5.29.2015

Desde que esse alguém fosses tu.

O Amor vai sempre contra nós. Por Amarmos, sentimo-nos dependentes desse Amor. Por nos sentimos dependentes, buscamos a independência. Para buscarmos a independência fingimos que não Amamos. Como não conseguimos fingir muito tempo, voltamos ao princípio. Amamos e sentimo-nos dependentes.
Que merda!
Talvez um dia destes eu Ame alguém que me Ame exactamente da mesma forma. Era a melhor coisa que me podia acontecer, apaixonar-me de novo por aí. Desde que esse alguém fosses tu outra vez.

www.wfc.pt

5.28.2015

conversa 2125

Ela - Cheguei a uma fase da vida em que não discuto mais...
Eu - Então?
Ela - Estou cansada de discutir. Preciso de paz e de sossego.
Eu - Compreendo... mas não acho muito bem.
Ela - Porquê?
Eu - Porque assim perdes a capacidade de intervir. É como se não existisses em muitos aspectos.
Ela - Não existo, o tanas é que não existo.
Eu - Se não discutes, não existes. É o princípio da dialéctica. Tornas-te inútil.
Ela - Sabes onde é que podes meter a dialéctica? No teu cuzinho.
Eu - Tem calma. Só estava a...
Ela - Estavas a dizer que eu sou uma inútil.
Eu - Pensei que estavas numa fase da vida em que não discutias...
Ela - Contigo abro uma excepção.

P.S.: Olha a Dialéctica no WFC...

5.27.2015

pensamentos catatónicos (322)

A sós

O problema dos homens sós não é apenas a solidão. É o Amor estar em todo o lado menos neles. Os homens sós estão para o Amor assim como um ateu está para Deus. Sabem que ele existe mas não lhe conseguem tocar. Assim como os ateus dizem "Meu Deus!" sem acreditarem que podem chegar a Deus, os homens sós dizem "foda-se" sem acreditarem que podem chegar ao Amor. Vai dar ao mesmo. É um desabafo.
O problema das mulheres sós não é apenas a solidão. É o Amor não estar em lado nenhum a não ser nelas. As mulheres sós estão para o Amor assim como Deus está para os ateus. Sabe que eles existem mas não obtém nada deles. Assim como Deus não lhes diz nada, as mulheres sós também nada dizem. Vai dar ao mesmo. É o silêncio.
E eu, que ateu me confesso, homem só me sinto.


P.S.: Out Of Love. Podem ir sós

5.26.2015

conversa 2124

(numa esplanada)

Eu - Às vezes cansam-me as alterações de humor femininas.
Ela - Não são assim tantas...
Eu - Eu acho que são. É verdade que têm uma explicação hormonal, mas são...
Ela - São o tanas, pá!  Explicação hormonal o tanas, pá! Pareces parvo!
Eu - Não te zangues.
Ela - Como é que não me hei-de zangar?! Não digas parvoíces...
Eu - Okay, eu calo-me. Não abro mais a boca a não ser para beber do meu vinho
Ela - Ah! ah!
Eu - Agora estás a rir...
Ela - Claro. Com essa conversa de bêbado...
Eu - É conversa dum gajo que bebe para esquecer que está a ter esta conversa.
Ela - Também não me ponhas assim triste. Agora não queres falar comigo?!
Eu - Estás a ver? Já estiveste zangada, a rir e agora estás triste. Tudo em dois minutos.
Ela - É melhor calares-te, antes que eu me chateie a sério.


P.S.: Preparem-se para as alterações de humor no WFC, em Lisboa...

respostas a perguntas inexistentes (308)

O Dia Seguinte

Há uma altura em que deixamos de gostar do nosso aniversário. É a mesma altura em que quando dizemos a nossa idade a alguém que acabámos de conhecer, queremos sempre ouvir a banalidade de que parecemos mais novos. As banalidades são boas e vêm sempre acompanhadas do dia seguinte, que é o melhor de todos. O dia seguinte é aquele em que não fazemos anos e ainda falta um ano inteiro para os fazer de novo. O tempo torna-se uma expectativa tão grande e despreocupada como quando somos novos.
Aos quarenta, já aprendemos que o dia seguinte se torna sempre o mais importante. Até no Amor. Quando um homem se apaixona por uma mulher e a leva para a cama (digo isto tendo a consciência que é sempre ela que o leva para a cama a ele), não é esse o momento mais ansiado, mas sim o dia seguinte. O dia seguinte é aquele em que o sexo já está consumado e todas as conversas se libertaram do jogo do engate. 
Quando a coisa corre muito bem, talvez ela até se levante antes dele e passeie nua pelo quarto como se a sua nudez fosse habitual. Só aí, um homem sorri por dentro sem sorrir por fora.
O dia seguinte é o verdadeiro dia das apresentações. Os corpos já se conhecem, por isso só falta o resto. E isto acontece mesmo quando ambos já saíam há anos, porque a nudez é sempre uma novidade.
Quando um Amor termina, o que acaba com ele não são as expectativas da primeira noite, mas sim a promessa criada no dia seguinte. Foi nesse dia que nos mostrámos tal como queremos ser  o resto da vida: apaixonados. Cada grito, cada ofensa, cada mal estar ou zanga que surja no futuro vem desmentir tudo aquilo a que nos propusemos no dia seguinte.
A primeira noite é apenas um beijo. O dia seguinte é tudo. Às vezes nada.


5.24.2015

pensamentos catatónicos (321)

Quando estamos sozinhos dizemos que a vida é uma merda, quando vivemos um Amor dizemos que estamos a viver uma história bonita. É o nosso subconsciente a pensá-lo, na verdade. Todos sabemos que, lá no fundo, a solidão é a realidade e o Amor é a ficção. A grande virtude do Amor é essa: tornar-nos, a todos nós, autores e intérpretes duma história qualquer.
Saímos dessa história e caímos na realidade quando temos uma chatice no Amor. Quando somos maltratados, por exemplo. É por isso que usamos o verbo cair. A realidade é sempre uma queda e só nos tornamos a pôr de pé quando nos apaixonamos de novo.
As pessoas que sofreram muito numa história de Amor, às vezes desistem dele. Passam a considerar a solidão o maior dos bens, mesmo que seja triste, e optam por viver sempre sós. Podem escrever um pequeno conto de vez em quando, mas desistem de escrever grandes romances.
É uma pena que isso aconteça, perdermos a noção de que somos nós que escrevemos a nossa história de Amor. Até porque perdemos também a noção de que é melhor uma intensa verosimilhança do que uma frágil verdade.
Viva o Amor verosímil! Abaixo a realista solidão!




P.S.: Já foram ao site Out Of Love - WORLD FAILURISTS CONGRESS?

5.21.2015

pensamentos catatónicos (320)

Os homens adormecem primeiro depois do sexo.
É que para os homens, o Amor é uma balança continuamente desequilibrada. Se às vezes se equilibra por alguns momentos, é por causa do sexo. A caminha, a lambidela e o "toma lá disto" são o verdadeiro Amor ao quilo. Um quilo de um lado, outro quilo do outro e ficamos todos felizes. Até ela sair da cama, pelo menos.
Não existem casos de Amor justos. Talvez por isso se diga que a Justiça é cega. É que é mesmo cega. Ceguinha de todo. O mais pequeno pormenor e nós, os homens, sentimos que Amamos mais do que somos Amados. É uma merda ser homem. Ela atende o telefone de um call center qualquer e o mundo deixa de ser como era. Temos ciúmes, ficamos inseguros e choramos por dentro. Enfim, sofremos porque os quilos estão todos no mesmo prato. Mas quem será que estava do outro lado da linha?
Ainda por cima não é suposto um homem chorar. Fingimo-nos fortes e não há melhor maneira de enfraquecer do que o fingimento da força. É assim o Amor.
Depois vem o sexo provar que o call center era mesmo um call center. Não era um amante mais giro. mais forte e com uma pila maior. Fodemos, beijamos e fazemos juras de Amor eterno, mesmo sabendo que a eternidade é a única mentira maior do que o próprio Amor. Tudo se equilibra no Universo. As estrelas, os planetas e até os quilos na balança.
As mulheres  deixaram que o homem parecesse o sexo forte para o enfraquecer ainda mais. É por isso que no fim do sexo elas ligam a tv e eles adormecem. É o descanso do herói.

5.20.2015

conversa 2123

Eu - Estás mesmo bonita, hoje.
Ela - Detesto que me digam isso.
Eu - Porquê?!
Ela - Porque a beleza é supérflua, é por isso. Prefiro que gostem de mim pelo que eu sou.
Eu - Pronto... não és bonita mas és adorável, então.
Ela - Vê lá se levas duas chapadas.


P.S. O congresso do ano está aí à porta! WFC

5.19.2015

A Guerra dos Tronos

Defendo a ideia de que todos os homens deviam ter um sofá só para eles, como antigamente. De preferência um monolugar grande e robusto, parecido com o trono de um rei, onde as crianças até podem dar uma cambalhota quando ele não está, mas a mulher nem pensar.
Todos ganham com esse sofá. O homem, que pode ser Rei em casa mesmo quando é humilhado todos os dias no trabalho; a mulher, que ganha o estatuto de conselheira familiar por uns momentos; a criança, que pode dar umas cambalhotas de vez em quando.
O sofá monolugar sempre foi um elemento essencial na estrutura familiar portuguesa. Era com esse sofá que parecia que tudo estava bem, mesmo quando tudo estava mal. Era o Poder do Trono. O homem sentava-se nele a ler o jornal e ganhava imediatamente o estatuto que não tinha em mais lugar nenhum, nem sequer no café da frente entre os bêbados diários (cada um deles também teria o seu sofá em casa).
Com o fim do sofá, as famílias desagregaram-se porque a peça principal da estrutura ruiu. As mulheres começaram a partir do princípio que também tinham o direito à felicidade e, pior, a decidir o seu próprio destino. Aumentou o número de separações, divórcios e discussões caseiras.
O Ikea tem parte da culpa, porque os seus sofás são todos iguais. Falta-lhe o sofá monolugar tipo trono, com uma almofada enorme, pesados pés de madeira e um tecido grosso e difícil para ela limpar.
Na boa época do sofá, um homem decidia que estava apaixonado e queria ficar com aquela mulher para toda a vida, sempre antes do primeiro sexo. Assim mesmo, com o verbo "ficar", não pelo seu significado de posse, mas sim pelo seu aspecto mais conservador. Ficar significa permanecer ou deter-se. O sofá era a garantia desse conservadorismo e o conservadorismo sempre seguiu um modelo masculino.
O fim do sofá como lugar de Poder é uma responsabilidade feminina, no exacto momento em que as mulheres decidiram que o homem não tinha o direito de decidir ficar (lá está o verbo de novo) com elas. A subversão da coisa é que deixou de ser o trono do Rei para passar a ser um lugar de queca. Foi o fim da monarquia lá de casa.
Ainda assim, todos os homens deviam ter um sofá como antigamente.

as pessoas que falam demais e as pessoas que falam de menos

Existem pessoas que falam demais e contam tudo a toda gente sobre tudo e sobre todos. Existem outras que falam de menos e se refugiam constantemente no silêncio para se manterem, a si e aos seus, na privacidade absoluta.
As pessoas que falam demais sabem que falam demais, mas acreditam que as pessoas a quem contam tudo não lhes vão fazer a desfeita de as desmascarar. Acreditam, acima de tudo, que falam demais a pessoas que falam de menos.
As pessoas que falam de menos fazem-no porque põem sempre a hipótese de estarem a falar com quem fala demais. É melhor não contar nada a este tipo porque ele vai contar tudo a toda a gente, pensam.
As pessoas que falam demais são boas, porque acreditam no outro. As pessoas que falam de menos são umas desconfiadas, apesar de desconfiarem de pessoas boas que confiam nelas.

wfc 2015 

5.16.2015

conversa 2122

Ela - Está tudo bem?
Eu - Sim... tirando não ter dinheiro para mandar cantar um cego, está tudo bem.
Ela - O Stevie Wonder, por exemplo.
Eu - O quê?!
Ela -O Stevie Wonder é cego e não tens dinheiro para o mandar cantar. Deve ser caríssimo...
Eu - Onde é que queres chegar com isso?
Ela - A lado nenhum...
Eu - Pareces chateada...
Ela - E estou... mas não é contigo.
Eu - Então?!
Ela - O meu marido entrou hoje na casa de banho quando eu lá estava...
Eu - E qual é o problema?
Ela - O problema é que eu sou casada com ele e a retrete é o único lugar onde uma pessoa casada consegue ter alguma privacidade. Até à retrete ele já chegou. Percebes o que eu estou a dizer?
Eu - Mais ou menos... qual é a relação com o Stevie Wonder?
Ela - Mandei-o sair da casa de banho e ele veio com a mesma conversa de que não temos dinheiro para mandar cantar um cego, por isso temos que partilhar a casa de banho quando for preciso. Não temos dinheiro para uma casa maior. O Stevie Wonder foi a resposta que eu lhe dei...
Eu - E ele?
Ela - Começou a cantar o "I Just Called To Say  I Love You".
Eu - E tu?
Ela - Saí de casa um bocado enraivecida e depois de discutir com ele...
Eu - Ele está bem?
Ela - Está. Não te preocupes, não o matei.


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5.14.2015

bullying

Tenho uma revelação a fazer ao mundo: quando era criança fiz bullying com outros. Fui violento, física e verbalmente, com colegas meus da escola. Tenho ainda outra revelação a fazer: quando era criança fui vítima de bullying. Alguns colegas meus agrediram-me, física e verbalmente, sem que houvesse motivo para tal.
Estou a caminho dos quarenta e quatro anos e olho para a minha experiência como algo que contribuiu para a minha formação e o meu crescimento. Foi através, também dessa violência, que me tornei naquilo que sou. Entre outras coisas, um pacifista.
Não, não estou a dizer que devemos aceitar o bullying como se fosse uma coisa normal, deixando os putos agredirem-se mutuamente como se fossem animais numa jaula. Devemos, todos nós estar lá, presentes. Até porque, adivinhem, nós também fazemos parte da formação e do crescimento desses putos.
Da minha professora, de quem tenho saudades, levei uma chapada ou duas, mas não foi isso que me fez parar (bem, houve uma reguada que ajudou bastante). Foi a vida toda e o facto de ter crescido. Recuso-me a esta visão simplista e maniqueísta da violência dividir bons e maus. Isso é falso.
A revelação final que vos tenho a fazer, e que eu pensava que Darwin já tinha feito antes de mim, é que Adão e Eva nunca existiram. Nós vimos mesmo de um antepassado em que a agressão foi uma forma de organização social (hoje ainda é). Está escrito nos nossos genes, nos lóbulos frontais e temporais e também numa ou outra hormona.
A boa notícia é que se passa exactamente o mesmo com o Amor, que também é algo em que se evolui. Na verdade, se me lembro hoje de ter chorado e rido intensivamente muitas vezes, foi sempre por causa do Amor e não dos murros que dei ou levei. Esses foram apagados pelos abraços de quem me Amou e nunca me condenou a ser uma pessoa má.

5.13.2015

diz que disse (1)

Os homens irritam-me um bocado por se comportarem como mulheres. São falsos, dizem mal uns dos outros pelas costas e não podem ficar sozinhos nem um bocadinho. Queixam-se logo.
Já as mulheres são muito melhores. Mais directas e independentes. Até parecem homens.


o wfc.pt está quase!

5.12.2015

coisas que fascinam (176)

Gostar de não gostar

Na pessoa que Amamos, há sempre aquilo de que gostamos mais e aquilo de que gostamos menos, ou melhor, de que até não gostamos nadinha. É inevitável. Nós também temos sempre algumas características de que os outros não gostam, mesmo quando gostam de nós. O Amor dá-se quando passamos a gostar de não gostar. É simples, não é?
É simples e difícil. Simples porque é aquilo que todos nós somos, difícil porque passa por não desejarmos que o outro mude. Eu gosto assim do meu Amor, tal como está, e não lhe mudava nadinha. Nem sequer mudava as coisas de que não gosto.
Não gostar de alguma coisa na pessoa que Amamos dá ao Amor um gosto muito maior. Mais intenso, digamos, até porque o Amor sem um ou outro desgosto é a coisa mais deslavada que pode haver. É arroz sem sal. Discorde quem quiser, mas quem nunca fez Amor depois de um quid pro quo ainda não sabe o que é fazer Amor.
Aquilo de que não gostamos no nosso Amor nunca pode ser um factor de acusação. Pode apenas ser um pequeno ponto de discórdia, partida para uma concordância maior. Pelo menos enquanto gostamos dele. É esse um dos aspectos mágicos do Amor: ficarmos bêbados de alegria por não gostarmos do outro.

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5.11.2015

pensamentos catatónicos (319)

O Amor e a solidão são campos estranhamente opostos. Estranhamente, digo, eu, porque a solidão engloba mais pessoas do que o Amor, mas mesmo assim não deixa de ser solidão.
Amar e ser Amado por uma só pessoa acaba de forma determinante com a solidão, mesmo que não se tenha amigos. Por outro lado, quando não se Ama, um mundo inteiro de amigos pode não chegar para acabar com a solidão. O Amor é mais eficaz do que a amizade na luta contra a solidão.
Quando um Amor começa a correr mal, o nosso primeiro pensamento é o de que temos que nos habituar a estar sozinhos, que é o mesmo que pensar que temos que nos habituar a estar só com os nossos amigos. A amizade é muito importante nesse sentido: não termina com a solidão, mas mantém-nos vivos nela. Às vezes, por alguns momentos, até se transforma em Amor, mesmo que só para disfarçar.
A metamorfose da amizade num acto de Amor dá-se quando duas pessoas são amigas e se sentem sós, ou porque não vivem um Amor ou porque aquele que vivem está a correr mal. Ao contrário da amizade, sempre que existe solidão no Amor, então ele está a correr mal.

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5.07.2015

respostas a perguntas inexistentes (307)

As mulheres não sabem nada de Amor

Em todas as disciplinas da vida vamos aprendendo alguma coisa com o tempo que passa. Aprendemos a cozinhar, a ler e a escrever. Aprendemos a atravessar as ruas, a fazer aviões de papel, a procurar emprego ou a descodificar o código genético humano. Aprendemos, melhor ou pior, tudo aquilo que precisamos. O Amor é a única disciplina em que precisamos de desaprender, talvez por ser, de facto, uma indisciplina. Foi o que eu aprendi nesta vida: a desaprender o Amor. Quem mo ensinou foi uma mulher.
Há uma razão simples para o que eu estou a dizer: tudo o que se ensina explica-se e o  Amor morre no exacto momento em que precisa de explicação. "Eu estou com ele porque, apesar de tudo, é bom companheiro e até ajuda em casa", "eu estou com ela porque acho que o casamento deve ser para a vida", "eu estou com ela porque é fiel". Na vida, ensinam-nos sempre que o Amor é ter deixado de Amar. Desaprendamos isso, por favor.
Se todos desaprendêssemos o Amor, Amar tornava-se mais fácil. Menos frágil, mais seguro, mais Ele mesmo. Estou a escrever este texto num momento em que tenho uma enorme pedra na alma porque estou com saudades do meu Amor, aquele que eu não faço a mínima ideia por que motivo Amo. Nem quero fazer, aliás.
Quem me ofereceu esta oportunidade de desaprender totalmente a Amar foi uma mulher, no momento exacto em que me disse que nós já nos Amávamos. Nesse dia tentei explicar-lhe que sim, que nos Amávamos. Eu era o homem que sabia tudo sobre o Amor, ela era a mulher que não sabia nada. Ainda bem. Agradeço-lhe.


5.06.2015

conversa 2121

Sempre tive mulheres como amigas. Ter uma mulher como amiga é diferente de ter um homem como amigo. É mais exigente, quero eu dizer. Primeiro porque a confusão entre o que é, ou não, amizade se pode tornar um terreno pantanoso; segundo porque as mulheres têm a mania de não se enganarem a si mesmas.
Para se ser amigo de um homem são precisas duas coisas: gostar de cerveja e conseguir ver um jogo de futebol no café. Para se ser amigo de uma mulher são precisas mil e quinhentas coisas, entre elas muito tempo e uma confiança nunca quebrada. A cerveja e o jogo de futebol também podem existir, mas mais lá para o fim da lista.
Foi com as mulheres que eu aprendi o que é a Amizade, aquela que vai para lá da divisão de um prato de tremoços enquanto se comemora um golo do Sporting. Tudo porque as mulheres sabem fazer a distinção entre esses tremoços e ir para as cambalhotas na cama. Os homens não sabem. Eu, pelo menos, sempre tive dificuldade.

- Queres dormir comigo? - perguntei.
- Porquê?!
- Talvez eu queira ser mais do que teu amigo! - atirei como se fosse a última carta num jogo de póquer.
- Nunca vais conseguir ser mais do que meu amigo.
- Porquê?
- Porque isso não existe. Se fores para a cama comigo, passas a ser menos do que meu amigo.

Continuei a comer tremoços.

5.04.2015

respostas a perguntas inexistentes (306)

O Segredo Duma Vida Estúpida

As mulheres têm um segredo. Sabem que a vida é uma coisa estúpida, só não o dizem a ninguém. Se as mulheres dissessem aos homens que a vida é estúpida, os homens iam tomar isso como uma ofensa, porque no seu brilhante egoísmo pensariam, não na vida, mas sim na vidinha. A deles.
O segredo delas é maior. Sabem que a vida tem o lado biológico da reprodução da espécie e que ninguém consegue perceber muito bem porquê. Sabem que só existimos quando calha termos um corpo e que, quando o temos, não sabemos muito bem o que fazer com ele. O Amor é uma excepção à estupidez. É esse o segredo delas, Todas o têm, mesmo quando não sabem que sabem isto.
Uma mulher fica desiludida quando é enganada no Amor, um homem fica fodido. São coisas totalmente diferentes. A mulher passa a depositar esperança num hipotético Amor futuro, um homem faz o balanço dos despojos.

- Pelo menos dei umas quecas! - pensa.

Ser enganado no Amor, para quem tiver dúvidas, não é o mesmo que aquilo que se costuma chamar traição ou, para os mais terra à terra, ser encornado. Ser enganado no Amor é pensar que se é Amado quando, de facto, não se é. Em todos nós há enganos de Amor de uma vidinha inteira e enganos de cinco minutos.
Os enganos de cinco minutos são mais femininos, os enganos de uma vidinha são mais masculinos. Isto quer dizer que a mulher pode deixar de Amar um homem durante cinco minutos e aguentar a coisa, um homem pode não Amar uma vida inteira e aguentar na mesma essa coisa. Lá está, pelo menos deu umas quecas. A coisa é o casamento.
Quando um homem descobre que não é Amado durante cinco minutos, explode. Lá está, fica fodido. Quando uma mulher descobre que não é Amada uma vida inteira, vai-se embora. Lá está, sabe que o Amor é o segredo duma vida estúpida. Não faz fretes.



O próximo WFC é sobre desmistificar o Amor e a forma como o pensamos e vivemos. Vão estando atentos...