10.17.2007

crónicas da cidade que sopra | cheios de nada

Amanhã, no Diário de Aveiro, mais uma crónica da cidade que sopra.

Cheia de nada. Conduz um táxi que já conhece de cor as ruas da cidade que sopra e, neste fim de tarde, coxeia sinuoso pelo frio lençol de sombra que já cobriu os edifícios mais altos. Os passageiros são como balões, pensa. Enchem o veículo de calor mas depois, quando abrem a porta e saem, levam-no com eles, esvaziando-o. É um silêncio incómodo que povoa agora o carro.

Lembro que, na mesma edição mas no suplemento Clip, há uma nota sobre os Couscous Prosjekt.

6 comentários:

Anónimo disse...

Mais um textinho. Se fores tão bom a passar música como a escrever és aquilo a que se pode designar por Tone.

Ivar C disse...

anónimo, obrigado pela simpatia. gostei do tone. lembra-me toino, não sei porquê... :)

Anónimo disse...

é mesmo nos pequenos gestos que conseguimos transformar o nada em tudo, só que quase sempre somos demasiado frágeis para o conseguirmos.
Interessante como consegues criar um elo de ligação entre todas as personagens, como as consegues fazer partilhar os mesmos sentimentos e, acima de tudo, como transportas a esperança em forma de uma flor.
Carla

Ivar C disse...

Carla, obrigado por estares sempre aí, todas as semanas. :)

Fatyly disse...

Antes peço-te desculpa por vir tarde, mas só hoje consegui um pouquinho para vir ler-te.

Desde muito nova e quando fazia crónicas para um joraleco da minha terra, escrevi uma frase que a manteno comigo até hoje: A minha vida é feita de NADAS e NADAS tão cheios de TUDO. Escrevi-a aqui há uns anos e já a vi espalhada pelos mais diversos locais:

Esta tua crónica tocou-me muito e de facto a vida já por si é complcada, mas nós ainda a complicamos mais, não dando valor aos pequenos nadas.

Termino com algo que dizes tudo:):
"Cheios de nada. Às vezes é só o que sentimos ser. Como se fôssemos um navio que não transporta coisa nenhuma num oceano interminável. Depois basta um cheiro, um sinal, uma só nesga de amor e sexo, e tornamos a ser cheios de tudo."

Parabéns e nunca deixes de escrever e obrigado ma vez mais.

Beijocas

Ivar C disse...

fatyly, não peças desculpa por nada... a porta está aberta... vem qdo te apetecer. :)