coisas que fascinam (208)
Do que me lembro quando me lembro de ti.
De um dedo cortado numa lata de atum que ias juntar a uma outra de feijão frade, mais dois ovos cozidos e alguma cebola cortada bem fininha. De me pedires um penso rápido e eu enrolar-to no indicador da mão direita que depois beijei e, por fim, de pousares a tua cabeça no meu peito e abraçares-me.
De um livro cansado na mesa de cabeceira e de um televisor neurótico na cómoda do quarto. De te pedir para baixares o som e tu me mandares calar e ler e depois, arrependida, de pousares a tua cabeça no meu peito e abraçares-me.
De um copo de vinho numa esplanada de praia e do vento que o tombou e partiu. Duma nódoa na tua saia branca e de me dizeres que ia ser difícil de a tirar, mais uma discussão com um empregado que queria que pagasses o estrago. De ti nervosa e eu a dizer para irmos embora e, por fim, de pousares a tua cabeça no meu peito e abraçares-me.
Sei que a nossa história foi curta e simples porque todos os caminhos vão dar à tua cabeça no meu peito e os teus braços à minha volta, e então tenho a certeza que foste boa. É do que me lembro quando me lembro de ti.
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6 comentários:
A saudade/memória têm muito que se lhe diga...
Também já escrevi sobre isso. Ora espreita lá para ver se concordas http://pequenocasoserio.blogs.sapo.pt/memoria-e-saudade-3382
Melhor memória que alguém pode ter nossa :)
Muito poético, como habitual !
pequeno caso sério, gosto... não sei se se aplica o verbo concordar. :)
l. das horas, deve ser. :)
joaquim mota, :)
E não há nada melhor que pousar a cabeça no peito e abraçar quem se ama.
ana martins, não... e é o que faz falta. :)
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