres, podes jogar com a consola do meu filho.

Posta esta coragem em cima da mesa, que me surpreendeu de forma positiva, abriu-se uma porta para eu lhe dizer o que estava a sentir.

- Desculpa lá. Não tenho mesmo nada contra ti. Apenas não me sinto muito bem contigo, nem sei bem porquê...

A Susana acabou por demorar bastante mais do que o previsto e, quando chegou, estávamos ainda nós em amena cavaqueira sobre a forma como as pessoas podem ou não gostar umas das outras. Nesse dia ficámos finalmente amigos e ainda hoje o somos. Pode haver, de facto, uma questão de pele, mas também há uma questão verbal, semântica ou de conversa de café (como lhe queiram chamar) que não é menos importante.

1.03.2013

respostas a perguntas inexistentes (241)

- Um dia destes ainda havemos de jantar os dois! - disse-me ela.

Fiquei a pensar naquela fracção de tempo, "um dia destes", tão pequena quando comparada com a minha vontade estar com ela. Mais pequena ainda do que isso, já que nesse dia se reduziria a um jantar. Lembrei-me duma música que ouvira no carro uns minutos antes, numa rádio que só passa canções dos anos oitenta, e que dizia que "a culpa é da vontade que vive dentro de mim e só morre com a idade, a idade do meu fim".

- Um ano destes ainda havemos de nos Amar os dois! - respondi-lhe.

A partir desse momento perdi a coragem de a fitar nos olhos. Não porque me apetecesse fugir, mas sim porque passei a sentir-me um invasor. Estávamos a lanchar e ela escondera o sorriso tímido por trás duma chávena de chá fumegante. Esperei um pouco e passeei o meu olhar por todos as coisas desinteressantes daquele café de esquina até a ouvir dar sinal de vida.

- Uma vida destas ainda havemos de nos Amar os dois! - insistiu ela.

Foi a primeira vez que demos as mãos um ao outro e durante dois meses vivemos um Amor eterno.

1.02.2013

a romã

Há duas maneiras de comer uma romã. A primeira é ir ingerindo as sementes à medida que, com algum esforço, se vai removendo a casca e a amarga película que cresce entre elas. A segunda é, com muita paciência, remover primeiro todas as sementes para uma taça e depois comê-las à colherada, já sem qualquer tipo de obstáculo.
Pode não parecer importante, porque não é, mas a forma como se come uma romã pode definir a compatibilidade, ou a falta dela, entre duas pessoas. Eu como-a sempre da segunda maneira, optando por fazer primeiro todo o trabalho árduo de separar as sementes para depois aproveitar o seu sabor sem mais preocupações.
Nunca consegui manter uma relação duradoura com mulheres que a comem com o primeiro método, roendo-a com se fosse uma presa aos pés dum predador carnívoro. A romã desfaz-se e sangra, derrotada perante a ansiedade de quem a come. No fim satisfez-se a fome e a necessidade nutritiva do corpo, mas não com o prazer que o sabor daquela espécie de fruto permite.
Ao comer uma romã, sinto-me sempre no estado do guerreiro que descansa depois da batalha. Já lutei com ela, por isso mereço um momento de paz enquanto a saboreio. Normalmente ouço música ou, embora raramente, começo a ver um filme.
A romã é assim, um bom teste de compatibilidade entre duas pessoas que pretendem Amar-se. Não apenas pelas suas conclusões mais precipitadas, mas porque quando se descobre que se namora há vários anos com uma mulher que não come a romã como nós, é porque esse teste foi superado da melhor forma. Sem cedências, digo.
O índice ivariano regressa ao vinte.