9.30.2008

pensamentos catatónicos (145)

Durante os meus anos de casado, a minha então companheira passava os dias a reparar em mulheres que me faziam olhinhos, me sorriam e essas coisas todas. Acho que essas mulheres devem ter morrido todas, por coincidência, no dia em que me separei.

mulheres que eu gostava de poder não compreender (72)



nome: Julia Jentsch
origem: Alemanha, Berlim
info: Vi-a já há uns anos no filme Sophie Scholl e nunca mais me esqueci dela. Tem qualquer coisa de adolescente no olhar que me atrai bastante. Nunca mais a vi em filme nenhum mas hoje lembrei-me dela assim de repente e sem motivo aparente. Por isso merece um cantinho na galerias das mulheres que eu gostava de poder não compreender. Para além dos olhos, gosto assim daquele ar despreocupado que normalmente tem...

coisas que fascinam (73)

Anda a apetecer-me apaixonar-me por alguém assim a sério. Acho que isso é bom.

conversa 976

Eu - Deixaste uma coisa lá em minha casa.
Ela - O quê?
Eu - Umas bolinhas esquisitas presas num arame.
Ela - Ah! são os meu brincos. Pensava que os tinha perdido.
Eu - Ah!

conversa 975

(ao telefone)

Ela - Tenho duas coisas urgentes para fazer aí em Aveiro. Por isso esta semana vou aí.
Eu - Que coisas são? Posso saber?
Ela - Comprar uma estante para cd's e ir ao cabeleireiro.
Eu - Ah! Até pensei que ias dizer-me que estavas com urgência em estar comigo.
Ela - Não, mas já que vou aí...

estamos a ser roubados

Há um fenómeno que não consigo perceber. Toda a gente se sente insegura quando um palerma qualquer assalta uma ourivesaria e rouba uns quilos de ouro, mas ninguém se sente inseguro quando o presidente dos Estados Unidos quer injectar na banca 700 mil milhões de dólares e, sem perguntar a ninguém, o Banco central Europeu colocou mais 120 mil milhões de euros à disposição das instituições financeiras.
É assim: quem vai pagar isto somos nós todos, eu e vocês que lêem este blogue. Por uma razão muito simples: o dinheiro criado artificialmente (sem um correspondente aumento da produção) vai-se transformar obrigatoriamente em inflação e aumento de impostos (directos e/ou indirectos) porque a dívida pública dispara.
Não percebo porque é que ninguém se importa de ser roubado para salvar um banco, mas todos gritam como galinhas histéricas quando um triste qualquer tem direito ao rendimento mínimo porque 'supostamente' não quer trabalhar.
Este é o sistema económico que o PS, o PSD e o CDS-PP defendem, um sistema económico em que se privatiza o lucro e se nacionaliza a dívida. Com um 'senão': quando a dívida é dum cidadão qualquer já ninguém se preocupa. Se um de vocês deixar de pagar o crédito à habitação ao banco, garanto-vos que o governo não vai pensar em injectar dinheiro na vossa conta para vos ajudar, mas é esse banco que agora estamos a salvar.
Estamos a ser roubados todos os dias e ainda ninguém chamou a polícia! [mais no esquerda.net]

o lugar da mulher é na cozinha



Esta publicidade de 1961, a uma food mixer Kenwood, não deixa margem para dúvidas: o lugar da mulher é na cozinha. "A Kenwood Chef faz tudo menos cozinhar. É para isso que as mulheres servem. Eu ofereço à minha mulher uma Kenwood Chef". Para além do lugar da mulher ser na cozinha, o poder de compra é SÓ do marido.
Claro que com esta forma simples de ver a vida os dois só podem sorrir. Ele porque permite que ela tenha algum prazer a cozinhar, ela porque vai preparar o prato favorito dele mais facilmente.

9.29.2008

tu bloqueaste-me, pá

Porque é que todos os contactos da minha lista do msn que têm no perfil o "verificador.net", ou seja, todos os contactos que já foram ver se alguém os eliminou ou bloqueou, são mulheres?

Já agora, aproveito para avisar que o verificador.net é uma tanga. Eu testei-o com dez emails falsos que criei para o efeito e o resultado... é falso.

conversa 974

Ela - Quando eu tiver um homem ele tem que ser só para mim. Não o aceito dividir com mais ninguém.
Eu - Isso acontece-me com os chocolates.
Ela - Com as mulheres não?
Eu - Com as mulheres nunca pensei muito nisso. Nunca dividi nenhuma porque, dividindo-as, elas morrem. Aliás, acontece o mesmo com os homens...
Ela (levantando a voz) - Não percebeste onde é que eu quero chegar?
Eu - Percebi, pronto. A sério que percebi. Não te zangues.
Ela - E então?
Eu - Então o quê?
Ela - Divides ou não?
Eu - Sei lá... só se for gordinha.
Ela - Estou tão farta de ti.
Eu - Mas não me dividas, está bem?
Ela (levantando-se) - Bem... vou buscar mais uma chávena de chá. Queres?
Eu - Quero.
Ela - Então vai buscar.

conversa 973

Ela - Porque é que usas tantas reticências a escrever?
Eu - Sou lento da cabeça.
Ela - Qual cabeça?

conversa 972

Ela - Eu já não acredito no amor eterno.
Eu - Não me parece grave, desde que acredites pelo menos no amor temporário.
Ela - Começo a não acreditar nem nesse.
Eu - Esse vai-te acontecendo...
Ela - Mas nunca se pode confiar num namorado, percebes? Os homens estão sempre a pensar noutra mulher.
Eu - Sempre não. Talvez uma vez por outra, sim, mas isso é normal. Isso também acontece com as mulheres, não acontece?
Ela - Sim, mas pelo menos as mulheres ficam com um sentimento de culpa.
Eu - Nunca traíste o teu marido?
Ela - Sim, mas é o que te estou a dizer, fiquei com um sentimento de culpa. Ele, não sei se me traiu ou não, mas se o fez foi na boa.
Eu - Talvez isso não seja assim tão importante. Já pensaste nisso?
Ela - Estás a ver? Tu não achas importante, ou seja, não tens sentimento de culpa nenhum quando o fazes...
Eu - Não foi isso que eu disse.
Ela - Foi, foi.
Eu - Não foi nada.
Ela - Foi, foi.

conversa 971

(ao telefone, quando eu vinha dum fim de semana em Corunha)

Ela - Vens hoje para Aveiro?
Eu - Sim, já estou a ir. Estou quase na fronteira. Vou parar em Viana para comer qualquer coisa. Devo chegar pouco depois da meia-noite.
Ela - Depois da meia-noite já não é hoje. Vemo-nos amanhã, então.

pergunta

Um amigo meu pergunta se as mulheres, mesmo que estejam apaixonadas por um tipo qualquer, esperam sempre que ele tome a iniciativa de ir ter com elas. Mais, também pergunta se quando ele não vai, elas partem do princípio que ele é um banana...

o décimo trabalho do Bagaço... ir ao baño...


Hércules, Corunha, Setembro 2008

Eu não sabia, mas o décimo dos doze trabalhos de Astérix Hércules foi ali para os lados da Corunha, onde passei este fim de semana. Diz a lenda que Hércules libertou aquelas terras do domínio do gigante Gérion após três dias de intensa luta, e que ali mandou construir uma torre e povoar uma grande cidade.
Hércules até pode ter sofrido nessa luta mas eu garanto que sofri muito mais. A quantidade de mulheres bonitas que frequenta aquela noite galega é impressionante. Tive, portanto, uma espécie de décimo trabalho do Bagaço Amarelo quando, num dos muitos bares daquela cidade, vi a provavelmente mais bonita mulher do mundo, passando devagar entre a multidão. Bebi a cerveja que tinha na mão de penalti e pedi um uísque (para ganhar coragem) que também bebi de penalti. Desmarquei-me discretamente do meu grupo de amigos e fui ter com ela. Quando estava quase a perguntar-lhe se lhe podia oferecer uma bebida vi uma mão abraçar-lhe a cintura. Era o namorado dela, que se não era do tamanho de Gérion pouco faltava. A minha aproximação, no entanto fez-se notar, e ambos olharam para mim. Ora bem... tendo em conta que não tenho propriamente a coragem de Hércules, perguntei só: "Sabes dónde está el baño?" e lá fui eu... ao banõ...
De resto, apenas quatro considerações mais sobre a Corunha:

1] A Praça de Portugal é muito maior do que a Praça de Espanha.
2] Os espanhóis, afinal, não estão sempre aos gritos como uns histéricos que meteram LSD. É só quando vêm passar férias a Portugal.
3] A Corunha é uma cidade com alguma coisa do Porto, mas sem os arrumadores de carros completamente enfarinhados e sem cotas a cuspir para o chão de cinco em cinco segundos.
4] A percentagem de mulheres bonitas a sair à noite é muito maior na Corunha que em qualquer cidade portuguesa que eu conheça.

9.26.2008

bom fim de semana na mesma

Ontem fui ao Porto e aprendi a fazer sushi. A esplanada do Piolho tem uma incrível percentagem de mulheres bonitas. Pronto, é só o que tenho a dizer.
Este fim de semana vou-me ausentar do país (esta é a forma de dizer que vou a Espanha mais apetecível que conheço). Não sei se vou ter internet ou não mas, caso não tenha, bom fim de semana para todos vocês. Aliás, se tiver, bom fim de semana na mesma.

conversa 970

(durante uma discussão amigável sobre a problemática dos casamentos homossexuais em Portugal)

Ela - Mas os homossexuais já se podem casar em Portugal há muito tempo...
Eu - Não podem nada. Claro que não podem. Se pudessem não andavam a pensar em agendar o assunto na Assembleia da República.
Ela - Podem podem...
Eu - Não podem.
Ela - Podem. Tem é que ser com alguém do sexo oposto, mas podem.
Eu - Agora lixaste-me.

conversa 969

Ela - A minha mãe passou por nós, há dias na rua, e depois perguntou-me quem tu eras.
Eu - A sério?
Ela - Sim, perguntou-me se eras o meu namorado e tudo.
Eu - Ena...
Ela - É que ficou preocupada. Disse-me que tinhas um ar assim... despenteado, foi o termo que ela usou.
Eu - Ah!

Zezé Camarinha

Admito que tenho uma certa admiração pelo Zezé Camarinha, e por isso não posso deixar de o homenagear com um post neste blogue. Zezé é o assumidamente o maior, talvez mesmo o único, macho man português. Em prol dos seus princípios criou Instituto de Salvação dos Homens, um instituto que nunca ninguém viu mas que se assume contra a afirmação gay, até porque lamenta que muitas mulheres cheguem a casa, nos dias de hoje, e encontrem os seus homens com outro parceiro na cama.
É também o autor da frase mítica, que só serão esquecida com o fim do universo: "Quando morrer quero que o meu pénis seja embalsamado e cremado, e que as cinzas sejam espalhadas por estas praias do Algarve desde Lagos a Faro, que é o meu território de caça! Deste modos as praias serão purificadas...Claro que haverá cinza suficiente!"
Para engatar estrangeiras ou, como ele próprio prefere chamar, camones, utiliza argumentos tão profundos como "my massage is the best massage" ou "Why don't you go to the beach? You are very white!".
Risos à parte, e é aí que reside a minha admiração, quem é de facto o Zezé Camarinha? É um gajo que, em vez de andar a assentar tijolo nas obras ou a trabalhar no Mac Donalds 50 horas por semana para ganhar uma miséria, tem uma vidinha sem fazer nenhum à custa de palermices. E pronto.

9.25.2008

conversa 968

Ela - Oh menino, não quer levar um peixinho para casa?
Eu - Não, obrigado.
Ela - E uma peixona?

pensamentos catatónicos (144)

Se eu tivesse um euro por cada discussão que tive com mulheres, em que o motivo da mesma não era o verdadeiro motivo, mas sim outro que elas inventaram porque lhes apetecia discutir por causa doutra coisa qualquer, estava rico. Estava, estava...

conversa 967

Ela - Eu nunca vou ser feliz.
Eu - Porquê?
Ela - Porque ser feliz entristece-me. Cada vez que estou feliz começo a pensar que não vai durar sempre e fico triste.
Eu - Ah! E quando estás triste não pensas que isso não vai durar sempre e por isso podes ficar feliz?
Ela - Não. Já sei que mesmo que fique feliz depois acabo por ficar triste.
Eu - Percebo... percebo...

9.24.2008

conversa 966

(depois dela tomar banho)

Eu - Nunca vou perceber como é que as mulheres fazem isso...
Ela - O quê?
Eu - Enrolar a toalha na cabeça assim... tão bem. Parece um turbante.
Ela - Prometo que se me ensinares a cortar os pimentos em quadradinhos todos iguais, como costumas fazer, ensino-te pôr a toalha assim.

respostas a perguntas inexistentes (42)



Apontei a máquina para alguns candeeiros que pontilhavam a noite e movimentei-a enquanto disparava. Ela perguntou-me o que é que eu estava a fazer. Desenhos de luz, respondi. Ela achou normal e eu fiquei surpreendido. Depois pediu-me para ver as fotos. Se é possível agarrar a luz também é possível soltá-la, disse. Não percebi onde é que ela queria chegar, por isso respondi que gostava dela quando não a compreendia.

conversa 965

(enquanto eu cozinhava)

Ela - Essa coisa de cortar os legumes todos e dividi-los em pratos é mesmo à homem.
Eu - Faço sempre assim. Corto a cebola, o alho, o tomate, os pimentos... tudo. Só depois é que começo a cozinhar. Senão não me oriento.
Ela - Pois... a desorientação também é uma coisa muito masculina.

terapias para ser feliz mesmo quando ela passa por nós e nem nos cumprimenta (4)

Primeiro barra-se a bolacha com doce de tomate. Depois exerce-se uma ligeira pressão entre bolachas até que o doce passe pelos orifícios da bolacha. Morde-se a gosto.

[terapia roubada descaradamente ao blogue Ovo Zero]

conversa 964

Ela - Uma mulher com trinta e cinco anos ainda pode ser atraente?
Eu - Pode... se não fizer perguntas estúpidas.
Ela - Que perguntas é que se são estúpidas?
Eu - Perguntas sobre se com trinta e cinco anos podem ser atraentes.

divórcio instantâneo

As coisas acabam, pá. É só isso. Tens que ter mais calma. Ela acha que dantes os dias eram azuis. Agora não tem a certeza de que cor são. E diz-me isso assim, enquanto olha para a transparência dum céu incolor e dá mais um trémulo gole num copo de cerveja há muito vazio. Exploro-a com os olhos. Há uma óbvia ligação entre o copo vazio e o corpo dela, vazio também. Não a estou a ajudar nada quando digo que as coisas acabam ou que ela tem que ter mais calma. Ela já sabe isso. Só não sabe o que vem depois.
Depois é-se um soldado em tempo de paz. Tem que aprender a pousar as armas, talvez para nunca mais as usar. Tem que aprender a olhar para os outros sem o instinto de disparar. Peço-lhe que se imagine a acordar entre os despojos duma guerra qualquer, talvez num deserto, e que perceba que é uma sobrevivente. Uma sortuda, no fundo. Pode levantar-se devagar, procurar água e comida. Depois voltar para casa. Quero que ela ria, nem que seja um segundo. Em vez de água pode ser uma diet coke e a comida pode ser um quilo de ovos moles. Ri-se, de facto só durante um segundo. A piada era fraca.
Sempre achei o corpo dela tão perfeito e bem tratado. Agora é como se a luz do dia a tivesse maquilhado com a verdade. Está despenteada, com olheiras e um ar usado, as unhas povoadas por restos espaçados dum verniz tristemente vermelho. E mesmo assim bonita. Explica-me que ainda há uns dias se sentia aconchegada pela vida e que agora está tão sozinha. Pergunta-me se acredito. Claro que sim. Pergunta-me se lhe dou um dia da minha vida. Claro que sim. Sorri, agora durante mais do que um segundo.
Que não tem nada no estômago a não ser cerveja, diz; que não entende porque é que ele a deixou, diz; que tem trinta e cinco anos e se acha velha, diz; que acha que vai vomitar, conclui. Vamos embora peço. Que lhe dou o meu dia onde ela quiser. Diz que eu tenho sempre uma maneira de pensar que a ajuda. É mentira, penso, mas por agora é melhor manter essa mentira. E mantenho.
Achas que vamos fazer amor? Fechei a persiana, como se assim a pudesse esconder do mundo que nestes dias só lhe tem feito mal, e pus o cd dos Garoto que ela gosta mas não conhecia. Damos as mãos. Não sei se vamos ou não fazer amor. Hoje de certeza que não. Porquê? Porque não quero que cortes os pulsos a seguir. Ri-se outra vez, desta vez durante bastante tempo. E porque é que havia de cortar os pulsos? Explico-lhe que pode descobrir que eu sou muito melhor na cama que o marido dela, e que andou a desperdiçar a vida durante os anos em que esteve com ele. Ri-se mais. A piada sempre é melhor que a da diet coke e dos ovos moles. Cada riso é uma conquista. Então hoje não fazemos amor. Talvez um dia destes. Adormece. Eu não.
O sono dela aninha-se em mim, em posição fetal. É o descanso do guerreiro, penso. Quando acordar vou-lhe fazer um sumo de laranja natural e, num tabuleiro, juntar algumas bolachas proteicas. Vou-lhe perguntar se se sente melhor. Vai-me dizer que sim. É assim que tem que ser, explico-lhe. Os divórcios são instantâneos. A vida também.

9.22.2008

conversa 963

(ao telefone)

Ela - Queria estar contigo um bocadinho. Já não te vejo há tanto tempo.
Eu - Isso faz-me feliz. Passa aqui em minha casa, então.
Ela - Não posso. Estou sem carro. A minha filha acabou de tirar a carta e agora crava-mo para sair com os amigos.
Eu - Então eu passo aí.
Ela - Não, é melhor não. Estive hoje a aspirar e a arrumar a casa. Queria curtir isto como está assim durante algum tempo.
Eu - Ah!
Ela - Podes é vir-me buscar. Dás um toque e eu desço.
Eu - Depois dessa estupidez que me acabas de dizer não sei se me apetece.
Ela - Que estupidez?
Eu - Que limpaste a casa e por isso eu não posso ir aí.
Ela - Dizes isso porque és homem. Se soubesses o que custa pôr a casa assim...
Eu - Eu sou homem e vivo sozinho... na verdade, quando limpo a casa é quase sempre para receber alguém. Não para me fechar aqui a curtir a limpeza sozinho
Ela - Mas nunca tens a casa assim, como a minha está agora.
Eu - Entre mim e ti, realmente, há um abismo na forma de ser e de pensar.
Ela - É o abismo natural homem/mulher. Já devias estar habituado.

conversa 962

Ela - Quando eu tinha vinte anos só queria andar com homens mais velhos, mais ou menos com a tua idade. Agora tenho quarenta e cinco anos e continuo a querer homens com a tua idade, só que agora eles são mais novos do que eu.
Eu - Isso é um fetiche?
Ela - Acho que os homens entre os trinta e cinco e os quarenta anos são os melhores. Antes disso são estúpidos com as mulheres, depois disso também...
Eu - Hum... então se nós começássemos agora uma relação, daqui a três anos ficava fora do prazo e mandavas-me passear.
Ela - Daqui a três anos tenho cinquenta. Nem quero pensar nisso.
Eu - Mas mandavas ou não?
Ela - Já te disse que nem quero pensar nisso.
Eu- Mas tu é que disseste...
Ela - Não interessa. Vamos mudar de assunto.

conversa 961

Ela - Há dias fartei-me de te chamar e tu... nada.
Eu - Onde?
Ela - No comboio.
Eu - A sério? Então, em vez de me chamares podias ter ido ter comigo...
Ela - Não. Eu estava cá fora e tu lá dentro. Fui só lá buscar a minha mãe que vinha de Lisboa.

chá, vinho e café

Às vezes são as bebidas que nos lembram que vivemos sozinhos...

Chá

Cansei-me de interromper as minhas leituras na cama para ir à cozinha buscar mais uma chávena de chá quente, por isso comprei um termo que agora levo para o quarto. Foi quando dei o primeiro gole num chá de maçã e canela que percebi que, quando era casado, nunca lia na cama.

Vinho
Passei a comprar vinho naquilo a que os americanos gostam de chamar bag in the box, ou seja, vinho que vem numa caixa cujo interior cria vácuo à medida que se vai bebendo. É a melhor forma quando se está sozinho, para não estragar o que não se bebe de imediato.

Café
Lembro-me que quando era casado fazia muitas vezes café à noite. Aliás, era com o café que eu a minha companheira punhamos muitas vezes a conversa em dia. Agora nunca faço café em casa. Ir a qualquer sítio tomá-lo é uma forma de ver pessoas, mesmo que não se fale com elas...

9.19.2008

conversa 960

Ela - Ainda tens os mesmo cortinados...
Eu - Tenho.
Ela - Devias trocá-los, sinceramente.
Eu - Já me disseste isso uma vez. Não estou p'ra isso. Estes não são os melhores cortinados do mundo mas não vou comprar uns e pôr estes no lixo.
Ela - Não precisas pôr no lixo.
Eu - E onde é que ponho?
Ela - Guardas num armário ou numa gaveta... um dia podes precisar.
Eu - Sim, ter uns cortinados numa gaveta dá sempre jeito... just in case.
Ela - Dão para fazer um vestido. Se quiseres eu faço um vestido.
Eu - Sim, tirando o pequeno pormenor de eu não usar vestidos, a ideia nem é má.
Ela - Para mim... eu estava a dizer um vestido para mim...

9.18.2008

conversa 959

Ela - Nunca fantasias quando estás na cama com uma mulher?
Eu - Nunca fantasio como?
Ela - Sim. Nunca imaginas que estás com outra mulher na cama em vez daquela com que efectivamente estás?
Eu - Não...
Ela - Tu não és normal. Não acredito.
Eu - Não acreditas em quê? É verdade...
Ela - Não me digas que, por exemplo, nunca fantasiaste que estavas com a Mayra Andrade quando estavas com outra mulher.
Eu - Não.
Ela - Tu não és mesmo normal.

conversa 958

Ela - Almoças comigo?
Eu - Gostava muito mas não vou almoçar. Acordei só agora e não tenho estômago para almoçar já. Podemos é tomar café juntos depois do almoço.
Ela - Gostava muito mas não vou tomar café. Acordei às oito e tomei logo de manhã.
Eu - Noto um tom qualquer de censura na tua voz...
Ela - A sério? Que perspicaz...

mulheres mal amadas

As mulheres mal amadas veneram o parceiro e acreditam viver um amor sublime. São mulheres que se diminuem. A submissão é apenas um dos erros cometidos por estas mulheres que, normalmente, aceitam mudar tudo nelas para se adaptarem às exigência do parceiro, enquanto não lhes exigem nem obtêm nada em troca. Esta é a ideia fundamental, segundo a revista Sábado, do livro "Mulheres mal Amadas", escrito pela psicanalista Mariela Michelena.
Na mesma revista, e segundo o "grupo português mulheres que amam demais", estes são os sintomas das mulheres que precisam de ajuda.

1] lar desajustado
As suas necessidades emocionais não foram satisfeitas e tenta suprimi-las sendo superatenciosa com homens aparentemente carentes.

2] necessidade de controlar
Como teve pouca segurança na infância, precisa de controlar os homens. Mascara isso tornando-se prestável.

3] medo do abandono
Faz qualquer coisa para impedir o fim dum relacionamento.

4] dependência de drogas
Tende a tornar-se dependente de estupefacientes, álcool e/ou certos tipos de alimentos, principalmente doces.

5] tendência para a depressão
Tenta prevenir esse estado de espírito através da agitação criada por um relacionamento instável.

6] atracção pelo inacessível
Como não pôde transformar os pais nas pessoas afectuosas de que precisava, reage ao homem familiar, porém inacessível, o qual tenta transformar.

vender a virgindade

Raffaela Fico, italiana de 20 anos, está a vender a sua virgindade por um milhão de euros para pagar as aulas de representação e comprar uma casa em Roma. No entanto avisa que não vai com um brutamontes qualquer porque valoriza a inteligência. Eu só pergunto quem é o gajo inteligente que vai pagar um milhão de euros para mandar um queca. lamento Raffaela, terá mesmo que ser um brutamontes qualquer...

9.17.2008

sinceramente, não sei para onde é que este país está a caminhar...

Nem tenho dormido bem com esta coisa dos gays poderem casar. À noite deito-me na cama e, logo a seguir a ler mais uma página do meu livro ilustrado "As mais Belas Histórias da Bíblia", apago a luz e fico a imaginar que, à mesmíssima hora, um pouco por todo o país, milhares de homens fazem o sexo com outros homens e mulheres com outras mulheres. Começo a ter suores frios e tonturas. Sinceramente, não sei para onde é que este país está a caminhar...
Ainda ontem vinha na rua, ali na Avenida de Oita em Aveiro, e vi dois animais a praticarem esse tal sexo na via pública. Por mim nada de mal, que sou um progressista nato, mas como eles estavam a menos de cem metros dum parque infantil fui só lá enxotá-los num instante. Foi nesse momento que reparei que não se tratava de um cão e duma cadela mas sim... de dois cães. Ah! sacanas, gritei eu. Peguei logo em duas pedras e atirei-lhes. Acertei num em cheio, que é para aprenderem a não fazer estas coisas, ainda por cima ao pé de crianças. Sinceramente, não sei para onde é que este país está a caminhar...
No meu tempo as coisas eram muito melhores. Não era esta libertinagem que é agora. Durante o tempo do Salazar, garanto-vos eu, nenhum cão se colava a nenhum cão nem nenhuma cadela a nenhuma cadela. Agora é esta pouca vergonha. As mulheres tiravam um curso de formação feminina e os rapazes faziam-se homens mais cedo, fosse na guerra ou a trabalhar logo depois da quarta classe. Nem tempo tinham para pensar nestes devaneios sexuais, tipo uns seios a roçar outros seios ou, blhac, um pénis a roçar outro pénis. Sinceramente, não sei para onde é que este país está a caminhar...
vejam lá se acabam com isto... a ver se eu consigo dormir.

sexo e géneros na juventude socialista





Eu sou a favor dos casamentos entre pessoas do mesmo género. Aliás, chamem-me extremista se quiserem, sou até a favor dos casamentos entre pessoas da juventude socialista. A única ressalva que coloco, no caso dos casamentos entre membros da juventude socialista, é que cada um dos elementos do casal deve poder exercer livremente a sua opinião na vida matrimonial, sem que o Sócrates vá para lá mandar bitaites sobre as suas opções de vida. Aliás, isso já está a acontecer e, depois de ter feito estes cartazes tão queridos, os tipos daquela jota na Assembleia da República vão votar contra os projectos do Bloco de Esquerda e d'Os Verdes de alteração ao Código Civil para a celebração de casamentos homossexuais.
É óbvio que estes projectos vão ser chumbados pelos senhores deputados, a meu ver infelizmente, mas pelo menos fica demonstrada a forma patriarcal como o Partido Socialista funciona. A juventude tem que fazer tudo o que pai Sócrates manda.

conversa 957

Ela - Mas pelo menos concordas que os Estados Unidos têm direito a proibir o Irão de construir armas nucleares...
Eu - Qual foi o único país, até hoje, suficientemente estúpido para usar armas nucleares?
Ela - Não sei. Já algum usou?
Eu - Sim... os Estados Unidos. No Japão.
Ela - Ah! pois...

terapias para ser feliz mesmo quando ela passa por nós e nem nos cumprimenta (3)

1] Encher a banheira com água quente e atirar lá para dentro dez quilos de sal grosso.
2] Mergulhar na água e deixar o tempo passar sem ansiedade. Como alternativa pode-se escolher um disco dos Radiohead, por exemplo.
3] Esperar...
4] Esperar...
5] Sair da água e deixar a água secar no corpo por si.
6] Passar o corpo por água limpa, muito rapidamente, e secá-lo com a toalha.
7] Beber um ponche quente.

o mundo sempre foi assim

Acho que o mundo sempre foi assim: um homem a escrever linhas sem sentido no cadáver dum guardanapo e uma mulher bonita do outro lado do balcão. Se não foi sempre assim, é-o pelo menos desde que entrei neste bar. Na verdade ela é tão bonita que o resto da História não me interessa nada. Portanto foi sempre assim.
Peço um terceiro copo de uísque. Nos dois que já bebi, e cujos copos vazios acabaram de adormecer, fundem-se com o resto das pedras de gelo os meus últimos pensamentos sóbrios. Não me lembro quais foram. Não faz mal, se o mundo sempre foi assim ela vai compreender os meus gesto incertos e a voz arrastada. E compreende. Compreende tanto que desta vez enche o copo mais do que o normal. Praticamente é um uísque duplo. Depois fecha a garrafa e afasta-se, encostando-se no outro extremo do balcão.
O guardanapo está de facto morto, e se a minha Bic azul ainda o tentava trazer à vida numa sôfrega respiração boca a boca, acabou agora de o matar com um rasgão enquanto escrevia mais uma palavra. Já bebi tanto que não me lembro sequer qual era palavra. Mais um gole e guardo tudo no bolso. A caneta e o defunto.
Ela caminha na minha direcção e, sem sequer pedir, bebe o que resta do meu uísque duma só vez. Depois fecha a porta e as janelas do estabelecimento, volta para o balcão e serve mais dois copos, desta vez sem gelo, cheios. Senta-se mesmo ao meu lado. Acho que, se ainda há pouco as palavras ardiam na minha boca como um incêndio, o uísque apagou-as.
A minha língua e a dela estão banhadas em silêncio e mergulham uma na outra. Tentam enrolar-se mas não conseguem. É bom estar nesta fase alcoolizada, em que os movimentos perderam os receios mas o corpo ainda se excita. Ela vai para cima do balcão como se já estivesse habituada a fazê-lo. Talvez o faça todas as noites com o último cliente. Com os dedos da mão direita afasto dos seus olhos alguns dos cabelos loiros e, enquanto lhe beijo a testa, masturbo-a na vagina com a mão esquerda. Tento encontrar-lhe o ponto com o dedo do meio. Demoro um bocado mas já está. É o primeiro suspiro que ouço, e tento inspirá-lo como se fosse um vento brando. Os meu lábios vão-lhe percorrendo o corpo, ainda a tentar despir-se mas já sem calças, e a língua chega ao ponto que os dedos encontraram antes. É o segundo suspiro, que agora inspiro como uma tempestade. Faz-me um minete, pede ela. E eu faço. Os suspiros transformam-se num furação e eu continuo. Quero sentir-lhe o sabor. Há mulheres tão doces...
E esta sabe a qualquer coisa. É a uísque. Acabo mais um gole. Ela continua no outro extremo do balcão e olha para mim com um ar cansado. Está só à espera que eu pague. Pouso o copo. Não sei quanto tempo estive a imaginá-la nua, comigo e a suspirar tempestades, mas sei que deu para beber tudo. Não sei que gestos fiz nem o que ela pensou. Sei só que foi o melhor gole de uísque da minha vida.
Cá fora a Lua olha-me curiosa pelo que eu vou fazer a seguir, mas eu decepciono-a. Sento-me num banco de jardim protegido pela luz dum triste candeeiro público. Depois deito-me nele. Acho que o mundo sempre foi assim. As mulheres como uma memória recente mas nunca presente. Se não foi sempre assim, é-o pelo menos desde que estou neste banco. Vou adormecer.

coisas sobre mulheres que leio nas portas de casas de banho públicas (4)

marta, ama-me porra! estou farto de tentar que repares em mim

num café perto de Famalicão, não me lembro do nome...

conversa 956

Ela - Sinceramente acho que estás lixado...
Eu - Porquê?
Ela - Tu és daquele tipo de homens que todas as mulheres querem para amigo mas nenhuma quer para namorado.
Eu - Porquê?
Ela - És demasiado bom rapaz.
Eu - E para namorado é melhor um mau rapaz?
Ela - Sim... mais ou menos.

conversa 955

Ela - Foi preciso passar por um casamento de cinco anos para perceber que, às vezes, mais vale a amizade dum cão do que de um homem.
Eu - Eu sei que passaste por momentos maus mas talvez estejas a exagerar. És uma mulher bonita, devias tentar acalmar... e depois logo se vê.
Ela - Logo se vê o quê?
Eu - Sei lá. Acalma-te, tenta ficar bem contigo mesma e depois talvez ganhes uma disponibilidade que agora ainda não tens...
Ela - Ah! pensei que te estavas a propor ao lugar.
Eu - Não. Nem sequer me parece que haja um lugar em aberto, para ser sincero. A não ser, talvez, para um pastor alemão.
Ela - Não é um pastor alemão. É um rafeiro muito querido.
Eu - O quê? Já tens mesmo um cão?
Ela - Já... e não quero outra coisa.

9.16.2008

conversa 954

Ela - Na tua casa ficava bem um aquário. Para a tua filha e tal...
Eu - Não ficava nada. Não quero ter nenhum animal lá em casa.
Ela - De certeza?
Eu - De certeza.
Ela - Que pena.
Eu - Pena porquê?
Ela - Quero vender o meu e não sei a quem...

portuguesa bonita

Esta capa do single vinil do José Cid, Portuguesa Bonita, faz parte da minha infância. Fartei-me de ouvir esta música que dizia que as portuguesas eram as mulheres mais bonitas no mundo e, na minha inocência de criança, acreditei nela. Durante alguns anos foi assim. Para mim as mulheres portuguesas eram as mais bonitas do mundo e pronto.
A primeira vez que desconfiei que alguma coisa estava errada, foi quando fui comprar dez escudos de chicletes a uma taberna relativamente perto da minha casa. Do outro lado do balcão, uma mulher que se assoava a um lenço que já estava tingido pelo ranho duma húmida constipação com mais de uma semana, trilhou-o numa saia apertada para me atender. Olhei para cima e, para além dum bigode de fazer roer de inveja o Hitler, coçava constantemente os cabelos sebosos com umas unhas da cor das batatas que vendia. Nesses sacos de batatas semi-abertos, sentavam-se sempre alguns homens que às três da tarde já estavam podres de bêbados e lhe iam pedindo para se despir. Sempre sem efeito, felizmente, pelo menos comigo dentro do estabelecimento. Nesse dia, enquanto desembrulhava a primeira chiclete Pirata, fiz a primeira ligação mental à música do Cid. Ei! Esta mulher não pode ser portuguesa, pensei eu.
Pior foi uns dias depois, quando vi uma loira na televisão a cantar com mais uns tipos e me apaixonei imediatamente por ela. Claro que uma mulher bonita assim só podia ser portuguesa, pelo menos segundo a música que eu ouvi tantas vezes. Perguntei ao meu tio, que estava sentado no sofá também concentrado no ecrã da televisão, porque é que uma portuguesa estava a cantar em estrangeiro. Que não era portuguesa, disse-me ele. Era sueca e fazia parte dum grupo que se chamava Abba. Foi a decepção total.
De qualquer maneira a desilusão maior ainda estava para vir. Um dia, na Feira de Março em Aveiro, fui visitar uma daquelas barracas que exibiam coisas como "o homem mais peludo do mundo", "a mulher com barba" ou "a mulher girafa". Essa barraca, aliás, exibia a mulher-aranha. Era uma aranha enorme e peluda, com umas garras ameaçadoras e com cabeça de mulher. Claro que aquilo não passava de um fato carnavalesco mas, uma criança que acredita que as portuguesas são as mulheres mais bonitas do mundo, acredita também numa mulher-aranha destas. Para meu espanto, quando um senhor com um fato vermelho e uma gravata amarela começou a apontar um microfone para o público poder fazer perguntas, descobri que ela falava... português. Ainda levantei o braço, como na escola, para pedir a palavra, e perguntei-lhe se ela era mesmo deste país. As pessoas riram-se quando ouviram a pergunta mas eu, desiludido com a resposta, limitei-me a pensar num dos factos da minha infância: o José Cid enganou-me.

conversa 953

(numa bomba de gasolina)

Ela - Agora, enquanto pões gasolina, vou ali fumar um cigarro. Preciso dum minuto só para mim.
Eu - Ok. Eu depois vou tomar café.
Ela - Eu disse que preciso dum minuto só para mim. Isso quer dizer que não vou tomar café contigo.
Eu - Só te estou a dizer onde vou estar depois de pôr gasolina.
Ela - Mas não digas. Depois de fumar um cigarro sozinha volto para o carro. Deixa a porta destrancada, por favor.
Eu - Está bem. Como disseste um minuto e eu vou demorar mais do que isso só a pôr gasolina, pensei que podias querer tomar café comigo. Foi só isso.
Ela - Eu disse um minuto no sentido figurativo. E tu achas que alguém que diz que precisa de estar sozinha quer ir tomar café contigo?
Eu - Sim, se esse alguém me disser que é só um minuto...
Ela - Não me enerves.
Eu - Acho que não é preciso enervar-te. Já estás.
Ela - Bem, vou fumar o meu cigarro antes que...
Eu - Tudo bem. Quanto tempo precisas?
Ela - Cala-te!

9.15.2008

pensamentos catatónicos (143)

Este fim de semana, numa viagem que fiz a Castro Laboreiro, guardei uma pedra para a minha colecção de pedras que não valem nada a não ser para mim, porque têm um significado qualquer. É uma pedra coração. Nos últimos anos da minha vida foi isso que aconteceu ao meu objecto cardíaco: petrificou-se lentamente. É como se, com a idade, estivesse cada vez mais difícil apaixonar-me a sério.

conversa 952

(ao telefone)

Ela - Faz um chá e não saias de casa...
Eu - Mas a que propósito?
Ela - Tu sais de casa quase todos os dias. Faz-te bem ficar um bocado em casa.
Eu - Não gosto muito que me digas essas coisas. Parece que queres ser minha mãe ou assim...
Ela - Se eu fosse tua mãe, estavas era a apanhar.

tudo blá blá blá

Isto entre homens e mulheres é cada vez só mais conversa. Enfim, mais uma tentativa de engate completamente falhada. A sorte é que já estou habituado...

três paixões fugazes dos últimos dois anos

a paixão do semáforo vermelho
Na cidade do Porto, atravessei a passadeira com o semáforo vermelho para peões. Ela também, no sentido inverso, e apesar do som dum carro a aproximar-se não acelerámos o passo. nem eu nem ela. Os nosso olhares cruzaram-se durante mais tempo que o normal, para duas pessoas que nunca se tinham visto. Mal pus um pé no passeio olhei para trás, para ver se ela fazia o mesmo. Fez. O semáforo passou para verde e uma multidão banhou o momento. Eu fui numa onda, ela noutra. Nunca mais a vi. Era uma mulher relativamente forte e muito bonita, loira de olhos verdes e cabelo ondulado.

a paixão do autocarro
Na cidade do Porto. Sentou-se ao meu lado no autocarro. Primeiro perguntou-me as horas, depois começou a falar da vida dela. Andava a fazer um curso qualquer para depois trabalhar numa empresa de seguros. Quando esgotou a vida dela perguntou-me pela minha e eu fui dizendo sempre o menos possível. Até que me levantei para sair. Perguntou-me se eu tinha telefone. Que sim, respondi. Ela deu-me um cartão e pediu-me para lhe dar um toque mal saísse do transporte. Tornei a responder que sim mas depois não dei. Ela, uma mulher magra de cabelos castanhos e pele muito branca, com um ar frágil e uma voz nervosa.

a paixão da fila de trânsito
Na estrada nacional 109, perto de Avanca. Muito calor e duas filas enormes nos dois sentidos. Estava há tanto tempo parado que desliguei o motor do carro. Ao meu lado uma mulher que conduzia no sentido inverso fez o mesmo. Era preta, com uns cabelos muito compridos e bonita, mesmo muito bonita. Também sabia sorrir e tinha um ar meigo. Saí do carro e fui ao muro duma casa buscar uma rosa. Uma flor para outra flor, disse-lhe. Ela aceitou com um sorriso ainda maior que os anteriores. Se calhar vemo-nos por aí um dia destes, disse ela depois de agradecer. Era bom, respondi eu com a certeza que isso ia mesmo acabar por acontecer. Não aconteceu.

9.14.2008

cocoró coró cocó

Esta quinta-feira às 22:09 é o regresso ao melhor bar do mundo dos melhores dj's do mundo. Depois, todas as primeiras quintas e terceiras terças de cada mês, o Couscous Prosjekt estará por ali. Cocoró Coró Cocó. Se quiserem ficar com um cheirinho duma noite couscous, ouçam esta música dos luso-moçambicanos Canela. Cocoró Coró Cocó...
O milagre do pilão / que faz do milho farinha / junta o canto das mulheres / ao cocoró da galinha / bate o pau, pisa no chão / o tacho está na fogueira / e os outros fazem planos / à sombra da bananeira / cocoró coró cocó / diz o galo p'ra galinha / logo à noite tens forró / enche agora a barriguinha / peixe seco pró conduto / muita aguardente de cana / de manhã está tudo enxuto / vamos lá ver p'ra semana...

9.13.2008

a Branca de Neve morreu

Este fim de semana vou de fim de semana, que é uma coisa que acontece aos fins de semana, tirando alguns, claro. Por isso, e também porque me apetece, deixo aqui um fragmento do meu primeiro livro. Até porque um dia destes....

Em vésperas da última ceia já ninguém tem fome. Ninguém quer comer o fim e expelir os seus excrementos na defecada cidade. Passam limusinas brancas exibindo uma réstia de dignidade, que se derrete na tristeza dos condutores: sapos feios quase príncipes, esperando um beijo da Branca de Neve.
Nas ruas arrasta-se o peso das sombras, puxado em esforço por corpos débeis de luz ténue. Apagaram-se os risos que corriam nos recreios das escolas, os anúncios luminosos publicitando sonhos, as alcoólicas discussões das tertúlias de café. Apagou-se o grito do chefe da estação, que cadáver espera um comboio que já não vem. Apagou-se o céu azul que nos embrulhava de presente, a todos nós para nós mesmos.
Tilinta só o reflexo duma moeda numa poça da chuva ácida, que ainda chuvisca angústia, lentamente como o fim. Um cão come a vida dos pássaros caídos na tempestade. A sua última ceia. E num resto de jornal impresso em vão, voando pela não existência, anuncia-se a catástrofe: "A Branca de Neve morreu".

in "Numa Avenida de Merda", Ivar Corceiro, Edições Mortas, 2005

conversa 951

Ela - Eu só vejo a minha vida a andar para trás...
Eu - Muda de direcção, se isso te chateia.
Ela - És um simplório, sabias?

9.12.2008

conversa 950

Ela - Tenho uma amiga que te acha piada.
Eu - Acha piada?
Ela - Sim, foi o que ela me disse...
Eu - Achar piada é pouco.
Ela - É pouco?
Eu - Sim... eu pelo menos acho piada a tanta coisa.
Ela - Andas muito exigente.
Eu - Ando assim sem piada.

conversa 949

Ela - Já comprei um estendal igual ao teu... um de pendurar no tecto e recolher...
Eu - Já?
Ela - Sim, mas não tenho berbequim.
Eu - Eu empresto-te o meu.
Ela - Emprestas?
Eu - Sim, claro.

(dois minutos de silêncio)

Ela - E não te ofereces para ir a minha casa instalá-lo?

9.11.2008

eu cá apoio o veto presidencial à lei do divórcio...

A minha mulher é incompreensível. Passa os dias a mandar-me ir procurar emprego e trabalhar. Faz isso só para me chatear porque, na verdade, ela já trabalha. Um dia irritei-me, apesar de normalmente ser um gajo calmo, e perguntei-lhe mesmo: "Ouve lá, tu já não trabalhas que chegue? Para que é que queres que eu trabalhe também?". O problema é que a gaja, malandra como a mãe, tem sempre a resposta na ponta da língua e disse-me que era para termos mais dinheiro. Mais dinheiro, mais dinheiro... só não lhe mandei uma lambada logo ali porque sou um gajo porreiro e acho que não se deve bater na mulheres, até porque elas são o sexo mais fraco. Eu sei muito bem que ela só quer mais dinheiro porque é uma mulher de vícios, aliás, como são todas. Eu bem vejo as contas da água, da luz e do gás em cima do frigorífico. Aquilo é às dezenas de euros todos os meses. Claro que lhe atirei logo isso à cara. A parvalhona ainda me disse que eu também uso essas coisas: água, luz e água. Egoísta, a gaja, estão a ver? Mulheres de vícios são assim, querem tudo para elas e não dividem com ninguém. Eu, por exemplo, quando lhe tiro dinheiro às escondidas da carteira (porque até com isso ela se chateia) e vou comprar uma garrafita de Casal Garcia à loja da frente, ofereço-lhe sempre um copo ou dois. Ela é que não aceita, é verdade, mas isso o problema já é dela.
Agora há dias chegou a casa e disse-me sem mais nem menos que quer o divórcio. Eu desta vez não me aguentei e dei-lhe mesmo uns pontapés fortes (sempre abaixo da cintura que era para não aleijar). Quer dizer, anda um gajo a vida inteira a aturar a mulher e, de repente, ela diz que quer o divórcio. Claro que não deixei, até porque ela precisa que eu lhe tire os vícios que tem no corpo nem que seja à pancada. Isso mesmo. Posso hoje dizer, por exemplo e com orgulho, que quando está de cama gasta muito menos em água e gás do que é costume. Claro que mesmo assim ela está sempre a atacar-me verbalmente (às vezes nem se pode mexer, eh! eh! eh!) e diz que eu lhe faço a vida negra. Euuuuu?! As mulheres são mesmo mal agradecidas.
Problema, problema são estes gajos de esquerda que agora, apesar do que vai na ideia do Nosso Senhor Presidente da República, querem que uma gandula destas possa divorciar-se sem a minha permissão. Enfim... este país, se continua assim, não sei onde vai parar...

conversa 948

Ela - Tenho urgentemente que carregar o meu telemóvel.
Eu - Tem calma. Se ficares sem telemóvel umas horas não é assim tão grave.
Ela - Não estás a perceber. Perdi o pin poucos dias depois de o comprar e por isso não posso deixar a bateria ir abaixo. Se for, depois não o consigo ligar...

ele procura ela

Resolvi dar uma pequena ajuda a todos os homens que, fartos de procurar uma namorada, já desistiram e agora gastam o tempo todo que têm disponível (e o dinheiro também) no café a bebe minis, à espera que a selecção de futebol nacional jogue. É só escolher qual dos perfis se ajusta melhor à Vossa pretensão e depois, voilá, é só mandar publicar o anúncio no jornal.

homens que procuram uma mulher que os tire de trabalhar e que lhes dê dinheiro suficiente para beber duas cervejas por dia. Para além de sexo.
Procuro ex-mulher de jogador de futebol da Liga espanhola ou inglesa, habituada a debater com ele a lei do fora de jogo, e que no divórcio tenha ficado pelo menos com dois terços da fortuna dele.

homens que procuram uma mulher que cozinhe bem, limpe a casa enquanto os deixa ler o jornal no sofá. Para além de sexo.
Procuro senhora limpa e asseada, com o crisma feito, e que ache que Portugal precisa é dum Salazar outra vez. Ou dois...

homens que procuram uma mulher que não se queixe de apanhar todos os dias e que, cada vez que vai ao hospital tratar as feridas, diz ao médico que caiu da escada. Para além de sexo.
Cegurança noturno de discuteca, procura gaija boa com capasidade pesiculógica e coguenitiva sefeciente para omem com O grande e muito centimento.

homens que procuram uma mulher que saiba conduzir e não beba que é para, quando saírem à noite com ela, poderem beber à vontade. Para além de sexo.
Procuro senhora com cirrose e carta de condução, que não chateie muito quando aparece um gajo à noite a vender flores manhosas enroladas em papel celofane.

homens que procuram uma mulher que não se chateie só porque eles passam o dia todo fora enquanto ela está a tratar da casa. Para além de sexo.
procuro mulher que goste de telenovelas e de falar com os vizinhos, se possível que não adormeça no sofá e que tome banho todas as noites sem gastar muita água.

homens que procuram uma mulher que esteja sempre ao lado deles na doença, na pobreza e no programa "O Preço Certo" caso seja concorrente. Para além de sexo.
procuro senhora cabeleireira que fale muito com as clientes, enquanto elas estão com aquela coisa enorme na cabeça que eu não sei para que é que serve, a ler a Caras.

homens que procuram uma mulher que saiba mudar pneus de automóveis e instalar os casquilhos das lâmpadas lá em casa. Para além de sexo.
Maria Antonieta Alves Rodrigues, com o bilhete de identidade 836723451, procuro-te.

9.10.2008

conversa 947

Ela (olhando para um gato que passa na esplanada) - Olha que bonitinho...
Eu - Um dia vou perceber porque é que as mulheres têm a mania dos gatos.
Ela - Podes perceber já que eu explico-te. Os homens são insuportáveis, então viramo-nos para os gatos. Não bebem demais, não vêem futebol, não arrotam a seguir ao jantar, não deixam a roupa interior espalhada pela casa...
Eu - Largam pêlo pela casa...
Ela - Pêlos, os homens também largam, só que púbicos e pela casa de banho que, depois, nós é que temos que limpar.
Eu - E sexo? Não tens sexo com um gato, pois não?
Ela - Sexo, um vibrador faz o mesmo que a maior parte dos homens, só que durante mais tempo.
Eu - Estás mal disposta, não estás?
Ela - Não. Estou muito bem disposta, até.

conversa 946

Eu - Queres ir ao cinema esta semana?
Ela - Não.
Eu - Queres jantar comigo um dia destes?
Ela - Não.
Eu - Queres só tomar um café, ou assim?
Ela - Não.
Eu - Fiz alguma coisa para estares assim a evitar-me?
Ela - Se calhar.
Eu - Queres explicar-me o que se passa?
Ela - Não.

todas as bombas de gasolina estão ocupadas

Todas as bombas de gasolina estão ocupadas. Espero a minha vez numa delas enquanto ouço a Rádio Terranova. O condutor do carro à minha frente volta da caixa de pagamento e arranca. É a minha vez.
Todas as bombas de gasolina estão ocupadas. Nunca percebi porque é que praticamente todos os homens que põem gasolina fazem questão de aproveitar uma gota ou duas no final como se estivessem a aproveitar água num deserto. Pelas minhas contas, se o meu carro gasta mais ou menos cinco litros para fazer cem quilómetros, quatro gotas dá para... uns dois centímetros. É com este pensamento que sorrio sozinho, enquanto espero que o marcador chegue aos trinta euros pré marcados.
Todas as bombas de gasolina estão ocupadas. Uma mulher num jipe que espera agora a sua vez, mesmo atrás de mim, apita e diz-me que me despache. Finjo que nem a ouço. Ao meu lado mais um homem que bate com a pistola na entrada do depósito para aproveitar as últimas três gotas. Torno a sorrir. A mulher torna a praguejar. Ainda se ri, diz ela bufando.
Fixe, penso. A gaja está nervosa e eu não tenho pressa para ir a lado nenhum. Devagar, mas mesmo muito devagar, pouso a pistola, vou dentro do carro buscar a carteira, tiro o telemóvel do bolso e desligo-o, abro a bagageira e torno a fechá-la. Depois vou, a passo de caracol, pagar. Claro que primeiro leio todas as capas dos jornais expostos lá dentro e, ao realizar o pagamento, decido ainda tomar um café.
Todas as bombas de gasolina estão ocupadas. A condutora que ainda espera a sua vez faz marcha-atrás e muda de fila. Outro carro mete-se atrás do meu. Bebo o café num só gole, que não gosto de fazer esperar ninguém, e vou embora. Arranco e pelo espelho reparo que o carro atrás de mim já está a pôr gasolina. Ela tem o vidro aberto e grita com alguém na fila onde está agora. Talvez esteja a dizer ao condutor da frente que se despache. Talvez ele esteja a aproveitar as últimas gotas...

9.09.2008

virgens

Na Alemanha foi criado um grupo de auto ajuda para... virgens. Isso mesmo, uma espécie de alcoólicos anónimos ou grupo de ajuda a toxicodependentes mas para virgens com mais de trinta anos. O grupo, cujo nome se baseia no tema homónimo da música do David Bowie (Absolute Beginners), faz reuniões onde o pessoal fala das suas experiências sexuais, ou melhor, da falta delas.

Por falar em virgens, num concerto em Roma e depois de ter sido acusada pelo Vaticano de realizar espectáculos satânicos, Madonna dedicou ao Papa a sua música "Like a Virgin". Ou seja, de acordo com a cantora, o Papa pode candidatar-se aos Absolute Beginners. Olá, o meu nome é Ratzinger, tenho mais de trinta anos e sou virgem. Uma coisa assim...

conversa 945

(ao telefone)

Ela - Estou aqui por casa sem nada que fazer...
Eu - Passa aqui em casa.
Ela - Não te sentes sozinho?
Eu - Não. Estou aqui a beber copos com um amigo.
Ela - Não estou a a perguntar agora neste momento. Estou a perguntar se não te sentes sozinho no dia-a-dia. És tão básico.

conversa 944

Ela - Lembras-te da praia de Seixo de Mira?
Eu - Claro que me lembro. Ainda a semana passada lá fui.
Ela - Estou a perguntar se te lembras de ir lá comigo...
Eu - Ah! Lembro, claro.
Ela - Quando foi?
Eu - Foi... há uns anos.
Ela - Foi o ano passado.
Eu - Pois, o ano passado também fomos.
Ela (mostrando-se irritada) - O ano passado foi a única vez que fomos.
Eu - Epá, não te zangues. Vou tantas vezes à praia, como é que queres que me lembre de ter ido uma vez a Seixo de Mira?
Ela - Não foi bem ir à praia. Foi quando passámos lá a noite.
Eu - Ah! Já me lembro. Isso foi em Seixo de Mira?
Ela - Foi, mas estou a ver que para ti não teve importância nenhuma
Eu - Teve, teve. Claro que teve.
Ela - Vê-se...
Eu- Não sejas assim, sempre a por-me à prova em tudo. Daqui a bocado perguntas-me quando é que fazes anos.
Ela - Nem pergunto isso porque, pelo que já percebi, esqueceste-te que fiz anos na semana passada.
Eu - Ah! Lembro-me...
Ela - Lembras, lembras...
Eu - Que mania. Um tipo tem que se lembrar de tudo...
Ela - Tu não te lembras é de nada.

mulheres vingativas

Jean Harris, nascida no Ohio em 1923, foi uma das muitas amantes de Herman Tarnower, um cardiologista famoso que criou a dieta Scarsdale. Em 1980, e depois duma relação de 14 anos que estava em rápida degradação por causa da secretária de Tarnower, foi a casa dele com uma arma e deu-lhe quatro tiros. Jean tinha então 57 anos e foi condenada a 15 anos de prisão.

Gennifer Flowers
, nascida em 1950, manteve uma relação com Bill Clinton que começou muito antes dele ser presidente dos EUA, ou seja, muito antes da Mónica também. Quando ele se candidatou à Casa Branca, ela aproveitou e decidiu expor o caso durante a campanha eleitoral, vendendo a história a uma revista. Mesmo assim o Bil e ganhou e, por isso, uns anos mais tarde, vendeu algumas cassetes de alegadas conversas privadas que teve com ele.

9.08.2008

conversa 943

Ela - A tua calma enerva-me.
Eu - Deixa lá. Os teus nervos acalmam-me.
Ela - Se soubesses o que é ter o período todos os meses, não gozavas assim com os meu nervos.
Eu - E se tu soubesses o que é trilhar a pila na braguilha, não gozavas assim com a minha calma.

conversa 942

Ela - Acho que isto contigo está a ser uma merda. A sério...
Eu - Porquê?
Ela - Vou acabar por te perder e vou ficar triste com isso.
Eu - Não percebi. Vais perder-me como, se nós já falámos sobre isso e chegámos à conclusão que é melhor sermos só amigos?
Ela - Mas se tu arranjas uma gaja nem amigos continuamos. É só por isso que, mesmo sem estar assim apaixonada por ti, já pensei em ser mais do que tua amiga.
Eu - Continuamos amigos pois. Porque é que não havemos de continuar?
Ela - Porque é assim. Se eu começar a andar com um gajo, achas que vou continuar a ter tempo para ti? Claro que não.
Eu - Ah!

conversa 941

Ele - Epá, eu até me divorciava agora, para dizer a verdade. Ando cansado da minha relação... mas depois é fodido.
Eu - Sim, no princípio custa. Sentes-te um bocado sozinho, às vezes, mas depois habituas-te e começas a gostar, até.
Ele - Não estou a falar disso. Estou a falar de cozinhar, limpar a casa, lavar a roupa...
Eu - Ah!

conversa 940

Ela - Ouvi dizer que tens um amigo grego muito interessante.
Eu - Quem é que te disse isso?
Ela - Não interessa.
Eu - De qualquer maneira é mentira.
Ela - É mentira?
Eu - Sim, tenho um amigo grego mas, pelo menos a mim, não me interessa nada.
Ela - Estás com ciúmes?
Eu - Ciúmes de quê?
Ela - Os homens são todos iguais...

fashion caffé

1] Entro num café onde um homem colecciona garrafas vazias de cerveja em cima da mesa. Deve ir aí na décima e, de tão gordo que é, parece que nunca saiu dali em toda a sua vida. Dá um gole final em mais uma, arrota, passa a mão pela barba por fazer e coça discretamente os tomates. Depois, em silêncio, pede à empregada mais uma bebida levantado preguiçosamente o braço, e instala-se melhor na velha cadeira de madeira que range de dor. Os seus olhos voltam a fixar-se no ecrã de plasma da parede onde, no canal Fashion TV, algumas mulheres vão desfilando com vestidos decotados. Algo me diz que ele, apesar de estar a ver o programa com toda a tenção do mundo, se está perfeitamente nas tintas para a Moda.

2] Não o censuro. Na verdade a moda também não me interessa nadinha. Compro sempre a roupa mais barata que encontro desde que seja fácil de vestir, lavar, passar a ferro e, pronto, não desgoste assim muito. Tenho t-shirts que já têm alguns buracos mas continuo a vesti-las porque gosto delas. É o caso. Sento-me no balcão, peço um croissant e um galão à mesma empregada que acabou de levar mais uma cerveja ao gordo. Ela atende-me com um tom agressivo que não percebo muito bem e depois avisa-me que eu tenho a camisola rasgada nos sovacos. Eu sei, respondo. Já agora quero o croissant prensado.

3] O croissant não vem prensado mas eu não protesto. O gordo, atrás de mim e fora do meu ângulo de visão, diz que não percebe porque é que não vê na rua gajas com vestidos como aqueles. Depois conclui para ele mesmo, mas ainda em voz alta, que as portuguesas se vestem muito mal. Viro-me para trás e fixo-o de alto a baixo, curioso que estou pela sua forma de vestir. Calça uns sapatos pretos com meias brancas com raquetes que, por causa das calças de ganga serem muito curtas, se vêem perfeitamente. Tem uma coisa em comum comigo: a camisola dele também tem buracos na zona dos sovacos.

4] Já bebi o galão. Apetece-me um café e chamo a empregada. Olhe, faxavor. O gordo dá mais um arroto. Ela está a limpar os dentes com os dedos enquanto o seu olhar se perdeu algures atrás de mim. Tem as unhas pintadas dum vermelho vivo mas já a sair. Pode tirar-me um café? Limpa os dedos ao avental sujo que, reparo agora, também tem alguns buracos. Põe-me o café à frente sem colher e sem açúcar e, mais uma vez, não protesto. Desta vez só porque nunca adoço a bebida. Também tem uns buracos no avental, digo-lhe. Ela não liga nada e volta à sua manual higiene oral.

5] O gordo arrota de novo. A empregada peida-se, mas tão alto que provavelmente se ouviu lá fora. Fica atrapalhada e, num gesto nervoso, limpa agora as mãos às calças mas na zona das nádegas, como se castigasse o rabo pelo que acabou de fazer. Diz-me que o avental está roto mas é do trabalho. Afinal tinha-me ouvido, só não me tinha respondido.

6] Preparo o pagamento. Entra uma mulher sensivelmente da minha idade que se aproxima do balcão mas não se senta. Olho-a discretamente. É tão bonita que me sinto capaz de me apaixonar já. É melhor não. Viro-me também para a televisão onde ainda passam mulheres com vestidos que, para mim, são demasiado esquisitos. Elas, as modelos, são bonitas, mas normalmente demasiado magras. Nem uma barriguinha para amostra têm. É nisso que penso quando a nova cliente pede uma pata de veado e uma meia de leite. Afinal não pago já, fico ali a curtir a proximidade física àquela mulher bonita. A empregada torna a limpar a boca com os dedos. O gordo arrota e pede uma malga de "tramoços".

mulheres que eu gostava de poder não compreender (71)



nome: Carole karemera
origem: Ruanda/Bélgica
info: Belga, filha de pais ruandeses, foi uma das sobreviventes do conflito do Ruanda. Estudou expressão dramática no Royal Conservatory of Brussels e é a actriz principal dum filme que vi esta noite e que aconselho a todos: Sons do Deserto (Si le vent soulève les sables). Hum... hum... e também... sei lá... aqueles olhos dão cabo de mim, pronto. É mesmo bonita.

9.07.2008

conversa 939

(ao telefone)

Ela - Tens programa para hoje?
Eu - Hoje à noite vai dar um documentário no canal 2 sobre Kuduro que eu queria mesmo ver...
Ela - Sobre cu duro? Mas... que cu?
Eu - Kuduro é um género musical angolano. É tipo Buraka Som Sistema, conheces?
Ela - Não... mas com cus e buracas também quero ver. A que horas é?
Eu - Dez e meia no canal dois.
Ela - Ia perguntar se podia ver contigo... mas acho melhor não. Dado o vocabulário vou ver sozinha.
Eu - Acho que não estás a perceber bem... mas pronto.

conversa 938, memória de baleia 6


O meu pé direito e o pé esquerdo da minha filha | São Pedro do Sul | Agosto 2008

Ela - Pai, se nós damos as mãos às vezes, também podemos dar os pés?
Eu - Claro que sim.

Porto

Este fim de semana dei um saltinho ao Porto para beber um copo. A Polícia deu um saltinho à casa onde eu estava a beber esse copo e mandou-me dar um salto a outro sítio. Fui às Galerias Paris e ao Triplex onde acabei por beber mais copos, talvez até um pouco demais. As Galerias são um sítio muito agradável, o Triplex é um sítio bom para quem quer passar pela sensação de ser uma sardinha enlatada e com sede. Tirando isto, acho que o Porto tem muitas mulheres bonitas. Bonitas mesmo, mesmo, mesmo, mesmo...

9.05.2008

conversa 937

Eu - Então se puder, telefono-te na segunda, ok?
Ela - Não me enerves.
Eu - Ainda tenho que ver se estou disponível. Se estiver, vamos ao cinema...
Ela - Não me enerves.
Eu - Mas estou a enervar-te porquê?
Ela - É sempre se puderes, se puderes, se puderes...
Eu - Se eu não puder, como é vou ao cinema contigo?
Ela - Não me enerves.

importante

Agradeço ao leitor que me enviou esta notícia do correio da manhã. Agora, à semelhança do que tem acontecido com outros acontecimentos desta importância, fico à espera da reacção do Exmoº Sr. Presidente da República.

cirurgia plástica vaginal

Fiquei ontem a saber que a cirurgia plástica vaginal está na moda, passando normalmente pela redução do tamanho dos lábios vaginais, também pode resolver o alargamento vaginal normal no pós-parto, mucosa escura ou o monte de Vénus saliente.

9.04.2008

conversa 936

Ela - Gosto muito que um homem me abra a porta do carro para eu entrar.
Eu - E se for para sair?
Ela - Estás a gozar comigo?
Eu - Não, não. Estou a tentar aprender qualquer coisa.
Ela - Para sair também, a não ser que seja um gajo daqueles que, depois de estacionar, ainda fica a olhar para o interior do carro a admirar aquilo, como se a porcaria dum automóvel fosse mais interessante do que eu.
Eu - Bem... quando tiver dinheiro, e a pensar em ti, compro um buggy daqueles sem portas.

conversa 935

Ela - Detesto esta gentinha...
Eu - Qual gentinha?
Ela - Esta gentinha que acha que pode chegar aqui e meter-se na frente de qualquer pessoa.
Eu - Estás a falar de quem?
Ela - Desta mulher...
Eu - Esta mulher já cá estava quando entrámos.
Ela - Já?
Eu - Já. Eu vi.
Ela - Mas eu não vi. Isso é que interessa.

o meu primeiro beijo

Este blogue faz hoje dois anos. Acho que chegou a altura de vos mostrar uma cena raríssima, captada em vídeo por acaso numa festa: o meu primeiro beijo. Uma cena em que fica demonstrado todo o meu tacto e toda a minha sensibilidade para o engate. Engatei a miúda mais gira da festa através da irmã...

9.03.2008

conversa 934

(ao telefone)

Eu - Não posso ir tomar café contigo. Estou um bocado adoentado. Vou ficar em casa.
Ela - Felizmente tenho mais amigos com quem tomar café.
Eu (risos) - Não estás a fazer uma cena por causa dum café, pois não?
Ela - Uma cena? Não. Isso das cenas é linguagem de crianças.
Eu - Eu sou uma criança. Pelo menos tento.
Ela - Já vi que sim.
Eu - Não vais ficar chateada comigo, pois não?
Ela - Não. Só desinteressada...

a infidelidade tem causas genéticas

O Público publica hoje um artigo interessante sobre infidelidade. Um grupo de cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, descobriu que há uma relação directa entre os genes de um homem e a sua aptidão para a monogamia.
Esta variante genética é partilhada por dois em cada cinco homens e surge num gene que regula a acção da hormona vasopressina, que tem um papel mais activo no cérebro dos homens do que no das mulheres. Segundo o artigo, esta hormona está bem estudada em animais. Por exemplo em roedores americanos: o arganaz-do-campo, que se liga a uma fêmea para toda a vida, e o arganaz-do-prado, que é polígamo. Se se injectar o gene da vasopressina de um arganaz-do-campo no cérebro do seu primo dos prados, este passa a ter olhos apenas para a sua companheira.

Cristo com erecção

Segundo esta notícia, o Centro legal Cristão acha que uma escultura de Jesus Cristo com uma erecção, não serve para outra coisa do que ofender os cristãos e denegrir a imagem de Cristo. Eu discordo, é a primeira vez que ouço falar de Cristo duma forma decente. Em vez de andar a fazer truques fatelas de ilusionismo, tipo multiplicar pão e vinho, pôr paralíticos a andar ou ceguinhos a ver, alguém se lembrou que o gajo também se entusiasmava sexualmente. Milagre!

uma aventura nas livrarias...

Acho que, nesta altura do ano, é mais fácil comprar coca em Aveiro do que os livros escolares dos nossos filhos. Passei o dia doente, entre vários traficantes várias livrarias à procura do produto. Finalmente encontrei um fornecedor que ainda o tinha, na livraria ABC. Mal entrei, tirei a senha da minha vez e fiquei à espera que me chamassem, entre mais um número considerável de livrodependentes, todos com ar de ressaca. Uma tipa que entrou antes de mim e que não tinha tirado senha, fez questão de gritar bem alto: "olha-me este a passar à minha frente". Olhei para ela com o sorriso mais pedante que consigo fazer e não lhe dei a vez. Afinal, para além de não ter gostado de ser tratado por "olha-me este", também estava a ressacar.

9.02.2008

conversa 933

Ela - Vou só ali buscar uma maçã para trincar.
Eu - Ok! As mulheres estão sempre a comer maçãs.
Ela - Isso é quando estão com homens que não se deixam comer. Há que comer qualquer coisa, nem que seja uma maçã...

Linda Lovelace



"Todos os que vêem o Garganta Funda, vêem-me a ser violada"

A Linda Lovelace ficou na História principalmente por dois motivos: 1) ter sido a actriz principal do filme porno Garganta Funda, onde interpreta o papel duma mulher que tem a vagina na garganta e, por isso, procura um homem que tenha um falo de pelo menos vinte centímetros. 2) ter-se tornado numa das maiores activistas contra a indústria pornográfica.
Nasceu no Bronx em 1949 e morreu em 2002, vítima dum acidente de carro. Em 1972 foi a actriz principal do provavelmente mais famoso filme pornográfico da História do cinema, o único, aliás, que foi um êxito de bilheteira na sua curta carreira. O então seu marido, de quem se divorciou no ano seguinte, e segundo a sua autobiografia, obrigou-a a entrar no filme sob ameaças de violência e de morte (no filme são visíveis alguns hematomas no seu corpo). Ela entrou, mas apesar do lucro de 600 milhões de dólares que o filme deu, nunca viu um tostão. Na sua autobiografia queixa-se ainda de ter sido vítima de violação e prostituição.
Linda foi ainda uma das precursoras na injecção de silicone nos seios e chegou a posar nua para a Playboy mas, por causa da operação, desenvolveu um cancro da mama e contraiu hepatite. Dum segundo casamento teve dois filhos e passou os últimos anos da sua vida como activista feminina e contra a indústria pornográfica. A sua vida deu origem à expressão síndroma de Linda (Linda Syndrome), utilizado em actrizes porno que rejeitam os filmes em que entram.

conversa 932

Ela (mostrando-me uma fotografia com várias miúdas) - Aqui eu tinha vinte anos...
Eu - És quem? Esta ou esta?
Ela (tirando a fotografia das mãos) - Se não consegues ver nem mereces olhar...
Eu - É que essas duas são parecidas. Além disso, se tinhas vinte anos, já foi há dezanove...
Ela - Estás a querer dizer que eu envelheci?
Eu - Não estou a querer dizer isso mas sim, envelheceste. É uma coisa que nos acontece a todos. Menos À Lili Caneças e à Madonna, pronto.
Ela - Mas envelheci assim tanto?
Eu - Dezanove anos. Nos últimos dezanove anos envelheceste dezanove anos. Eu, por acaso, também.
Ela - Vou ali à casa de banho pensar se, quando voltar, me rio contigo e bebemos uma cerveja ou se te expulso de casa.

conversa 931

Ela - O melhor namorado que tive até hoje era sueco.
Eu - Andaste com um sueco na Suécia ou em Portugal?
Ela - Na Suécia. Em Inglaterra andei com um inglês e no Brasil com um argentino, mas o sueco foi o melhor.
Eu - Porquê? a ver se aprendo alguma coisa...
Ela - Porque ele não pescava nada de inglês e eu nada de sueco. Quase não falávamos um com o outro. Nunca nos chateámos.
Eu - Ok, então se calhar tenho que arranjar uma namorada norte-coreana, por exemplo.
Ela - Sim...

chocante

Surpresa. Nos Estados Unidos, as filhas adolescentes dos republicanos também gostam de dar uma queca de vez em quando.

quatorze ou catorze?

Há muito tempo que não me acontecia isto: sair ao fim da tarde para tomar café, conhecer uma mulher por acaso e chegar a casa às seis da manhã sem ter dado pelo tempo a passar. O índice ivariano sobe um ponto e fica agora e 14.

9.01.2008

conversa 930

(na casa dela, à volta dum frasco de salsichas de frango)

Ela - Não consigo abrir este frasco.
Eu - Eu abro.
Ela - Não. Uma vez jurei que nunca na vida ia deixar que um homem me abrisse um frasco. É uma questão de orgulho feminino.
Eu - Por essa ordem de ideias, se eu tentar abrir o frasco e não conseguir, é uma vergonha para mim. Não sei se devo tentar...
Ela (passando-me o frasco) - Vá lá, abre lá isso senão não almoçamos.

xadrez 16

conversa 929

Eu - Eu até percebo a maior parte dos divórcios de pessoas que começaram uma relação aos vinte...
Ela - Porquê?
Eu - A pessoa por quem nos apaixonamos aos vinte é a pessoa com quem aprendemos a viver e por isso, com quem cometemos erros e que também comete erros connosco. É natural que, por muito que gostem um do outro, haja um desgaste. Além disso, aos vinte apaixonas-te facilmente. Isso é bom mas tem desvantagens porque não pensas bem se aquela é ou não a pessoa indicada para ti.
Ela - Sim. Aos vinte basta ver um rabo jeitoso e apaixonamo-nos logo.
Eu - Exacto. Todas as pessoas deviam ter uma segunda oportunidade.
Ela - Pois... e no caso dos rabos jeitosos talvez devêssemos ter dezenas de oportunidades.

mulheres maduras

A revista Notícia Magazine fala esta semana sobre a apetência dos homens por mulheres maduras, sendo que por mulheres maduras se entende mulheres com mais dez ou vinte anos do que eles. Dá exemplos de casos concretos em que as mulheres são sempre famosas e eles... nem por isso. Entre algumas justificações soltas, percebe-se bem que a relação com uma mulher mais velha raramente é bem vista pela família, tanto dele como, em alguns casos, dela.
Claude Crépaut, sexólogo e autor do livro "Les fantasmes, L'Érostisme et la Sexualité" (ed. Odile Jacobe), considera que as maiores vantagens de andar com uma mulher mais velha é que permite esconder a ansiedade da performance que os paralisa [a eles] quando estão com raparigas da sua idade. O mesmo rejeita a ideia que os homens preferem mulheres mais velhas por estarem à procura duma mãe, considerando que para eles, a mulher madura é menos ameaçadora do que as outras. Concordo totalmente com ele quando diz que a reprovação social destes casos é muito injusta, sobretudo se pensarmos no que acontece com a situação inversa, a ligação de um homem de cinquenta anos com uma rapariga de vinte, por exemplo.

conversa 928

Ela - Estás a sujar tudo. O chão, o sofá, a tua camisola...
Eu - Eu depois limpo. Não te preocupes.
Ela - Não podes comer como uma pessoa normal?
Eu - Uma pessoa normal, a comer pistáchio, faz lixo.
Ela - Até aposto que a seguir vou eu ter que limpar isso.
Eu - Estou na minha casa. Alguma vez te pedi para limpar a minha casa?
Ela - Não... mas já pensaste.

O Carteiro de Pablo Neruda

Já vos aconteceu nunca mais esquecer a cena dum filme? A mim já. Esta por exemplo, do filme de Michael Radford, O Carteiro de Pablo Neruda, em que Mario Ruoppolo (Massimo Troisi) se apaixona por Beatrice Russo (Maria Grazia Cucinotta) e, perdido nessa imensa pequenez da paixão, pede ajuda ao único farol que conhece: o poeta chileno Pablo Neruda, exilado na sua pequena aldeia por motivos políticos.
Mario Ruopollo, ou melhor, Massimo Troisi, deu literalmente a vida por este filme. Sofria do coração e tinha sido avisado que precisava de tratamento e não devia entrar no filme. Mas entrou, morreu doze horas depois da última filmagem. A última paixão dele foi assim, inevitavelmente, uma paixão fictícia: Beatrice Russo, personagem interpretada pela bonita Maria Grazia Cucinotta...