3.30.2010

conversa 1471

Ela - Tens horas?
Eu - Não.
Ela - Não tens horas?
Eu - Não. Não uso relógio e esqueci-me do telemóvel no carro.
Ela - Só mesmo um homem é que pode andar sem horas.
Eu - Tu tens horas?
Ela - Se eu tivesse não te tinha perguntado.
Eu - Ah! Então também há mulheres que andam sem horas.
Ela - Eu estou sem horas mas não POOOOSSO estar sem horas. Tenho muito que fazer e fico nervosa. Tu andas sem horas e POOOODES estar sem horas que para ti é a mesma coisa. Foi o que que quis dizer.
Eu - Ah! Ok... portanto uma mulher sem horas fica nervosa e um homem sem horas continua calmo.
Ela - Vai-te lixar. Bem, vou embora que estou atrasada. Tchau!
Eu - Como é que sabes que estás atrasada se não tens horas?
Ela (afastando-se) - Tchau, tchau, tchau...

conversa 1470

(no café, com ela a ler o jornal)

Ela - Actualmente é só notícias de violadores. Foi um em Telheiras, agora é outro em Chaves...
Eu - Sim, já li isso.
Ela - São sempre homens, os violadores. Já reparaste?
Eu - Não são sempre, são quase sempre. Já houve casos de crimes sexuais cometidos por mulheres.
Ela - Sim... mas é raro.
Eu - É!
Ela - Imagina um mundo onde as mulheres andassem sempre a violar homens.
Eu (silêncio)
Ela - Escusas de fazer essa cara de satisfeito.
Eu - Desculpa, foi um lapsus facial.

pensamento catatónicos (200)

Hoje de manhã percebi, em conversa com um amigo, que a insegurança numa relação pode ter efeitos catastróficos. Quem é mais inseguro acha sempre que é o elo mais fraco da relação e vai ganhando cada vez mais desconfiança no que toca à reciprocidade do seu amor.
Por exemplo, ele disponibilizou-se para fazer quarenta quilómetros para ir tomar café com a namorada depois do almoço, num pequeno intervalo no horário de trabalho. Como ela lhe respondeu que não valia a pena percorrer essa distância só para tomarem café juntos, ele sentiu-me menos amado.
Acho que isto às vezes é mais uma questão de personalidade do que gostar mais ou menos do outro. Acho...

3.27.2010

conversa 1469

(no café)

Eu (para o empregado) - Duas cervejas, uma delas preta, por favor.
Ela - Para quem é a preta e para quem é a loira?
Eu - A preta é para mim, a loira é para ti.
Ela - E quem te deu o direito de decidir por mim o tipo de cerveja que eu quero beber?
Eu - Lá fora disseste que querias uma cerveja. Normalmente, quando não se especifica é porque se quer uma loira.
Ela - Ao menos perguntavas-me.
Eu - Mas pensei mesmo que querias uma loira...
Ele (o empregado) - Querem dez minutos para decidir?
Ela - Não é preciso. São duas cervejas, uma delas preta.
Eu - Mas... mas...
Ela - A preta é para ti, a loira para mim. Só não admito que escolhas por mim.

3.26.2010

conversa 1468

Ela - Prometes que não te ris do que te vou contar?
Eu - Prometo...
Ela - Rasguei várias embalagens num supermercado para ficar com as provas de compra e poder concorrer a um concurso.
Eu (risos)
Ela - Prometeste que não te rias.
Eu - Desculpa. Conseguiste surpreender-me.
Ela - Não sei se isso é bom.

3.25.2010

respostas a perguntas inexistentes (77)

Há um beijo que não é como os outros beijos. É o beijo da despedida. Pode ser dado logo de manhã ao sair de casa, pode ser numa estação de comboios antes das portas da carruagem se fecharem. Pode ser num sítio qualquer, desde que se saiba que não se vai ver a pessoa de quem se gosta durante grande parte do dia. Esse é o beijo em que queremos ficar com um bocadinho do sabor de quem amamos, e talvez seja por isso que é o beijo que normalmente se prolonga durante mais algum tempo.
Com as devidas excepções, acho que podemos ver se uma relação entre duas pessoas está cansada ou não pela duração desse beijo de despedida. É que quando um beijo matinal não dura mais do que meio segundo, por exemplo, é porque já não se quer levar o sabor do outro para ajudar a enfrentar o dia-a-dia.

conversa 1467

Ela - Só há uma coisa que me faz pôr um potencial namorado logo de lado.
Eu - O que é?
Ela - Não quero nenhum homem que seja filho único.
Eu - Porquê?
Ela - Os homens que são filhos únicos são todos uns mimados insuportáveis. Eu vivi com um, sei muito bem o que estou a dizer.

conversa 1466

Ela - Ando com problemas sexuais.
Eu - Andas?
Ela - Sim.
Eu - Mas graves?
Ela - Gravíssimos.
Eu - Então?
Ela - Fingi tantas vezes que estava a gostar de ter sexo com o meu ex-marido, que agora às vezes já nem sei se estou a gostar ou se estou a fingir.

3.24.2010

conversa 1465

Ela - Detesto homens que me façam sentir insegura. Já acabei uma relação por causa disso...
Eu - A sério?
Ela - Sim, tive um namorado que estava sempre a fazer-me ciúmes com as amigas dele e acabei por não suportar isso.
Eu - Mas não era o último, pois não? Eu conheci-o e sinceramente gostei dele...
Ela - Não. Esse foi o contrário: fez-me sentir segurança a mais. No fundo ele é que era inseguro. Também não suportei isso.

três quê?

Esta publicidade não chegou ao público, já que a ideia foi rejeitada pela marca. Estou a falar da Bacardi no Canadá, a quem um publicitário qualquer fez a proposta de tentar convencer o público que os seus produtos destilados são melhores que cerveja (better than beer). Não consigo, e não consigo mesmo, perceber como é que uma mulher com três mamas pode convencer alguém que qualquer coisa é melhor que cerveja. Eu, pelo menos, se depois de beber Barcardi começasse a ver mulheres com três mamas, nunca mais bebia daquilo. Aliás, nunca mais bebia. Só água...

pensamentos catatónicos (199)

Hoje vi um acidente na auto-estrada. Nada de grave, ninguém morreu. Reparei que dois dos carros envolvidos iam um atrás do outro, e o que ia atrás fazia todos os possíveis para não aumentar muito a distância do da frente para que nenhum veículo se metesse entre eles. Provavelmente eram só amigos a fazer uma viagem qualquer e nesse esforço por se manterem próximos acabaram por bater.
Acho que já vi isto acontecer também entre pessoas. Às vezes duas que se amam, fazem um esforço tão grande por se manterem próximas, sem deixar ninguém passar no meio delas, que acabam por bater uma na outra. Nada de grave, ninguém morre.

3.23.2010

coisas que fascinam (99)

Acho que há uma relação directa entre os sabores e o nosso estado emocional. Por exemplo, só sinto a espuma do café quando estou apaixonado. O mesmo acontece com os orégãos na pizza, o caramelo no pudim ou o vinho do Porto na salada de frutas. Não é que não perceba a sua presença sempre mas, de facto, umas vezes sabem-me melhor do que outras.
Também acho que algumas mulheres são doces. São doces no sexo, nos aconchegos e no ar que nos envolve. É mais ou menos o mesmo: é como se a vida fosse um prato principal e precisasse desse mágico toque por cima. Assim como o café precisa da espuma...

conversa 1464

Ela - Será pedir muito que um marido não seja também um filho?
Eu - O quê?
Ela - Aturar o meu marido é o mesmo que aturar uma criança, às vezes.
Eu - Porquê?
Ela - Acreditas que no último sábado me telefonou às seis da manhã para ir buscá-lo à discoteca?
Eu - E tu foste?
Ela - fui... com má cara mas fui.
Eu - Bem... se ele é uma espécie de filho mimado, tu és uma espécie de mãe galinha.
Ela - Não te perguntei nada.

conversa 1463

Ela - Estou sem vontade de ir para casa. Podias convidar-me para jantar hoje em tua casa.
Eu - Porque é que estás sem vontade de ir para casa?
Ela - Em casa tenho um monte de roupa para passar, outro monte para pôr a secar, uma casa de banho para limpar, duas carpetes para aspirar e a louça quase toda por lavar.
Eu - Ei... isso está mau. Queres ajuda?
Ela - Não, obrigada.
Eu - Estou a falar a sério...
Ela - Eu sei... mas é que tenho que ser eu a fazer essas coisas em minha casa. Se tu passares a minha roupa a ferro vou achar que está mal passada, se a puseres a secar vou achar que está mal pendurada, se limpares a casa de banho vou achar que ainda está suja, se me lavares a louça vou achar que gastas muita água...
Eu - Pronto, o problema é teu.
Ela - Mas as carpetes podes aspirar, por acaso.

3.22.2010

conversa 1462

Ela - Se o meu marido te perguntar se eu te convidei para ir ao Brasil, diz que sim. Está bem?
Eu - Mas... porquê?
Ela - Porque nós tínhamos combinado ir ao Brasil no próximo Verão e ele desistiu. De repente ficou sem vontade, não sei porquê...
Eu - E o que é que eu tenho a ver com isso?
Ela - É que eu disse-lhe que não fazia mal porque já tinha falado contigo e tu estavas disponível para ir comigo. Ele voltou logo atrás e agora já quer ir outra vez....
Eu - Mas eu nunca te disse que queria ir ao Brasil contigo...
Ela - Por isso é que te estou a avisar.

conversa 1461

Ela - Hoje de manhã passei três vezes no mesmo semáforo e um gajo deu-me também três vezes um jornal daqueles gratuitos...
Eu - Foi ali na Avenida Lourenço Peixinho?
Ela - Foi.
Eu - É normal. Também já me aconteceu...
Ela - É normal uma ova. Que ele não tenha reparado em ti é uma coisa, agora que não repare em mim... chateia-me.
Eu (risos) - Não te preocupes. Passam por ele centenas de condutores, se é que não são milhares.
Ela - Mas à segunda ainda é como o outro. Aceito... mas a terceira vez foi logo a seguir à segunda e mesmo assim ele deu-me o jornal.
Eu - Não me digas que passaste lá à terceira vez de propósito só para ver se ele tinha reparado ou não em ti.
Ela - Pois... mais ou menos.

3.21.2010

conversa 1460

(no café)

Ela - Às vezes acho que a falta de sexo é uma das causas de violência urbana.
Eu - Achas?
Ela - Sim. Tenho quase a certeza.
Eu - Porque é que dizes isso?
Ela - Estou com vontade de bater em alguém.

respostas a perguntas inexistentes (76)

Um destes dias Lisboa atirou-me para dentro dum táxi qualquer. Fiz-lhe sinal enquanto dizia adeus a um amor antigo e ele abrandou para eu entrar. Gare do Oriente, pedi-lhe eu na esperança que o percurso fosse feito em silêncio para eu poder estruturar o dia que tinha tido. É que há dias assim, que se enrodilham como um novelo de lã e nos obrigam a desfiá-los num processo mais ou menos doloroso. Mas um taxista raramente conduz em silêncio e, depois de me emoldurar atentamente no espelho retrovisor, perguntou-me se eu sabia onde estava sentado. Que sim, respondi suspirando enquanto o novelo de lã se embrulhava de novo. Que estava num táxi, insisti.
Já dei a mão a Lisboa. Aliás, já a apalpei e já a beijei. Amei-a e ela amou-me, fodi-a e ela fodeu-me, segredei-lhe e ela segredou-me. Depois fui embora, deixando-a à espera numa janela qualquer, e nunca mais voltei. Descobri então que os amores não podem acabar sem palavras, senão são como um livro que acabámos de ler mas não conseguimos arrumar na prateleira. Era isso que eu tinha ido lá fazer: conversar com Lisboa.
Amália, disse o taxista. Depois, como que insultado pelo meu silêncio, repetiu: "A Amália já esteve sentada precisamente nesse sítio" e perguntou-me se a conhecia. A Amália Rodrigues? Que sim. Tentei fotografar o espaço com a memória: as cores dos tecidos, as costuras dos bancos e o auto-rádio antigo. Para aquele homem o seu Mercedes Benz era, antes de qualquer outra coisa, uma lembrança de Amália. Pois para mim Lisboa seria o mesmo, uma lembrança dela. Depois saí na Gare oriente, deixando o novelo num caixote de lixo qualquer.

3.20.2010

conversa 1459

Ela - Estás com o cabelo todo no ar.
Eu - Adormeci no sofá. Quando acordei faltavam dez minutos para para a hora que tinha marcado contigo. Saí de casa a correr...
Ela - E não tiveste tempo de te ver ao espelho?
Eu - Não. Para ser mais rápido desci pelas escadas. Nem no espelho do elevador me vi.
Ela - Pronto... vir ter comigo sem sequer te teres visto ao espelho é um bocado desprezo.
Eu - Não é nada desprezo. Convidaste-me para almoçar e eu não queria chegar atrasado.
Ela - Mais valia chegares atrasado um bocadinho mas penteado.

3.18.2010

conversa 1458

Eu - Precisava da tua ajuda lá em casa.
Ela - O que é que se passa?
Eu - As minhas plantas morrem todas... e tu percebes de plantas que eu sei.
Ela - Sim, percebo, mas no teu caso acho que o melhor que tens a fazer é simplesmente não ter plantas.
Eu - Porquê?
Ela - As plantas tratam-se de forma diferente. Algumas regam-se menos vezes, outras mais vezes. Depende, percebes? No fundo são como nós, as mulheres...
Eu - E o que é que isso tem?
Ela - O que isso tem é que os homem tratam as mulheres sempre da mesma maneira.
Eu - Pronto, lá vem essa conversa. Só te estava a pedir para ires lá a casa aconselhar-me...
Ela - E eu até vou, mas lembra-te que a uma planta tens que fazer as vontadinhas todas, senão não vale a pena ter uma...
Eu - Nisso também são como as mulheres.
Ela - Pois, um bocado.

conversa 1457

Ela - Gostas mais do campo ou do mar?
Eu - Gosto das duas coisas.
Ela - Mas gostas mais de qual?
Eu - De nenhuma. Gosto das duas por igual.
Ela - Tens que gostar mais duma. Ninguém gosta igualmente do mar e do campo.
Eu - Eu gosto.
Ela - Não acredito.
Eu - Porque é que raio não posso gostar tanto do campo como do mar, ou do mar como do campo?
Ela - Porque isso é uma indefinição.
Eu - Não é nada. É uma definição. Está definido que gosto tanto duma coisa como da outra.
Ela - Muito bem, senhor equilbradinho.
Eu - Equilibradinho? Mas que raio...
Ela - Era só para saber onde é que te levo a almoçar este fim de semana. Se à praia ou se ao campo...
Eu - Ah! Nesse caso gosto mais da praia.
Ela - Pronto, era só isso. Vês como é fácil?

respostas a perguntas inexistentes (75)

os homens mordem, as mulheres mordiscam

Os homens mordem, as mulheres mordiscam. Tenho este pensamento enquanto a vejo retirar com os dentes pequenas porções dum pastel carne. Eu já acabei o meu há muito tempo, apenas com três ou quatro dentadas. Acho que no sexo também é assim. Não sempre, claro. Às vezes é. Os galões, o meu e o dela, ainda estão à espera do primeiro gole.
Os homens mordem, as mulheres mordiscam. Tenho este pensamento enquanto percorro o passado recente. Acho que já a mordi e que ela já me mordiscou. Os beijos, o meu e o dela, ainda estão à espera do primeiro toque.
Alteram-se as regras da Física. Acho que ela me mordiscou com mais intensidade do que eu a mordi. Além disso apetece-me dançar ao som do seu silêncio enquanto lancha. Já o faço, apesar de estar quieto numa cadeira desconfortável a olhar para ela. É que ela também está quieta, e a sua quietude expõe tudo o que eu gosto nela. E eu gosto de tudo nela. É tão bonita.
Alteram-se as regras da Química. O amor é uma palermice de que se gosta. De que se ama. Não, de que se precisa. Por exemplo, ela é uma nuvem onde preciso de me deitar, ela é um ninho onde preciso de me aninhar, ela é uma ilha onde preciso de me perder. Tudo palermices, penso. Mas amo-a. Não, preciso dela.
E agora deixa no prato o resto da torrada. Não comeu aquela parte que tinha entre os dedos, talvez por uma estranha delicadeza para com as torradas. Limpa a manteiga que lhe povoa os lábios e olha-me. Na verdade não me olha. Acerta-me com os olhos dela, que é diferente. Diz-me que temos que beber os galões. Pois temos, penso enquanto dá o primeiro gole. É tão delicada. Também temos que nos beijar, penso outra vez. Os lábios dela atingem o leite provocando pequenas ondas rítmicas no copo. No copo e em mim. Altera-se a Física, altera-se a Química. Menos uma coisa: os homens mordem, as mulheres mordiscam.

3.17.2010

conversa 1456

Ela - Diz-me que sou boa.
Eu - Digo-te o quê?
Ela - Que eu sou boa.
Eu - És boa.
Ela - Obrigada. Era só para ver o que sentia...

o mês do sexo anal

cartaz de 1951

O "Mês do Sexo Anal"" foi criado em 1927 no Estados Unidos da América pela associação sem fins lucrativos Colon Brotherhood (fraternidade do cólon). Durante décadas, com cartazes e slogans variados, este mês celebrou-se um pouco por todo o país sempre com o patrocínio do Bung Balm, bálsamo lubrificante que o presidente Kennedy (1961-63) decidiu incluir no kit dos soldados americanos que partiam para a guerra do Vietname. A celeuma veio depois, quando Richard Nixon (1969-74) decidiu retirá-lo.
Pese as várias opiniões, incluindo a de movimentos feministas nos anos sessenta, que sempre existiram sobre o "Mês do Sexo Anal", acho que os cartazes são imperdíveis. Ah! e não se esqueçam que Fevereiro é o mês do Sexo Anal. Felizmente que já passou e eu não dei por nada...

cartaz de 1937

conversa 1455

Ela - De manhã apetece-me comer um pão mas não gosto nada de ir à pastelaria da frente comprar só um pão.
Eu - Porquê?
Ela - Não sei bem. Sempre que compro pão, compro pelo menos cinco. Não acho bem comprar só um.
Eu - Que esquisito... se só queres um, compras só um.
Ela - O que eu faço é comprar um pastel. Um pastel já acho bem comprar só um.
Eu - Não estarás tu a arranjar uma desculpa para comer um pastel todas as manhãs?
Ela - Pois... é isso que estou a tentar descobrir.
Eu - Também podes comprar cinco pães e congelá-los. Depois descongelas um por dia...
Ela - Que trabalheira.

conversa 1454

Ela - Nunca tenho a certeza se estou apaixonada ou não.
Eu - Como assim?
Ela - Às vezes sinto que gosto dum homem mas nunca sinto que estou completamente apaixonada por ele, percebes?
Eu - Ah!
Ela - Ah?
Eu - Sim... acho que isso é normal. Já não és miúda nenhuma. Só na adolescência é que nós sentimos essa paixão descontrolada. Em adultos começa-se normalmente por um aconchego e depois, com o tempo, é que se vê se a coisa funciona. Pelo menos é o que eu acho.
Ela - Achas mesmo?
Eu - Sim, acho. Na adolescência arranja-se um namorado ou namorada por impulso. Quando somos adultos a coisa é mais uma construção, percebes?
Ela - Sim, estou a ver. Caraças...
Eu - Caraças porquê?
Ela - Que trabalheira.

3.16.2010

pensamentos catatónicos (198)

Para ela a varanda era uma saliência da casa de onde conseguia ver o mundo. Para mim essa varanda era um palco onde ela às vezes aparecia. Acho que todos os homens, pelo menos uma vez na vida, já esperaram que uma mulher aparecesse numa varanda. Eu pelo menos esperei.
Quando ela apareceu zanguei-me com o mundo. As pessoas na rua continuavam a passar por mim, transformando lentamente oxigénio em dióxido de carbono. Os automóveis continuavam a apitar e acender as luzes dos travões quando o trânsito congestionava, e até as folhas das árvores continuavam a dançar no segredo do vento. Para o mundo o meu amor por ela era indiferente.

conversa 1453

Ela - O meu colega de escritório ganha menos do que eu mas tem na conta à ordem dele quase oito mil euros...
Eu - Como é que sabes?
Ela - Ele hoje pôs um talão do multibanco no caixote do lixo e eu por acaso fui lá ver.
Eu - Por acaso?
Ela - Sim... por acaso, quando ia pôr lá a embalagem do meu iogurte abri o talão e vi.
Eu - Ah!
Ela - Que cara de reprovação é essa?
Eu - Cara de reprovação, eu?
Ela - Sim.
Eu - Não é cara de reprovação... mas a sério que a mim nunca me daria para ir ver quanto é que ganhava um colega meu qualquer.
Ela - Isso é porque não tens um colega que te está sempre a atirar à cara tudo o que compra de novo, onde vai de férias, etc, etc, etc...

esta quer ser gorda...

Donna Simpson, uma mulher norte americana com 42 anos, quer ser gorda. Na verdade não quer apenas ser gorda, quer ser a mais gorda do mundo. Para isso consome cerca de 12000 calorias por dia, principalmente em alimentos ricos em gorduras, tipo hambúrgueres e batatas fritas. Pesa 273 quilos mas quer atingir os 450.
A sério que acho que a Donna é livre de fazer o que lhe apetecer, mas estava a ler isto há bocadinho e a lembrar-me que ontem fui ao cinema do Arrábida Shopping com uma amiga minha, magra, que esteve dez minutos a decidir se podia ou não comer um pastel de nata antes de ver o filme.
A relação entre as mulheres e a comida é (quase) sempre uma coisa calculada e sofrível, não é?

3.15.2010

conversa 1452

(no meu carro)

Ela - Tens um guarda-chuva tão giro.
Eu - Não é meu. Na verdade nem sequer sei de quem é. Alguém se esqueceu dele aí.
Ela - Mas é de senhora.
Eu - Sim, deve ter sido uma amiga qualquer.
Ela - Dás assim boleia a tantas mulheres que nem sequer sabes quem é que se esqueceu do guarda-chuva no teu próprio carro?
Eu - Simplesmente nunca vi o guarda-chuva. Não me lembro de ninguém ter entrado com ele no carro.
Ela - Mas se tivesses dado boleia só a uma mulher nos últimos tempos, sabias que tinha sido ela.
Eu - Onde é que queres chegar com essa conversa?
Ela - Estava só a conversar...

coisas que fascinam (98)

Ainda há uns dias falava com uma amiga minha sobre a capacidade que os brasileiros têm de ser felizes. Os indicadores sociais e económicos daquele país estão sempre abaixo da média mas a emanação de felicidade parece estar sempre acima.
É uma felicidade que eu comparo quase imediatamente àquela que vejo quando há passagens de ano, um golo num jogo de futebol ou uma festa de bairro qualquer. As pessoas ficam felizes por nada de especial e fazem questão de o demonstrar cenicamente. Chega a ser estranho, se pensarmos bem. Na verdade a nossa vida pode continuar cheia de problemas, mas como nessa noite não mudamos apenas de domingo para segunda-feira mas sim de um ano para o outro já parecemos felizes.
Acho justo que as pessoas manifestem este tipo de alegria. Tão justo que eu também o faço, tão justo que acredito que ele até só existe para colmatar a falta doutro tipo de felicidade, e esse outro tipo de felicidade é aquele em que não nos manifestamos exteriormente. Estou a falar duma felicidade que entra em nós, se deita e adormece, mas que na verdade sabemos que está lá e até lhe aconchegamos os lençóis sempre que podemos.
E aqui estamos nós com duas formas totalmente diferentes de ser ou estar feliz. Tão diferentes que acho que às vezes temos que ter cuidado na forma como tentamos atingir cada uma delas. É que às vezes, se procurarmos numa relação a primeira das felicidades, podemos não encontrar. Essa é efémera, e devemos sempre procurá-la de vez em quando nos sítios certos: o fim de ano, o jogo de futebol ou outra festa qualquer. Entretanto... é bom ir aconchegando os lençóis à outra.

3.12.2010

conversa 1451

Ela - Só vejo a minha vida a andar para trás.
Eu - Para trás?
Ela - Sim. Em pouco tempo abandonei os estudos, perdi o namorado e agora vou perder o emprego.
Eu - Ah! mas isso não é bem a vida a andar para trás. A vida anda sempre para a frente, pelo menos numa lógica temporal. O problema é que às vezes anda para a frente duma forma que não queremos.
Ela - Obrigadinha por me lembrares que também não paro de envelhecer.
Eu - Não é isso. O que eu queria dizer é que como a vida anda sempre para a frente, os teu problemas têm uma solução possível. Farão parte do passado...
Ela - Sim, quando eu estiver velha.
Eu - Estás a exagerar. Tem calma.
Ela - Não me digas para ter calma.
Eu - olha, tu é que me disseste para eu vir aqui porque precisavas de falar comigo. O que é que queres que eu te diga?
Ela - Eu disse que precisava falar contigo, não disse que precisava que falasses comigo. Não preciso de te ouvir, percebes?
Eu - Caraças, então podias ter dito tudo ao telefone.
Ela - Ao telefone não. Ao telefone não podemos estar a falar sem ouvir o outro, senão parece que ele não nos está a ligar nada.
Eu - Caramba... és complicada.
Ela - Não me chames complicada.
Eu - Pronto, vou-me calar. Diz lá tudo o que tens para dizer.
Ela - Agora perdi a vontade.

conversa 1450

Ela - Desde que me divorciei já tive não sei quantos casos... mas nenhum se transforma numa relação.
Eu - Percebo isso perfeitamente. No fundo foi o que me aconteceu também.
Ela - Há sempre qualquer coisa que falha ou que compromete a coisa, mesmo quando parece que está tudo a ir bem.
Eu - Sim, é verdade. Se bem que eu acho que normalmente o principal problema é nós não nos apaixonarmos verdadeiramente pela outra pessoa ou a outra pessoa por nós.
Ela - Pois... se calhar é isso, mas no fundo há uma coisa que já aprendi com isto tudo.
Eu - O quê?
Ela - Cada vez que se tem um affair, o melhor é aproveitar e ter o máximo de sexo possível enquanto dura.

3.10.2010

kit para repor a virgindade

Tal como o hímen, é uma membrana capaz de tapar parcialmente o orifício da vagina. A diferença é que artificial e made in China (embora criada no Japão). Vende-se em grande quantidade no mundo inteiro, principalmente nos países muçulmanos, onde as mulheres estão proibidas por lei de ter relações sexuais antes do casamento.
A Gigimo, marca que comercializa o produto, aconselha as mulheres a colocar esta membrana cerca de vinte minutos antes da penetração para que a mesma se dilate. Na hora certa um líquido similar ao sangue será derramado.

conversa 1449

Ela - Detesto que me perguntem a mesma coisa duas vezes.
Eu - Detestas o quê?
Ela - Que me perguntem a mesma coisa duas vezes.
Eu - Ahn? Detestas o quê?
Ela - Que me perguntem a mesma coisa duas vezes. Fico fula.
Eu - Ficas fula porquê?
Ela - Porque parece que não me estão a ouvir, que não me estão a dar atenção.
Eu - Parece o quê?
Ela - Que não me estão a ouvir... ouve lá, estás a gozar comigo?
Eu - Não, não. Estás fula comigo?
Ela - Não, não...

coisas que fascinam (97)

Nunca fui um miúdo que jogasse muito bem à bola. Normalmente preocupavam-me bastante as questões técnicas, como por exemplo as balizas feitas com casacos ou malas da escola terem que ter exactamente a mesma distância, mas depois nunca metia golos nem conseguia fintar os adversários. Acho que era por isso que acabava sempre na baliza, exactamente onde ninguém queria estar.
Foi numa dessas balizas que me apaixonei pela Sónia, irmã dum rapaz que costumava jogar connosco, que se costumava sentar numa pequena elevação do terreno baldio onde fazíamos o nosso campo. Com ela ali a ver o jogo, eu sentia a mesma pressão que um qualquer jogador num estádio enorme esgotado num jogo transmitido pela televisão: tinha os olhos do mundo postos em mim porque ela era o meu mundo.
Foi num domingo de manhã. Primeiro atirámos pedras aos cavalos para eles desimpedirem o terreno, depois fizemos as balizas com pedras soltas que por ali estavam entre a bosta dos animais e eu jurei a mim mesmo que ia fazer uma fazer uma grande exibição para ela ver. Logo no primeiro remate do adversário bati com a cabeça numa das pedras. Acho que estive algum tempo inconsciente e depois acordei com a cabeça a sangrar. O jogo parou e levaram-me pendurado pelas pernas e pelos braços para junto da Sónia, para ela tratar de mim.
Acho que foi esse o meu primeiro abraço, não sei. Sei que nunca mais o esqueci. Hoje de manhã andava a passear por Aveiro exactamente nesse local, agora uma zona urbanizada onde já não há animais nem espaço para jogar futebol, e tentei situar-me exactamente nesse sítio. É agora um prédio com uns dez andares, chamado Torre Simon Bolívar, situado no Bairro do Liceu. O mundo transforma-se, o encantamento das mulheres não.

3.09.2010

conversa 1448

Ela encosta para me dar boleia, eu entro e ela põe o carro em andamento. Uns metros depois...

Eu - Olha que tens o travão de mão puxado.
Ela - Ena... por isso é que o carro não estava a desenvolver.
Eu - Tens que ter cuidado. Isso dá cabo do carro.
Ela - Não digas ao meu marido, está bem?
Eu - Eu não digo nada...
Ela - É que ele está mortinho por encontrar um motivo para não me deixar conduzir.
Eu - Ok...
Ela - E na verdade eu estou mortinha que ele tenha um acidente qualquer para eu me rir na cara dele.
Eu - Isso não será um exagero?
Ela - Um acidente mas em que ele não se aleije, claro.
Eu (risos) - Ah! Então já não é um exagero.

3.08.2010

o tamanho da roupa

Desde pequenino que acho que há um complot feminino na forma como se quantifica o tamanho da roupa. Eu, pelo menos, nunca sei que número visto quando compro umas calças ou uma camisola e, por isso, tenho sempre que experimentar. Já as mulheres, só olhando para mim fazem sempre uma ideia muito aproximada que as minhas calças são o número não sei quantos. Acho isso fantástico. Por mim, a numeração dos tamanhos devia começar no um e seguir a lógica crescente dos números inteiros: um, dois, três. Mas não... começa sempre num número incompreensível qualquer, tipo vinte e quatro  ou trinta e oito e ainda por cima depois só há números pares nuns casos, números ímpares noutros, algumas situações têm meios números e mais não sei o quê. É um mundo incompreensível..e.
Este fim de semana acompanhei uma amiga nessa longa aventura que pode ser comprar um vestido e percebi que, por exemplo, os números da Lanidor não correspondem aos números da Zara. Ora, se isto para mim já era difícil, agora tornou-se impossível e, não sendo adepto das teorias da conspiração, não posso deixar de pensar que há uma por trás disto tudo. O que as mulheres querem é que um tipo se sinta diminuído quando vai comprar roupa. Tanto, que eu já só compro calças em hipermercados, onde consigo escolher uma peça entre muitas e ir experimentar sem ninguém me perguntar nada. Nunca mais me esqueci do olhar insultuoso da última mulher a quem comprei umas calças numa pequena loja do Fórum Aveiro quando ela me perguntou qual era o meu tamanho. Assustado com a pergunta, respondi à sorte como quem dá um tiro no escuro: "vinte e tal... pode ser?". Ela limitou-se a abanar negativamente a cabeça e depois comentou baixo à colega que há homens a quem as mães compram a roupa até muito tarde. Tão baixinho que eu ouvi perfeitamente...

conversa 1447

Ela - Vou ter um jantar com os antigos colegas do liceu.
Eu - Isso é cool. Vais ver pessoal que já não vês há anos, não é?
Ela (risos) - Sim... e ver quais foram as gajas que engordaram demais.

dia internacional da mulher?

O Dia Internacional da Mulher perdeu toda a conotação política que tinha, e que me era simpática, para passar a ser o dia do "vamos lá lembrarmo-nos destas coitadinhas que ficam em casa o ano todo e levá-las à rua". Não sou, por isso, um grande simpatizante deste dia e tenho a certeza que as mulheres não precisam dele para nada.
O que as mulheres precisam, ou melhor, precisamos todos, é que se cumpra o princípio constitucional da igualdade entre géneros nas empresas e na Administração Pública. O que as mulheres precisam, ou melhor, precisamos todos, é que se perceba que são a grande maioria das vítimas de violência doméstica. O que as mulheres precisam, ou melhor, precisamos todos, é que se não seja necessário haver um Dia Internacional da Mulher. Mas isso não é só hoje, é todos os dias.

3.06.2010

conversa 1446

Ela - O que é que raio é mesmo o amor platónico?
Eu - É uma paixão mas sem sexo. Sem uma ligação física, portanto.
Ela - Já tenho uma alcunha para o meu marido, então.
Eu - Qual?
Ela - Platão.

conversa 1445

(na minha casa, depois de eu ter ido pôr o lixo no ecoponto)

Ela - Trouxeste os sacos de plástico outra vez para casa...
Eu - Trago quase sempre. Chego lá, despejo o lixo e reutilizo os sacos de plástico sempre. Até se estragarem, claro.
Ela - Ah! Já percebi. É tipo o que os homens fazem com as mulheres...
Eu - Como assim?
Ela - Reutilizam-nas sempre. Até se estragarem, claro.
Eu - Estás um bocado amarga, hoje.
Ela - Se calhar estou. Sinto que o meu marido está quase a mandar-me para a reciclagem.
Eu - Tem calma. As relações têm todas fases melhores e fases piores.
Ela - Eu estou calma. Estou é a pensar se o mando a ele para o lixo orgânico primeiro.

3.05.2010

conversa 1444

(na net, com uma suposta leitora deste blogue)

Eu - Quando o tempo melhorar vou começar a dar umas voltas de bicicleta, a ver se me ponho em forma...
Ela - Precisas de companhia?
Eu - Se quiseres vir...
Ela - Eu até ia, é pena não ter bicicleta.
Eu - Eu tenho duas, isso não é um problema.
Ela - Hum... por acaso ia, se o meu marido me deixasse. Se eu lhe disser que vou andar de bicicleta com um amigo ele passa-se.
Eu - Estás a brincar comigo, não estás?
Ela - Desculpa, não te tinha dito que era casada.
Eu - Não é isso. Não percebo é porque é que sendo casada já não podes ir andar de bicicleta com um amigo.
Ela - Tu eras capaz de dizer à tua namorada que ias passear de bicicleta com uma amiga?
Eu - Ela também vai...
Ela - Ah! Então já nem quero ir.

leite da mulher amada


Lembro-me dum amigo meu que bebia muito quando saía à noite, dizia ele que era porque as mulheres ficavam mais bonitas quando ele estava bêbado. Nunca concordei muito com ele e, tanto quanto deu para perceber, as mulheres em geral também nunca gostaram muito dele, sóbrio ou embriagado. De qualquer maneira hoje lembrei-me dele quando vi este rótulo duma aguardente brasileira, vulgar cachaça, com o nome de "Leite da Mulher Amada". Hum... hum... será que ele emigrou para o Brasil e abriu uma empresa de bebidas alcoólicas?

conversa 1443

(no meu carro, na fila duma bomba de gasolina)

Ela - Porque é que os homens tentam sempre aproveitar as últimas gotas de gasolina? Parecem tolos, ali a abanar a mangueira a ver se sai mais uma gota...
Eu (risos) - Sei lá...
Ela - É que mesmo que consigam mais uma gota ou duas não vão a lado nenhum com isso...
Eu - É verdade, sim. Deve ser psicológico...
Ela - Por acaso é uma coisa que os homens fazem muito.
Eu - O quê?
Ela - Insistirem mesmo quando já sabem que não vão a lado nenhum com isso...

3.04.2010

respostas a perguntas inexistentes (74)

Ela já está em casa quando ele chega, de toalha na cabeça, avental ao peito e salazar na mão. Raspa a louça do almoço e cospe qualquer coisa pelos lábios. Uma "boa noite", acha ele. O que ele não acha apenas, tem a certeza, é que ela já está sempre em casa quando ele chega. Uma vez não estava e ele reparou na sua ausência, talvez porque a casa estava escura, talvez porque ninguém cuspiu uma "boa noite" para o chão quando ele chegou. Lembra-se que nesse princípio de noite se sentiu só, tão só que voltou a sair e foi tomar café. Só regressou quando ela já estava em casa de toalha na cabeça, avental ao peito e salazar na mão.
Ela já está em casa quando ele chega. Talvez por ele ser homem e os homens chegarem a casa sempre depois das mulheres. Agora que pensa nisso, uma vez reparou na sua ausência mas nunca repara de facto na sua presença. É por isso que apanha a "boa noite" do chão e volta a meter-lha nos lábios com os lábios dele. O mais docemente que pode.
A vida não é sempre como nós queremos. Mas às vezes pode ser...

olha, tu que estás aí...

Já tinha falado desta música uma vez aqui. Agora um velho amigo (e não um amigo velho) enviou-ma por mp3. Obrigado Paulo!


canção do rádio | Upload Music

conversa 1442

Ela - Ser pai é muito mais fácil do que ser mãe.
Eu - Porquê?
Ela - Os pais fazem tudo o que os filhos querem, depois as mães têm que ficar com o papel de más...
Eu - Achas?
Ela - Acho. Eu é que estou sempre a dizer que não à minha filha. O pai dela faz-lhe as vontadinhas todas.
Eu - Faz-lhe também tu as vontadinhas todas, assim obrigas o pai a dizer que não de vez em quando.
Ela - O problema é que quando um homem deixa o filho fazer qualquer coisa com que a mãe não concorda, ela mostra que não concorda. O contrário já não se passa...
Eu - Como é que o teu marido reage se tu estiveres a deixar a miúda fazer uma coisa com que ele não concorda?
Ela - Hum... vai ao café beber uma cerveja e desabafar com os amigos.

3.03.2010

conversa 1441

Ela - Sabias que o homem começou a andar de pé há mais de seis milhões de anos?
Eu - Sabia, sabia...
Ela - Sabias mal.
Eu - Porquê?
Ela - Eu tenho um marido lá em casa que passa a vida sentado no sofá e não se levanta para nada.
Eu (risos) - Se calhar foram as mulheres e não os homens que começaram a andar a pé há seis milhões de anos.
Ela - Ri-te, ri-te.
Eu - É a chamada mulher erectus e o homem sentactus.
Ela - Ele não se levanta para nada mas erectus é bastante. Até demais...

respostas a perguntas inexistentes (73)

Porque é que os homens não falam de amor?

Porque é que os homens não falam de amor? Ela pergunta-me isto já com um pé fora do automóvel, mas assim que eu desligo o motor volta a entrar no carro fechando a porta. Sinto-me um réu perante uma pergunta criminadora a todos os homens do mundo. Depois vem o silêncio, como se ela esperasse a revelação dum segredo qualquer.
Conheço-a há muitos anos e há muitos anos que gosto dela. Na verdade acho que é uma das mulheres a quem devo a minha vida. Foi ela que me ensinou a gostar dos pequenos prazeres ou pelo menos a perceber que gosto deles, não por ser uma espécie de minha professora mas sim porque com ela todas as pequenas coisas me davam gozo. Jogar "verdade ou consequência" quando tínhamos treze anos dava-me gozo, fazer gelatina de frutos silvestres quando tínhamos catorze anos dava-me gozo, percorrer Aveiro a pé quando tínhamos quinze anos dava-me gozo, amanhecermos na praia quando tínhamos dezasseis anos dava-me gozo, trocarmos a espuma das nossas chávenas de café quando tínhamos dezassete anos dava-me gozo. Depois crescemos e nunca fizemos amor.
Depois crescemos e nunca fizemos amor, digo-lhe antes de afirmar que não fazia ideia que ela vivia tão perto de mim. Encontrei-a estes anos todos, depois de ter sido a mulher da minha vida sem de facto alguma vez o ter sido, e dei-lhe boleia entre o centro da cidade e um bairro periférico. Agora torna a pôr o pé fora do carro e sai. Sai como se eu lhe tivesse revelado um segredo qualquer. Obrigado, penso.

3.02.2010

conversa 1440

Ela - Acho que a maior parte das pessoas que fumam, fuma só para estar a fazer alguma coisa quando não tem nada que fazer.
Eu - Não sei... eu não fumo.
Ela - Mas fumo eu. Sei muito bem o que estou a dizer.
Eu- Mas não deve ser inteiramente verdade, até porque há pessoas que interrompem o trabalho para ir fumar um cigarrinho.
Ela - Sim, eu também interrompo muitas vezes o trabalho para fumar. Lá está, não tenho nada que fazer e tenho que arranjar alguma coisa para ocupar o tempo.
Eu - E a alternativa a não fazer nada é fumar?
Ela - Às vezes também jogo farmville.

3.01.2010

coisas que fascinam (96)

Acho que já aconteceu a todos os homens, pelo menos uma vez na vida, estar num sítio com um ambiente cinzento e a súbita presença duma mulher colorir todo o espaço. Já aconteceu a todos os homens, pelo menos uma vez na vida, passar a ter vontade de estar num sítio de onde uns segundos antes só queriam fugir. É como se o Inverno desse antecipada e voluntariamente lugar à Primavera. Hoje aconteceu-me isso numa sala qualquer duma cidade qualquer onde tive uma reunião qualquer. De facto, só uma mulher é que pode ter a capacidade de alterar as estações do ano.

couscous no mercado


Esta terça-feira o Mercado Negro é uma excelente escolha para ir tomar um café e/ou beber um copo à noite. Os Couscous Prosjekt estarão por lá...