3.31.2008

conversa 651

Ela - Não usas meias brancas com raquetes, pois não?
Eu - Uso às vezes, mas nunca duas ao mesmo tempo. No pé direito uso uma com raquetes e no pé esquerdo uso, por exemplo, uma peúga Lassie com uma risca vermelha e uma azul.
Ela - Não continues. Sou capaz de me apaixonar por ti.
Eu - Nesse caso não continuo...

conversa 650

Ela - Porque é que estás a mancar?
Eu - Fui atropelado por um camião do lixo.
Ela - Como é que ficou o camião?

conversa 649

Ele (apresentando-me a ela) - Este gajo é um amigo meu de Aveiro e tem um blogue sobre mulheres.
Ela - Como é que se chama?
Eu - Não compreendo as mulheres.
Ela - Basta-me olhar para ti dois segundos para perceber que tu nunca vais compreender as mulheres.

lisbon story em seis actos

do meu fim de semana em Lisboa...

1] Não estive com toda a gente com quem era suposto estar mas, paciência, fica para a próxima, provavelmente em Abril.
2] No sábado tive um pequeniiiiiiino acidente com um grande camião do lixo e estou com a minha mobilidade reduzida.
3] Conheci uma mulher que conduz um carro muito grande por ruas muito estreitinhas sem o amassar.
4] Tirei fotografias com um nariz de palhaço.
5] Disseram-me que eu ressono muito alto.
6] Bati com a cabeça na grade duma loja de ervas aromáticas para não pisar um gato piolhoso.

3.28.2008

bom fim de semana

Este fim de semana vou de fim de semana (adoro esta frase). Não sei se vou passar por aqui mas, se for possível, passarei. Para já, fiquem com esta notícia importante:

Recebi na caixa de correio o Boletim Paroquial de Esgueira e, entre outras coisas fenomenais, fiquei a saber que o núcleo do Bar dos Jovens da Catequese tem por missão a manutenção dos matraquilhos e do Ping Pong.

Bom fim de semana

conversa 648

Eu - Queres alguma coisa? Vou ao balcão pedir que nunca mais cá vêm atender.
Ela - Detesto quando me obrigas a tomar decisões
Eu - Pareces nervosa.
Ela - Estás a enervar-me.
Eu - Mas porquê?
Ela - Sei lá. É a tua presença.
Eu - Queres que me vá embora?
Ela - Cala-te, mas é.

the Beatie generation

Beatie nasceu mulher mas optou por mudar de sexo. Agora, já com aparência masculina, engravidou da mulher, num processo que só foi possível por ser medicamente assistido e, também, porque optou por preservar os seus órgãos reprodutivos femininos.
Hoje, numa discussão amigável, descobri para meu espanto que era o único a não ver problema nenhum nisto. Aliás, daqui a uns anos coisas destas vão, felizmente, ser normais. Quem quer ser homem poder ser homem e quem quer ser mulher poder ser mulher, independentemente do género à nascença, é um passo à frente na civilização. Outro passo civilizacional que ainda se tem que dar é, na minha opinião, aceitar o outro tal como ele é.

3.27.2008

conversa 647

Ela - Para segurar a merda do emprego que tenho, tive que abdicar de tanta coisa que não sei se valeu a pena.
Eu - Então foi uma opção.
Ela - Podes considerar uma opção mas não foi só isso. Ser mulher é mesmo difícil. vamos adiando ter filhos por causa da vida profissional... um dia acordamos, olhamos para o espelho e percebemos que a oportunidade já passou.
Eu - Mas... tu ainda podes, não podes?
Ela - Não.
Eu - Ah!
Ela - Se eu chegar aos quarenta sozinha ficas comigo?
Eu - Tens a mesma idade que eu, não é?
Ela - Sim. Trinta e seis.
Eu - Tens que ter mais calma.
Ela - Eu sei. É só hoje que me sinto mais triste...
Eu - Queres jantar comigo e beber duas garrafas de vinho?
Ela - Quero. Estava à espera que dissesses isso...

enfermeiras de mini-saia

Quando eu precisar de cuidados de saúde já sei a que clínica hei-de ir. Em Cádis, na Espanha, há uma em que as enfermeiras ganham um prémio de produtividade se andarem de mini-saia. Eu cá acho bem. Aqui em Portugal é que isto é uma vergonha. Um gajo está doentinho e a precisar de mimos e as enfermeiras, com uma grande lata, ainda vêm de calças. Aquilo na Espanha é que é. Obrigado Nelson, pela sugestão.

dois brindes do BE

1] Finalmente o partido Socialista cedeu ao conceito do fim do casamento por ruptura, que é defendido há anos pelo BE. Mais um passo para termos um país melhor. [ver notícia no Público]

2] A propósito do BE, a propósito das jornadas parlamentares do partido em Aveiro, nos próximos dias 31 de Março e 1 de Abril, há um jantar em Santa Maria da Feira na segunda, aberto a todos o que se quiserem inscrever. Seis euros por pessoa e podem fazer karaoke. Ou não, não sei... Os leitores deste blogue podem-se inscrever comigo. Se forem de Aveiro arranja-se boleia.

patati patata

Estou cansado. A noite de trabalho correu menos bem e a chuva miudinha faz-me ansiar pelo comboio que, em pouco menos duma hora, me levará a casa. Tenho, como habitualmente, o leitor de mp3 ligado. Sinto a pele e o cabelo sujos.
Vem à hora: meia noite e vinte e seis. Entro e procuro o primeiro lugar vazio. A esta hora há muitos e por isso consigo um grupo de quatro cadeiras só para mim. Atiro o computador e o casaco para uma, sento-me noutra e fico a ouvir música. Fecho os olhos.
Já depois de duas ou três estações sinto alguém a bater-me no ombro. É o revisor. Mostro-lhe o passe e fecho de novo os olhos, mas ele insiste em bater-me no ombro. Tiro os auscultadores quando percebo que ele quer falar comigo. Está agressivo. Diz-me que tenho que tenho que sair dali e ir para a ponta mais distante do comboio. Porquê? Pergunto. Porque sim, diz ele. Torno a responder que então não vou. Porque não, insisto. Ele diz que pode chamar a polícia e acusar-me. Não estou a perceber. Tento saber o que se passa mas ele demora a explicar. Depois, finalmente, acabo por perceber. Uma miúda que viaja no grupo de cadeiras ao lado do meu foi-lhe fazer queixa de mim porque eu a estava a olhar para ela. Eu até ia de olhos fechados, justifico-me. Que não foi o que ela disse, atira o gajo. É o que digo eu, respondo. Agora desapareça da minha frente e vá lá chamar a polícia, se possível chame uma mulher polícia que eu gosto mais. Ele vai falar com a passageira e convence-a a afastar-se de mim. Vão os dois lá para o fundo.
Não percebo nada do que se passou. Eu nem olhei para a gaja. Tenho a certeza. Podia tê-lo feito distraído mas nem isso. Ia mesmo de olhos fechados. Ainda penso em ir pedir explicações mas desisto. Tive um dia de merda e não me quero chatear mais...
O comboio chega a Aveiro. Um homem vem-me perguntar o que se passou e eu explico. Ela está sempre a fazer isso, diz ele. Já lhe aconteceu o mesmo...

crónicas da cidade que sopra | em cada corpo cabe uma vida

Esta semana a crónica da cidade que sopra torna a ser publicada sexta-feira, ou seja, amanhã.

Em cada corpo cabe uma vida. Uma mosca bate insistentemente no vidro que separa Sandra do movimento que passa lá fora, como se não fosse capaz de entender a solidez daquela transparência inultrapassável, mas ela não lhe liga. Mantém o olhar nos transeuntes e, com uma esferográfica roída pelos dias, vai contabilizando num guardanapo as faces que lhe parecem tristes ou felizes. Embora haja mais faces tristes continua a contar, que talvez a tendência mude, como se não fosse capaz de entender a solidão daquela evidência inultrapassável.

3.26.2008

conversa 646

Ele - Acho que não dei tempo suficiente a mim mesmo depois da separação. Gosto muito da minha actual namorada mas... acho que não estive sozinho o tempo suficiente.
Eu - Quanto tempo foi?
Ele - Dois meses.
Eu - Pois... eu vou em vinte meses e ainda me sinto uma bola de flippers.
Ele - Uma bola de flippers?
Eu - Sim... dum lado para o outro a bater em tudo o que posso mas sem parar em lado nenhum.
Ele - Ah! isso é bom ou mau?
Eu - Nem é bom nem é mau. É o que é.
Ele - E quando achas que vais parar?
Eu - Quando bater em alguma coisa que me faça parar. Uma mulher qualquer por quem me apaixone mesmo... mas tem que ser mesmo, mesmo.
Ele - Não te preocupa já ires em vinte meses?
Eu - Não, não acho muito. Nem muito nem pouco. O que me preocupa é que, quando eu era puto, fui viciado numa máquina de flippers que se chamava Dona Elvira, lembras-te?
Ele - Não, nunca joguei flippers.
Eu - Pois... nos flippers perde-se sempre...

conversa 645

(ela senta-se na minha mesa e eu tiro os auscultadores dos ouvidos)

Ela - Estavas a ouvir música. Já te estraguei o momento.
Eu - Não. Estava a ouvir música porque estava sozinho. A tua voz é mais bonita do que a música que estava a ouvir.
Ela - O que era? Já agora...
Eu - O último dos Radiohead.
Ela - É muito bom... não sei se a minha voz é melhor.
Eu - É, é.
Ela - Se eu estivesse a ouvir Radiohead e tu me aparecesses à frente, eu continuava a ouvir Radiohead.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 644

Ela - Já vais para casa?
Eu - São três da manhã.
Ela - Podias dormir aqui...
Eu - Aqui aonde?
Ela - Aqui em casa.
Eu - Mas aonde?
Ela - Aqui em casa é aqui em casa.
Eu - Mas no sofá, na tua cama, no chão da casa de banho ou na despensa?
Ela - Podes dormir na minha cama...
Eu (silêncio)
Ela - Fico eu no sofá.
Eu - Acho melhor ir pra casa.

Pamela, I love you

A Pamela Anderson está outra vez solteira. As notícias acham curioso o facto do seu casamento com o jogador profissional de póquer, Rick Salomon, se ter dado porque ela lhe teve que pagar com favores sexuais uma dívida de póquer. Eu cá não acho isso estranho. O sexo correu bem e decidiram casar. É normal. Aquilo que realmente me surpreendeu ao ler a notícia foi saber que há jogadores profissionais de póquer.
Entretanto, Pamela, se quiseres casar com um gajo de óculos, poucos pêlos no peito, que anda com as mesmas calças durante três semanas mas muda de cuecas todos os sábados, tira macacos do nariz em público, numa semana produz cera nos ouvidos suficiente para fazer velas para todos os beatos que vão a Fátima no dia 13 de Maio, não fuma mas adora vinho tinto, anda com meias rotas na zona do dedo grande do pé, não joga póquer mas desenrasca-se na bisca, fez um workshop para não salpicar a sanita de urina quando mija de pé, rói as unhas quando Beira-Mar perde, nunca se lembra do aniversário da namorada, adormece doze minutos depois do sexo e não se zanga quando a parceira passa em frente à televisão, olha... estou aqui disponível. Pamela, I love you.

vontades e lugares

1] Ando com vontade de viajar. Este ano, se tudo me correr bem, vou à Suécia e a Cabo Verde. Já comecei a preparar ambas as viagens.

2] Ando com vontade de mudar de cidade. Madrid e Lisboa são sítios onde eu gostava de viver e trabalhar...

3] Ando com vontade de conhecer melhor Portugal. Fiz uma lista com aldeias que tenho que conhecer ou, em alguns casos, voltar: Almeida, Monsanto, Sortelha, Marialva, Figueira de Castelo Rodrigo, Piodão, Castelo Novo, Pitões das Júnias e Arraiolos.

4] Ando com vontade de ir ao Mali um mês inteiro, de saco cama às costas. Já tenho contactos no país que me desaconselham a fazer a viagem como penso, por causa de guerrilhas armadas que funcionam essencialmente no norte, precisamente na zona da cidade que eu quero mais conhecer: Tomboctou. Se calhar já não faço a viagem em 2009. Talvez em 2010...

3.25.2008

conversa 643

(ao jantar)

Ela - Está muito bom. Quando quiseres impressionar alguém podes fazer este prato.
Eu - Acho que não sou capaz de o fazer outra vez. Foi improvisado.
Ela - Esforça-te.

troco

Há uns dias estacionei o carro numa das principais artérias da cidade de Aveiro. Só queria ir buscar um exame médico o que, no máximo, duraria dez minutos. Só tinha uma moeda de dois euros na carteira, portanto não paguei estacionamento. Quando voltei já tinha uma multa passada por um daqueles inúteis que a Câmara Municipal contratou para concorrer com os arrumadores de automóveis.
Quando vou a uma padaria comprar pão, se levar uma nota de vinte euros não sou obrigado a comprar vinte euros de pão. Neste caso eu só queria dez cêntimos ou vinte cêntimos de estacionamento e não dois euros. Como não estava lá ninguém para me dar troco, não paguei. Nem pago.
Entrei no carro e vi a multa presa no limpa pára-brisas. Accionei-o e ela voou. Fui embora.

3.24.2008

conversa 642

Ele - Gosto tanto dela. Costumo ficar com uma tesão do tamanho da ponte 25 de Abril quando a vejo.
Eu (saio da frente dele e sento-me na cadeira ao lado)
Ele- Que estás a fazer?
Eu - A sair da tua frente, não vá ela entrar aqui...

couscous prosjekt


Logo à noite há Couscous Prosjekt no Clandestino Bar, em Aveiro, a partir das 22:22. Mais uma segunda-feira feliz no melhor bar do mundo.

conversa 641

(comigo encostado ao balcão de apoio ao cliente num hipermercado, sozinho, havia mais de quinze minutos)

Ela - Está para atender?
Eu - Não, sempre que não tenho nada que fazer costumo vir para aqui passar o tempo.

magia espiritual









E pronto... vou resolver a minha vida emocional nas próximas 48 horas e acabar com este blogue. Gostei de vos conhecer. Finalmente vou ter um amor para todos os fins. A não ser, claro, que este anúncio publicado hoje no JN seja uma tanga de todo o tamanho. Hum... hum... hum...

conversa 640

Eu - Juro que não me quero chatear contigo mas... epá... para a próxima tem cuidado.
Ela (com as mãos nos ouvidos) - Não estou a ouviiiiiiiiiiiiiiiir...
Eu - Eu avisei-te que este espumante é potente e que era melhor ser eu a abrir, caraças.
Ela (com as mãos nos ouvidos) - Não estou a ouviiiiiiiiiiiiiiiir...
Eu - É que agora não tenho roupa para trocar e estou cheio de espumante por todo o lado.
Ela (com as mãos nos ouvidos) - Não estou a ouviiiiiiiiiiiiiiiir...

3.23.2008

conversa 639

Ela - Eu acredito na vida depois da morte.
Eu - Eu também. Nós morremos mas outros ficam cá.
Ela - Eu acredito que vou morrer e depois volto. É isso.
Eu - Eu também acredito. Algumas mulheres já morreram para mim e depois voltaram.
Ela - Eu já morri para ti?
Eu - Sabes que sim, várias vezes, e depois voltaste. Assim como eu para ti.
Ela - Agora estou morta ou viva?
Eu - Estamos numa espécie de limbo, acho eu.

3.22.2008

mais um divórcio e mais desespero

Um homem disparou sobre a ex-mulher e a sogra, à frente da filha de doze anos, por causa do processo de divórcio (partilha de bens e custódia das filhas). Depois matou-se a ele mesmo. É só mais um caso de evidentes desequilíbrios mentais durante o processo de divórcio.
O Bloco de Esquerda vai insistir no seu projecto de lei que cria o divórcio a pedido apenas dum dos cônjuges e reduz os prazos da separação. O casamento não faz sentido quando apenas um dos cônjuges o quer manter. Além disso, independentemente de como a separação se processa, é sempre um processo doloroso. Por isso é que deve ser célere.

conversa 638

Ela - O meu marido teve o fim de semana prolongado. Disse-me logo que ia embora quinta à noite e só voltava na segunda.
Eu (silêncio)
Ela - Esta noite é boa para estarmos juntos.
Eu - Preferia que resolvesses a tua situação primeiro, para ser sincero.
Ela - Olha... ele saiu para estar com uma gaja, já não dou uma queca há um ano, ele está-se a cagar pró que faço ou deixo de fazer. A situação está mais que resolvida.
Eu - Então porque é que estás casada?
Ela - Por causa da família, acho eu. Olha... nem sei bem.

3.21.2008

conversa 637

Ele - Recusaste mesmo ir prá cama com a ******?
Eu - Não me apeteceu. Foi só isso.
Ele - Levar assim um corte é fodido. Para elas ainda mais.
Eu - Talvez elas não estejam habituadas, talvez. Eu já levei tantos cortes que não lhes dou essa importância. Aliás, ela própria me deu um corte uns meses antes.

mensagem de Páscoa da Sua Santidade, o divorciado

Uma amiga minha, que vai abrir um restaurante macrobiótico e tudo, disse-me ontem que a soja prejudica o desempenho sexual dos homens. É melhor comer feijão preto. Já agora, a água tónica também faz mal.

conversa 636

Ele - Os divórcios são quase sempre uma iniciativa das mulheres. Conheço muitos casos para além do teu. No meu tempo, pelo menos, elas não piavam.
Eu - Fico contente por saber que tiveste um tempo teu. A minha definição de tempo não permite essa noção de posse, principalmente porque o tempo não tem massa. Mas não só, claro...
Ele - Sabes bem onde quero chegar.
Eu - Além disso, e como sou de esquerda, acho terrível a ideia de ser possível uma propriedade sobre o tempo. Se isso algum dia for possível, estes tubarões capitalistas todos vão querer comercializar o tempo. Vendê-lo em pacotes descartáveis de, por exemplo, dez minutos, uma hora, um dia...
Ele - Estás a desconversar.
Eu - Pareceu-me que tu é que estavas a desconversar. Deve ser da tua idade... ou da minha.

3.20.2008

agressão a professora no Carolina Michaelis



Esta é a história, contada em poucos segundos, duma miúda mimada que devia levar uma chapada lá em casa, e duma professora que deve estar com uma depressão nervosa e a tentar ganhar coragem para enfrentar outra vez uma semana de trabalho. Imagino o que ela sente cada vez que ouve alguém dizer mal dos professores, uma moda para quem não tem mais nada que fazer e menos ainda em que pensar. Boa Páscoa, se possível, e obrigado à Angie pelo vídeo. :)

conversa 635

Ela - Fui tirar hoje o bilhete de identidade. Tirei umas cinco ou seis fotografias até achar que servia.
Eu - Eu tiro sempre à primeira.
Ela - Mas este é o meu primeiro bi divorciada. Deve ter sido isso.
Eu - Mas tinhas-me dito que te sentias feliz por estares divorciada.
Ela - E sinto... mas ao mesmo tempo também me sinto triste. Não te sei explicar.
Eu - Não precisas. Acho que percebo.
Ela - Estou contente por me ter visto livre daquele gajo... ao mesmo tempo é como se a minha vida estivesse a falhar.
Eu - Não te preocupes... num instante vais perceber que a tua vida está é a acertar.

mulheres e dinheiro

Aristóteles Onassis, que chegou a ter um romance com a 'minha' Maria Callas, disse um dia que "sem mulheres, todo o dinheiro deste mundo não teria sentido". Não li esta frase na porta duma casa de banho mas é como se o tivesse feito e, enquanto defeco, pergunto a mim mesmo porque é a Maria andou com um gajo destes.

3.19.2008

crónicas da cidade que sopra | só no Inferno se conhece o amor

Esta semana a crónica da cidade que sopra, e a propósito da Páscoa, é publicada sexta-feira.

Sandra abre agora os olhos. Cristo foi só uma solução mítica para a morte, a nossa morte, explorada duma forma maniqueísta pela Igreja Católica com um único propósito: controlar as pessoas. Cristo veio como que um presente envenenado, cheio de ódio e chantagem mas embrulhado de amor. Ela amaria todas as pessoas sem excepção mas, mesmo assim, as que não acreditassem nele arderiam no Inferno eternamente. Sandra pergunta-se se isso é mesmo amor. Talvez não.

conversa 634

Ela - Há dez anos que namoro com a minha própria sombra. Essa é que é essa.
Eu - Pelo menos a sombra não te chateia nem te deixa.
Ela - Deixa, deixa. Todas as noites, quando apago a luz, ela desaparece.

óculos escuros

1] Hoje vinham no comboio, dentro do que considero ser o primeiro plano do meu campo visual, quatro mulheres com óculos escuros. Não simpatizo com óculos escuros. Para além de não saber se estou ou não a ser observado, é como se as pessoas não tivessem expressão.

2] Uma mulher partiu o salto dum sapato numa pedra da calçada, em Aveiro, e torceu o pé. Ia com a filha, de mais ou menos cinco anos, que começou a chorar quando viu a mãe estendida no chão. Fui lá e, antes de perguntar à mãe se precisava de alguma coisa, acalmei a miúda. Depois fui buscar o carro e levei-as a casa. É a segunda vez que isto me acontece no espaço de um ano e pouco, e a segunda vez que mais ninguém se aproxima. Pergunto-me quando é que, na História da nossa espécie, as pessoas deixaram de ajudar outra quando a vêem no chão.

3] Vou trabalhar quinta, sexta, sábado e domingo. Estou contente por isso. Não gosto da Páscoa. Pelo menos assim conseguirei alhear-me dela.

conversa 633

(ao telefone)

Ela - Estou cheia de saudades tuas.
Eu - Também estou cheio de saudades tuas.
Ela - Podíamos combinar na próxima terça. Podes?
Eu - Ah! Falta uma semana... ok.

3.18.2008

respostas a perguntas inexistentes (30)

O cansaço insiste em beijar-lhe as pálpebras. A luz do Sol também. É como se fossem dois homens disputando a sua atenção. Mas não são, e por isso ela esforça-se por manter os olhos abertos, ainda que trémulos. Abriu a palma da mão direita e pousou brandamente o queixo nela. O queixo e a alma. Com a outra mão mexe o café. Hoje o empregado esqueceu-se que ela gosta do café cheio e com adoçante em vez de açúcar. O sabor amargo vai, por isso, combinar bem com a sensação de abandono que isso lhe provocou.

conversa 632

(enquanto ela desembrulhava um rebuçado ao meu lado, no carro)

Ela - Estou completamente viciada nestes rebuçados. Não sei se estou ou não deprimida mas são mesmo bons.
Eu - São de quê?
Ela - Amora. Queres um? É que já só tenho dois...
Eu - Não. Dito assim dessa maneira prefiro não querer.
Ela - Ainda bem.

conversa 631

Ela - Alguma vez foste a uma casa de putas?
Eu - Não.
Ela - Hesitaste na resposta...
Eu - Não estava a contar com a pergunta.
Ela - Mas ainda bem que não foste. É degradante.

Ashley Alexandra Dupré

Juro que não queria ser mais um a falar do escândalo que envolveu a demissão do governador de Nova Iorque, Eliot Spitzer, de quem se descobriu que gastou mais de cinquenta mil euros numa empresa de prostituição de luxo, a Empererors Club Vip, mas juro que a maneira como a coisa tem sido tratada pelos media americanos me põe nervoso. Principalmente esta capa do pasquim "New York Post" que publica a fotografia da prostituta envolvida no escândalo, com a manchete Bad Girl (Má Rapariga).

Primeiro, olhando assim de repente para a Ashley Alexandra Dupré (é esse o actual nome dela), ela de má não tem nada, mas o que me lixa não é isso. Quer dizer, um gajo gasta mais de cinquenta mil euros do erário público em prostitutas para ele e para os amigos, a uma empresa com nome e tudo (nos Estados Unidos, com excepção das zonas rurais do Estado de Nevada, a prostituição é proibida) e ela é que má.

Segundo... epá... para além dum político ter desrespeitado a lei, isto é uma notícia? Se se fizesse uma notícia por cada gajo que vai às meninas sexta-feira à noite, não havia papel neste mundo para as imprimir a todas. Vá... mudem lá de assunto. Pelo menos a Ashley entrou para a história como a primeira mulher que lixou a vida a um governador de Nova Iorque. Já chega!

3.17.2008

conversa 630

Ela - Basta-me fazer uma vozinha triste que ele vem logo a correr. Tenho-o completamente na mão.
Eu (silêncio)
Ela - E tu és como ele. Qualquer mulher faz de ti o que quiser. Qualquer uma não digo...
Eu - Baseias-te em quê, para dizer isso?
Ela - Topo-vos à distância, pá. Estou-te a dizer isto porque sou tua amiga.
Eu - Porque és minha amiga?
Ela - Sim, tem cuidado.

mama

Ouçam esta música do Izé. Porquê? Porque é bonita.

sangue

Fui buscar as análises que fiz ao sangue e à urina a semana passada. A senhora entregou-me um envelope silencioso e eu saí num silêncio ainda maior. Do pouco que percebo disto, dá para ver que reduzi bastante o colesterol desde que deixei de comer carne vermelha, mas ainda não o suficiente. Tenho de colesterol total 202 mg/dl, quando o máximo deve ser 190mg/dl. Já estive nos 290 mg/dl, por isso estou relativamente satisfeito. Enquanto tomava café fiz uma lista com tudo o que me lembrei sobre sangue.

1] No sangue há glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Os glóbulos vermelhos transportam oxigénio, os glóbulos brancos são uma espécie de soldados de defesa e as plaquetas ajudam na coagulação.

2] Sangue (Blood) é o nome dum álbum dos This Mortal Coil que eu gosto muito.

3] O meu sangue é O+. Sei que só posso receber sangue de O+ ou O- e que posso dar sangue a todos os +.

4] O Alexandre O'Neill escreveu uns versos sobre sangue que nunca mais me esqueci:

Sangue na serradura ou na calçada,
que mais faz se é de homem ou de boi?
O sangue é sempre uma papoila errada,
cerceado do coração que foi.


5] Uma vez escrevi um bilhete a uma miúda por quem estava totalmente apaixonado, no liceu e numa aula de matemática, que dizia mais ou menos "o meu coração só serve para bombear sangue, por isso é que não percebo porque é que acelera quando te vejo". Ela olhou para mim e riu-se. Depois amarfanhou-o. Nesse dia não sei se fiquei mais triste ou mais zangado. Sei que foi uma das muitas vezes em que me senti parvo.

6] O sangue é bonito quando pinga no lavatório da casa de banho.

7] Lembro-me de sangrar muito quando era puto, numa queda que tive quando tentava ir buscar uma bola de futebol ao telhado da escola primária, e de chorar ainda mais. A minha professora aproximou-se com um estojo de primeiros socorros e limpou-me as feridas. Perguntei-lhe se ia morrer. Ela riu-se e disse que não.

8] Conheço bem o sabor do meu sangue porque, sempre que me corto nos dedos das mãos, lambo as feridas.

9] Acreditei em vampiros até aos treze anos, mais ou menos. Mais tempo, portanto, do que no Pai Natal.

10] O Drácula, vampiro do livro de Bram Stoker, é uma personagem inspirada num gajo que existiu mesmo: o Vlad Tepes. Não se alimentava do sangue das vítimas mas, sem dúvida nenhuma, tinha uma tendência para fazer os seus inimigos sangrar devagar até à morte.

11] O ferro faz bem ao sangue, dizia-me o meu pai.

12] Uma vez conheci uma miúda que fazia feridas nela mesma, com bicos de esferográficas, até sangrar. Eu gostava dela mas nunca me consegui aproximar muito.

13] Sangue vem do latim sangue. É um substantivo masculino.

14] Expressões com a palavra sangue: vai dar sangue (é mais ou menos "vai à merda"), sangue azul (sangue dum fidalgo), pacto de sangue (pacto até à morte), sangue na guelra (pessoa nervosa), sem pinta de sangue (assustado), sangue do meu sangue (parente), tributo de sangue (dever militar)

conversa 629

Eu - Se dizes que ele não te dá o que precisas, sinceramente, é porque não estás bem na relação. Acho eu, pelo menos.
Ela - Também já não acredito que homem algum me possa dar o que eu preciso.
Eu - Eu não sou capaz de certeza, mas acho que devias tentar. Devemos sempre tentar.
Ela - Não és capaz porquê?
Eu - Uma playstation 3 custa uns 400 euros. Não posso gastar isso agora.
Ela (risos) - Eu não preciso duma playstation.
Eu - Precisas do quê?
Ela - Sei lá.
Eu - Pronto, é isso. Se nem tu sabes como é que queres que ele ou alguém saiba?

yesterday

O Paul McCartney vai pagar 48,7 milhões de dólares à ex-mulher, Heather Mills, a propósito do recente divórcio de ambos. A piada disto é que me lembrei logo duns versos duma música que ele cantava quando eu era puto:

Yesterday,
All my troubles seemed so far away,
Now it looks as though they're here to stay,
Oh, I believe in yesterday.

Pois, é mais ou menos como eu...

3.16.2008

conversa 628

Ele (mostrando-me o telemóvel) - Olha este sms que a ****** me enviou.
Eu - Está a perguntar-te que filmes fixes estão cá em Aveiro.
Ele - Pois. Achas que quer ir comigo ao cinema?
Eu - Escolhe um filme e pergunta-lhe se quer ir contigo vê-lo.
Ele - E se ela aceitar, achas que me quer comer?
Eu - É assim, perguntar se há algum filme fixe em Aveiro até deve ser um convite disfarçado para ires ao cinema com ela, mas não é propriamente uma declaração de amor. Se calhar é melhor ires mais devagar.
Ele - E o que é que eu vou fazer ao cinema com ela se não for para a papar?
Eu - Vais ver um filme.

conversa 627

Ela - O que é que vais fazer hoje?
Eu - Comer um croissant misto e beber um galão.
Ela - Mais nada?
Eu - Mais nada de importante.
Ela - E um croissant misto com um galão é importante?
Eu - Hoje é a coisa mais importante do mundo.
Ela - Então tchau. Se algum dia achares que uma pessoa é mais importante que um croissant podes tentar telefonar.
Eu - Estás a ser maniqueísta demais. Deitei-me tarde e dormi mal. Dá-me três ou quatro horas. Depois telefono-te.
Ela (desliga)

conversa 626

Ela - Andas bem?
Eu - Hoje nem por isso.
Ela - Vê-se nos teus olhos.

então nunca



Um tacho de arroz de tamboril e pota, morangos com chocolate quente derretido, uma garrafa de Grandjó (Douro) e uma de Frei João (Bairrada). Café num cafeteira clássica, como aquele que a minha avó fazia quando eu era puto, e música. Depois os percursos habituais: este bar e aquela discoteca. Repete-se a kizomba e o funana, repete-se uma cena de violência numa casa de banho, repetem-se caras e palavras. Repetem-se duas amigas de quem gosto muito. Repete-se um céu estrelado com vontade de acordar e o pensamento que me diz que, apesar de tudo, sou uma pessoa com sorte. Mesmo quando não estou tão bem, estou bem.
Chega-se a casa às seis da manhã e, às dez e pouco, acorda-se com um telefonema. Ela está zangada comigo por qualquer coisa que já nem lembro. Aliás, não me lembro de nada. Não me lembro porque é que se zangou comigo nem quando. Sei que se afastou de repente e eu, como é costume, deixei-a ir. A seguir a uma noite de sexo vem sempre qualquer coisa do género: ou uma onda de silêncio ou uma conversa estranha qualquer. Não faz mal, até já me habituei. Nem é mau. Não é bom nem é mau, costumo dizer para mim mesmo. Agora quer falar comigo a sério, e aquele 'a sério' rodopia no meu cérebro dormente. Agora não posso, estou com dores de cabeça e sono. Pergunto se não pode ser à tarde. Agora ou nunca, responde. Então nunca. Sou uma pessoa com sorte, sim, mas não toda a sorte.

3.15.2008

filha

Oh pai, qual é o dinossauro mais rápido do mundo? Oh pai, as tartarugas lá dentro têm casa de banho para fazer xixi? Oh pai, quando estamos a dormir também respiramos? Oh pai, gostas dos Tokio Hotel? Oh pai, fazes-me um desenho dum zombie a andar de baloiço? Oh pai, ensinas-me a pôr música com a tua mesa e os auscultadores? Oh pai, porque é que se comermos feijões eles não crescem dentro de nós? Oh pai, se tiveres uma namorada eu vou ter um irmão? Oh pai, quando for grande posso ser pintora e bailarina? Oh pai, e polícia? Oh pai, Cabo Verde é mesmo todo verde? Oh pai, quando eu fizer anos posso convidar os meus amigos todos?
Passa-se um dia inteiro a fugir a perguntas. Sentimo-nos cansados. Depois a mãe vem buscá-la e ficamos com saudades. É assim...

piercings e tatuagens

O Governo quer proibir o pessoal com menos de 18 anos de fazer piercings e tatuagens, invocando razões de saúde pública. De facto há políticos estúpidos e este governo está cheio deles. Em vez da informação e da formação optam pela proibição. É uma tara qualquer que estes gajos têm.
Por falar em taras, e para contornar o problema das tatuagens, proponho que, entrando na onda das privatizações de sectores fundamentais da sociedade, como a educação e a saúde, se possa também privatizar partes do nosso corpo para pagar impostos. Por exemplo, eu não me importo de fazer uma tatuagem no umbigo a dizer Sonae para pagar menos impostos. Na cama até é capaz de ser giro. Ela a pedir, por exemplo: - "Ai querido dá-me aí uma palmada!", e ele a responder: - "Onde diz Sonae ou onde diz Galp Energia?".

conversa 625

Ela - Ouve lá, pá! Quero falar contigo. Tu não percebes as gajas porquê, pá?
Eu - Neste momento, por exemplo, não te percebo a ti porque estás bêbada e a deitar mais perdigotos do que palavras pela boca.
Ela - Vai-te foder!

3.14.2008

como se fosse para sempre...

Que é sexta-feira, diz ela enquanto o empurra com a ponta do dedo indicador para o sofá. É como se naquele dedo tivesse concentrada toda a força do mundo. E está mesmo. Ele dá alguns passos para trás e senta-se. Ou cai, não sabe bem. A língua dela tange-lhe a pele como se fosse um dedo tocando notas num piano. Cada vez mais baixas, até o silêncio ser o céu dum curso de água natural que desagua devagar. Às vezes na língua dele, às vezes noutro sítio qualquer. Que é isto? Pergunta ele. É uma fuga, responde ela. Como se fosse para sempre.

Bom fim de semana a todos. Como se fosse para sempre.

xadrez (15)

zeitgeist

Zeitgeist é uma palavra alemã que significa o avanço intelectual e cultural do mundo numa determinada época. É também o nome dum filme sobre a teoria da conspiração. Jesus Cristo não existiu, as principais guerras do século XX tiveram motivos meramente económicos, o 11 de Setembro foi provocado por americanos e o valor do dinheiro, desde 1933, reside unicamente na especulação.
Amanhã em estreia mundial, pode também ser visto em Portugal em vários sítios. Quem não o vir pode baixá-lo gratuitamente da internet.

15 de Março de 2008
Aveiro | Mercado Negro | 22:00
Braga/Guimarães | Universidade do Minho | 21:00
Caldas da Rainha | Trav. infante D. Henrique | 15:00
Cascais | Lotus bar | 22:00
Coimbra | Livraria Almedina | 15:15
Espinho | Centro Multimeios de Espinho | 14:00, 19:00
Lisboa | A Outra Face da Lua | 20:30
Lisboa | Crew Hassan | 22:00
Lisboa | Associação Portuguesa de Surdos | 21:00
Lisboa | Cinemalfa | 21:30

tu disseste que me amavas

Zer0 ainda tenta encontrar em doi2 uma réstia dum abraço.

zer0 – Tu disseste que me amavas e que não podias viver sem mim
doi2 – Eu?! Não me lembro de ter dito isso...
zer0 – Mas então é porque podias ter dito. Caso contrário respondias-me agora que nunca na vida me dirias uma coisa dessas. Se achas que podias ter dito isso é porque me amas.
doi2 - Eu sou doi2 e tu zer0. Nunca na vida te diria uma coisa dessas.

conversa 624

Ela - Ontem estava a olhar para a Lua. Estava mesmo em cima de mim, olhando na vertical, e não percebi porque é que ela não ma caía em cima.
Eu - Tinhas bebido?
Ela - Não és mesmo nada romântico, pá.
Eu - Onde é que está o romantismo na Lua cair em cima de ti? Só consigo imaginar morte e sangue.
Ela - Cala-te!

dez coisas que me lembro deste dia, agora que me vou deitar...

1] Uma borboleta entrou dentro do comboio em Esmoriz, esvoaçou à minha volta durante mais de vinte minutos e saiu em Estarreja.

2] Uma leitora deste blogue veio falar comigo, em Espinho, e tomámos café juntos.

3] À tarde comi um chupa de laranja e fiz um desenho para outra leitora deste blogue.

4] À noite bebi cerveja e falei sobre materialismo dialéctico.

5] A minha ex-mulher telefonou-me e gostei da voz dela. Acho que está feliz.

6] Joguei Civilization e fiz um Império em que todas as cidades têm nomes de amigas minhas. A capital era importante. As outras também.

7] Cortei as unhas dos pés.

8] Conheci uma mulher muito bonita em Oliveira do Bairro e pedi-lhe o telefone. Ela deu-mo mas perdi-o. Não faz mal.

9] Tropecei num degrau duma escada duma sala de cinema e estraguei um sapato.

10] Comi um chocolate de 250 gramas

3.13.2008

conversa 623

Ela - A gaja é casada. Não te metas com ela.
Eu - É casada?
Ela - É.
Eu - Nunca pensei.
Ela - Nunca pensaste porquê?
Eu - Não sei. Falei com ela bastante tempo naquela noite e parecia-me... assim com tempo, disponibilidade e... sei lá. pronto, fiquei com a sensação que era solteira.
Ela - Mas é casada. Quando as mulheres são casadas parecem solteiras. Quando são solteiras é que parecem casadas.

conversa 622

Ela - Telefonas-me depois?
Eu - Telefono.
Ela - Telefonas mesmo?
Eu - Telefono.
Ela - Já sei que não telefonas.
Eu - Telefono, a sério...
Ela - És sempre a mesma coisa. Dizes que sim e depois não telefonas.
Eu - Acabaste de me dar o teu número.
Ela - Os homens é que são sempre a mesma coisa. Dizem que telefonam e depois...
Eu - Que giro! Tinha a sensação que eram mais as mulheres a fazer isso.
Ela - Se calhar é por seres homem e eu mulher.
Eu - Se calhar...

trocaste-me por outro



Este vídeo é um espelho de tudo o que há de genuinamente mau em nós. Uma loira troca um homem por outro, tudo por causa dum automóvel. Ele fica triste mas a vingança serve-se fria, e afinal o automóvel do novo namorado dela não era o que ela pensava. Depois disto nunca mais vou conseguir dar boleia a uma loira no meu Citroen Saxo de 1999.
Sei lá, estou num dia pessimista e, ao ver este vídeo, acho que o mundo está perdido. Hoje vou-me meter nos copos. Estou a precisar. hum... hum... Talvez envie este vídeo à última namorada que me deixou. O actual namorado dela tem um Saab não sei quantos. É isso, sempre poupo uns trocos em uísque. Yes!
Também me posso tornar num guerreiro de Cristo, contra a esquerda que busca a fractura do Estado e do bem estar espiritual. Sei lá, uma coisa assim...
Trocaste-me por outro, trocaste-me por outro, eu bem sei que me trocaste. Não me resta saber saber na troca quanto ganhaaaaaste!

para variar...

Hoje conheci uma mulher que é, provavelmente, a mulher mais bonita que já vi de perto na minha vida. Para variar engasguei-me totalmente e não disse coisa com coisa, para variar não ouvi nada do que ela me disse, para variar corei que nem um pimento (dos vermelhos), para variar apontei o telefone dela num papelinho que entretanto deitei fora sem querer, para variar disse-lhe que pagava a conta do café e não tinha dinheiro na carteira suficiente. Acho que não fui feito para isto...

3.12.2008

conversa 621

Ela - Aquele gajo levava-me ao altar. A sério.
Eu - Qual?
Ela - Não olhes de repente. É um que está ali no canto a escrever.
Eu - Olho daqui a bocado. Talvez aprenda alguma coisa, se ele é assim tão atraente.
Ela - Não tens hipóteses. Ele tem cabelos compridos entrançados e uma barba loira que... sei lá. Tem um ar selvagem. Agora tu...
Eu - Foda-se! Agora eu o quê?
Ela - Nada, nada. Com esse óculinhos de intelectual...

crónicas da cidade que sopra | a insustentável incerteza do ser

Amanhã, quinta-feira, regressam ao Diário de Aveiro as crónicas da cidade que sopra.

Agora bebe um copo de leite morno enquanto pensa nas incertezas. Nas suas. Ele hoje não se sentou naquela mesa e só por isso é que não o convidou. Talvez amanhã se sente e talvez ela o convide. Talvez, não tem a certeza. É que se ele recusar é como se o mundo acabasse, pensa ela. Esse é o único problema do amor: há muito a perder. Talvez.

conversa 620

(dentro do meu carro, ao levá-la a casa, em frente à porta do prédio onde ela vive)

Ela - Queres subir e tomar qualquer coisa?
Eu - Quero.
Ela - Tem que ser noutro dia. Hoje não dá.
Eu - Convidaste... eu aceitei.
Ela - Pois. Não estava à espera que aceitasses.

3.11.2008

conversa 619

Ela - Não tenho tempo para as pessoas mais importantes da minha vida, e isso é uma merda.
Eu (silêncio)
Ela - Às vezes devia acabar com isto tudo: emprego, casamento, casa. Devia fugir.
Eu (silêncio)
Ela - Quando estou contigo penso sempre que já te via há não sei quantos meses.
Eu - Eu também.
Ela - Se calhar, num ano, estou contigo uma dez vezes. Em dez anos isso dá cem vezes. É tão pouco...

conversa 618

(depois de ver um filme de duas horas e quarenta minutos)

Ela - Não me apetece sair deste sofá.
Eu - Não saias. Podes dormir aqui.
Ela - No sofá?
Eu - No sofá, na minha cama ou na cama do outro quarto. Onde quiseres.
Ela - Se eu dormir contigo és capaz de ter calma e não me saltar em cima à primeira?
Eu - Sou. Claro que sou.
Ela - Ficamos só abraçados?
Eu - Sim.
Ela - Fixe. Durmo aqui.

(cinco minutos depois, enquanto escovava os dentes)

Ela - Ei! Dormires comigo sem sexo quer dizer que não me achas bonita?
Eu - Não. Quer dizer que combinámos ficar só abraçados.
Ela - Sim, mas ti aceitaste tão facilmente...
Eu - Vá, despacha-te que eu também quero lavar os dentes.
Ela - És um insensível.

à segunda o amor não chega

Há cada vez mais recasamentos em Portugal, diz o Jn na sua edição de hoje, o que não me espanta nada porque há cada vez mais divórcios e, havendo mais divorciados, é natural que também haja mais recasamentos. O que me espanta mesmo, é saber que os homens lidam pior com a solidão do que as mulheres e, por isso, recasam mais e mais rapidamente.
Diz a notícia que homens e mulheres seguem caminhos diferentes após o divórcio: elas têm a tendência de ficar mais tempos sós (ou eventualmente com os filhos) do que eles. Outro dado curioso é que os recasamentos são menos em pessoas com um nível de escolaridade baixo. Curioso ou nem tanto, já que acredito que isso tem também a ver com a idade. As pessoas com uma escolaridade baixa tendem a ser mais velhas, penso eu, e isso afectará também a disponibilidade ou vontade de casar.
Desde que me separei que vejo o recasamento como um acto de coragem, mais até do que o casamento. Quando casamos pela primeira vez, somos ingénuos ao ponto de acreditar que vai correr tudo bem, principalmente porque o amor nos é capaz de cegar. Eu não sei se algum dia vou ou não encontrar uma pessoa com quem seja capaz de recasar, mas sei que se isso acontecer o amor não me vai cegar da mesma maneira. Terá que estar presente, sim, mas como uma venda translúcida. É que à segunda o amor não chega, é preciso que o lado racional também acredite na união. É só por isso que acho o recasamento mais difícil de acontecer, e também por isso que me espanta esta notícia.

3.10.2008

coisas que fascinam (68)

Ando mais sozinho. Tomo café mais vezes sozinho, vou ao cinema mais vezes sozinho, leio mais e ouço mais música. Até já arranjei tempo para ir à garagem e aos arrumos ver, daqueles monte de tralha que lá tenho, o que é para levar para o lixo, o que é para trazer para o apartamento e o que é para continuar nos montes tralha. No entanto sinto-me menos sozinho. Só que não sei porquê.

a verdadeira semente do ódio Nazi


A verdadeira semente do ódio Nazi começou, ao contrário do que a História pretende demonstrar, numa reunião de alemães divorciados. Consta que alemães, vítimas prolongadas de tortura feminina, se organizaram num clube secreto de divorciados. Foi, aliás, aí que o Adolfo começou a ganhar visibilidade. A prová-lo está este vídeo destruído pelas SS (Senhores Sozinhos) mas do qual se encontrou agora alguns segundos...

conversa 617

Ela – Se calhar interpretaste-me mal.
Eu – Tu é que me disseste que gostavas muito de mim.
Ela – Eu disse que gostava muito de ti e gosto mesmo muito de ti. Só que isso não é gostar muito, muito, muito de ti. Percebes?
Eu – Então gostar muito é o quê?
Ela – Gostar muito é gostar normalmente mas muito.
Eu – Não, desculpa lá. Gostar normalmente é gostar normalmente. Gostar muito não é assim tão normal, a não ser que tu gostes, normalmente, muito de todos os homens.
Ela- Pois, se calhar é mais isso, mas não é de todos. É de alguns.
Eu – Ah! Então não é assim tão normal.
Ela – Pronto, não é assim tão normal. Só que também não é assim tão anormal.
Eu – Então é o quê?
Ela – Não sei.
Eu – Desisto de te tentar compreender.
Ela – Também não é para desistires. É só que o meu muito não é igual ao teu muito.
Eu - Ah!

conversa 616

Ela - Só tu é que sabes este meu número de telefone. Não o vou dar a mais ninguém.
Eu - Ena, é a primeira vez que me sinto mesmo importante para ti.
Ela - Não é isso. É que comprei este telemóvel hoje e vou usar o saldo deste cartão até acabar. Depois volto ao meu número habitual.
Eu - Ah! De repente foi como se me tivesse entrado uma pedrinha na alma.
Ela - Uma pedrinha na alma?! Tu agora fumas?
Eu - Não... deixa lá.
Ela - Não percebo nada do que dizes.

para um dia a dia cada vez pior...

1] De manhã fui tirar sangue para fazer umas análises. Também urinei para um frasquinho. A sala de espera do Avelab estava cheia de pessoal. Ao meu lado sentou-se um tipo que, a cruzar e descruzar as pernas me deu dois pontapés. Pediu-me sempre desculpa mas já me estava a chatear. Depois levantou-se e sentou-se no mesmo lugar uma mulher loira com o filho ao colo. Era muito bonita e eu não me importava de estar ali mais uma hora à espera. No entanto a minha vez chegou passados uns dois ou três minutos.

2] Depois de tirar sangue, perto das 10:30 da manhã, ainda estava em jejum e a sentir-me um bocado mal. Fui a uma pastelaria e pedi um galão directo e um croissant misto. A empregada olhou para mim e perguntou-me se eu estava bem. Que sim, respondi sem a fixar nos olhos. Depois, enquanto esperava pela primeira refeição do dia, fui à casa de banho lavar a cara. Estava tão branco e com tão mau aspecto que acho que ela pensou que eu estava a ressacar uma droga qualquer. Quando me ia a sentar na mesa, não percebi que ela estava mesmo atrás de mim, e dei-lhe uma cotovelada sem querer. Espalhou tudo pelo chão e o copo do galão partiu-se.

3] Sou administrador de condomínio há cerca de um mês e já deixei a EDP cortar a luz do prédio uma vez. Fui lá há um bocadinho resolver a situação. No balcão da Loja do Cidadão estavam quatro pessoas a atender e eu, só em pensamento, desejei durante a espera ser atendido no guiché número 1, onde estava a mulher mais bonita. Fui mesmo, só que no fim não percebi muito bem porque é que raio desejei tanto ser atendido por ela. A única coisa que ela me perguntou foi se podia ver o número do cheque e se eu queria uma ligação normal ou urgente.

4] Almocei com a minha filha num restaurante perto da escola onde vou muitas vezes, tanto por ser barato como ser um sítio onde nem se come mal. Hoje ela decidiu insistir comigo que eu tenho que arranjar uma namorada. A meio do almoço, a falar bastante alto, apontou para a mesa do lado onde estavam três universitárias e disse-me para escolher uma delas que ela ia lá perguntar. Elas olharam as três para mim ao mesmo tempo e eu corei que nem um pimento. Come mas é a sopa, disse-lhe.

conversa 615

Ela - Vai buscar uma cerveja ao frigorífico.
Eu - Vou buscar para ti, se quiseres. A mim não me apetece.
Ela - Não. Era para ti. Gosto de te ver a beber cerveja pela garrafa.
Eu - Não me apetece cerveja agora.
Ela - Anda lá. Só uma.
Eu - Não me apetece.

3.09.2008

ponto final na igualdade entre homens e mulheres



O semanário aveirense Ponto Final, a propósito do dia internacional da mulher, publicou esta semana um artigo assinado por uma mulher, Sandra Carvalho, que entre outras asneiras decidiu também incluir uma lista das invenções que, na sua opinião, foram feitas para mulheres.

Mini-saia, Mary Quant (Inglaterra, 1960)
Silicone, Frederic Stanley Kipping (Inglaterra, 19o4)
Soutien, Mary Phelps Jacob (EUA, 1913)
Tampão, Dr. Earle Haas (EUA, 1929)
Batom, Hazel Bishop (EUA, 1949)
Tinta para o cabelo, Eugene Schueller da L'Oréal (França, 1907)
Biquíni, Louis Réard, (França, 1946)
Cartão de Crédito, Frank McNamara, ralph schneider (EUA, 1950)
Aspirador, Hubert Cecil Booth (Inglaterra, 1901)
Laca para Cabelo, Robert H. Abplanal (EUA, 1953)
Máquina de Lavar Roupa, Alva, J. Fisher (EUA 1907)
Contraceptivos Orais, Gregory Pincus (EUA, 1950)
Secador de Cabelo, Racine Universal motor Co (EUA, 1920)
Microondas, Percy L. Spencer (EUA, 1945)

Não acho grave que uma jornalista não saiba que existe, na língua portuguesa, um substantivo para a peça de roupa interior: sutiã. No entanto acho grave que a mesma se tenha esquecido de mencionar o ferro de engomar. É que entre o aspirador, a máquina de lavar roupa, o microondas e o cartão de crédito, o ferro de engomar não é menos importante, para as mulheres claro, que não é de homem usar qualquer uma destas coisas.
Às vezes não percebemos que o nosso maior inimigo somos nós próprios. Ainda bem que as mulheres não são todas assim, ainda bem que a maior parte não o é. De qualquer maneira gostava de pedir a mão desta jornalista em casamento, caso ela passe por aqui. Dá sempre jeito ser casado com alguém assim. :)
Obrigado Nélson, por esta notícia.

3.08.2008

dia não sei de quê

O dia internacional da mulher comemora-se oficialmente desde 1909 e é uma comemoração dos feitos económicos, políticos e sociais alcançados pela mulher. Nasceu a partir de alguns movimentos de mulheres, durante o rápido processo de industrialização do princípio do século XX, primeiro nos Estados Unidos e depois, progressivamente, em vários países europeus. Hoje em dia é praticamente celebrado em todo o mundo. Esteve sempre ligado a movimentos políticos de esquerda e comemora-se a 8 de março por causa dum incêndio, provocado pela polícia de Nova Iorque, a uma fábrica de têxtil que fez cerca de 130 vítimas, todas mulheres.
Passaram-se, portanto, 150 anos desde esse incêndio e 100 desde o primeiro dia oficial da sua comemoração. O mundo mudou muito, para melhor numas coisas e para pior noutras, mas uma das coisas em que estamos todos de acordo é que este terceiro calhau a contar do Sol está definitivamente mais pequeno. Problemas políticos, sociais, ambientais passaram a ser de todos e não apenas de um sector da sociedade. Os problemas das mulheres devem, por isso, ser de todos também. Tal como os problemas dos homens, aliás.
Sei que há países em que a mulher tem que andar vestida com um lençol o dia inteiro, sei que há países em que se pratica a excisão feminina, sei que há países em que as mulheres são facilmente colocadas no mercado de aluguer do prazer, e também sei que isso é um problema meu também. Aliás, ainda sei mais algumas coisas, que na maior parte dos países os homens têm menos direitos sobre os filhos em caso de divórcio, que há países em que os homens têm um serviço militar obrigatório e as mulheres não, que há países em que os homens são recrutados ainda em crianças para exércitos privados, e também sei que isso é um problema de todos nós, homens e mulheres.
Não acho que um dia internacional do homem possa ajudar a resolver o que quer que seja, aliás, creio que só prejudicaria. Podia até parecer que os homens não precisam das mulheres para nada, porque esses problemas seriam mesmo só seus. Não é verdade. Talvez se pudesse, em vez disso, criar o dia mundial das pessoas. Talvez até todos os dias pudessem ser esse dia. Acho eu, sei lá.
O dia internacional da mulher é o princípio da separação e do corporativismo, da colocação da mulher num gueto criado por ela própria e não ajuda ninguém a não ser, talvez, alguém que ainda ache que as mulheres são um ser inferior.

Bin Laden não compreende as mulheres

Descobri uma cassete numa gruta aqui perto da minha casa, em Aveiro, com declarações do Bin Laden a explicar os verdadeiros motivos dos atentados de 11 de setembro. A mesma já foi sujeita à investigação de especialistas do SIS, que fizeram a respectiva tradução. A culpa foi da mulher dele.

3.07.2008

conversa 614

Ela - Gostavas de ir ao meu casamento?
Eu - Não. Para ser sincero, não. Vais casar?
Ela - Vou. Só que ainda não sei com quem nem quando.
Eu (risos)
Ela - Não estava a brincar.

conversa 613

(ao telefone)

Eu - Tomamos um café num instante. Eu também não tenho muito tempo, hoje. Só para tratarmos disso.
Ela - Eu não tomo café depois nas nove da noite. Depois não durmo.
Eu - Bebes um chá.
Ela - Um chá é a mesma coisa.
Eu - Uma cola.
Ela - Também tem cafeína.
Eu - Um carioca de limão.
Ela - Isso é um bocadinho de água com uma casquita de limão ao preço dum café...
Eu - Um carioca de café.
Ela - É água suja.
Eu - Uma cerveja.
Ela - Não bebo álcool.
Eu - Não tomas nada, pronto. Bebo eu o meu café da praxe.
Ela - Isso não. Tenho que tomar qualquer coisa. Não gosto de estar num café sem tomar nada.

em caso de emergência

Pára-se em todas as estações e apeadeiros. Entram uns, saem outros. É assim a nossa vida emocional, como uma viagem num comboio urbano. Às vezes preferimos que ninguém se sente ao nosso lado, e até pomos as pernas em cima do banco da frente e as malas no banco do lado. Adormecemos a ouvir uma música só nossa porque aquele sono também o é. Só nosso. Outras vezes queremos que todos se sentem perto de nós, e sentir um ombro colado enquanto folheia as páginas dum jornal qualquer. Não estamos sós ou, pelo menos, parece que não. A sensação torna-se mais importante que a realidade e, dado o realismo, podia ser uma mulher qualquer a sentar-se ao nosso lado. Se fosse aquela que acaba de o fazer uns dez metros à frente era melhor. Talvez nos déssemos bem. Talvez não. Entretanto vamos mantendo os olhos num autocolante no vidro que diz para o partir em caso de emergência. Um divórcio é só isso: um caso de emergência.

3.06.2008

coração


Esta imagem é do meu coração hoje às três e tal da tarde. Em Julho de 2006, poucos dias depois de me divorciar, foi-me detectado um problema na válvula mitral que agora, nos exames mais recentes, parece ter regredido. O facto é que 20 meses depois da minha separação o coração está mais forte. Hoje vou beber um copo.

conversa 612

Ele - A gaja até marchava.
Eu - Isso quer dizer o quê? Que ela era militar?
Ele (risos) - Não. Quer dizer que tem as mamas grandes.
Eu - Estou tão cansado de falar de mulheres contigo. Nem é pela ordinarice, mas a sério que não dizes nada de jeito.
Ele - Às vezes pareces tu uma gaja.
Eu - Se calhar. Tu dizes essas coisas à tua namorada? Só por curiosidade...
Ele - O quê?
Eu - Sei lá, que ela tem as mamas grandes e assim.
Ele - Não, claro que não.
Eu - Vá lá. Não és assim tão bronco.
Ele - É que ela tem as mamas pequenas. Peço mais uma cerveja?
Eu - Se é para continuar a falar de gajas contigo, pede-me antes um uísque duplo sem gelo e paga tu.
Ele - Já estás a entrar na onda, vês?

respostas a perguntas inexistentes (29)


A minha visão desviou-se dos olhos dela num salto de gafanhoto. Talvez por medo, talvez por vergonha. Só não sabiam onde cair, e quando o fizeram já eram abelhas sobrevoando um campo primaveril, tantas as cores que os atraíam naquelas meias de lã. Adivinhava os seus olhos na minha face, talvez reprovando a minha impulsiva invasão óptica, e transformei os meus na hesitação duma borboleta. As borboletas têm voos irregulares e curtos. Percorri-lhe as pernas cruzadas que evitavam o meu desejo, depois as mãos brancas e trémulas. Depois os seios, dois morros lentamente beijados pela nortada. Ainda uns lábios que guardavam silêncio, um silêncio tão grande que me vestiu de palavras por dizer. Palavras por dizer: abraço, edredão, café, toque, amor, mulher, beijo, sempre e olhos. Repeti olhos três vezes: olhos, olhos, olhos. E os seus olhos eram figos verdes em cujo ramo os meus, já pássaros, pousaram brandamente. Ela levantou-se quando o comboio parou num apeadeiro sem nome, engolida pelo escuro como um pequeno insecto noctívago. Se os meus olhos fossem um animal qualquer eu escolhia um morcego, daqueles que caçam à noite. Não consigo.

conversa 611

Ela - Gosto imenso dessa tua barba, pá.
Eu - Isso é uma boa notícia, principalmente porque não tenho barba.
Ela - Estou a falar dessa pequenina com que estás agora.
Eu - Isto está assim só porque hoje não me apeteceu fazê-la.
Ela - Na cama não há melhor, quando estás por cima de mim. Arranha...
Eu (risos) - Como é que sabes? Nunca estive contigo...
Ela - Imagino. Além disso as barbas desse tamanho são todas iguais.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

3.05.2008

duo São Lindas



Poesia é viver. Viver é poesia. Alguma felicidade espanta-me, embora a respeite.

couscous de regresso ao Porto


Diz que a música não tem fronteiras. Nem geográficas, nem raciais ou étnicas, nem religiosas ou culturais, e permite concentrar no espaço e no tempo a diáspora da evolução da nossa espécie. A preto e branco. O Couscous Prosjekt vai estar no Porto dia 5 de Abril, no Black & White film festival, organizado pela Universidade Católica. Mais datas: 24 de Março e 28 de Abril no nosso Clandestino Bar, 26 de Abril no Riff bar. Ambos em Aveiro.
Mais se informa que o couscous promo cd pode ser solicitado por bares, discotecas, associações e clubes eventualmente interessados, gratuitamente, no email que está na página oficial.

conversa 610

Ela - Ainda me estás a dever um jantar em tua casa.
Eu - Eu convidei-te. Tu é que não apareceste.
Ela - Mas nesse disseste que iam estar mais pessoas.
Eu - Pois iam, mas eu nunca te disse que o jantar era a sós.
Ela - Subentendi que sim.
Eu - Subentendeste mal.
Ela - E agora?
Eu - Agora o quê?
Ela - Não me convidas outra vez?
Eu - Estava à espera que me convidasses tu.
Ela - Eu?! A cozinhar para ti?! Pensas que não tenho mais que fazer?

conversa 609

Ela - Encosta-te a mim.
Eu - Encosto.

conversa 608

Eu - Apesar desta ausência emocional acredito que possa encontrar uma mulher que queira chegar comigo à velhice.
Ela - Eu também.
Eu - De qualquer maneira, enquanto não encontro, não vou deixar a vida passar-me ao lado. Acho que uma amiga colorida não faz mal nenhum. Pelo contrário...
Ela - Não sei... Eu acho que vou refrear a fogosidade e deixar os neurónios a funcionar sem irem fazer raves aos ovários.

a unidade

A lógica do mercado não se coaduna com pessoas sós. Nas grandes superfícies são muitos os produtos embalados de forma a que não se possa comprar apenas uma unidade. Acontece na alimentação e em muitos consumíveis. Às vezes não consigo, por exemplo, comprar apenas duas cebolas, dois alhos ou dois pães. Vem tudo embalado como se tudo fosse comprado por famílias. Também é difícil comprar, por exemplo, apenas uma esferográfica das mais baratas, um copo de vinho ou pacote de bolacha Maria. Quando é possível fazê-lo o preço aumenta substancialmente.
Uma pessoa que vive só acaba por desperdiçar parte do que compra. Não são raras as vezes que reparo que tenho no frigorífico um pacote de manteiga fora do prazo de validade, uma cebola já negra ou uma batata grelada.
A viver sozinho aprendi a conseguir pensar. Não estou a dizer que sou mais inteligente do que era antes ou que possuo mais faculdades intelectuais do que quem quer que seja. Estou a dizer que aprendi a gerir o tempo e ganhei uma percepção mais pormenorizada do que se passa à minha volta. Só porque tenho tempo e disponibilidade mental para isso, mais nada. Quase não ligo a televisão e quando o faço, nunca é para ver entretenimento de pacotilha; deixei de saber para quando foi adiado um Sporting-Benfica e, às vezes, só sei o resultado uns dias depois. No entanto já consigo sorrir aos que me agridem verbalmente na estrada; já acompanho todos os pedidos de café com um "por favor" genuíno; já deixo a porta do prédio aberta quando vejo que a minha vizinha está a estacionar o automóvel. Até já dei por mim a apanhar lixo no meio da rua para colocar num ecoponto.
Não descarto a possibilidade de vir a ter de novo uma companheira para a vida, mas se o tiver quero manter esta espécie de disponibilidade para o mundo e para mim, assim como permitir-lhe a ela que a tenha. Podemos ser dois, sim, mas a unidade também é importante, tanto na assunção da nossa individualidade como na compra duma única cebola. Acho que a competição mercantilista está a tentar acabar com isto.

3.04.2008

o poder do sabão


Esta publicidade é dos anos 50. O mundo ainda respirava fundo o alívio do fim da segunda guerra mundial e, nos Estados Unidos, recuperava-se a sensação de poder viver o sonho americano dos anos trinta. Neste anúncio, a Palmolive tentava convencer as mulheres que em apenas 14 dias, independentemente da idade e do tipo de pele, poderiam apresentar uma tez muito mais sexy se usassem o seu sabão, mas a Palmolive não queria dizer apenas isso.
Olhando com alguma atenção para a fotografia, vemos um homem que olha apaixonadamente para uma mulher que não olha para ele, e não olha para ele porque sabe que o tem na mão. Aquele olhar esguio é de alguém que sabe que domina a relação e que tem espaço para jogar com o parceiro. Pior ainda, ela sabe que o tem na mão apenas porque é bonita e mais nada. Ele também sabe isso.
À primeira vista pode-se pensar que o impacto social dum anúncio destes é só esse mesmo: a mulher, sendo bonita, posiciona-se hierarquicamente acima do homem, já que ele lhe obedece cegamente para poder aproximar-se do seu corpo. Ela é que manda e pronto. Só que na verdade não é bem assim. O seu poder baseia-se apenas numa beleza que um sabão lhe dá, e esse pode acabar por se transformar em escravidão. É fácil uma pessoa ensaboar-se e, no dia em que ela o deixar de fazer, ele perderá aquele olhar de carneiro mal morto. No fundo, esse olhar depende não dela mas doutra coisa: do poder do sabão.

conversa 607

Ela - Eu acho que tens lá em tua casa coisas minhas.
Eu - O quê?
Ela - Tupperwares, livros, filmes ou uma carteira pequenina com uma boneca boliviana presa.
Eu - Acho que não.
Ela - Acho que sim.
Eu - Mas... tupperwares não tens de certeza. Livros, só me lembro de me emprestares um e devolvi-to. Filmes, sempre que lá vais ver um nunca o deixas lá. Normalmente até são do clube de vídeo. A carteira... epá, nunca vi semelhante coisa.
Ela - Então não sei onde é que estão algumas coisas que me faltam.

conversa 606

Ela - Eu acho que posso dizer que te conheço bem.
Eu - Sim... se bem que isso é sempre relativo. Nem eu me conheço.
Ela - Às vezes os outros conhecem-nos melhor que nós próprios.
Eu - Talvez.
Ela - Acho que nunca esqueceste a tua ex. Ela inda te diz qualquer coisa. Por isso é que não consegues ter uma relação com ninguém.
Eu - Tenho esse assunto mais que resolvido. Não é por isso, não.
Ela - Se calhar achas que tens e não tens. Foram muitos anos com ela, tens que admitir.
Eu - Tenho isso mais que resolvido. Se ainda não tenho ninguém é porque ainda não me apaixonei por ninguém que se tenha apaixonado por mim também. Só isso.
Ela - Mas já te apaixonaste?
Eu - Já.
Ela - E já alguém se apaixonou por ti?
Eu - Já.
Ela - Estou a olhar para ti e com vontade chorar, não sei porquê.
Eu - Então olha, chora, mas aqui no café não. Vamos à praia. Eu não posso chorar por isso como um gelado de baunilha enquanto choras.
Ela - Posso optar também pelo gelado de baunilha?
Eu - Podes, claro.

coisas que fascinam (67)

Hoje fiz, dentro do concelho de Aveiro e até esta hora, trinta e oito quilómetros de carro. Entre bancos, médicos, notários, conservatórias, restaurante para o almoço e a escola da minha filha ainda não parei. Em todos os sítios fui atendido por mulheres. Pelo menos isso soube-me bem.

3.03.2008

conversa 605

(ao entrar em minha casa)

Ela - Estiveste a ouvir música hoje?
Eu - Estive. Por acaso estive.
Ela (dirigindo-se para a mini hi-fi) - Deixa-me ir ver se deixaste o cd dentro do leitor.
Eu - Mas porquê?
Ela - Sabendo o que estiveste a ouvir sei qual é o teu estado de espírito.
Eu - Estás a gozar.
Ela (pegando no cd) - Que é isto? Tribal Futures...
Eu - É um disco de fusão entre música tribal e electrónica. É duma ONG que luta pelo fim da agressão às populações que vivem em tribos. Maasai, Bushmen, Yonomamis, etc...
Ela - Já percebi. És um lírico.

Gabriela

Comprei alguns discos de vinil, este fim de semana em Espinho, a um euro e meio cada. Quase tudo música latino-americana. Los Reales del Paraguay, Digno Garcia y sus Carios, La Compagnie Créole e também a banda sonora da telenovela brasileira "Gabriela". Este último é a edição original de 1975 e tem uma dedicatória:

Para a minha querida irmã e Pedro. Com um grande abraço da Né.

Sinto que não fiquei apenas com um disco. Fiquei também com um momento de felicidade de quando eu tinha quatro anos. Além disso... epá, a Gabriela era mesmo bonita.

conversa 604

Ela - Acho que os homens têm fama de insensíveis mas admito que, normalmente, as mulheres é que o são.
Eu - Tenho essa sensação... mas pensei que era de mim.
Ela - Não. Pelo menos de mim também é.

gostar / não gostar

Mais uma lista absurda, feita num café ao sabor dum fino preto e um pratinho de tremoços:

coisas que eu gostava de ver numa namorada:
dançar kizomba | rir pelo menos duas vezes por dia | gostar de ouvir mamani keita | gostar de peixe | gostar de gelado | gostar de edredões | perceber piadas que não são para rir mas apenas sorrir | gostar de molhar os pés no mar mesmo que esteja com calças de ganga compradas no dia anterior | beber chá à noite | comer ovos cozidos com as mãos | encostar a cabeça no meu ombro | esquecer-se do meu dia de anos | beber cerveja pela garrafa | gostar de amarelo torrado em tudo menos em automóveis | gostar de crianças | gostar de chocolate | ver as fichas técnicas dos filmes até ao fim por causa da música

coisas que eu não gostava de ver numa namorada:
rir com as piadas dos malucos do riso | ter pertencido a uma juventude política porque o pai a inscreveu | comer azeitonas de faca e garfo | passar sábado à tarde nas compras | enrolar-se nos cobertores como um parafuso e destapar-me | beber shots | comprar uma bonsai pela quinta vez depois das quatro anteriores terem morrido | deixar os pensos usados na casa de banho | estacionar em segunda fila sem problemas de consciência | usar peles ou imitações de peles a não ser que seja de porco ou vaca

conversa 603

Ela - Hoje estou num dia tão bom. A sério que sim. Acho que à minha volta é tudo tão bonito.
Eu (risos) - Ainda bem. Eu estou à tua volta.
Ela - Também não exageremos.

3.02.2008

conversa 602

Eu - Estou mesmo cansado. Hoje não dá. Daqui do trabalho vou para casa.
Ela - Estás a fugir de mim.
Eu - Preciso dormir, é só isso.
Ela - Dormes aqui em minha casa. Eu quero mesmo ter uma conversa séria contigo.
Eu - Eu sei. Por isso é que também sei que se aí for não vou dormir nada.

conversa 601

(enquanto dançávamos numa discoteca africana)

Ela - Dás passos demasiado largos prá kizomba. Olha para os outros e vê como fazem.
Eu - Estou a olhar. A maior parte também dá passos largos.
Ela - Mas estão mal.

muito bom dia com mokambo, mokambo, mokambo...

Uma amiga ou, penso eu, ex-amiga, deixou-me este comentário neste blogue pelo facto de eu achar que "as mulheres não precisam de um dia internacional só para elas, por não serem umas 'tadinhas'". Ontem fui ao Axé Moi e tive uma noite muito boa e hoje, apesar de ir trabalhar, estou a ter um bom dia com mokambo. Bom dia para ti também, Cláudia. Admiro pessoas com a tua capacidade de discussão. lol! Fica bem.

Se existem dias para lembrar que é preciso libertar o Tibete, não é porque, tadinhos, precisam. Não são coitadinhos, sao oprimidos.

Tadinho é de ti, por dizeres essas coisas extremamente ofensivas. No dia em que deixares de ser tão chauvinista, talvez comeces a compreender as mulheres. Mas a mim parece-me que gostas de ser um labrego machista...e só muda para melhor, quem quer.

3.01.2008

o ponto G (resultados)

Sou mulher e tenho: 33%
Sou mulher e não tenho: 4%
Sou mulher e não sei se tenho: 15%
Sou homem: 39%
O que é o ponto G?: 7%

conversa 600

Ela - Queres dormir comigo? Não quer dizer que aconteça nada mas apetece-me dormir contigo.
Eu - Quero.
Ela - Fui muito directa?
Eu - Sei lá.
Ela - Assim pelo menos dividimos o dinheiro do táxi. Vivemos perto um do outro.
Eu - Dividíamos na mesma, ou só andas de táxi com um gajo se ele dormir contigo?
Ela - Acho que estou bêbada. Não tenho a certeza que seja uma boa ideia dormir contigo.

viagra azul



Um dos efeitos secundários do Viagra é ver tudo em tons de azul, pelo menos se se tomar mais do que a dose recomendada. Para os que sabem um bocadinho de fotografia, isto quer dizer que o medicamento afecta a percepção do verde e do vermelho. Peguei numa fotografia colorida, na net, e tirei-lhe precisamente a informação verde e vermelha para tentar perceber a sensação. Não gostei. [ver notícia]