11.18.2008

vazios

Acho que às vezes caminhamos na rua fingindo ter um destino que, de facto, não temos. Percorremos a cidade em passo apressado como se alguém estivesse à nossa espera. É a necessidade de afirmarmos perante os outros que não andamos à deriva. Depois, quando já estamos cansados, entramos num café qualquer e tomamos qualquer coisa que nem nos apetece. Só o fazemos para preencher um vazio que não sabemos como ocupar.
Acho que às vezes o amor também é isso: a ocupação dum vazio cansado depois de andarmos à deriva algum tempo. Não é mal nenhum e não é grave, mas é uma vantagem aprendermos a ocupar os nossos vazios de acordo com a nossa condição. Por exemplo, há vazios em que devemos primeiro limpar os pés e pedir com licença antes de entrar. Há outros em que podemos entrar, tirar os sapatos e atirarmo-nos indecentemente para o sofá da sala. Os nossos vazios não sempre iguais...

22 comentários:

Anónimo disse...

Nada pior que vazio inteiror,ás vezes por mais tentativas que se faça parece que nada o preenche.

Francesa disse...

Como te compreendo...

nada desta vida disse...

pah oh bagaço, este texto é simplesmente brutal. olha e nem digo mais nada para não estragar.

Papinha disse...

Nunca são iguais... e vazios mais difíceis de tapar do que outros!!! No coração fica sempre um pedacinho vazio... por uma razão ou por outra as pessoas que passam pela nossa vida deixam estas marcas... ;)
Beijinhos
P@pinh@

Sendyourlove disse...

o amor é a ocupação de um vazio... parece tão impropria a afirmação no entanto tão verdadeira.

Ivar C disse...

fá, preenche-se a espaços... :)

francesa, :)

subtilezas, não creio que estragues. :)

papinha, "as pessoas que passam pela nossa vida deixam estas marcas". é verdade... :)

send your love, é uma verdade incongruente, se é que pode haver verdades incongruentes. :)

Catraia disse...

E começar a correr na rua... como se tudo fosse pressa...

Ivar C disse...

catraia, :)

Anónimo disse...

primeiro parágrafo é verdade , bem verdade. já o fiz inúmeras vezes. não o acho nada de mal porque penso que todos , numa altura ou outra, acabamos por fazer.

Unknown disse...

Que buscamos quando caminhamos sem destino? Talvez, a companhia de pessoas que passam olham e não percebem o vazio que nos consome ...(aqui canto António Variações)´"só estou bem onde não estou, só quero ir aonde não vou"
ob pelo texto.:)

Ivar C disse...

supertux, sim, já fizemos todos... :)

bela isabel, exacto... e essa letra do António Variações é genial, como todas dele, aliás. :)

Anónimo disse...

Bagaço,
que bonito texto...

Fico por aqui...

[Não consegui deixar de imaginar-te a tirar os sapatos e a atirares-te indecentemente para o sofá da sala...:)]

Um beijo pensador
Ana

CCF disse...

Não, o amor não é isso: "a ocupação dum vazio cansado depois de algum tempo". Isso é uma ilusão de amor, um engano que fazemos a nós mesmo quando precisamos muito... e às vezes precisamos!
~CC~

Ana Camarra disse...

Os nossos vazios são aqueles pedaços que procuramos encher só connosco ou talvez não, que procuramos partilhar também, são parecidos com os pedaços que enchemos, mas de outra forma.
Eu por vezes preciso desses vazios, hiatos só meus.

Beijos

Ivar C disse...

Ana, o meu sofá já está é velhinho... :)

ccf, talvez... :)

ana camarra, eu também preciso... :)

I.D.Pena disse...

Adoro as tuas reflexões parecem de alguma forma estranhas , mas não são.
E sim todos nos sentimos um pouco como tu, basta parar um pouco para pensar .
Quanto ao amor, e ao facto de precisarmos de preencher os nossos vazios interiores, não acho isso nada de mau, acho que ao termos espaço em nós para mais alguma coisa é sinal que estamos a evoluir como pessoas, gosto de me sentir assim vazia e disponível, o facto de não temer esse vazio não quer dizer necessariamente que seja vazia.
Hehehe, Bom dia para ti, ia-me esticar no comentário mas não o fiz ahahahah :P
Beijos

nada desta vida disse...

eu acho q todas as verdades são incongruentes. todas, sem excepção. ou com UMA excepção para confirmar a regra;)

ontem estive a ver o filme o sexo e a cidade. lá está..o filme nada de especial. é como ver um episodio alargado. mete me alguma confusão alguns pormenores, como nunca falarem da família e tal e andaem sempre com pinta de quem sa do cabeleireiro. mas gosto pq me faz sempre pensar de alguma forma.ou faz me questionar. a mim. as minhas contradições e ambivalências. e ontem fez me pensar nas etiquetas, ser solteiro, ser divorciado...nas historias q contam Às meninas desde pequenas. no casamento. como se legaliza o amor, se é q isso é possivel...enfim...e gostei mesmo deste texto. mesmo muito. e axo, pode ser absurdo, mas axo q só se pode escrever um texto assim dp dos 30.

Ivar C disse...

i.d.pena, sim... sentir um vazio e ser um vazio não é a mesma coisa. :)

subtilezas, não é absurdo... mas não sei se é uma regra, essa dos 30. eu não tenho televisão, e maneira que não vejo o sexo e a cidade. tenho um televisor mas desliguei a antena. Só vejo televisão muito raramente. :)

nada desta vida disse...

bagaço, eu tb n tenho têbê, ou melhor...é como tu, só n tenho antena e de maneiras q tb n vejo. saquei da net. o filme, e não a série. a série já vi. e tb há na net. faz me rir. e questiona-me. n me deixa arrebatada, mas gosto de como me deixa...

este teu texto sim, deixou me arrebatada*

Ivar C disse...

subtilezas, ah! ok... nem pensei no teu lado rapidshare... que é certamente um bom lado. :)

Unknown disse...

o fingir nao passa de um mecanismo de defesa...pelo menos naqele momento preechemo-nos.
Dps logo se vê...o tempo ajuda sempre.
Nao devemos ser rigidos ao ponto de querer preencher o vazia da forma mais correcta, adequada, certa, cm queiras chamar! Temos é que nos preencher e pronto. Dps, dps td se resolve a seu tempo e da mlhr forma.
Digo eu!!

Ivar C disse...

joana do açúcar, e dizes bem. é mais ou menos isso que eu digo também. :)