4.30.2009

aviso pequenino à população

O meu portátil morreu. O funeral deve ser este fim de semana. Até comprar outro vou estar um pouco limitado no meu acesso à net e, se bem me conheço, vou demorar algum tempo a fazê-lo porque primeiro vou comparar preços de todos, mas todos mesmo, os computadores que se vendem no país. Sejam novos ou em segunda mão.

conversas 1222

Ela - Tomei uma decisão séria e não sei se me arrependa ou não.
Eu - Tem calma... o que é que fizeste?
Ela - Levei uma escova de dentes para casa do meu namorado.

conversas 1221

Ela - Este fim de semana vou à Madeira.
Eu - Fixe... já lá fui. É giro.
Ela - O único problema é que tenho que ir ver um jogo de futebol qualquer. Vou com o meu marido...
Eu - Deixa-o ir a ele ao futebol e tu vai passear pela ilha. Vale a pena.
Ela - Isso queria ele. Se ele me estraga o fim de semana na Madeira por causa dum jogo de futebol, eu estrago-lhe o jogo de futebol por estar sempre ao lado dele.

antes que me esqueça, fizeste bem em não te matar



O padre Júlio Grangeia tem um talento natural para responder de forma acéfala a questões psicológicas. Na verdade deve ser a pessoa mais psicológica que já vi na minha vida. Por exemplo neste vídeo, perante uma miúda de quinze anos que está apaixonada por um homem de vinte e dois e que, por isso, já pensou em matar-se, ele acha que ela não o deve fazer. Uau! nunca tal me passaria pela cabeça: dizer a uma miúda de quinze anos que faz bem em não dar um tiro na cabeça.
Claro que, apesar de bibinha como a sardinha, o padre Júlio não se coíbe de lhe lançar um olhar divinamente reprovador quando ela admite que acha o seu apaixonado fantástico e muito romântico. Sem comentários, diz ele. Mas o que é que raio entende ele por fantástico e muito romântico?! Uma canzana na praia? Hum... hum... na praia? Tá bem...

nota: mais vídeos fantásticos e românticos do Padre Júlio n'A Ilusão da Visão e no Farinha Amparo.

4.29.2009

respostas a perguntas inexistentes (56)

Zangou-se com a mulher que mais ama no mundo. Depois percebeu que a solidão que sentia quando estava de facto só era diferente daquela que sente agora. Quando estava só era como se o mundo o tivesse abandonado. Agora sabe que o mundo não o abandonou mas ela sim. E como o mundo não o abandonou passa a ser ele as coisas. Ele e o banco de um bar, ele e o banco de um jardim, ele e a montra de um pronto-a-vestir, ele e as escadas em caracol de um edifício cansado. Detesta mais esta solidão em que está com as coisas do que a outra, aquela em que estava realmente só.

pensamentos catatónicos (176)

Acho que tive momentos da minha vida em que não soube distinguir se o que sentia por algumas amigas minhas era amizade ou paixão. Mais ainda, acho que essa confusão foi a causa de algumas instabilidades emocionais por que passei.
Quando nos envolvemos sexualmente com uma amiga e depois chegamos à conclusão que não o devíamos ter feito, cria-se às vezes uma barreira na própria amizade. Uma barreira tão grande que nem percebemos que estamos a perder o essencial do que é uma relação: a própria amizade.

conversas 1220

Ela - Gostas das minhas calças novas?
Eu - Não.
Ela - Não?
Eu - Quer dizer... são bonitas, sim, mas com tantas flores e dobras devem dar uma trabalheira a passar a ferro.
Ela - Ninguém pensa nisso quando compra umas calças.
Eu - Eu penso.
Ela - Eu queria dizer que ninguém normal pensa nisso quando compra umas calças.

coisas que fascinam (86)

Hoje de manhã estava a pôr a loiça de dias na máquina de lavar. Arrumei os pratos todos, depois os copos, as canecas e os talheres. No fim, faltava-me ainda colocar um wok e uma panela que não cabiam. Tornei a arrumar a loiça toda de forma diferente, e ainda me sobrou espaço para duas chávenas de café que entretanto servira a mim mesmo e a uma amiga.
"Acho que a nossa cabeça é uma espécie de máquina de lavar loiça", disse-me ela depois. E continuou: "Quando temos a sujidade de dias a ganhar bolor aqui dentro, o melhor é arrumar tudo e lavar. Foi isso que eu vim aqui fazer. Quando falo um bocadinho contigo é como se tivesse lavado a sujidade que acumulei durante dias e dias".
Há muito tempo que eu não me sentia tão elogiado, e também esse elogio me lavou um pouco por dentro...

4.28.2009

amores...

Paixão, intimidade e compromisso. São estes os três ingredientes fundamentais numa relação amorosa segundo Anne Hooper, autora do livro "The Intimate Guide to Sexual Fulfilment - Pure Sex" (O Guia Íntimo para um Total Preenchimento Sexual -Sexo Puro). Quando estes três ingredientes estão presentes com a mesma intensidade, dá-se o caso de se estar perante um amor consumado mas, quando não estão, podem acontecer várias coisas...

Amor Apaixonado
É o amor em que a paixão é o ingrediente fundamental mas ao qual falta alguma intimidade e total compromisso. Normalmente é a primeira fase duma relação, seja ela qual for.

Amor Vazio
É um amor em que há compromisso total mas não há nenhuma paixão nem intimidade. Normalmente a causa deste amor são os filhos, que se tornam num forte mas único elo de ligação entre duas pessoas.

Amor Romântico
É um amor que se prevê curto e em que cada um dos amantes seguirá brevemente um caminho diferente. Falta-lhe compromisso mas tem paixão e intimidade em quantidades generosas.

Amor de Companhia
Há intimidade e compromisso. O que falta mesmo é paixão mas essa é disfarçada por ainda haver regularmente sexo.

Amor Insensato
Falta intimidade. As pessoas amam-se e até se sentem comprometidas mas, por qualquer motivo, há um silêncio constante entre ambas que se reflecte também no contacto corporal.

Amizade
É um amor em que há intimidade mas não há compromisso nem paixão. Normalmente chama-se mais amizade do que amor a este tipo de relação mas, quando há intimidade a sério, ele pode evoluir para outro tipo de amor...

4.25.2009

25

A palavra liberdade esteve sempre associada ao 25 de Abril. Isto porque, como canta o Conjunto António Mafra, no tempo da outra senhora quem estendesse muito o piu pouco tempo mais piava. Basicamente, até ao 25 de Abril, quem em Portugal opinava contra a corrente política da ditadura, levava choques eléctricos nos tomates e ia parar ao campo de concentração do Tarrafal.
O que talvez falte entender à geração que herdou o 25 de Abril é que liberdade de pensamento e de expressão é apenas a primeira das liberdades. Há outra liberdade que nunca existiu e que é liberdade social. O modelo económico e financeiro em que vivemos é pródigo em retirar-nos essa liberdade, primeiro porque mantém propositadamente um grupo de desempregados que serve para fazer chantagem sobre os empregados, segundo porque depois de explorar o trabalho explora também o que resta dele, através da banca e das taxas de juro.
É por isso que quando olho para o 25 de Abril prefiro olhar para o futuro e não para o passado. Não gosto de ouvir frases serôdias e saudosistas dum regime que torturava mas, de facto, acho que há muito para fazer. É para isso que estamos aqui!

conjunto antónio mafra - no tempo da outra senhora >> rapidshare


E por ser 25 de Abril, acho ainda oportuno relembrar este post sobre uma música do Chico Buarque.

a rainha do quê?

Este é um dos novos cartazes duma campanha publicitária lançada pela Triumph portuguesa por todo o país. A modelo é a Helena Coelho e foi eleita pela marca rainha de várias coisas, entre elas a do surf.
Ora, se para ser rainha do surf é preciso saber passar a roupa a ferro, deixem-me dizer que há muitas mulheres portuguesas bem melhores que a Helena a fazê-lo. Aliás, estão tão habituadas a passar a ferro que já não conseguem sorrir desta maneira. Normalmente são mulheres com o cabelo desgrenhado, dores de costas, um ar permanentemente cansado e triste e, além disso, raramente são pagas ou reconhecidas pelo que fazem. Tão mal pagas que não acredito que se preocupem em usar roupa interior cara.
Habituámo-nos todos a ver a mulher em casa de alfinetes na boca, a passar a ferro com uma mão e a aspirar com a outra, isto enquanto espreita na cozinha se a sopa para a semana já está feita. Habituámo-nos tanto que essa é a nossa normalidade e passa como herança cultural de geração em geração. Não percebemos que que isso tem um custo social altíssimo e mais, um custo pessoal ainda maior.
A Helena pode ser muito bonita mas como rainha do surf, sinceramente, não me convence nem um bocadinho. A Triumph também não...

4.24.2009

conversas 1219

Ela - Estão ali a distribuir gratuitamente a revista Happy do mês passado... já tenho umas vinte e tal.
Eu - Para que é que tu queres vinte e tal revistas Happy do mês passado?
Ela - Cada uma traz uma amostra duma base para o rosto.

4.23.2009

sapatos



A companhia francesa Eram lançou em 2002 uma campanha para promover os seus sapatos femininos sem que houvesse qualquer exploração do corpo da mulher. É-me difícil perceber se o objectivo foi mesmo não explorar o corpo da mulher ou se foi ridicularizar os que normalmente criticam essa exploração. É que acredito que é possível fotografar mulheres com sapatos sem abusos. Além disso, a frase "nenhum corpo de mulher foi explorado nesta publicidade" associada a uma imagem de alguma comicidade, intriga-me...

conversas 1218

Ela - Sabes qual é um dos maiores defeitos dos homens?
Eu - Ahn?
Ela - Nunca saem debaixo das saias da mãe. Com quarenta anos ainda não são capazes de confrontar a mãe com nada e até põem o casamento em risco, se for preciso...
Eu - Ah! Sabes qual é um dos maiores defeitos das mulheres?
Ela - Qual?
Eu - Como mães nunca deixam os filhos em paz e como mulheres nunca percebem porque é que as mães dos maridos fazem isso...

conversas 1217

(no café)

Ela - Hoje estou tão down. Por favor... deixa-me um bocadinho em paz...
Eu - Ok.

(dois minutos depois)
Ela - Não me perguntas porque é que estou down?
Eu - Disseste-me para te deixar um bocadinho em paz.
Ela - Deixar-me em paz não é ficar calado, é preocupares-te comigo...

miss trinca-espinhas



Esta miúda tem 19 anos, chama-se Stephanie Naumoska e é a nova Miss Austrália [ler no JN]. Mede um metro e oitenta e pesa 49 quilos. Gostava de a convidar para vir até aqui à região de Aveiro para comer um leitão à Bairrada e beber uma garrafinha de tinto. Tenho a certeza que lhe ia fazer bem. E por aqui me fico que é para não ser malcriado.

4.22.2009

pensamentos catatónicos (175)



theridion grallator


Estava a ler um texto sobre uma aranha do Havai, cujo nome científico é Theridion Grallator, que tem a textura de um sorriso e que, segundo os cientistas, serve para se proteger dos ataques aéreos dos pássaros, e a pensar quantas vezes na nossa espécie também nós sorrimos para nos protegermos de ataques de terceiros.
Sorrimos, por exemplo, quando alguém nos tenta magoar, como forma de mostrar ao agressor que não vale a pena continuar. É por isso que também só raramente podemos confiar num sorriso...

crónicas de engate (5)

e se a vida for só isto?

Primeiro ele. Sabes onde é que está a minha camisa às riscas azuis? Pergunta e ela sabe. Está passada e num cabide do armário do quarto, responde. Depois os filhos. Um que quer o pequeno-almoço e outro que salta em cima do sofá da sala. E ela também sabe. Sabe que quantidade de leite deve aquecer para misturar com os cereais de forma a que o miúdo não diga "não gosto", sabe que não vale a pena gritar "não saltes no sofá", sabe que o lanche da escola é um pão sem sal com queijo para cada um. Mais um pacote de leite branco, repete para dentro.

Ele, o da camisa às riscas azuis, já saiu entretanto, perdido nessa repetição interior como se de um labirinto infinito se tratasse. Ela sabe-o porque as chaves do carro já não estão no cinzeiro da mesa da entrada nem o casaco, que ela pendura cuidadosamente todos os dias no cabide ao pé da porta, está lá. Ela sabe tudo. Na verdade, agora que pensa nisso, só não sabe porque é que um dia se apaixonou por ele e depois casou. Esqueceu-se.

Ele, o da camisa às riscas azuis, lembra-se agora que não se despediu dela. Agora que entrou no escritório em cuja janela o Sol insiste em nascer todas as manhãs e, da mesma forma mecânica que o Sol nasce, cumprimentou os colegas de trabalho cabisbaixos. Responderam todos um "bom dia" imperceptível, apenas para colmatar a obrigação do cumprimento. Ele, agora que pensa nisso, talvez seja o que anda a fazer da vida há muito tempo: colmatar a obrigação de respirar. Encosta a testa quente ao vidro frio da janela enquanto os colegas continuam cabisbaixos.

Ela suspira de alívio, interrompendo temporariamente a normal asfixia matinal. Ele já saiu e os miúdos também e ela, que sabe sempre o que eles precisam, percebe agora no embalo desse alívio que não sabe nada sobre ela própria. Nem sequer sabe porque é que não se lembra da última vez em que sorriu com vontade. Ela, que sabe sempre tudo, talvez não saiba viver. E se a vida for só isto? Pergunta-se. Depois assusta-se. E procura numa agenda amarelada um número de telefone que lhe saiba responder. Talvez uma amiga antiga, talvez um namorado antigo, talvez qualquer coisa antiga.

La fora parece que tudo e todos se aperceberam que sim, que a vida é só isto, e ele, enquanto desaperta involuntariamente o botão de cima da camisa com riscas azuis, contempla essa desistência da janela do escritório: um semáforo que muda de cor repetidamente, um cão que morde um saco de lixo, um homem que se fuma no banco triste dum jardim daninho e depois ela. Ela passeia-se rareando uma cor viva no cinzentismo da cidade. E vai com um homem... e vai sorrindo... e deixa-a ir. Se a vida for só isto é preciso vivê-la.

4.21.2009

apalpava mulheres


Eu sei que isto hoje está a parecer o jornal das nove da tvi mas, desculpem lá, não resisto. Um mexicano vestido de mulher foi preso por apalpar uma mulher no metro. O homem, segundo a notícia [ler no globo], vestia-se de mulher, entrava nas carruagens de metro para mulheres e apalpava as vítimas. Só tenho duas perguntas:

1] Porque é que no metro da cidade do México há carruagens só para mulheres?

2] Porque é que raio estão dois gajos com a cara tapada e de metralhadora ao lado dum tipo pequenino vestido de mulher?

uma mulher = um quarto de uma vaca

Nos estados mexicanos de Tamaulipas e Michoacán matar uma mulher pode dar de três dias a três anos de prisão. Matar uma vaca, por sua vez, já pode dar doze ou treze anos. Nesses estados, portanto, uma mulher vale sensivelmente um quarto do valor total duma vaca ou de um porco.
Segundo Pablo Navarrete Gutiérrez, coordenador dos Assuntos Jurídicos do Instituto Nacional das Mulheres, basta que um homem afirme ter suspeitado da infidelidade da mulher para que a justiça actue com passividade... [ler no milenio em espanhol]

cabeleireira viola assaltante

Uma cabeleireira russa violou um homem que lhe tentou assaltar o estabelecimento [ler no Portugal Diário]. O pobre homem foi manietado por ela (praticante de artes marciais) e, durante dois dias e à custa da ingestão de comprimidos Viagra, abusado sexualmente por ela.
A polícia está em duvida para determinar quem é a vítima neste caso. Eu acho que uma fotografia da cabeleireira pode ajudar...

4.20.2009

ensaio sobre a cegueira

Hoje os meus olhos começaram a arder de um momento para o outro e deixei de ver durante largos minutos. Estava na estação de Campanhã, no Porto, e senti-me imediatamente perdido. Um homem deu-me o braço para me conduzir até à farmácia mais próxima, não muito longe dali mas difícil de atingir quando não se vê nada.
A sensação de desconforto e desamparo é enorme quando as coisas surgem assim sem aviso, mas bastou-me ouvir uma voz com disponibilidade para me ajudar que me senti logo mais calmo. Acho que há qualquer coisa disto no amor entre duas pessoas. Tentamos ter alguém para não nos sentirmos assim perdidos. O amor não é inútil.

4.19.2009

conversas 1216

Ela - Desde que te conheci que andas sempre com os mesmos sapatos.
Eu - Isso é porque são os meus sapatos.
Ela - Só tens esses?
Eu - Só.
Ela - Eu percebi logo que havia qualquer coisa de errado contigo.

coisas que fascinam (85)

Estou a passar uma fase boa da vida. Neste momento, e a sério que digo isto humildemente, acho que devo dizer a todas as pessoas que já passaram por grandes turbulências amorosas que vale a pena permitir uma segunda oportunidade.
Há uns dias estava a dizer isto a um amigo cuja experiência não é assim tão diferente da minha e ele foi mais longe: no amor ninguém se deve ficar pela primeira oportunidade.

pensamentos catatónicos (174)

Deitado na relva perdi a dimensão tridimensional do céu. Os pássaros pareciam-me estar ao mesmo nível de um avião que se preparava para aterrar. Depois pensei que o mesmo se passa com as estrelas no céu nocturno: todas parecem estar à mesma distância vistas da Terra mas, na verdade, distam de nós com milhares de anos luz de diferença.
Com as mulheres é a mesma coisa. Às vezes parece que estão perto de nós para, logo a seguir, parecer que estão a nos luz de nós. É tudo uma questão de perspectiva e de dimensão.

conversa 1215

Ela - Houve sempre qualquer coisa em comum entre os homens que passaram pela minha vida e as empregadas domésticas que tive.
Eu - O quê?
Ela - Não se pode viver sem eles nem sem elas... também não se pode viver com eles nem com elas.

4.17.2009

não ouviu

A torneira da cozinha pinga uma gota por segundo e o microondas, num tímido sinal sonoro, faz saber que já aqueceu o leite do pequeno-almoço. Na banca acumulam-se pacientemente os dias num monte de louça suja e, numa placa gasta pelo tempo, duas torradas enegrecem lentamente.
É como se de manhã já todo o tempo do dia se tivesse expirado. É como se a vida não passasse dum sopro ofegante. É como se a aproximação da morte pudesse ser a acumulação de quilómetros entre um emprego e uma casa hipotecada. Só isso.
Ela está parada à janela numa divisão qualquer da casa. Sabe-lhe bem aquela quietude desistente, ainda que o seja apenas por momentos. Ele já saiu e bateu a porta com mais força que o costume. Agora está lá em baixo, ajeitando o nó da gravata no espelho retrovisor do carro como se se quisesse salvar dum enforcamento normal. Tão normal quanto estranho, o amor entre os dois ter-se tornado no próprio carrasco. Dela, dele e dos dois. Tão estranho que ainda ontem ela lhe disse que se sentia só e ele apenas ajeitou o nó da gravata. Não ouviu.

coisas que fascinam (84)

o beijo



É uma das fotografias mais conhecidas do mundo. A sua fama deve-se ao seu autor, Robert Doisneau, e ao sentido de oportunidade da mesma, já que ver dois jovens amantes a beijar-se desta maneira numa rua de Paris em 1950, em plena luz do dia, não era assim muito comum.
Durante anos foi o que se pensou mas, um pouco antes de morrer, Doisneau admitiu que de oportuno a fotografia não tem nada. Na verdade ele falou com os dois jovens e encenou tudo.
Pode-se pensar que um beijo encenado não vale tanto mas vale, pelo menos para mim. Se encenamos uma situação é porque queremos vivê-la, nem que seja por uns breves momentos e por isso há muito de verdade numa encenação.
A verdade que encontro neste beijo é que tudo o resto se ausenta, como se o mundo à volta dos apaixonados tivesse parado. Um beijo não é mais do que isso... mas também não é menos.

conversa 1214

Ela - Tenho um professor tão giro. Como é que eu faço para conseguir sair com um professor?
Eu - Não sei... não sou professor.
Ela - Mas és homem. Podias dar-me um conselho...
Eu - Ah! como homem, e no teu caso específico, saía contigo se me convidasses para tomar um café e depois, durante o café, me convidasses para sair à noite.
Ela - No meu caso específico porquê?
Eu - Porque és muito bonita.
Ela - Mas eu não quero que ele me veja como um objecto sexual.
Eu - Então convida-o para tomar um café e vai vestida de burka.
Ela - Não estás a ajudar.
Eu - Sei lá que te diga.
Ela - Achas que eu sou só isso?
Eu - Isso o quê?
Ela - Um objecto sexual...
Eu - Eu não disse isso...
Ela - Disseste sim.
Eu - Não disse nada.
Ela - Disseste e ofendeste-me.
Eu - Pronto, pronto... és muito feia mas és super interessante intelectualmente.
Ela - Agora ainda me ofendeste mais.
Eu - O que é que queres que te diga?
Ela - A verdade.
Eu - Já nem sei qual é a verdade.
Ela - Os homens são todos a mesma coisa. Já não vou sair com professor nenhum.
Eu - Faz o que te apetecer.
Ela - Não te metas mais na minha vida.
Eu - Não meti. Foste tu que me perguntaste como é que podias sair com um professor qualquer.
Ela - Não é qualquer. É um muito giro...
Eu - Muito giro?! Para ti ele é só um objecto sexual?
Ela - Cala-te!

make love, not war

Um norueguês corre o risco de pagar uma multa e ter a carta de condução suspensa, depois de a polícia o ter prendido quando mantinha relações sexuais com a namorada ao mesmo tempo que conduzia alta velocidade. [ler no Portugal Diário]
Farto-me de ver casalinhos a discutir ao volante em Portugal. Às vezes discutem tanto que nem percebem que o semáforo mudou para verde. Discordo que se multe uma pessoa que, em vez de discutir as contas da água e da luz, faz amor durante uma viagem de carro. Tenho dito.

4.16.2009

conversa 1213

(num hipermercado)

Eu - Vou ali comprar um chocolate, daqueles brasileiros, com passas.
Ela - Depois divides comigo?
Eu - Divido, claro. Um chocolate desses é demais para uma pessoa só...
Ela - Então traz um com avelãs, está bem? Não gosto de chocolates com passas.
Eu - Mas a mim apetecia-me com passas...
Ela - Se um chocolate chega para dois, tu gostas com passas e avelãs e eu só gosto com avelãs, acho que é óbvio que deves trazer com avelãs...
Eu - Ok... trago com avelãs, então... mas a mim apetecia-me com passas.
Ela - Quando fores às compras sozinho compras com passas. Hoje compras com avelãs.

conversa 1212

Ela - Tu és um orgulhoso e nunca dás o braço a torcer. É o teu maior defeito.
Eu - Eu?! Sinceramente não concordo lá muito contigo.
Ela - Nunca dás a razão ao outro.
Eu - Dou... às vezes dou. Aliás, a discutir contigo ainda há poucos dias, admiti que estava errado e dei-te a razão. Lembras-te?
Ela - Mas isso é diferente. Eu tenho sempre razão.

pensamentos catatónicos (173)

a Lua dos Prazeres Secretos



Vi o filme do Flash Gordon quando tinha nove anos de idade. Nessa altura apaixonei-me pela Princesa Aura, filha do terrível imperador Ming, e nunca mais me esqueci desta cena em que ela tenta seduzir o Flash Gordon tentando levá-lo para a sua "Lua dos Prazeres Secretos".
Na altura, e devido à idade, não percebi muito bem o que ela quis dizer com aquilo dos prazeres secretos. Talvez fosse uma ilha com muito chocolate, gelados e bolo de bolacha. A meio dos doces talvez desse para dar uns beijos. Agora percebo muito melhor. Ela não se referia apenas a doces mas também a secretos de porco preto.
Devo dizer que a Dale Arden, heroína do filme e que acaba por se tornar na namorada do Flash, nunca me entusiasmou nadinha, ao contrário dos dois miúdos que foram ver o filme comigo a um cinema velhinho em Aveiro. Achei-a uma enjoada e eles não concordaram comigo.
Lembrei-me disto porque um amigo meu (um amigo daqueles antigos e com 'a' maiúsculo) me disse um destes dias que acha que eu nunca fui um homem de paixões óbvias. Nunca me apaixonei, segundo ele, pela facilidade e talvez tenha sido esse um dos motivos duma vida emocional atribulada. Mas é assim mesmo... prefiro a má da fita a prometer-me uma "Lua dos Prazeres Secretos" do que uma enjoada boazinha a gritar num foguetão em direcção ao planeta Mongo...

4.14.2009

um dó li tá...

João de Deus Pinheiro considera que o PSD saberá escolher a pessoa certa para liderar a sua lista ao Parlamento Europeu. [ler na tsf]
O blogue "não compreendo as mulheres" teve acesso ao método que a Manuela Ferreira vai utilizar para escolher essa pessoa e, em abono da verdade, não pode deixar de concordar:
Um, dó, li, tá, cara de amendoá, um soleto, coloreto, um dó li tá...

conversa 1211

(na cozinha dela)

Eu - Vou-te lavando esta louça enquanto te penteias...
Ela - Não toques nesses tachos que é de eu fazer o meu chá...
Eu - Os dois tachos são para tu fazeres chá?
Ela - Um é para o ferver, outro é para o arrefecer.

amo-te hoje



Estas três placas, colocadas sequencialmente em árvores numa rua de Espinho, chamaram-me a atenção e fotografei-as. Amo-te hoje / Mais que ontem / Menos que amanhã. Dois dias depois já não estavam lá. A questão do amor é sempre a mesma: Amo-te hoje / Mais que ontem / Menos que amanhã / Além de amanhã é que já não sei...

4.09.2009

conversa 1210

(na esplanada)

Ela - Já passou duas vezes um carro com um gajo que se fartou de olhar para mim...
Eu - E tu conheces o tipo?
Ela - Não.
Eu - Mas ele olha fixamente para ti?
Ela - Sim.
Eu - E estás chateada com isso?
Ela - Não. Estava era a pensar que hoje ele já olhou mais vezes para mim do que tu...

estátua

Um tipo assaltava bancos para sustentar um vício: frequentar salas de chat com cariz sexual. [ler no JN].
Na minha opinião quem assalta um banco não é ladrão. Está apenas a reaver parte daquilo que nos é roubado todos os dias na bolha especuladora da Economia e mais, nas transferência ilegítima de dinheiro para off-shores e para a conta do Dias Loureiro. E mais... acho bonito um homem arriscar a pele para poder frequentar salas de chat de cariz sexual. Este homem não devia estar preso. Devíamos fazer-lhe uma estátua...

traços de giz

Um avião riscou de giz o céu. Já não o vejo mas aquele risco é uma marca. Sei que ele passou por ali e que voava para o norte. Talvez viesse de Lisboa ou do Algarve. Talvez de África. Talvez fosse para a Suécia ou para a Dinamarca. Talvez para a Polónia. Não sei. Sei que o amor é uma porção de traços de giz. Todos nos marcam mas a certa altura perdemos-lhe a origem e o destino. De traço em traço vamos fazendo um desenho que não percebemos... até que alguém nos faça um traço mais forte.
Foi assim que lhe tentei explicar a solidão, enquanto ela dava mais um gole no chá numa esplanada ventosa. Foi assim que lhe tentei explicar que ela riscou a minha vida e eu, espero, a dela. Não foram riscos fortes o suficiente mas estão lá, no desenho que é a nossa vida.

4.08.2009

conversa 1209

Ela - Andei a sair com um gajo uns dias... mas, mais uma vez, não deu em nada. Parecia que ia dar mas depois não deu.
Eu - Tem calma. Não deu este, há-de dar outro qualquer. Entretanto diverte-te...
Ela - Mas este eu até estava a gostar dele...
Eu - E porque é que não deu em nada? Posso perguntar?
Ela - Podes. Ele tem dois filhos e as orelhas muito grandes.

mulheres com as duas pernas abertas

mais buscas no google que vieram dar a este blogue:

bouas mulheres peladas

eu cá também gosto de gajas bouas mas, normalmente, prefiro-as com pele...

cexo com animais
epá... falta a cedila no 'c'. é çexo...

foto de sexo ecitante
eu tenho medo de muita ecitação porque sofro do coração. por isso é que só vejo fotos da playboy portuguesa...

limao faz mau para gravidas?
o limão não sei se faz mau ou bom para grávida mas sei, por exemplo, que veneno para o escaravelho da batata faz mau...

minha mulher terminou comigo pore causa droga
ou foi por causa da droga ou foi porque lhe escreveste um bilhete...

mulheres com as duas pernas abertas
com as duas pernas abertas é muito raro encontrar. só com uma, aqui ou ali, ainda se vai encontrando. agora as duas...

numaros de gajos bons
eu sou um gajo bom ou, pelo menos, gostava de ser. não tenho é nenhum numaro, pelo menos que me lembre...

o homens mais orelhudos b do brasil
do brasil não sei. de portugal é o presidente do benfica.

sexo com gordas portuguesas
não curto nada estes nacionalismos... se têm que ser gordas porque é que também têm que ser portuguesas?

sexo con cadaveres
pronto, ok, aceitos as gordas portuguesas

é obrigatório sangrar quando se faz amor pela 1ª vez
obrigatório não é. também se pode chorar, rir, falar, adormecer ou fazer bolos de bacalhau... mas nada é obrigatório.

4.07.2009

conversa 1208

Eu - Não quero ser indelicado mas se quiseres venho aqui ajudar-te a arrumar a tua casa.
Ela - Reparaste na desarrumação?
Eu - Sim... e estou a dizer-te isto porque acho que estás a precisar de ajuda.
Ela - Acho que passei demasiados anos a limpar a casa. Quando me separei simplesmente deixei de o fazer. É triste...
Eu - Não é triste, é normal... às vezes também deixo a minha casa atingir níveis vergonhosos de desarrumação.
Ela - Não é isso que é triste. O que é triste é eu ter chegado à conclusão que limpava a casa, não para mim mas para o sacana do meu ex-marido.

mulheres que eu gostava de poder não compreender (80)



nome: Danai Jekesai Gurira
origem: Zimbabwe
info: Via-a recentemente, pela primeira vez, no filme "O Visitante". É bonita, tem uns olhos daqueles capazes de me tirar do sério e um je ne sais quoi qualquer que não sei explicar.

4.04.2009

conversa 1207

Ela - Vamos ao cinema?
Eu - Boa ideia. Há alguns filmes que quero ver.
Ela - Eu nem me apetece muito ir... mas como tu nunca propões nada para fazer à noite...
Eu - E tu propões uma coisa que nem te apetece muito? Era melhor não propores nada.
Ela - Pois era... mas como tu nunca propões nada...

crónicas de engate (4)

o elevador

Como ela sorria, ele achava que tinha encontrado uma maneira de a fazer feliz. Era assim: davam as mãos e partiam do quarto andar ao mesmo tempo que o elevador. Às vezes ganhavam, outras vezes perdiam, mas independentemente da vitória ou da derrota, e como chegavam sempre cansados ao rés do chão, descansavam embalados por um beijo. Como ela sorria, ele pensava que tinha encontrado uma maneira de a fazer feliz.
Aliás, a ele ficava-lhe a impressão que o corpo dela ainda era melhor quando estava cansado. Era mais lento nos abraços e mesmo assim o coração batia com mais força. Era tão bom sentir um amor lento e forte. Uma vez ela até lhe disse que tinha vontade de escorregar no suor quente dele. Subiram os quatro andares de novo, faltaram ao trabalho e fizeram amor. Não se lembra quantas vezes. Lembra-se que foi sempre lentamente e com força. E como ela sorria, ele pensava que tinha encontrado uma maneira de a fazer feliz.
O senhor Samico era gordo e vivia no terceiro andar. Às vezes chamava o elevador e ajudava-os a ganhar aquele desafio diário. Depois passava por eles e sorria-lhes antes de fechar a porta. Nunca percebeu se o facto de os seus vizinhos de cima se beijarem todas as manhãs na entrada do edifício velho era uma forma de exibicionismo ou de amor ingénuo nem, na verdade, lhe interessava. A única forma de reagir aos beijos é com um sorriso, pensou uma vez.
Como ela sorria, ele achava que tinha encontrado uma maneira de a fazer feliz. Até que um dia ela chamou o elevador para sair de casa. Dessa vez o senhor Samico não lhes sorriu quando os encontrou no elevador nem eles ficaram na entrada mergulhados em beijos suados. Assim como eles se cansavam a descer a escada pelos degraus também a vida se cansara de o fazer.
Hoje, alguns anos depois, desci o elevador com ele. Contou-me esta história e disse-me para nunca acreditar que uma simples corrida diária chega para fazer uma mulher feliz. Eu sei, respondi-lhe com um sorriso dividido entre o sarcasmo e o carinho que sinto pelo meu amigo. Eu também já corri nas escadas.

4.03.2009

gabriela eu, meus camaradas


Ando nostálgico. Isto é uma prenda para todos os que, como eu, em pequenos se apaixonaram pela Gabriela, aquela interpretada pela Sónia Braga numa novela escrita pelo Jorge Amado. A prenda é a banda sonora da telenovela e o filme do Bruno Barreto (1983). Eu sou sempre igual, não desejo o mal, amo o natural, etc e tal...



link rapidshare para a banda sonora:
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links para o filme [baixar todos para a mesma pasta e descomprimir]:
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é só rir

Tenho o bolso esquerdo das minhas calças roto. Hoje, numa fila de supermercado, uma esferográfica caiu-me pela perna abaixo e eu baixei-me para a apanhar. Duas mulheres que estavam atrás de mim começaram a rir sem parar.
Uns minutos depois fui almoçar sozinho à praça da alimentação e elas sentaram-se a duas mesas de distância de mim. Continuaram a rir sem parar enquanto olhavam para mim.
Levantei-me no fim da refeição e tornou-me a acontecer o mesmo: a esferográfica caiu-me pela perna abaixo e baixei-me para a apanhar. Houve uma explosão de riso nas duas.
Como tinham um ar simpático e eu ia buscar café, virei-me para elas e perguntei-lhes se tomavam café, que eu oferecia. Param de rir, coraram, levantaram-se e foram embora com passo apressado sem dizer nada.

conversa 1206

Ela - Acho que depois do meu divórcio precisava mesmo de arranjar alguém mas, depois de alguns anos, sinto-me tão bem assim sozinha que nunca mais quero ninguém...
Eu - Percebo, percebo... eu passei pelo mesmo.
Ela - Mas tu não estás sozinho.
Eu - Pois não, mas foi exactamente quando comecei a pensar assim que encontrei a ******.
Ela - Fixe, então pode ser que comigo seja também agora...

playboy vs googleboy



Ainda não percebi quem é a miúda que aparece na capa do primeiro número da Playboy portuguesa, uma tal Mónica Sofia que, segundo a revista, é a "inesquecível primeira". Juro que nunca ouvi falar nela mas, para fazer o jeito, vou tentar não me esquecer.
Neste exercício para memorizar a capa da Playboy, a única coisa que me parece é que a Mónica está com um ar de chateada, tipo como quem está na fila das finanças para entregar o IRS, o que eu até percebo muito bem. Estar a ser fotografada para uma revista de mulheres nuas e não a deixarem despir-se, ainda por cima obrigando-a a tapar os seios com os cabelos, é a mesma coisa que lhe dizer: "és boa mas não és tão boa como isso".
E falando de mulheres nuas, quem é que raio hoje em dia compra revistas destas? Só se forem os reformados que trabalharam a vida toda a passar certidões no notário de Aguada de Cima e que, por isso, nunca descobriram o que é ir ao google e fazer uma pesquisa do tipo "gajas boas com mamaçal", "sexo com mulheres pernetas" ou "gajas boas como o milho". O google é para todos os gostos e desgostos e, na verdade, podia chamar-se googleboy...

4.02.2009

conversa 1205

Ela - Daqui a um mês faço anos.
Eu - Eu sei.
Ela - Escusas de te preocupar com a minha prenda.
Eu - Não queres que eu te dê nada?
Ela - Não é isso. Já a escolhi. Agora só tens que a pagar.

mulheres que eu gostava de poder não compreender (79)



nome: Sade Adu
origem: Nigéria
info: Não sei se lembram da Sade. Os da minha idade lembram-se com certeza. O primeiro disco dela foi um sucesso nos anos 80 e canção "Smooth Operator" passava a toda a hora nas rádios. Lembro-me de estar a ver o vídeo dessa canção na minha adolescência e de me perder nos olhos dela. Na voz também, aliás, e de pensar que um dia queria ter uma namorada assim...

pensamentos catatónicos (172)

Acho que em Portugal se vive uma crise de paixão, de amor, ou sei lá o quê. Os cafés, os transportes e os espaços públicos passaram a ser um exílio desse amor, uma espécie de contentores para deportados sem-papéis. Sem papéis do amor, entenda-se.
Os sem-papéis do amor notam-se bem. Normalmente deixam-se hipnotizar por um sonho triste enquanto mexem o café; no metro ou no comboio fazem viagens sempre a olhar para o chão, como se o Sol fosse um intruso a tentar entrar pelas janelas. Nos bancos de jardim jazem cadáveres de noites sós e embriagadas, com garrafas de vinho vazias e jornais desmembrando-se ao vento.
Os ombros dos transeuntes estão rijos e endurecidos e tocam-se com agressividade à hora de ponta, mas nos olhos de todos vive uma espécie de desilusão. Este país está triste e cansado e o pior é que aceitamos isso como normal.

eu sou favela

Hoje, quinta-feira dia 2, é noite de Couscous Prosjekt no Clandestino bar, à praça do Peixe em Aveiro. Como habitualmente, e para que isto não seja apenas um salário de fome e uma vida normal, dedicaremos muito tempo à melhor música africana e brasileira.

4.01.2009

conversa 1204

Ela - Esteve uma mulher no teu escritório, não esteve?
Eu - Não.
Ela - Então de onde é que vem este cheiro a perfume?
Eu - Ah! Esteve sim... há mais ou menos meia hora...
Ela - E já não te lembravas?
Eu - Assim de repente não.
Ela - Quem era?
Eu - Uma mulher para quem estou a fazer um trabalho.
Ela - Que trabalho?
Eu - Um filme para uma exposição...
Ela - Que exposição?
Eu - Mas porque é que estás a perguntar tanta coisa?
Ela - Por nada, por nada... só curiosidade.

conversa 1203

Ela - Os homens são muito mais egoístas na cama do que as mulheres.
Eu - Egoístas como?
Ela - Só pensam em ter prazer eles. Elas nada...
Eu - Andas na cama com putos de vinte anos, é isso?
Ela - Porquê? Quando tinhas vinte anos eras assim?
Eu - Sei lá...
Ela - Acho que te apanhei...

conversa 1202

Ela - Arrependi-me de ter casado logo na manhã seguinte ao casamento.
Eu - Porquê?
Ela - Quando vi o meu marido a arrastar-se para a casa de banho, de cuecas e a coçar os ditos cujos, com gases e ramela nos olhos, olhei para ele e pensei: "estou lixada".
Eu - mas nunca o tinhas visto assim antes de casares?
Ela - Era diferente. Antes de casar ia para a cama dele mas mal acabava o sexo ia-me logo embora.

oito para morrer

A Cláudia desafia-me a dizer oito coisas que quero fazer antes de morrer.

1] Realizar alguns filmes que tenho em mente.
2] Escrever argumentos para ficção.
3] Aprender a fazer bolo de bolacha sem que ele se desmorone.
4] Estar sempre apaixonado por pelo menos uma mulher
5] Contribuir para a nacionalização dos sectores fundamentais da Economia (energia, transportes, saúde, educação, banca e afins)
6] Passear
7] Jogar todas as versões do Civilization que venham a existir.
8] Ganhar um jogo da macaca à minha filha.

um mundo cheio de sabor

Os chocolates belgas Jacques decidiram promover o seu produto através de um cartaz em que uma mulher preta toca um monge budista.
Não é suposto os monges budistas serem tocados por mulheres e está-lhes associada uma ideia de tranquilidade nessa assexualidade.
Estabelecer um paralelismo entre o toque da mulher e o sabor do chocolate tem, por isso, o objectivo de provar que aquele chocolate é tão tentador que põe em causa essa tranquilidade. Quem ficou intranquilo com a coisa foram os embaixadores da Tailândia e do Laos, que fizeram pressão imediata para que os cartazes fossem retirados das ruas.
Acho essencialmente piada à frase em holandês (há quem lhe chame neerlandês) "Een Wereld Vol Smaak", que quer dizer qualquer coisa como "um mundo cheio de sabor". O mundo até pode ter muito sabor mas, no que diz respeito ao toque das mulheres, esse sabor é completamente diferente consoante o lugar onde estamos...

conversa 1201

Ela - Sabes como é que ficou o jogo de Portugal com a África do Sul? 
Eu - Não.
Ela - Não sabes?!
Eu - Não. Já não vejo um jogo de futebol há mais ou menos um ano.
Ela - Fantástico. Se calhar até davas um marido razoável. Não és tolo por futebol...
Eu - Há muitos homens que não são.
Ela - Se bem que quando nos começamos a cansar dos maridos até é bom que eles gostem de futebol. Assim vão para o café ver jogos e não chateiam.