2.16.2012

respostas a perguntas inexistentes (196)

Adoro chegar a casa depois de um dia de trabalho e ter a cozinha por arrumar, as camas por fazer e alguns casacos espalhados pelas cadeiras e sofás da sala. Não é que goste de muito de tarefas domésticas, claro. O que eu gosto mesmo é de ter a opção de não fazer aquilo que é suposto, pelo menos uma vez por outra. Além disso há a alargada questão da felicidade e, consequentemente, do Amor.
Nunca acreditei que me fosse possível Amar uma mulher excêntrica no que se refere à arrumação. Lembro-me, por exemplo, da Maria Augusta, com quem marquei um blind date depois de uma breve troca de emails pela internet. A primeira impressão que tive quando a vi foi que tinha alinhado todos os seus longos e milhares de cabelos um a um. Era tão bonita e simpática que, quando uns dias depois me convidou para ir a casa dela, desejei em segredo encontrar um lar que não correspondesse a essa imagem. Enganei-me, correspondeu sim. Servi-me de um uísque por sugestão dela, no mini-bar da sala, e quando pousei a garrafa no mesmo sítio de onde a tinha tirado ela foi lá realinhá-la ao milímetro com o restante vasilhame. Percebi nesse preciso momento que o melhor era não me apaixonar por ela, caso contrário ia passar o resto da minha vida  a sentir a minha descontracção desarrumada reprimida.
Acho que é assim em tudo. Preciso da higiene mas desprezo a arrumação excessiva. Por exemplo nas cidades, gosto delas limpas mas desarrumadas, com esplanadas vivas e mexidas, com gente a mudar imprevisivelmente de direcção, alguns automóveis mal estacionados e transeuntes a atravessar a passadeira no vermelho. São cidades com mais Amor e mais felizes, apesar do caos. As cidades demasiado arrumadas são cidades tristes, mesmo que ordenadas.

25 comentários:

Renato Alberto disse...

Concordo plenamente, é o que costumo dizer, a casa é para ser viver não para estar sempre arrumadinha, e que não se pode mexer nem tocar em nada, qual castelo de cartas, odeio sentir-me assim quando vou a casa de alguém.

Renato Alberto disse...

Concordo plenamente, é o que costumo dizer, a casa é para ser viver não para estar sempre arrumadinha, e que não se pode mexer nem tocar em nada, qual castelo de cartas, odeio sentir-me assim quando vou a casa de alguém.

Unknown disse...

por outras palavras, "essas mulheres quem são um verdadeiro Istambul nas nossas vidas"... :)

(é sempre um prazer grande ler-te)

Anónimo disse...

Eu gosto da minha casa limpinha, quanto à arrumação, neste momento não ligo muito a isso, os meus rapazes não deixam. :)

Anónimo disse...

Pois é, as cidades muito arrumadas fazem lembrar as dos filmes do alfred hitchcock :)

Brisa disse...

:) tabém acho que uma certa desarrumação é sinónimo de vida. Demasiada ordem é aborrecido, castrador e monótono. Detestaria viver com alguém que fosse assim certinho como essa Maria Augusta. Seca!

Ivar C disse...

y2000k, :)

menino de sua mãe, é isso mesmo. antes istambul que viena. obrigado. :)

maria, boa. :)

cycle, não tinha pensado assim, mas é isso mesmo. :)

brisa, isso! :)

Alex Fernandes disse...

Compreendo o que queiras dizer! Detesto arrumações excessivas e a verdade é que há gente obcecada nisso.

Anónimo disse...

Olá, cheguei aqui por acaso!
Gostei.
Sim casa limpa, mas com o desalinho das pessoas que nela habita, a casa é o reflexo dos seus residentes!
Nas cidades sim, concordo plenamente com o texto… movimento e alguma anarquia!
Lu

Ivar C disse...

alexandre, :)

lu, obrigado. :)

C. disse...

sinto exactamente o mesmo :)

Continuo a apreciar os teus textos e anseio sempre pelo próximos!

continua a escrever que eu vou continuar a ler...

sempre com o desejo de que o Amor continue a ser demonstrado por aí ;)

Eli disse...

Uma pessoa entra aqui e a cada frase só abana a cabeça positivamente... :-)

Eli disse...

Li há bocado e fiquei a pensar!

:)

Ivar C disse...

c., obrigado. :)

lianita, :)

eli, já é bom. :)

Eli disse...

É que eu costumo dizer que quando as coisas não estão arrumadas é sinal que estou por perto. Nunca deixo de fazer o que quer que seja para arrumar, pois esta função está sempre em última prioridade.

:)

Ivar C disse...

eli, lá está. isso parece-me bem. :)

Eli disse...

Obrigada, simpático. :)

Ivar C disse...

eli, :)

Carmo disse...

Adoro chegar a casa e ter tudo arrumado, cozinha organizada, wcs lavados e perfumados, casacos devidamente pendurados. É algo que me desorienta seriamente, não sei explicar, se as coisas estiverem desarrumadas entro em ataque de nervos. Gostava de ser diferente, mas possivelmente fruto da educação que me deram, era tudo arrumado como a tua Maria Augusta e algumas salas (cresci em áfrica) fechadas à chave, só abertas para as visitas. Hoje com 2 filhas vejo-me grega para ter sanidade mental, elas são piores do que tu.

:D

Ivar C disse...

carmo, eu arrumo tudo de vez em quando. não milimetricamente mas arrumo. :)

Fatyly disse...

Jamais fui, sou ou serei "escrava da casa", mas sou suficientemente organizada (bem diferente) para me sentir confortável. A juntar a isso detesto estar numa casa recheada que nem um ovo...falta-me o ar...daí ter apenas o que preciso:)

Tu gostas do risco e nisso não alinho: automóveis mal estacionados e atravessar passadeiras no vermelho? Não...isso já não tem nada a haver com arrumações...e se ficas espalmado debaixo de 4 rodas... onde fica o amor?

Carlota disse...

Costumo dizer que gosto do equilíbrio entre arrumação e desarrumação. Gosto das coisas limpas e minimamente arrumadas, mas odeio entrar numa casa e sentir que ninguém lá vive.

Anónimo disse...

Além do tempo que se perde a arrumar tudo e o que se podia estar a fazer com ele...

Paulo disse...

A desarrumação incita o espirito de pesquisa !
;)

w disse...

É isso mesmo limpo e desarrumado , a combinaçao perfeita.