12.29.2008

eu fui à arrentela



Consegui fugir às pessoas histéricas que tentam fazer as trocas pós-Natal e aproveitar os primeiros dias de saldos nas lojas pronto-a-vestir. Como? Fui à Arrentela, no concelho de Seixal, na margem sul. E porque é que durante vários dias nem sequer actualizei o blogue? Fácil, antes de sair de Aveiro passei no Continente e descobri que os preservativos com anel estimulante estavam com 50% de desconto no cartão. Eu descobri, a senhora idosa que estava a comprar água oxigenada ao meu lado também descobriu, os putos que compravam pensos rápidos com desenhos também descobriram. Enfim... todos descobriram. Foi a alegria total.

12.23.2008

conversa 1117

(ao telefone)

Ela - Como já sei que não gostas nada do Natal, estou a telefonar para te desejar que o gordo do Pai Natal, as renas e o saco de presentes te caiam em cima e te esmaguem...
Eu - Está tudo bem contigo?
Ela - Sim. Tive um orgasmo.
Eu - Pensei que tinhas bebido...
Ela - É mais ou menos a mesma coisa... uma vez disse que te pagava uma bebedeira se conseguisse ter um, lembras-te?
Eu - Sim, mas isso era se tivesses comigo.
Ela - Não faz mal. Pago-te na mesma...

decotes




A marca de vinhos finlandesa Foxy fez publicidade ao seu produto através da simulação de copos de vinho em decotes. Acho uma excelente ideia. Decotes são sítios para onde olhamos sempre com atenção redobrada, apesar de normalmente por pouco tempo para não levarmos uma chapada. Beber também pode ser sensual...

conversa 1116

Ela - Pai, a mãe tem um livro que tu escreveste e que se chama "não compreendo as mulheres".
Eu - Pois tem, filha. Fui eu que lho dei.
Ela - Não compreendes a mãe?
Eu - Hum... hum... filha... quando digo que não compreendo alguém é porque gosto tanto dessa pessoa que gostava de a compreender ainda melhor do que já compreendo.
Ela - Ah! Lá te vais safando com as tuas respostas...

instinto de sobrevivência

Hoje fiz directa porque a minha filha está doente e passou a noite toda com tosse e dores de cabeça. Às cinco da manhã, mais coisa menos coisa, numa pausa em que ela conseguiu adormecer por breves momentos, deitei-me ao lado dela e ela aninhou-se inconscientemente no meu braço. Vi aquilo como um instinto de sobrevivência: uma criança que mesmo a dormir procura um lugar "mais seguro". Pergunto-me se não é também um bocado isso que procuramos todos nas nossas relações, e se o amor não passa um bocado pelo nosso instinto de sobrevivência.

12.22.2008

conversa 1115

Ela - Achas que eu sou nervosa?
Eu - Acho.
Ela - Achas?
Eu - Acho. Ainda há bocado, quando me esqueci que bebes sempre café cheio e pedi dois cafés normais, ficaste logo um bocadinho nervosa.
Ela - Bem, o melhor é não falarmos mais nisto.
Eu - Porquê?
Ela - Ainda me enervo.

conversa 1114

Ela - Acreditas na vida depois da morte?
Eu - Acredito. Quando eu morrer a vida continua, só que sem mim.
Ela - Mas já pensaste no que te vai acontecer a seguir?
Eu - Não. Se a vida continua sem mim não me pode acontecer mais nada.
Ela - E a tua alma?
Eu - A minha alma está bem, obrigado.
Ela - Mas não sobreviverá à tua morte?
Eu - A minha alma é um conjunto de pensamentos e emoções que são consequência duma série de processos químicos e físicos no meu corpo que, em determinada altura, se transformam em comportamentos. Deve ser qualquer coisa parecida com isto. Admito que não tenho formação científica suficiente para te explicar melhor...
Ela - Precisava que me dissesses que acreditas que a vida não é só isto. Desde que me separei, cada vez que olho para o meu filho preciso acreditar que a vida não é só isto.
Eu - A vida é isto. Podes é tirar o 'só' da frase e, just in case, tenta ser feliz.
Ela - Acho que preciso de ajuda.
Eu - Se tiveres uma garrafa de vinho em casa posso ajudar-te a bebê-la.
Ela - Tenho...
Eu - Então força. Vamos lá...

sabores

Acho que é quando andamos mais tristes que nos esquecemos do sabor das coisas, e não falo de comida. Falo dum beijo ou dum abraço, por exemplo. E se às vezes comemos apenas pela necessidade biológica expressa na fome, também é verdade que às vezes beijamos ou abraçamos alguém sem percebermos muito bem porquê. É que também há beijos sem sabor, e é quando os nossos beijos começam a ficar desenxabidos que se torna urgente fazer alguma coisa.
Tinha-me esquecido do sabor dos beijos. Agora enojam-me os discursos politizados que se centram apenas na nossa necessidade biológica de comer. Nós não queremos só comer. Queremos saborear. É para isso que duas pessoas se juntam: para se saborearem e não para matar uma fome qualquer. Se calhar devia ser assim com todos nós, ao mesmo tempo, numa espécie de orgia global de sabores.
O sofrimento está impregnado na nossa sociedade, presente em expressões serôdias como "trabalhar para comer" ou "quem não trabuca não manduca", como se fosse uma obrigação sofrer antes de comer, uma obrigação sofrer antes de sorrir, uma obrigação sofrer quando se trabalha, uma obrigação sofrer antes de fazer amor. Se é, dou-vos o direito de sofrer por mim. Eu não quero...

ela pode parecer limpa mas...



Ela pode parecer limpa mas... Este cartaz americano da segunda guerra mundial alertava os homens para o perigo das relações sexuais ocasionais e com prostitutas. Na mensagem do cartaz está implícita a ideia de que o perigo das doenças está exclusivamente nas mulheres e nunca nos homens, já que o aviso é apenas para o género masculino. A questão era precisamente essa: os homens eram necessários para carne para canhão.
A frase you can't beat the Axis if you get VD (não podes atingir o eixo se apanhares vd) não disfarça. O Eixo é a aliança fascista entre Hitler e Mussolini da guerra e as VD são, obviamente, doenças venéreas (agora usa-se mais o termo dst, doenças sexualmente transmissíveis), neste caso a sífilis e a gonorreia, já que os vírus HIV ainda não eram conhecidos.
O preservativo, tal como o conhecemos hoje, tinha sido inventado uns anos antes (em 1939), e ainda não era popular o suficiente para ser apresentado como uma boa forma de protecção. Assim, era melhor que os homens morressem na guerra do que doentes...

coisas que fascinam (77)

Gosto desta nova versão que o Rui Reininho fez da música das Doce, Bem Bom. Para além de ser uma música adequada para ouvir segunda-feira de manhã, é um dos casos em que o sucedâneo é melhor do que o original e um exemplo de que às vezes vale a pena refazer as coisas. A vida por exemplo. Pronto, era só isso.

conversa 1113

Ela - Quero deixar de fumar mas agora não consigo.
Eu- Não consegues porquê?
Ela - É o único prazer que tenho na vida. Primeiro tenho que me apaixonar e ser bem sucedida no amor, está decidido. Se este ano arranjar um namorado decente deixo de fumar.
Eu - Já te conheci três namorados e nunca deixaste de fumar.
Ela - Pois, mas eu disse decente...

conversa 1112

(com uma amiga que ajudei a levar as compras para o oitavo andar porque o elevador está avariado)

Eu - Esta luva é para quê? Lixar a tinta das paredes?
Ela - Não gozes. É de crina de cavalo e é para tomar banho...
Eu - Não gozes tu. Entre esta luva e um esfregão Bravo não há diferença nenhuma. Tu vais passar isto na tua pele?
Ela - Vou... a beleza tem um preço.
Eu - Se o preço é sofrer uma tortura medieval eu cá prefiro ficar feio.
Ela - Pedi-te ajuda para trazer as compras, não te pedi uma opinião sobre as compras.

12.21.2008

a melhor prenda do mundo... ou quase

E pronto, envolvido também pelo espírito natalício, decidi oferecer uma prenda a todos os leitores deste blogue, que bem merecem, menos ao Vitalino Canas por ser o maior sacana e trafulha que este país já viu. Um álbum espectacular, mas mesmo espectacular, com músicas raríssimas de grande interesse que podem ouvir na passagem de ano (mas, por favor, primeiro bebam pelo menos doze litros de vinho rasca). Eis as músicas e tu, Vitalino, já sabes, tá quietinho e vai mas é trabalhar temporariamente.

1] epaksa ymca mesmo
Epaksa é o nome dum homem infelizmente mal tratado pela opinião pública vietnamita, aqui numa das melhores versões do clássico ymca que este planeta já ouviu. Claro que têm que ter em conta que o planeta não ouve...

2] pffff - japanese barbie girl
Lembram-se do éxito "barbie girl"? Agora imaginem-no cantado em japonês por alguém que se chama... se chama... pffff...

3] sei lá - finlandese cool version of ymca
Voltamos ao ymca numa versão dum finlandês com ar de eládio clímaco nos anos setenta, com a vantagem de não termos que ver os Jogos Sem Fronteiras...

4] manel das nespras - racha racha
O Manel das Nespras é um dos maiores intelectuais portugueses da actualidade. tão intelectual, tão intelectual que eu ainda não descobri o que é uma nespra. Editou o álbum "fui cagar ao cemitério" onde faz uma profunda reflexão materialista e patafísica da relação entre a morte e... e... e caguice. Nesta música eternizou-se com os versos "na minha terra não se racha lenha / não tua racha, na tua racha".

5] epaksa - kincho commercial
Voltamos ao grande Epaksa e a um anúncio para veneno de baratas. Os grandes génios também trabalham...

6] jack sebastião - limitações
O Jack Sebastião é... o Jack Sebastião. Pois...

7] heróis do rock - ser jovem sem droga
Esta música foi feita nos anos 90 por uns tipos que, para a fazerem, de certeza que andavam na droga. Só que depois inscreveram-se nos escuteiros... agora a sério, quem é que raio se lembra de fazer uma música com os versos: "ser jovem é sempre uma fase da vida que passa / e o futuro está perto e é preciso enfrentá-lo com garra"? Epá... metam-se na droga mas é.

8] agricultor debaixo do tractor - love song
Os Agricultor Debaixo do Tractor foram uma grande banda aveirense nos anos 80 e 90, da qual eu fazia parte. Grande porque éramos mais de dez, note-se. Esta música é quase uma versão do Elvis... mas não é bem, percebem? Bem... se chegaram a esta música é porque são malucos. Por isso...

podem baixar aqui.

grande e espectacular concurso incompreensível - Suazilândia's cut

última hora: como estão a concorrer algumas pessoas sem blogue e algumas da Suazilândia, olhem... concorre quem quiser e pronto. :)

12.20.2008

conversa 1111

(no café, para o empregado)

Eu - Quero uma cerveja qualquer que não seja Super BocK.
Ela - Eu quero uma cerveja também mas tem que ser Super Bock.

felatio verbal

Estive a fazer uma lista, com uns amigos, das coisas mais... vá lá, inadequadas que já ouvimos duma mulher durante o felatio. Coisas que fazem um gajo, digamos... amolecer. Depois dumas cervejas e umas risadas, ganharam a votos as seguintes cinco. É por isso que sempre que faço minetes me mantenho em silêncio...

1] Será que isto sabe melhor com mel ou doce de morango?
2] Tenho mais de 4000 pontos no meu cartão da BP. Já dá para uma aparafusadora...
3] Não saias daí que vou-me só pentear.
4] Despacha-te pá. Vê lá se te vens que está quase a começar o CSI...
5] Ena, esqueci-me de levar o lixo.

12.18.2008

grande e espectacular concurso incompreensível

1] Escreve uma conversa incompreensível entre uma ela e um ele
2] Publica-a no teu blogue e faz um link para este blogue
3] Manda-me um email para bagacoamarelo@gmail.com com o link
4] Todos os participantes receberão depois um ficheiro de texto com todas as conversas concorrentes e terão que votar nas que acham melhores (menos nas deles)
5] A melhor conversa ganha um espectacular livro "não compreendo as mulheres" e uma pastilha elástica.
6] Podem concorrer todas as pessoas com blogues escritos em português, nascidas em qualquer país menos na Suazilândia.
7] Podem concorrer até ao dia 20 de Janeiro. A votação será realizada até ao fim do mesmo mês.

última hora: como estão a concorrer algumas pessoas sem blogue e algumas da Suazilândia, olhem... concorre quem quiser e pronto. :)

conversa 1110

Eu - Então, estás bem?
Ela - Nem por isso...
Eu - Nem por isso porquê?
Ela (abana os ombros em silêncio)
Eu - Estás em baixo por algum motivo?
Ela - Comprei uma cuecas caríssimas e elas estão a entrar-me pelo rabo dentro. Fazem-me impressão...

12.17.2008

conversa 1109

Ela - Se pudesses escolher um presente de Natal qualquer, o que é que escolhias?
Eu - Escolhia nunca mais haver Natal.
Ela - Vou acabar de tomar este café, levantar-me e sair, e depois só te quero ver em Janeiro. Gosto demasiado de ti para te responder o que tenho para te responder...
Eu - Tem calma...
Ela - Estou a tentar ter...

coisas que fascinam (76)

Há pessoas que passam por nós pouco tempo e nos deixam marcas profundas, o que contrasta com outras com quem nos cruzamos quase todos os dias durante anos e de quem nos esquecemos facilmente.
Há pessoas a quem dedico todos os dias um bocadinho do meu tempo, mesmo que não esteja com elas há muito tempo. São as pessoas que, sem o saberem, transformam alguns segundos se cada dia que vivo em sorrisos contidos. Acho que é assim que encontro os meus melhores amigos e amigas...

12.16.2008

o meu pai sempre bateu na minha mãe

Uma leitora anónima, a quem agradeço, deixou este comentário neste blogue. E porque a pressão social tem que envergonhar o agressor e não o agredido, é sempre boa altura para falar deste tema...

O meu pai sempre bateu na minha mãe, desde que me lembro, era mau e em vezes que ela tentou fazer queixa à polícia os próprios polícias retraiam-se e diziam que entre marido e mulher...e a minha mãe com a boca toda ensanguentada, a levar pontos, as nódoas negras constantes, o olho que passou a ver menos bem, etc etc. Chegou ao ponto de lhe encostar uma arma à cabeça, chegou ao ponto de disparar e só falhar por estar demasiado bêbado. E eu cresci também a ser espancada, também a ser humilhada, sem que ninguém nada fizesse por mim. Lembro-me da coisa mais revoltante que ele me fez, obrigou-me a estar a cerca de 5 metros dele parada e em pé enquanto me atirava batatas e cebolas que tinha junto a si, depois obrigava-me a apanhar tudo, devolver-lhe para mas voltar a atirar. Lembro-me das noites em que me acordava para me bater, dos pontapés que me dava...lembro-me de dormir dentro do guarda-roupa toda tapada para me sentir protegida. Lembro-me de me chamar estúpida, de dizer que eu era uma merda, ah e também me lembro de me bater com a parte de cabedal da trela do cão, com um chinelo de plástico duro que me deixava vergões durante dias. Lembro-me depois de já em adulta estar grávida e ter reagido menos bem contra o senhor que me ameaçou dar-me um pontapé na barriga porque eu recusei abortar. E fui eu que tive problemas em tribunal e fui eu que saí a perder, porque o que ele disse nada conta. Puta de vida, vida filha da puta.

conversa 1108

Ela - Ainda estás a ler esse livro?
Eu - Como deixei de o ler durante quinze dias tive que começar outra vez do início...
Ela - É assim tão difícil de ler?
Eu - Não é difícil mas é um bocado denso...
Ela - Vê-se logo que tens uma vidinha santa. Para mim, para densa já basta a vida.
Eu - A tua vida é densa?
Ela - É. Vê lá se não te casas, senão deixas de ler livros desses...

coisas que fascinam (75)

Ela não tem nada a ver contigo, isso não vai durar muito. É uma expressão que se ouve muito, como que a anunciar o fim prematuro duma relação qualquer. Acho que é uma ideia errada. Aquilo que às vezes nos interessa na outra pessoa é precisamente o reflexo daquilo que nós não somos, e sobre o qual apenas fazemos análises ao nível intelectual e não emocional.

grunhos filhos da puta

O gajo que no café nos parece a melhor pessoa do mundo. O gajo com quem bebemos uma cerveja e discutimos amigavelmente um jogo de futebol que acabámos de ver, em casa pode ser uma besta que agride a mulher constantemente. Nos últimos dias as decepções que tenho tido a este respeito têm sido um exagero. Na verdade eu não fazia ideia que isto era tão mau, que há homens terrivelmente calculistas e que não se importam de fazer mal aos próprios filhos para magoar a mulher ou ex-mulher.
Homens que batem em mulheres grávidas, homens que não deixam a mulher abrir a boca lá em casa, homens divorciados que desligam o telemóvel quando estão com os filhos para a mãe não poder contactá-los, homens que passam o dia a agredir verbalmente a companheira reduzindo a sua auto-estima a zero, homens que empurram a mulher para responder a qualquer pergunta que seja, homens que ameaçam a companheira de morte. Sei lá... desculpem lá o desabafo mas estes dias têm sido um exagero... e há cabrões que ainda se orgulham disso
A única designação que encontro para um gajo que faz isto é grunho filho da puta e, se estás a ler isto e já o fizeste de algum modo, és apenas mais um.

conversa 1107

Ela - O gajo andou uns três meses a sair comigo e nunca me tentou saltar em cima. Chegou a um ponto em que eu já estava farta...
Eu - Se calhar não queria...
Ela - Queria, queria. Tanto queria que quando lhe disse que não estava mais para o aturar e ele, no dia seguinte, a suar as estopinhas, lá tentou...
Eu - Ah! Mas estás a ver? Tu também nunca tentaste embora estivesses farta de esperar. São sempre os homens que têm que avançar primeiro...
Ela - Eu estava farta de esperar só para lhe dizer que não. Nunca na minha vida ia avançar com um escuteiro daqueles.

mulheres americanas preferem a internet ao sexo

Nos Estados Unidos da América as mulheres preferem a internet ao sexo. Pelo menos é o que diz um estudo encomendado pela Intel que revela que 49% das mulheres entre os 18 e os 34 anos, assim como 52% das mulheres entre os 35 e os 44 anos, prefere navegar na internet do que uma noite de sexo. Eu não sei que pense... sei que ou as americanas vêem na net qualquer coisa que eu não vejo ou os americanos são em média muito maus na cama. [link]

12.15.2008

conversa 1106

Ela - É verdade que te estás a dar bem com uma mulher?
Eu - É. Não me desejas sorte?
Ela - Não.
Eu - Se chegarmos ao meio ano de relação é a segunda vez que isso me acontece. Dizem que à segunda é de vez.
Ela - Também dizem que não há duas sem três...

pensamentos catatónicos (160)

Hoje no comboio uma mulher, com um bebé de dez ou onze meses ao colo, sentou-se à minha frente. Interrompi momentaneamente a leitura do meu livro para lhe sorrir e estender o meu dedo indicador da mão direita. Ele agarrou-o, sorriu e emitiu uma quantidade de sons imperceptíveis. A mãe disse carinhosamente: É o senhor. Tu não estás habituado a senhores porque o teu papá é um filho da puta. Olhei para ela e depois voltei à minha leitura sem saber o que pensar.

faca e garfo

Lembro-me da primeira vez em que percebi que a nossa relação não ia durar muito mais, apesar de ainda estar no princípio. Estávamos a jantar na cozinha dela e eu, que ainda me sentia um estranho naquela casa, tinha arrumado a louça toda que estava na máquina. Ela chegou e perguntou quem é que tinha colocado os garfos na zona das facas e as facas na zona dos garfos. Claro que fui eu, respondi. O silêncio foi aumentando de volume enquanto ela tirava todos os talheres para voltar a arrumá-los à maneira dela, isto enquanto o jantar que eu tinha preparado arrefecia. No fim aniquilou o silêncio fechando a gaveta com um pequeno estrondo.
Durante a refeição fui olhando para ela. Os dedos das mãos, os braços, a face e os cabelos dela já não eram os mesmos com que eu tinha feito amor na noite anterior...

conversa 1105

Eu - Vi o anúncio dum gajo que dizia ser pequenino mas ter uma pila grossa.
Ela - Não imaginas a quantidade de mulheres com vaginites que querem é pilas fininhas.

postal de natal



A minha filha ganhou o concurso de postais de Natal organizado pela Associação de Pais da Escola EB1 da Glória. Oh pai, tu tens orgulho em mim? Perguntou-me ela quando soube do prémio. Tenho, filha, mas já tinha antes de ganhares, respondi-lhe.

12.12.2008

engates com fumo



Blow in her face and she'll follow you anywhere. Nos anos 60 os cigarros Tipalet queriam convencer os homens que, para engatar uma mulher, só precisavam de dar uma passa num cigarro e expelir o fumo mesmo na face dela. Espero que não tenha havido muitos homens a acreditar nisto, porque não acredito no sucesso da estratégia. A não ser que os cigarros Tipalet tenham uma substância qualquer ilegal...

conversa 1104

Ela - Eu podia ter-me apaixonado por ti... há um ano atrás.
Eu - Podias? Podias como?
Ela - Se tu me tivesses feito um sinal...
Eu - Um sinal de quê?
Ela - Um sinal de que valia a pena eu apaixonar-me por ti.
Eu - É a primeira vez que ouço tal coisa. Eu apaixono-me por pessoas sem sinais. Já agora, o teu namorado fez-te algum sinal quando te apaixonaste por ele?
Ela - Não. Ele não precisava. Tu é que precisavas.
Eu - Não percebo.
Ela - Eu sei que não. É demais para ti.

a componente humana

Guilherme Silva, ex-líder parlamentar do PSD, sugeriu a propósito da falta de comparência dos deputados daquele partido na Assembleia da República, que haja plenários apenas à terça, quarta ou quinta-feira, para evitar o problema das faltas dos deputados que saem mais cedo para o fim-de-semana. O que está em cima da mesa, diz ele, é que a deslocação dos deputados para regressarem aos fins-de-semana às suas famílias tem uma componente humana.

Eu até acho que o Guilherme tem razão. Por isso é que não percebo porque é que o PSD votou a favor dum código de trabalho cujo principal mentor se chama Vitalino Canas e é provedor das empresas de trabalho temporário. Um código de trabalho que obriga os trabalhadores a terem disponibilidade para trabalhar noites e fins de semana sem sequer serem recompensados por isso. Suponho que para o Gui (posso tratar-te assim?) os trabalhadores não são humanos...

vinte de um a vinte

Apaixonei-me por aí um dia destes. Lembro-me de reparar nos lábios dela. Pareciam esculpidos com um cinzel. Eram bonitos e sobressaíam numa face arredondada que pouco tinha a ver com eles. Por isso mesmo é que demorei algum tempo a perceber-lhe os olhos, de um negro sincero que, por qualquer motivo, me aliviavam a pressão daquele ser um primeiro encontro.
Apaixonei-me por aí um dia destes. Quando me sentei ela já tinha pedido duas cervejas. Pendurei o casaco molhado nas costas da cadeira e agradeci-lhe. Lá fora, os sons da chuva a bater no telhado e do vento a soprar nas árvores, lembravam os de um animal monstruoso e hiperactivo. Talvez isso me tenha feito sentir mais aconchegado, e dessa sensação nasceu a vontade de me deitar com ela.
Apaixonei-me por aí um dia destes. O índice ivariano atinge pela primeira vez o máximo histórico de 20. Agora sei lá...

conversa 1103

Ela - Apaixonas-te mais depressa por uma mulher por ela ser bonita ou pelo que ela diz?
Eu - Depende. Há paixões que têm a ver quase exclusivamente com a beleza e outras têm mais a ver com o grau de compatibilidade que encontramos na mulher...
Ela - Ah!
Eu - E tu? Apaixonas-te por homens por que motivo?
Ela - Eu apaixono-me mais por homens bonitos. É tão raro encontrar um que tenha mais do que isso, e mesmo quando encontro ele acaba por me decepcionar. É sempre melhor ficar-me pela beleza.

12.11.2008

vaca gorda

A Oprah Winfrey, aquela apresentadora de televisão super conhecida que apresenta um programa com o próprio nome: Oprah Show, já pesou mais de cem quilos, depois fez dieta e passou a pesar setenta e agora está de novo acima dos noventa. Por causa disso diz que está angustiada e que se sente como uma vaca gorda. [ver link]

Ora bem, em primeiro lugar tenho a dizer à senhora Oprah que ela não tem o direito de ofender as vacas que, em abono da verdade, quando estão gordas se sentem muito bem. Em segundo lugar gostava de lhe dizer que me estou perfeitamente nas tintas para os problemas de gordura da moça e que escusa de andar a chorar por tudo quanto é revista por causa disso. Vá mas é trabalhar!

De qualquer maneira, e caso essa tendência bovina se mantenha, aconselho-a a ir para a Indía e converter-se ao hinduísmo. É que lá as vacas são sagradas e intocáveis, apesar da fome que alastra pelo país. Ele há cada uma... vá mas é trabalhar!

conversa 1102

Ela - O melhor sexo que tive na minha vida foi quando tinha a tua idade.
Eu - Foi?
Ela - Sim. Foi quando arranjei um homem que fazia mais do que emitir sons como um porco constipado quando se vinha dentro de mim, e para quem estar comigo ou com uma boneca insuflável era a mesma merda.
Eu - Esse porco constipado era o teu marido?
Ela - Era. Infelizmente só quase com quarenta anos é que tive coragem de o deixar.
Eu - Nunca tiveste assim... uma relação amorosa escondida?
Ela - Tive. Por isso, por ter um termo de comparação, é que percebi que aquele gajo era um anormal na cama.
Eu - Mas tirando isso davas-te bem com ele?
Ela - Dava... ele ia beber vinho e eu ficava a ver televisão. Dantes não se fazia muito mais... até que em vez de ficar a ver televisão comecei a ir ter com outro gajo.
Eu - Como é que o teu marido reagiu quando lhe pediste o divórcio?
Ela - Disse-me que eu não podia levar a televisão...

Hillary Clinton apalpada



O Jon Favreau, autor dos discursos do actual presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, foi fotografado a apalpar uma imagem da Hillary Clinton. Outro elemento do staff do presidente oferece, na mesma foto, uma cervejinha à mulher.
A fotografia já provocou celeuma que chegue e o Jon até já pediu desculpa publicamente mas a mim não me lixem. O gajo não lhe está a apalpar as mamas. A mão dele está mais no braço dela do que noutra coisa qualquer. Eu se fosse à Hillary só ficava chateada por me estarem a tentar enfiar cerveja pelo nariz...

12.10.2008

cinco maneiras...

Aqui estão cinco formas, que eu já senti na pele, de uma mulher acabar com homem...

por sms:
Hoje não posso estar contigo. Tenho que pensar. Um dia destes telefono-te. bjs

por email:
Acho que devias pensar se queres mesmo ter uma relação comigo. É que eu não acredito que queiras e, quando eu não acredito, passo a também não querer.

pessoalmente:
Estou apaixonada por outro homem.

por uísque:
Acho-te muito bonito e interessante, mas isso é agora que estou completamente bêbada. Se dormires comigo hoje, amanhã sai de casa sem me acordares, por favor.

por via nenhuma:
(depois de ter dormido comigo, passou por mim na rua e nem me cumprimentou)

conversa 1101

(ao telefone)

Ela - Tens daqueles cabos para a bateria dos automóveis?
Eu - Tenho.
Ela - Estou sem bateria aqui na estação...
Eu - Mas eu não te posso ajudar. O teu carro é a gasóleo, não é?
Ela - É.
Eu - O meu é a gasolina. Não dá. Vou telefonar a uma amiga minha que tem um carro a gasóleo e ver se ela pode ajudar...
Ela - Não telefones a gajas. Não quero a ajuda das tuas amiguinhas...

conversa 1100

Ela - Os homens são uns mariquinhas. Não podem ter uma constipação que parece logo que vão morrer.
Eu - Eu não acho que vou morrer quando me constipo.
Ela - Pois, porque vives sozinho. Quando há uma mulher por trás fingem-se logo muito doentinhos...
Eu - Isso até é giro... embora não seja verdade.
Ela - É verdade, sim. E eu já estou doente de aturar o meu marido.

a fuga da idosa

Uma idosa italiana chamou a polícia para a proteger do marido, um homem da mesma idade, depois deste ter experimentado Viagra. [link]

12.09.2008

das pessoas que ficam

Das pessoas que ficam. Ontem uma amiga falava-me das pessoas que ficam. As pessoas que amamos por uma vida, um ano, um mês, um dia, uma hora ou um minuto são as que ficam sempre. Mesmo quando o sentimento que vem a seguir é ódio em vez de amizade. É que tal como a amizade, o ódio é um sentimento forte, impossível de sentir por quem não significa nada para nós.
Das pessoas que ficam resta sempre muito, ainda que às vezes pareça pouco. Porque se um gesto tão simples como lamber a colher de café depois de o mexer nos pode parecer pouco, é muito quando nos habituamos a vê-lo em alguém todos os dias e ele desaparece abruptamente.
Quem me disse isto definiu o amor como um bicho difícil de alimentar. Talvez seja verdade, sei lá. Se for é também por isso que o amor nunca é só uma passagem. É um capital que carece de manutenção e de investimento. E não faz mal alimentar continuamente um bicho se ele não nos morder...

conversa 1099

Ela - Sabes qual foi o problema entre nós?
Eu - Não...
Ela - Gosto de ter amantes mas detesto ter maridos. O problema é que só se consegue ter um amante tendo um marido. Eu não te quero para marido porque acho que ia deixar de gostar de ti mas acho que também não podíamos ser amantes porque tu não tens espírito para isso.
Eu - Ah!

conversa 1098

Ela - Achas que a maioria dos homens gosta de fazer minetes?
Eu - Não sei...
Ela - Preciso de encontrar um que goste.
Eu - Mas... o teu namorado não gosta?
Ela - Gosta... mas fez um piercing na língua e apanhou uma infecção.

numaros de telefone de mulheres para marcar umas fodas

Só para ajudar o leitor que chegou a este blogue com a seguinte busca no google:

numaros de telefone de mulheres para marcar umas fodas

Indico o site do grupo parlamentar do PSD. É uma questão de lhes mandar um email numa sexta-feira à tarde, que é quando eles faltam aos trabalhos no parlamento para marcar umas fodas mesmo que isso implique a não suspensão da avaliação dos professores. O numaro não consegui...

caixa de esmolas

O divorciado deseja a todos os seus leitores um feliz Natal. Agora deixem aqui uma moedinha.
Nesta altura do ano quase todos os cafés têm em cima do balcão uma caixinha de esmolas (chamando as coisas pelo nome é mesmo de esmolas e não de gorjetas) com um paleio parecido com este. De facto, nunca acredito que os empregados dum tasco me desejem realmente um feliz Natal. Acredito é que esses empregados se estão perfeitamente nas tintas para o meu Natal e para a minha felicidade, mas como trabalham a recibos verdes não têm subsídio de Natal.
No amor é um bocado assim, quando estamos contratados a prazo mendigamos uma noite aqui ou ali com alguém que nos dê uma esmola emocional qualquer. A questão é que quem nos dá esmola também se está nas tintas para a nossa felicidade e para o nosso Natal. No dia seguinte voltamos ao mesmo.
Hoje tomei café de manhã na cidade do Porto, num café perto do Campo 24 de Agosto. Paguei-o com uma nota de cinco euros e a empregada fez questão de me dar o troco bem perto dessa caixinha de esmolas. Arrumei as moedas todas na minha carteira e saí debaixo do seu olhar reprovador. Para a próxima vou a outro café.

12.06.2008

conversa 1097

Eu - Queres jantar comigo amanhã?
Ela - Este fim de semana vou para Madrid...
Eu - Ok.
Ela - Não me perguntas com quem vou?
Eu - Não.
Ela - Porquê? Não queres saber?
Eu - Não quero nem deixo de querer.
Ela - Vou com o ******.
Eu - Ah! Bom fim de semana, então.
Ela - Tu nunca queres ir comigo...
Eu - Não quis ir uma vez contigo, ou melhor, não pude ir uma vez contigo.
Ela - Paciência...

12.05.2008

bilu teteia

Esta música brasileira faz parte da minha infância. Claro que só a percebi mesmo quando ultrapassei a timidez da minha adolescência e fiz o meu primeiro bilu tetéia com uma miúda. Às vezes ainda a ouço, em casa ou no meu leitor de mp3. Há uns dias ia a ouvi-la no comboio e à minha frente ia uma criança de sete ou oito anos, a jogar uma consola portátil, que dava pontapés na mãe quando esta o repreendia por qualquer motivo. Irónico. Mesmo assim é uma música gira para um sábado chuvoso.



Quando eu era criança / Mamãe dizia / Bilu bilu bilu bilu-tetéia
Pegava eu no colo / Mostrava p'ra vizinha / Bilu bilu bilu oh biluzinho-tetéia
Que me segurava / Dizia que gracinha / Bilu bilu bilu bilu-tetéia
O tempo foi passando / Eu fui crescendo /Bilu bilu bilu bilu-tetéia
E de fazer bilu / Mamãe foi se esquecendo / Bilu bilu bilu bilu-tetéia
Agora eu tô moço / Tô barbadinho / Não encontro mais ninguém / P'ra me fazer um biluzinho
Bilu bilu bilu bilu-tetéia (4x)
Brincava de casinha / Ninguém dizia nada / Bilu bilu bilu bilu-tetéia
E a filha da vizinha / Era minha namorada / Bilu bilu bilu o biluzinho-tetéia
Agora eu tô moço / Não tenho liberdade / Bilu bilu bilu bilu-tetéia
P'ra falar com a vizinha / É uma calamidade / Se quiser um biluzinho / Tenho que fazer sozinho
Bilu bilu bilu bilu-tetéia (4x)

conversa 1096

(no banco, onde fui porque me esqueci do código de um cartão multibanco)

Eu - Já errei três vezes o código do meu cartão multibanco. A última delas num supermercado, por isso é que ainda o tenho. Mas está bloqueado.
Ela - Eu vou desbloqueá-lo e tenta outra vez, pode ser?
Eu - Pode... só que eu não me lembro mesmo do código.
Ela (sorrindo) - Tem a cabeça cansada?
Eu (risos)
Ela - Desculpe, não era isso que que queria dizer.
Eu (mais risos)
Ela - Estava a falar da cabeça... da memória.
Eu - Eu percebi.
Ela - Bem, é melhor estar calada.

bonita mas insuportável

Estou parado num semáforo vermelho na avenida principal de Aveiro. No automóvel à minha direita uma mulher abre o vidro para enxotar uma mosca e, sem querer, dá uma pancada no próprios óculos que voam para dentro do meu carro. O semáforo passa para verde. Para não perder tempo nem fazer esperar todos os carros que estão atrás de nós, faço-lhe sinal que vou virar à direita para parar e devolver-lhe os óculos. Arranco e ela vem atrás de mim sempre a apitar. Levanto a mão para ela ter calma. Quando vejo uma brecha no passeio ligo os quatro piscas e subo-o parcialmente. Ela pára ao meu lado e sai do carro. Vem com cara de poucos amigos. Eu passo-lhe os óculos. Estava a ver que não parava, diz ela. Sempre quis ter uns óculos vermelhos, respondo-lhe. Ela não acha piada. Vai-se embora sem dizer nada e arranca abanando a cabeça negativamente censurando-me por não ter parado logo. Era bonita, penso. Bonita mas insuportável.

12.04.2008

conversa 1095

Eu - Vais ali à despensa e escolhes uma garrafa de vinho, por favor?
Ela - Vou...

(uns segundos depois)

Ela - Porque é que tens tanto vinho em casa?
Eu - Fiz um jantar em que muito pessoal trouxe vinho e sobraram muitas garrafas...
Ela - Pois... mais um para o qual não me convidaste.
Eu - Não posso convidar sempre toda a gente...
Ela - Mas a mim devias convidar sempre.
Eu - Mas é que...
Ela - Cala-te. Não tens desculpa. Quanto mais falares mais te enterras...

telefonei-lhe sem ter nada para lhe dizer

Telefonei-lhe sem ter nada para lhe dizer. Tinha acabado de morrer mais uma vez e precisava de ouvir a voz dela, ter a certeza que ela existia mesmo.
Às vezes acho que o mundo não faz sentido ou se calhar sou eu que não faço parte dele. Não sei. Estou cansado da merda do dinheiro e de como se humilha o próximo por causa dele. Nos empregos, nos bancos, nas famílias... Estou cansado desta merda. Um gajo que vai para o desemprego e não é capaz de pagar as mensalidades da casa é considerado um falhado. Um gajo que passa anos a roubar-nos no BPN e que é conselheiro e amigo do presidente da República é um sucesso.
As pessoas deixaram de interessar e neste momento as cidades não são mais do que tristeza enfeitada pela merda do Natal. Os únicos sorrisos a sério que vejo são de bonecos a pilhas, porque as pilhas dos vivos já acabaram há muito. Hoje um amigo telefonou-me para desabafar. Anda no psiquiatra porque o cabrão do patrão o está a pressionar para se despedir, tudo porque ele se recusou trabalhar sete dias por semana sem que lhe pagassem horas extras. Uma amiga minha anda a ser pressionada por outro cabrão dum patrão que lhe quer saltar em cima. Também está no psiquiatra. Os lábios tremeram-lhe quando me contou.
Trabalhar não é um gajo vender a alma ao Diabo para ganhar meia dúzia de tostões ao fim do mês, e a moral que considera que só quem trabalha deve ter direito a comer ou a outra coisa qualquer é uma moral merdosa.
Isto não está bem escrito mas não me apetece, neste momento, rever ou escrever melhor. Estou farto.
Telefonei-lhe sem ter nada para lhe dizer. Tinha acabado de morrer mais uma vez e precisava de ouvir a voz dela, ter a certeza que ela existia mesmo. E ela existia. Menos mal.

conversa 1094

(na fila dum restaurante de fast food, num centro comercial)

Eu - Eu vou comer ananás e camarão. O que é que tu queres?
Ela - Escolhe tu.
Eu - Ok, então peço dois iguais. Queres com salada ou com massa?
Ela - Escolhe tu.
Eu - Com massa, então. Queres sumo multivitaminas, abacaxi ou banana?
Ela - Escolhe tu.

(dez minutos depois, já sentados numa mesa)

Eu - Então? Estás a gostar?
Ela - Nem por isso...

couscous outra vez?

Hoje à noite, a partir das 22:22, há couscous prosjekt no Clandestino bar em Aveiro.

12.03.2008

porque é que a tua mãe não te lava com sabão Fairy?



Para além do racismo óbvio nesta publicidade, apetece ouvir a miúda responder: "E o teu pai, não te dá banhinho? É só a tua mãe?". A miúda preta está descalça e com um olhar curioso, a miúda branca está calçada e ainda tem um sabão numa das mãos. A primeira está em nítida desvantagem social em relação à segunda. Acredito que esta publicidade americana é anterior à Guerra da Secessão (1861/65), altura em que apenas as mulheres davam banho aos filhos....

conversa 1093

Ela - Sabes como é que és conhecido entre o meu grupo de amigas?
Eu - Como?
Ela - Ih! ih! ih! Não digo.
Eu - Agora tens que dizer.
Ela - O que é que me dás em troca?
Eu - Nada. Começaste com isso agora devias dizer...
Ela - Não digo e vais ficar a roer-te de curiosidade.
Eu - Diz lá...
Ela - Convidas-me a jantar em tua casa?
Eu - Pronto, convido...
Ela - És conhecido pelo teu nome.
Eu - Pelo meu nome? Só isso?
Ela - Sim. Agora diz-me quando é que vou jantar a tua casa...

conversa 1092

Ela - Tinha saudades tuas. Já não te via há tantos anos...
Eu - Não me vias há um ano. Estive contigo a tomar café no Fórum... lembras-te?
Ela - Ah! pois foi. Esqueci-me... deve ter sido porque num ano envelheceste muito... deduzi que já não te via há anos...

conversa 1091

Ela - Um gajo disse-me uma coisa...
Eu - Sim?
Ela - Acho que estou a começar a gostar dele e gostava que me ajudasses a interpretar o que ele me disse.
Eu - O que é que ele te disse?
Ela - Que quer iluminar o meu interior.
Eu - Só isso?
Ela - Achas pouco?
Eu - Acho... acho... acho... sei lá o que é que acho. Era o Tony Carreira ou o André Sardet?
Ela - Não.
Eu - Então não acho nada.

pensamentos catatónicos (159)

Como é que uma pessoa que gosta muito de outra lhe explica que não gosta assim tanto, sem a magoar e sem lhe mentir?

12.02.2008

locais de venda do livro "não compreendo as mulheres"



Para além das seguintes livrarias, o livro vende-se ainda em todas as lojas Fnac e online na Wook.

Abrantes
Daniel & Filhos Lda
Arraiolos
Livros da Ria Formosa
Atalaia
LGC Unipessoal
Aveiro
Bertrand Fórum
Liceu
Oficina do Livro (Glícinias)
Almada
Bertrand Almada
Arganil
Francisco Carvalho e Filhos
Barreiro
Bertrand Barreiro
Letra 12
Livraria Du Bocage
Bombarral
Caneta Azul
Duarte Cipriano Comp
Maria Ant. Carvalho Gonçalves
Braga
Bertrand Braga
Bertrand Braga Parque
Culturminho
Livraria Minho
Oswaldo Louro de Sá
Caldas da Rainha
Bertrand Vivaci
Loja 107 Livraria
Cascais
Bertrand cascais
Bertrand cascais Shopping
Bulhosa
Castelo Branco
Bertrand Castelo Branco
Chaves
Flávia D'Ouro
Coimbra
Almedina Estádio
Bertrand Coimbra
Bertrand Dolce Vita
Bertrand Fórum
Coimbra Editora
GiraLivro
José de Almeida Gomes e Filhos
Cova da Piedade
Vieira e Alface
Covilhã
António Manuel Nunes Jesus
Bertrand Covilhã
Évora
Livraria Nazareth e Filhos
Famalicão
Fonte Nova
Fátima
Maria do Céu Vieira Reis
Faro
Bertrand Faro Cidade
Bertrand Faro Fórum
Sgel Espanola (aeroporto)
Feira
Vício das Letras
Ferreira do Zêzere
Tipal
Fornos de Algodres
Clik Gest inf
Funchal
Bertrand Funchal
Bertrand S. Martinho
Fundão
Marina Maria Duarte Roque
Gaia
Almedina (Arrábida Shop)
Bertrand Gaia
Papelaria dos Carvalhos (Carvalhos)
El Corte Inglês
Gondomar
Bertrand
Guarda
Bertrand Guarda
Casa Veritas
GuardaConta
Livraria Jardim
Oficinas S. Miguel
Versos Ao Vento
Guia
Bertrand Guia
Guimarães
Bertrand Guimarães
Horta (Açores)
José Furtado Cardoso
Lagos
Livros da Ria Formosa
Lamego
Fernando Manuel D. M. Rebelo
Tecliber
Leiria
Americana, Papelaria Livraria
Bertrand Leiria
Boa Leitura
Livraria Martins
Pedro Miguel Carreira Sousa
Linda- A-Velha
Bulhosa Livreiros
Lisboa
Almedina
Barata Livraria
Bertrand Amoreiras
Bertrand Belém
Bertrand Campo Pequeno
Bertrand Colombo
Bertrand Chiado
Bertrand Gama L
Bertrand Olivais
Bertrand Picoas
Bertrand Roma
Bulhosa (Cpo Ourique)
Cumes Literários
El Corte Inglês
Entre Livros
Isabsa
Livraria Escolar
Livraria Portugal
Livraria Rodrigues
Oficina do Livro
Loures
Bertrand Loures
Louriçal
Fernando José Carreira Marques
Lourinhã
Cláudia Susana CR Santos
Eutiquia e Santos
Maia
Bertrand Maia Shopping
Mangualde
Pap Adrião
Marinha Grande
Vera Luisa Costa Morais Roldão
Matosinhos
Bertrand Norte Shop
Sgel Espanola (aeroporto Pedras Rubras)
Miraflores/Algés
Obras Completas loja 3
Monte Real
Realestudo
Montijo
Bertrand Montijo
Odivelas
Bertrand Odivelas
Bulhosa
Ourém
Pedro Nuno Ferreira Sousa
Ovar
Bertrand Ovar
Paços de Ferreira
António da Costa Alves
Peniche
Oliveiras
Pombal
Intermarché
Sérgio Soares
Ponta Delgada
Bertrand Ponta Delgada
JP Soc. Açoreana Exp Café
Livraria Sol-Mar
Portalegre
Portalegredis
Portimão
Bertrand Portimão
Porto
Artaliados, Livros e Papelaria
Bertrand Antas
Bertrand Júlio Dinis
Bertrand Via Catarina
Bulhosa (leitura Céu)
Porto Editora
Porto Editora (filial)
Proença a Nova
José Tavares Alves
Santa Maria (Açores)
José Marciano H S Ricardo
Santarém
Bertrand Santarém
São Domingos de Rana
Intermarché Rana
São João da Madeira
Bertrand SJM
Satão
Intermarché Satão
Seia
Porta Lápis
Seixal
Bertrand Seixal
Sertã
Intermarché
Casa Paulino
Setúbal
Hemus
Tomar
Livraria Pap Nova Unipessoal
Torres Novas
Maria Suzete Oliveira Carreira
Torres Vedras
Bertrand TV
Fab Igreja P. S. tiago
Papelaria União
Tortozendo
Anabela Silva S Oliveira
Velas (S. Jorge-Açores)
Carlos Vieira
Viana do Castelo
Bertrand
Vila do Conde
A Luisa
Top Shop
Vila Franca de Xira
Palavras Sábias
Vila Nova da Barquinha
LGC Unipessoal
Vila Praia de Âncora
Samuel Alexandre D. Silva
Vila Real
Bertrand Vila Real
Livraria Pap. Branco
Viseu
Bertrand P. Gelo
Bertrand Viseu
Brincolivro
Superviseu - Supermercados

conversa 1090

Eu - Numa segunda relação é preciso encontrar uma pessoa sem merdas.
Ela - Sem merdas como?
Eu - Se por exemplo eu estiver com uma mulher e, para ir tomar café com uma amiga minha, me vir na obrigação de lhe mentir e de lhe dizer que vou jogar às cartas com uns amigos, nem sequer insisto na relação.
Ela - Eu, do meu marido até o telemóvel escondo. Ele lê-me as mensagens...
Eu - Já lhe fizeste o mesmo?
Ela - Não... mas, de facto, se ele quiser ir tomar café com uma amiga é melhor mentir-me. Senão não deixo...
Eu - Isso é um erro.
Ela - Um erro porquê?
Eu - Não estás a tomar café comigo? Eu sou teu amigo. Mentiste-lhe ou disseste-lhe que vinhas tomar café comigo?
Ela - Ah! Isso é diferente. Eu em mim confio. Nele é que não.

e depois do amor?

E depois do amor? Deixamos de ser nós e passamos a ser uma recordação de alguém. O uísque saboreia lentamente a secura dos meus lábios enquanto lhe tento explicar o que é o depois do amor. Ele quer saber porque acabou agora uma longa relação mais ou menos da mesma forma que eu. Já se serviu de novo e espera que eu lhe explique o que passei. Acompanho-o. Bebo o meu também de uma só vez e sirvo-me de novo.
E depois do amor? Podia ter-me perguntado outra coisa qualquer. O resultado dum jogo de futebol, por exemplo, porque não tinha tido tempo ver na internet. Mas não, fez-me uma pergunta cuja resposta devia estar escrita no tempo. No tempo da nossa espécie, no tempo da nossa vida, no tempo dos nossos amigos, noutro tempo qualquer. Mas não está. E depois do amor? Não o olho de frente quando respondo, talvez por falta de coragem: deixamos de ser nós e passamos a ser uma recordação de alguém.
E depois do amor? Depois do amor não sabemos onde começa e acaba o nosso corpo. Por exemplo, não sabemos se este balcão onde nos apoiamos embriagados é nossa parte orgânica ou não. Talvez não, mas quando o abandonamos e vamos sozinhos para casa é como se fosse. Faz-nos falta um apoio qualquer e, também do balcão, passamos a ser uma recordação. Ainda que turva.
E depois do amor? É sempre assim? Não, não é. Ele diz-me que, se somos uma recordação, a kodak acha que recordar é viver. A kodak que se foda, respondo-lhe. Ele afasta o cabelo da frente dos olhos como se assim pudesse limpar a tristeza que se alojou nos olhos. Dentro dos olhos. Todos temos que ter um história de amor falhada nesta vida. Se não tivermos não passamos por ela. Pela vida, digo.
E depois do amor? Depois do amor deixamos de ser nós e passamos a ser uma recordação de alguém. Até conseguirmos ser outra vez nós. Eu tenho trinta e sete anos e estou apaixonado como se tivesse quinze, digo-lhe. Caminho pelo balcão com dois dedos da mão direita como se fosse a publicidade às páginas amarelas. Vai pelos teus dedos, digo-lhe. Servimo-nos e novo. às vezes o uísque é mesmo o melhor amigo do homem.

12.01.2008

pensamentos catatónicos (158)

Diz-se que a mulher não gosta que o homem adormeça logo depois do sexo. É mentira. Gosta sim e por dois motivos: primeiro porque assim tem uma razão para amuar e discutir com o parceiro mal ele acorde, segundo porque enquanto ele dorme pode telefonar imediatamente às amigas a contar como foi.

11.28.2008

pensamentos catatónicos (157)

Segundo a wikipédia uma explosão é um processo caracterizado por súbito aumento de volume e grande libertação de energia, geralmente acompanhado por altas temperaturas e produção de gases. Uma explosão provoca ondas de pressão ao redor do local onde ocorre.
O senso comum diz-nos que as explosões são súbitas e efémeras mas não é sempre assim. Uma garrafa de gá pode explodir num momento mas o Universo, por exemplo, está em crescimento a partir duma explosão inicial (Big Bang) ocorrida há 13,7 biliões de anos e uma semana (li isto dos 13,7 biliões de anos a semana passada).
Nas relações interpessoais as explosões também ocorrem do mesmo modo. Ou são efémeras e intensas ou são lentas e prolongam-se durante muito tempo. Acredito mesmo que há casais que vivem numa lenta explosão até à morte e, como no Sol, a explosão total é composta de diversas explosões internas e espaçadas.
Acho que este sempre foi um dos meus problemas com as mulheres. Não sou muito dado a explosões e ponho-me a milhas, às vezes duma forma cobarde. Sou uma espécie de soldado medricas que só está na guerra porque foi obrigado... e deserto.

mulheres com cuecas de homem



A jbs promoveu o seu produto na Noruega através duma série de cartazes em que mulheres vestiam roupa interior masculina, com a frase "os homens não gostam de olhar para mulheres nuas". Os cartazes foram proibidos pelas entidades oficiais daquele país.



Para além da roupa interior masculina, também os comportamentos eram, num contexto mediático, assumidamente de homens. Uma mulher a beber cerveja com um telecomando na mão, outra a ler na casa de banho ou outra a pôr cerveja nos cereais do pequeno-almoço.
A mensagem que a jbs tentou passar foi a de que, sem roupa interior feminina, a mulher perde parte da sua sensualidade.



Para além de eu achar que a mensagem falha, porque estas mulheres são sensuais mesmo com cuecas de homem, incomoda-me que se compare o comportamento de ler na casa de banho como o de beber cerveja logo de manhã ou passar o dia em frente ao televisor a mudar de canal. É que eu leio na casa de banho...

e se eu lhe oferecer só um copo?

1] É de noite e o Amor está com dúvidas se deve existir. Acabou de entrar abraçado a si mesmo e sentou-se quase ao meu lado, deixando apenas um banco vazio entre nós, no balcão onde bebo um uísque sem gelo. Ainda não foi atendido mas, porque já o vi pelo canto do olho, percebi que se quer enfrascar. Está ansioso. A mim apetece-me mudar de banco e enfrascar-me com ele, mas na verdade já não sei se sou eu que estou a beber uísque ou se é o uísque que me está a beber a mim.

2] Levanto o copo e vejo nele o meu reflexo. Certifico-me que eu, pelo menos, existo. Uma vez disse a mim mesmo que se o gajo se tornasse a sentar ao meu lado eu levantava-me e saía imediatamente, mas agora, que ele está ali, só me apetece oferecer-lhe um copo.

3] Ele não se lembra de mim mas eu lembro-me dele. Uma vez passámos uma noite inteira a beber e ficámos amigos. Eu disse-lhe que gostava dele porque com ele os dias maus acabavam bem. Bastava combinar com ele um café ao fim da noite e tudo melhorava. Ele concordou e abraçou-me enquanto me passava uma garrafa quase no fim, mas depois desapareceu e nunca mais voltou.

4] Tem uma grande lata, o gajo, para se sentar agora mesmo ao meu lado no balcão e nem sequer me cumprimentar. De certeza que está a fingir que não me conhece. Não é possível que não me conheça. E se eu lhe oferecer só um copo? A ver o que dá...

conversa 1089

(num bar)

Eu - O que é que tomas?
Ela - Um tango... e dispenso piadinhas estúpidas sobre ser mulher e beber cerveja com groselha.
Eu - Eu não disse nada.
Ela - Mas ias dizer...
Eu - Não ia nada.
Ela - Ias.
Eu - Eu estou-me nas tintas para o facto de beberes cerveja com groselha. Desde que não me obrigues a mim a beber essa mistela...
Ela - Vês? Mesmo assim disseste. Senta-te e vou eu pedir...

perdeu a carteira....

As mulheres são especialistas em ter carteiras cheias de coisas que nem elas sabem o que são. Mais ainda, são especialistas em perder essas carteiras nos momentos mais impróprios. A astronauta norte-americana Heidemarie Stefanyshyn entra para a História por ter sido a primeira pessoa a perder a carteira... no espaço.
No passado dia 18 de Novembro, Heidemarie perdeu a bolsa na qual transportava as suas ferramentas de trabalho durante uma operação de manutenção ao exterior da Estação Espacial Internacional (ISS). Agora a bolsa pode ser vista com qualquer telescópio médio a partir da Terra (o site spaceweather explica como).

conversa 1088

Eu - A tua mensagem surpreendeu-me.
Ela - Qual mensagem?
Eu - A que mandaste ontem: "Gosto muito de ti e tenho saudades tuas".
Ela - Mandei-a para ti?! Foda-se, por isso é que ele não me respondeu. Enganei-me.

conversa 1087

Ela - Os homens estão a ficar sem rabo.
Eu - Estão a ficar sem rabo?
Ela - Sim, não percebo o que se passa. Dá-me a impressão que andam todos a emagrecer no rabo não sei porquê. Um homem sem um bom rabo não vale nada.
Eu - Pronto... percebo a tua indignação. Costumas reparar muito nos rabos dos homens?
Ela - Vou para casas onde se joga bilhar porque é onde se repara melhor nos rabos dos homens, quando eles se esticam para jogar... e digo-te a sério: estamos a atravessar uma crise de rabos masculinos em Portugal.

sutiãs para homens

A wishroom é uma loja japonesa que vende sutiãs on line para mulheres e para... homens. Aquelas mulheres que têm a mania de atrapalhar os homens logo na primeira noite de sexo com o desafio: "vamos lá ver quanto tempo demoras a tirar-me o sutiã", e que ainda por cima usam os sutiãs mais complicados de abrir que encontram na loja, a partir de agora estão sujeitas ao mesmo. Pois é mulheres, amor com amor se paga...

11.27.2008

divorciou-se de duas mulheres em três minutos

Na Malásia, país onde os homens se podem divorciar por sms, um homem divorciou-se de duas mulheres em três minutos. Vê-se logo que na Malásia as mulheres são um osso duro de roer. Para um tipo se divorciar de duas ao mesmo tempo...

11.26.2008

conversa 1086

Ela - Achas que este vestido me fica bem?
Eu - Sim...
Ela - Não pareces convencido.
Eu - Pareço, pareço. Anda lá... daqui a bocado os bares fecham.
Ela - Vou só experimentar mais um...
Eu - Mas só vamos beber um cerveja e falar um bocadinho... para que raio é tanto cuidado a escolher o vestido?
Ela - Para isso mesmo: beber uma cerveja e falar um bocado...

conversa 1085

Ela - Ensina-me... diz-me qual é a melhor maneira de convidar um homem de quem gosto para ir ao cinema comigo...
Eu - Pergunta-lhe: "Queres ir ao cinema comigo?"
Ela - Só isso?
Eu - Não é só isso que queres?
Ela - Não, também gostava de jantar com ele antes, por exemplo.
Eu - Então pergunta-lhe: "Queres jantar comigo e depois ir ao cinema?"
Ela - Só isso?
Eu - Não é só isso que queres?
Ela - Não, também gostava de ir para a cama com ele. Depois...
Eu - Então pergunta-lhe: "Queres jantar comigo, depois ir ao cinema e depois ir beber um vinho a minha casa?"
Ela - Só isso?
Eu - Se ele aceitar isso, à partida estás com sorte.
Ela - E se ele não aceitar?
Eu - Se ele não aceitar convida-me a mim.
Ela - A ti convido-te só para ver um filme, pode ser? Mas depois tens que me aturar a desabafar por ele não ter ido comigo...
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

a verdade da mentira

Às vezes mentimos a um amigo sobre a nossa vida emocional. Dizemos que está tudo bem quando, na verdade, está tudo mal. Acredito que não estamos de facto a mentir a um amigo mas sim a nós mesmos. Se convencermos um amigo que está tudo bem connosco ficamos com a sensação de que está mesmo. Ainda que não por muito tempo.
Esta capacidade que temos de mentir a nós mesmos é importante para a nossa sobrevivência e bem estar. Permite-nos, por exemplo, prolongar um período de adaptação a uma eventual nova realidade. Permite-nos saborear melhor um café ou uma refeição num período menos bom da vida. Na verdade, acho que essa é uma das 'funções' mais importantes dos amigos: engolir as nossas mentiras mesmo quando não acreditam nelas.

santa apolónia

Ontem fui a Lisboa tratar de alguns assuntos. A linha azul do metropolitano teve um problema técnico qualquer e perdi o comboio em que era suposto regressar. Depois estive uma hora na estação de Santa Apolónia a escrever na mesa de um café. Gosto daquela estação e sinto sempre alguma nostalgia quando lá vou.
Alguns homens tristes e de vida extenuada circulavam entre mulheres bonitas e sós. Depois reparei que os homens eram, de uma forma ou de outra, residentes no espaço. As mulheres eram passageiras e iam desaparecendo à medida que os comboios partiam. Percebi a minha nostalgia. Aquela estação tem uma ligação óbvia à minha vida.

11.25.2008

eu não sou cúmplice

A UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta está, através deste blogue, a fazer um abaixo-assinado para homens que não sejam cúmplices da violência doméstica contra as mulheres. O objectivo é mobilizar as energias masculinas para esta batalha dos direitos humanos que está longe de estar ganha. A violência doméstica é uma forma de terror que não tem desculpa, e quem não é cúmplice não deve contornar a questão.
Eu podia pôr aqui o número crescente de vítimas desta forma cobarde de violência mas como havendo uma já é demais, não ponho. Eu não sou cúmplice e já assinei...

conversa 1084

Ela - Sabes do que é que eu precisava mesmo?
Eu - De quê?
Ela - Dum homem que me deixasse comer chocolates todos os dias e nunca me chamasse gorda.
Eu - Ah!...
Ela - Ah?! Não dizes mais nada?
Eu - Digo, digo... acho que vais encontrar um homem assim... um dia destes... por aí. De certeza que há alguns...
Ela - Pronto, já percebi. Estou lixada.

conversa 1083

Ela - Não fizeste árvore de natal?
Eu - Não. Este ano ainda não.
Ela - E não vais fazer?
Eu - Acho que não.
Ela -Porquê?
Eu - Não me apetece.
Ela - Homens... pensas que só porque não te apetece tens o direito de privar a tua filha duma árvore de Natal? Vou comprar uma e trazer-te aqui.
Eu - Agradeço-te mas não faças isso. Eu tinha uma e dei-a.
Ela - Anda lá, para a tua filha. Uma pequenina...
Eu - A sério que não quero.
Ela - Diz-me só até que tamanho é que posso comprar uma. Eu ofereço-te...
Eu - Quinze centímetros...
Ela - E com uma árvore dessas onde é que pões as prendas?
Eu - Não vou comprar prendas de Natal...
Ela - Sabia que às vezes não tens piadinha nenhuma?

conversa 1082

Ela - Acho que o meu marido tem uma amante. Sabes alguma coisa?
Eu - Não, mas também não acho justo perguntares-me isso assim...
Ela - Porquê?
Eu - Se eu soubesse de alguma coisa não tinha nada que te contar. Isso era entre vocês.
Ela - Estás a ver? Tu sabes e não me queres contar.
Eu - Não sei nada.
Ela - Eu acho que me estás a mentir. Olho para ti e vejo que me estás a mentir. Diz-me...
Eu - A sério que não sei... mas porque é que tu achas que ele tem uma amante?
Ela - Ele só trocava de cuecas uma vez por semana. Agora troca quase todos os dias. Eu sei porque sou eu que as lavo...
Eu - Não percebi... aliás, nem sei se quero perceber.
Ela - Se ele de repente começou a trocar de cuecas todos os dias por alguma coisa foi. E por mim não foi de certeza que eu nunca o chateei com isso.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

pensamentos catatónicos (156)

O amor zangava-me. Era um adolescente tímido, por isso ficava a vê-la a alguns metros de distância tentando que os nossos olhares nunca se cruzassem. Quando cruzavam sentia-me cair naquela negritude sem fundo. Lembro de sentir uma espécie de ciúmes do Sol que lhe brilhava nos cabelos e, quando estes abanavam um pouco, ciúmes também do vento que lhe vinha contar segredos.
Estávamos em 1986/87. Acho que as paixões de adolescente são as mais fortes das nossas vidas e que nunca mais voltamos a zangarmo-nos assim com o amor. Eu, pelo menos, nunca mais voltei.

Burkiiiiiiiiiina

A selecção de Burkina Fasso continua a dar passos de gigante no apuramento para o Mundial de futebol na África do Sul em 2010. No mês passado foi vencer o Burundi, em Bujumbura, por 1-3. Em seis jogos conta com cinco vitórias e um empate, mantendo-se à frente do seu grupo de qualificação. O futebol ainda me dá alegrias!

11.24.2008

conversa 1081

(num café, entre um casal que estava ao meu lado)

Ela - Ao menos podias fazer a cama de vez em quando.
Ele - Para quê? Logo à noite não nos vamos deitar outra vez?
Ela - Vamos... mas então faz alguma coisa. Lava a loiça, aspira...
Ele - Lavar a loiça é contigo, fazer a cama é comigo.
Ela - Mas tu não fazes a cama.
Ele - Porque não é preciso. Não nos deitamos nela todas as noites?
Ela - Tu vais é começar a dormir no sofá.

conversa 1080

Ela - Vai-me fazer um chá.
Eu - Vou-te fazer um chá por...
Ela - Porque me apetece beber um chá.
Eu - E não se diz mais nada?
Ela - Sim. Um chá verde.
Eu - Por... por favor, não é?
Ela - Não precisas de pedir por favor. Tu é que o vais fazer.

hipopotomonstrosesquipedaliofobia



A hipopotomonstrosesquipedaliofobia é uma doença do foro psicológico que se caracteriza pelo medo de pronunciar palavras grandes ou complexas. É exactamente o mesmo medo que se pode ter no amor: a grandeza e a complexidade.
Às vezes penso que esse medo se deve à nossa (in)capacidade de ver primeiro o que é mais pequeno, como nesta macrofotografia (www.worldwidephotos.org) em que podem ser vistas algumas gotas de água como nunca poderiam a olho nu.
Podemos facilmente perceber grandes coisas numa mulher (ou num homem, claro): que é bonita, que tem uma voz sensual, que tem mais de dois neurónios a trabalhar ou que é sexualmente apetecível. No entanto, é preciso tirarmos uma macrofotografia que nos permita perceber as suas pequenas coisas: movimentos, sorrisos, cheiros, zangas... enfim, you know what I mean. Sem essa macrofotografia, a hipopotomonstrosesquipedaliofobia pode revelar grandes coisas de que não gostamos.
O que é maior não é sempre mais importante do que o que é pequeno...

11.23.2008

as árvores

As árvores sabem que ele decidiu morrer atirando-se ao mar, e que mesmo assim ao amanhecer tomou café com açúcar. Sabem que ele apertou os atacadores dos sapatos várias vezes até sentir que os mesmos estavam bem. Nem demasiado apertados nem demasiado largos. E que ontem, antes de se deitar, agrafou as contas pagas aos respectivos talões do multibanco. Arrumou-os todos por ordem, depois, numa das gavetas da cozinha. Sabem que lavou a loiça antes de sair.
As árvores estenderam até à praia um tapete vermelho e outonal e ele percorreu-o devagar, fascinado pela luz que se alongava ao horizonte. Depois viram-no desviar-se dum automóvel que não respeitou uma passadeira para peões, antes de esperar junto à linha que um comboio passasse. As árvores sabem que o fez para não morrer, antes de se matar.

[escrito em junho de 2005]

amor com banda sonora

O duo Amadou e Mariam é provavelmente o projecto mais conhecido do mundo dentro daquilo a que normalmente se chama (mal, a meu ver) world music, mas o projecto não é só música. A música, aliás, serviu para os unir numa história de amor com banda sonora. Ambos cegos de nascença, conheceram-se no Insituto do Mali para Jovens Cegos e, desde 1980 começaram a cantar juntos. Gravaram o primeiro disco em 1999 mas a sua consagração a nível mundial deu-se em 2005, com o álbum Dimache à Bamako, com a participação e produção do Manu Chao. Agora acabaram de lançar mais um disco, Welcome to Mali, e parece que não sabem fazer música má. Ouçam só isto... Eu cá gosto mesmo muito.

conversa 1079

Ela - Tenho andado a aprender a fazer bebidas afrodisíacas.
Eu - Ena, isso parece interessante.
Ela - Bem, como vivo sozinha não é assim tão interessante.
Eu - Podes convidar amigos e fazer uma festa lá em casa...
Ela - Estava a pensar convidar um amigo de cada vez. A ti também... na terceira ou quarta vez.
Eu - Sinto-me lisonjeado.
Ela - E deves. Estás entre os primeiros dez.

conversa 1078

Ela - Sempre que vou no elevador com um homem imagino que ficamos presos durante horas...
Eu - E?
Ela - E depois ficamos os dois presos muito tempo...
Eu - E o que é fazem enquanto estão presos?
Ela - És burro ou estás só a fingir?

conversa 1077

Eu - Eu vou contigo até ao carro...
Ela - Não vais não. Já te disse que detesto essas coisas.
Eu - Que coisas?
Ela - Que me levem ao carro. Não preciso disso. Posso ir muito bem sozinha.
Eu - Não é uma questão de precisares, é uma questão de teres companhia...
Ela - Não preciso da tua companhia só para ir até ao carro.

11.22.2008

vagina acariciada

Depois de ver este anúncio publicado num jornal britânico podemos perguntar o que é que uma mulher com uma taça de champanhe tem a ver com o serviço anunciado, já que se trata de uma empresa que reveste o chão das casas. à primeira vista nada.

O que acontece é que esta imagem não foi feita exclusivamente para este anúncio. É uma imagem com uma mensagem subliminar sexual muito forte. Se não acreditam, virem-na de pernas para o ar e concentrem-se na segunda imagem:

A mesma mulher que numa posição está a beber champanhe, noutra posição está a acariciar os lábios vaginais. Encontrei este desenho impresso numa carteira de fósforos onde creio que resulta melhor, porque andando a mesma no bolso acaba por ser contemplada de ângulos diferentes. E pronto, quando quiserem mudar o chão do vosso apartamento já sabem quem contratar...

11.21.2008

conversa 1076

Ela - À mesa não se discute política nem religião nem futebol.
Eu - E porquê?
Ela - Porque são campos em que raramente as pessoas estão de acordo.
Eu - Então para ti só se discute com outro quando se está de acordo com ele...
Ela - É uma forma de ver as coisas.
Eu - O Salazar, o Mussolini, o Estaline e o Hiltler concordariam contigo...
Ela - Estás a ver?

à mesa

Hoje almocei com uma mulher que conheci há pouco tempo através deste blogue. Disse-me que à mesa não se discute política, religião ou futebol. Concordo na parte do futebol. Só. Este tem sido só um dos meus problemas com algumas mulheres que conheço: sentir-me um extra-terrestre quando falo de política. Na verdade, tem sido um problema com mulheres e com homens. A despolitização da sociedade civil é um processo consciente do poder político. Só assim é que é possível continuar uma forma permanente de roubo legitimada por um voto, ou até por um não voto.
Na próxima segunda-feira, dia 24 às 21:30, discussão política aberta a todos com chá e bolinhos à mesa da sede de Aveiro do Bloco de Esquerda. Desde as novas oportunidades de negócio em tempo de crise às novas formas de (des)organização laboral. Apareçam e tragam um amigo, ou melhor, uma amiga.
Se quiseres aparecer ou mais informação, contacta-me por email: bagacoamarelo@gmail.com

conversa 1075

Ela - Acho que vou tirar a carta...
Eu - Fazes bem.
Ela - Até me apetece começar a conduzir. Às vezes, quando ando à boleia do meu pai, irrita-me ele não apitar a ninguém que se mete à nossa frente sem mais nem menos.
Eu - Afinal enganei-me. Fazes mal. Não tires a carta.

amor para além das medidas




O Colégio Cristão de Manhattan organizou em Fevereiro deste ano um ciclo de conferências dedicadas à mulher, intituladas Amor Para Além das Medidas. Os cartazes e flyers da iniciativa tinham... um carrinho de linhas e uma taça de cozinha. Parece-me que a ideia que este colégio tem das mulheres é que elas servem para coser e cozinhar. Eu cá acho que se esqueceram de fazer um cartaz com uma tábua de passar a ferro e outro com um aspirador. Estes cristãos...

duas perguntas...

1] Porque é que Portugal ter perdido 6-2 com o Brasil em futebol parece ser uma tragédia nacional?
2] Porque é que o nosso pseudo-ministro das Finanças ser, segundo o Financial Times, o pior ministro das Finanças Europeu, não preocupa ninguém?

conversa 1074

(no café)

Ela (para o empregado) - Uma cerveja...
Eu - Eu também, por favor.
Ela - É só uma. Eu estava a pedir para ele. Eu não quero nada.
Eu - Estavas a pedir uma cerveja para mim? E se eu quisesse outra coisa?
Ela - Problema teu. A mim apetece-me que bebas uma cerveja.

mulheres de sonho

O problema das mulheres de sonho é elas tornarem-se realidade.
Yuri Orlov (Nicolas Cage) em "O Senhor da Guerra"

como ser mauzinho depois de ter levado uma seca tremenda duma Tia destas...

Não são Tias mesmo mas sempre o sonharam ser. Normalmente têm mais de quarenta anos e viveram a vida inteira na sombra dum marido com mais dinheiro do que neurónios, tipo um empresário das pescas da zona de Aveiro ou doutra coisa qualquer do Vale do Ave. Passaram a melhor fase da vida delas a fazer tricô e a pintarem-se no espelho interior dum Mercedes enquanto o gajo via um jogo de futebol da distrital, por causa dum clube de que sonhava vir a ser presidente. Agora estão na fase em que o único interesse que tinham, que era o sexual, já não é comparável com o das ucranianas que trabalham na boite lá da terra, por isso gastam o tempo a tentar chatear os outros de forma... hum... discreta.

1] a mulher que acha que o multibanco é um jogo de estratégia

É a mulher que tem pelo menos cinco cartões multibanco mas tem apenas dinheiro numa das contas. Tenta levantar dinheiro com todos antes de acertar no único que tem saldo. E bingo, quando nós pensamos que ela finalmente se vai embora, decide ver os movimentos de todos os cartões de novo. No fim ainda carrega o telemóvel dela e o do filho mas precisa de cinco tentativas para o fazer....

2] a mulher que acha que a menina da caixa do supermercado é assistente social
É a mulher que só começa a colocar os produtos no tapete rolante quando o cliente anterior já pagou e se foi embora. Fá-lo sempre muito lentamente e no fim repara que se esqueceu duma coisa qualquer que por acaso está na outra ponta da loja. Depois de meia hora à espera despeja um porta-moedas cheio de moedas e pede à menina do supermercado para contar a ver se chega. Nunca chega. Faltam sempre cinco ou seis cêntimos e por isso tenta pagar com um cartão de cujo código não se lembra. Por fim pega no telemóvel e telefona ao marido que está a ler o jornal no café para a vir ajudar.

3] a mulher que acha que o neto dela é melhor do que todos os outros netos no mundo inteiro
É a mulher que adora falar do neto e por isso não temos hipótese de falar de qualquer outro assunto com ela. Quando dizemos que o nosso filho tem um metro e trinta e oito ela responde que o dela tem um metro e trinta e nove, quando dizemos que o nosso é bom na escola ela responde que o dela é muito bom, quando dizemos que o nosso já conta até dez ela responde que o dela conta até onze, quando dizemos que o nosso diz umas palavrinhas em inglês ela responde que o dela já fala latim e grego clássico.

4] a mulher que acha que as escadas rolantes são um treino militar
É a mulher que trava antes de entrar numa escada rolante e demora trinta segundos a colocar o primeiro pé num degrau. Depois abana e segura-se a ambos os corrimões não deixando ninguém passar. Para sair também é um martírio. Desce pelo menos três degraus, criando alta confusão atrás dela, antes de conseguir pisar de novo terra firme.

5] a mulher que é capaz de transformar um café expresso numa coisa mais complexa do que o livro do Umberto Eco: O Pêndulo de Foucault.
É a mulher que nunca se limita a pedir simplesmente um café. Para além de querer a chávena escaldada quer sempre o café curto ou longo, mas nunca chega a um acordo fácil sobre o que é curto ou longo, pedindo à empregada para ajustar a medida. Além disso usa sempre adoçante mas só o pede quando já lhe colocaram açúcar na mesa. Depois mexe o café pelo menos cento e cinquenta vezes antes de o beber e enche a chávena com marcas de batom vermelho.

11.20.2008

extra! extra! nas bancas o fabuloso livro deste blogue...

E pronto, durante os próximos dias vai começar a ser distribuído pelas principais livrarias deste país o fabuloso livro, baseado neste blogue, Não Compreendo As Mulheres. Dentro de dias colocarei aqui a lista de todos os sítios onde o mesmo estará disponível.

Eu estou ansioso. Vou colocá-lo na mesma prateleira onde tenho a minha caderneta de cromos do "ET o Extra-Terrestre" que fiz quando era pequenino. Não sei porquê mas acho que há uma ligação entre ambos...

Aqui fica a minha biografia, impressa na capa do livro, e que vai destruir para sempre a minha vida amorosa:

Aos dezasseis anos foi abandonado pela primeira namorada, que o trocou ainda por cima pelo seu pior inimigo da adolescência, o qual ainda teve a lata de o convidar para o casamento de ambos.
Dois anos passados, uma segunda namorada deixou-o durante umas férias no Litoral Alentejano, após uma discussão por causa dele se ter esquecido do creme solar em casa.
Aos vinte, após ganhar a alcunha de Bagaço Amarelo graças a uma noite em que acabou com o stock de bagaço da casa do pai de uma amiga, lá encontrou uma mulher que pensou conseguir compreender. Enganou-se mais uma vez redondamente, e ela acabou por deixá-lo quinze anos mais tarde graças a uma salada da sua lavra, em que ela encontrou uma folha de alface mal lavada.
Durante o período de incompreensão e perplexidade que se seguiu a estes pouco gloriosos episódios, fez vários filmes e editou um livro de prosa poética. O auge da sua criatividade surgiu porém com o blogue não compreendo as mulheres que está na origem deste livro.

conversa 1073

Ela - Quando é que podes vir aqui a casa reinstalar-me o computador?
Eu - A questão não é quando é que eu posso. A questão é se me apetece...
Ela - Andas muito escorregadio, tu. Demasiado escorregadio para o meu gosto...

conversa 1072

Ela - Não tornes a fazer isso.
Eu - O quê?
Ela - Matar moscas com palmadas no ar.
Eu - Porquê? Elas estão atacar o meu almoço...
Ela - Não me interessa. Irrita-me, isso...
Eu - Só mais uma.
Ela - Se matas mais uma mosca levanto-me, vou-me embora e nunca mais te quero ver.

ornithorhynchus anatinus

ornithorhynchus anatinus é o nome científico do ornitorrinco. O ornitorrinco é um mamífero, anfíbio de água doce, que põe ovos. O índice ivariano sobe para 14, isto porque 14 é uma boa média...

devagar

Uma bola passou à frente do meu carro, batendo três vezes no incerto paralelo que atapetava a rua. Travei a fundo e vi a frente do automóvel aproximar-se inevitavelmente duma criança que surgiu atrás dela. Bati-lhe. Puxei o travão de mão e saí do carro enquanto repetia para mim mesmo a palavra não. Não, não, não, não. Ajoelhei-me perante um corpo estendido no chão que soluçava, enquanto lá atrás os condutores impacientes buzinavam. Não liguei. O mundo inteiro podia buzinar que eu não ia ligar. O meu corpo suava mas não era suor. Era uma espécie de ódio ao mundo e a mim mesmo. Algumas pessoas aproximaram-se. Um homem tocou-me no ombro e disse-me que era médico. Que estava tudo bem, disse-me algum tempo depois. Ganhei uma alma nova, e acreditem que é mesmo ganhar uma alma nova. Pus o puto no carro, com uma vontade de lhe bater e de o abraçar ao mesmo tempo. Levei-o a casa dos pais e falei com eles. Dei-lhes o meu contacto para o caso de ser preciso. Acreditem que eu ando devagar. Se eu tivesse a mania de conduzir depressa ontem tinha matado uma criança. A conduzir, como na vida, andem devagar.

11.18.2008

a vida sexual da Manuela Ferreira Leite

Às vezes não sei se a Manuela Ferreira Leite está a falar do país ou da sua vida sexual, mas deve ser da sua vida sexual, porque uma mulher que é líder do Partido Social Democrata não pode ser fascizóide ao ponto de achar que a democracia é um entrave à ordem. Se estiver a falar da sua vida sexual sim, aí pode acabar com a democracia por seis meses e meter quem quiser na ordem, mesmo que seja com algemas, um fato de cabedal e um chicote. Claro que sempre com fins reprodutivos e sem ucranianos nem cabo-verdianos... lol

vazios

Acho que às vezes caminhamos na rua fingindo ter um destino que, de facto, não temos. Percorremos a cidade em passo apressado como se alguém estivesse à nossa espera. É a necessidade de afirmarmos perante os outros que não andamos à deriva. Depois, quando já estamos cansados, entramos num café qualquer e tomamos qualquer coisa que nem nos apetece. Só o fazemos para preencher um vazio que não sabemos como ocupar.
Acho que às vezes o amor também é isso: a ocupação dum vazio cansado depois de andarmos à deriva algum tempo. Não é mal nenhum e não é grave, mas é uma vantagem aprendermos a ocupar os nossos vazios de acordo com a nossa condição. Por exemplo, há vazios em que devemos primeiro limpar os pés e pedir com licença antes de entrar. Há outros em que podemos entrar, tirar os sapatos e atirarmo-nos indecentemente para o sofá da sala. Os nossos vazios não sempre iguais...

conversa 1071

(ao telefone)

Ela - Preciso falar contigo urgentemente.
Eu - Diz...
Ela - Tem que ser cara a cara. Vem ter comigo ao Ramona.
Eu - Ainda estava a dormir. Agora não me apetece nada estar com correrias.
Ela - É urgente.
Eu - Não me assustes. O que é que se passa?
Ela - Já te conto.
Eu - Mas diz-me só o que é que se passa.
Ela - Euh... hum... não me lembro agora... mas vem. Até chegares aqui eu lembro-me.

conversa 1070

Ela - Há muito tempo que não me aparece um homem interessante à frente. Acreditas?
Eu - Ainda bem que não estou à tua frente. Estou do teu lado esquerdo.
Ela - Se estivesses à minha frente nada mudava.

conversa 1069

Ela - Ontem telefonei-te e tinhas o telefone desligado.
Eu - Sim, eu vi. Estava num concerto no Porto.
Ela - Um concerto numa segunda-feira?
Eu - Sim... no Passos Manuel. Jane Hunter e Beach House. Eu nem conhecia...
Ela - Acho que estás a mentir. Ainda vou confirmar que houve mesmo um concerto no Porto numa segunda-feira à noite.
Eu - Estás a brincar comigo, de certeza.
Ela - Não estou não.

quando já estiver escuro

Logo à noite, noite mesmo (quando já estiver escuro), quem passar no melhor bar do mundo pode ouvir mais uma vez um set dos Couscous Prosjekt.

11.17.2008

dou e dou e dou

Ninguém se lembra do Teixeirinha, um músico gaúcho brasileiro, uma espécie de trovador dos tempos modernos que dominou a cena nos anos sessenta e setenta. Morreu em 1985. O Teixeirinha vivia naquele princípio brasileiro que admiro, de que a felicidade é o mais importante, e apesar de ter tido uma vida extremamente difícil (perdeu o pai aos sete anos e a mãe aos nove) emanava sempre boa disposição. Sempre achei que isso se devia à forma ingénua(?) como via as mulheres. Esta música "dou e dou", que vem na sequência duma outra chamada "não e não", é um exemplo disso. Eu ouço-a com alguma nostalgia dum tempo que não vivi...



Depois de dizer tanto não e não, a Mariazinha já acostumou. Agora quando eu peço um beijinho ela diz: dou e dou e dou.
Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou. Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou.
Agora sim sai o casamento, mandei fazer p'ra nós uma casinha mas antes de nós entrar p'ra dentro, me dá um beijinho Mariazinha!
Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou. Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou.
Você dá mesmo um beijinho? Dooooouu...
E você também dá? Dooooouu...
Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou. Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou.
Quando estou junto da Mariazinha, nós dois trocamos beijinhos sem fim. Agora em vez de eu pedir p'ra ela, então é ela que pede p'ra mim.
Teixeirinha, dá um beijinho p'ra mamãe aqui, dá? Dou meu amor, é claro que o papai dá.
Dá? Doooou
Dá mesmo?
Então...
Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou. Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou.
Você também dá um beijinho, hein?
Dou, nem precisa pedir...
Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou. Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou.