11.30.2007

conversa 455

[com uma amiga com quem joguei a meias no euromilhões, enquanto nos dirigimos para o carro dela no parque de estacionamento do fórum Aveiro]

Ela - Quem é que fica com o talão do jogo?
Eu - Podes ficar tu. Eu confio em ti.
Ela - Não queres tirar uma cópia?
Eu - Não. Para quê?
Ela - Para veres se acertarmos. Normalmente esqueço-me dessas coisas.
Eu - Vês quando quiseres. não há pressa...

(ao chegar ao carro)
Ela - O que é que fazemos se acertarmos?
Eu – Dividimos o prémio ao meio, evidentemente.
Ela (procurando nos bolsos) - olha, acho que perdi a chip coin.
Eu - Perdeste o quê?
Ela - A moedinha que serve de talão para pagar o estacionamento.
Eu - Olha, afinal não confio em ti. Dá-me o talão do euromilhões, por favor. Logo à noite já não sabes onde é que puseste isso.
Ela - Ok... é melhor, é.
Ela (procura na carteira) - Olha... também não encontro o euromilhões. Se calhar deixei-o no café.
Eu - Deixa estar que eu vou lá num instante.

(passado um minuto, no café, com a empregada)
Eu - Olhe, desculpe lá, não ficou uma chip coin e um talão do euromilhões naquela mesa?
Ela - Sim, na cadeira. E também um bilhete de identidade, alguns cartões multibanco e um relógio...
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

greve

Qual é a semelhança entre um dia de greve dos funcionários públicos e um dia numa relação entre dois gajos que já não se podem ver? É que em ambos se mente com exagero. Na greve da função pública, uns dizem que todos fizeram greve, outros dizem que ninguém fez greve. Chega-se a um ponto em já ninguém acredita em ninguém. Acho que é por esse motivo que, às vezes, também as relações entram em greve...

11.29.2007

pensamentos catatónicos (113)

Acho mesmo que há mulheres com um espírito competitivo entre elas. Às vezes, uma mulher que não nos liga nada quando nós queremos, passa a ser obsessiva quando nós já não queremos. Não é a primeira nem a segunda vez que tenho esta sensação desagradável na minha vida. Não gosto de me sentir um prémio nem sequer um objecto de caça. O sentimento de tristeza, eu percebo-o e aceito-o. Já o tive tantas vezes. O sentimento de derrota, nem por isso.

crónicas da cidade que sopra | um dia de cada vez

Hoje, no Diário de Aveiro, foi publicada mais uma crónica da cidade que sopra.

...até as árvores e os edifícios se acariciam uns aos outros, com as sombras que se movem lentamente embaladas pelo movimento do Sol. Ela não, já não se lembra do que é uma carícia. É melhor ir vivendo sem pensar muito nisso. Um dia de cada vez.

conversa 454

Ela - Se pudesses escolher uma mulher qualquer no mundo para passares o próximo fim de semana, quem é que escolhias?
Eu - Hum... talvez a Cristina Kirchner...
Ela - Quem é essa?
Eu - A presidente da Argentina.
Ela - Ah! Porquê?
Eu - É gira e vive do outro lado do Atlântico, onde tem uma vidinha bem boa. Acho que não me ia chatear mais a seguir ao fim de semana, com perguntas de retórica.
Ela - Eu acho é que ela nem sequer vinha passar o fim de semana contigo.
Eu - Isso então era ouro sobre azul.
Ela - Agora a sério... se pudesses escolher uma possível...
Eu - Uma que me trouxesse uma garrafa de não sei quê mouet.
Ela - Que é isso?
Eu - É um champagne qualquer.
Ela - Gostas de champagne?
Eu - Não. Gosto das mulheres que gostam desse champagne.

conversa 453

Ela - Tens a casa demasiado limpinha para um homem.
Eu - Tens uma linha de pensamento demasiado machista para uma mulher.
Ela - Porquê?
Eu - Porque sim. Nem sei se é machista ou feminista ou outra coisa qualquer acabada em "ista", mas é mau.
Ela - Porquê?
Eu - Ou achas que um gajo não deve limpar a casa, o que é mau, ou achas que um gajo não é capaz de limpar a casa, o que é pior.
Ela - Não acho nada disso.
Eu - Pronto, então está bem.

11.28.2007

conversa 452

Ela - Os teus olhos são...
Eu - São o quê?
Ela - São...
Eu - São o quê?
Ela - Sei lá. São esquisitos. Um é maior que o outro.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 451

[com a empregada de balcão, quando fui tomar café há bocadinho]

Ela - Olha quem é... tenho pensado em si.
Eu - Olá. Pensado em mim, porquê? Saí daqui alguma vez sem pagar?
Ela - Não, porquê? Costuma fazer isso?
Eu - Costumar não costumo. Só uma ou duas vezes por mês.
(risos)
Ela - Não é isso. É que comecei a beber café da mesma maneira que o senhor e gosto muito.
Eu - Com canela?
Ela - Sim...
Eu - Eu só bebo assim aqui e no café do meu trabalho.
Ela - Mas é muito bom. Até já tenho mais clientes a fazer o mesmo.
Eu - Só se pode pôr um bocadinho, senão fica intragável.
Ela - Pois, eu sei. E gostava de o convidar para jantar comigo no sábado. Se puder...
Eu - Poder até posso... mas eu passo aqui na sexta e combinamos. Pode ser?
Ela - Pode...

oh malhão malhão, que vida é a tua?

E para acabar com os posts sobre o concerto, no Estarrejazz 07, dos Sotckholm Lisboa Project, deixo aqui um video que fiz do encore. Desculpem lá o som e a imagem mas a minha máquina é uma Nikon Coolpix L10. Não faz milagres...

11.27.2007

conversa 450

Ela - O gajo deve pensar que fazer o jantar todos os dias não dá trabalho nenhum.
Eu - Tem calma...
Ela - Telefona-me do empreguinho que tem e diz-me para fazer bacalhau para compensar o jantar de ontem...
Eu - Tem calma...
Ela - Eu é que faço as camas, eu é que arrumo a casa, eu é que aspiro e tiro o pó, eu é que faço tudo...
Eu - Tem calma...
Ela - Tá bem que só ele é que trabalha. Eu estou desempregada, mas dizer-me que não gostou do jantar ontem, pá...
Eu - Tem calma...
Ela - É uma falta de respeito, no mínimo.
Eu - Tens razão mas tem calma. O que é que fizeste ontem ao jantar?
Ela - Raia com batatas...
Eu - Ah! pois...
Ela - O que é que foi?
Eu - Nada, nada...

conversa 449

Ela (apontando para o ecrã) - Deste um erro nesta palavra.
Eu - Ena.... pois dei. Li-a montes de vezes e não reparei.
Ela - Não é o único neste texto.
Eu - Dou-te um beijo por cada um que encontrares.
Ela - Então vou ver se encontro muitos.

11.26.2007

mohammed, já prá casota...

Tenho um cão chamado Mohammed. Hoje veio aqui urinar para perto das minhas plantas e dei-lhe um pontapé nos tomates e o gajo foi a ganir ali pró canto. Agora está ali a latir e a chatear os vizinhos. Ainda por cima estou chateado como o caraças: descobri que uma professora britânica, no Sudão, deu o mesmo nome do meu cão a um ursinho de peluche. Grande lata... Aaaaaaaiiiiiiii.... Mohammed, já prá casota!

só para lembrar você, minha queridaaaa...

Logo a partir das 22:14, no Clandestino bar, é o Couscous Prosjekt que aquece a noite com música do mundo.

sabores

1] De manhã esmaguei duas bananas e juntei o sumo duma laranja. Foi o meu pequeno-almoço, e comi à janela da cozinha enquanto via a vizinha da frente a aproveitar uma réstia de Sol para secar a roupa.

2] Ao almoço grelhei um pimento verde com sal, juntei duas fatias de presunto cortadas aos pedaço pequeninos e fiz tortellinni de espinafres. Foi o meu almoço e comi na sala enquanto ouvia a voz da Liana no cd "Sol", dos Stockholm Lisboa Project.

3] Tomei café ao balcão. A empregada do café cumprimentou-me com um "olá, está tudo bem? é um café, não é?". Respondi que sim com a cabeça e sorri-lhe.

4] A meio da tarde bebi uma caneca de leite com (muito) chocolate. Foi o meu lanche, e depois peguei numa colher para comer também o chocolate que tinha ficado no fundo da chávena.

5] Agora vou tomar mais um café e comprar qualquer coisa para o jantar. Acabei de reparar que ainda não falei com ninguém hoje. Felizmente não vou jantar sozinho.

xadrez 11

cala-te palhaço

José Sócrates diz-se campeão das políticas sociais. Eu, mal li isto, fui ali à minha varanda gritar, com um cachecol do Partido Socialista: "campeõoooooooooes, campeõooooooooooes, eóoooooo, eóooooooooo, campeõoooooooooes", mas ninguém me ligou nadinha. Este país é uma vergonha: o gajo é campeão e ninguém festeja. Ainda por cima, uma mulher que estava a dar à luz ali nas traseiras duma ambulância, virou-se para mim e gritou "cala-te ó palhaço". Parvalhona a gaja, mas também, o que é que se pode esperar duma tipa que decide dar à luz no meio da rua? Não compreendo as mulheres...

conversa 448

Ela - Queres o meu telemóvel?
Eu - Sim...
Ela - Não posso dar-te, mas se quiseres digo-te o meu número para me telefonares quando quiseres.
Eu - Oh pá... que piada tão gasta.
Ela - Dizem-ta muitas vezes?
Eu - Nem por isso.
Ela - Então não está assim tão gasta.

conversa 447

(por telefone)

Ela - Olá
Eu - Então? Passa-se alguma coisa?
Ela - Era só para saber se estás bem. Já não te vejo há tanto tempo...
Eu - Agora assustaste-me.
Ela - Porquê?
Eu - Porque já passa das cinco da manhã. Vi o teu nome no ecrã e pensei que tinha acontecido alguma coisa.
Ela - Pois. Hoje telefonei-te três vezes e tu não atendeste. Não sei porquê mas acho que foi de propósito.
Eu - Achas bem... hoje à tarde não atendi telefonema nenhum. Não me apeteceu.
Ela - Então posso telefonar-te quando me apetecer. Se não quiseres não precisas de atender.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

respostas a perguntas inexistentes (18)

Mãos. Deram as mãos para fugir. Estavam em pânico e confiaram um no outro sem se conhecerem muito bem. Por causa do suor, durante a fuga, as mãos começaram a deslizar uma na outra e apertaram-nas com mais força.
Mãos. A mão dela era mais pequena e ele chegou a ter medo de a aleijar. A mão dele era maior e ela chegou a ter medo de não a conseguir agarrar.
Mãos. O perigo passou e ambos pararam na sombra dum carro abandonado. Precisavam descansar. O carro não tinha rodas e não passava, no fundo, de uma sucata à espera do último suspiro da morte, mas o rádio ainda funcionava. Ele ouviu uma música, ela outra.
Mãos. Deixaram-se estar deitados até ao fim das músicas, mantendo sempre as mãos dadas. Foi só aí que perceberam que tinham fugido da solidão.

11.25.2007

porque hoje é domingo...

E porque hoje é domingo e dia de futebol, não é oportuno falar da notícia do público sobre as quase oito mil mulheres vítimas de violência doméstica, nos primeiros nove meses deste ano, em Portugal. É domingo e é melhor não chatear ninguém com estas secas. Eu percebo. Não digo mais nada.

ó linda rosa



Estou apaixonado pela versão desta música tradicional portuguesa, dos stockholm lisboa project, incluída no álbum "Sol" do quarteto composto pela Liana, Luis Peixoto, Sérgio Crisóstomo e Simon Stalspets.

Ó linda rosa, quem te pôs a mão?
Anda cá ó rosa, pró meu coração
Ó linda rosa, quem te pôs aqui?
Anda cá ó rosa, pró meu jardim

Minha saia azul que usava, ó linda rosa
Já não tem a cor que tinha
Já passei ao mar com ela, ó linda rosa
Já não passo à ribeirinha

Numa manhã de geada, ó linda rosa
Numa manhã de calor
Eu fui ao mar à laranja, ó linda rosa
Para dar ao meu amor

Eu fui ao mar à laranja, ó linda rosa
Às quatro da madrugada
Para dar ao meu amor, ó linda rosa
Numa manhã de geada



site oficial

11.24.2007

memória de baleia 4



Estarrejazz 07 | Estarreja | 23 de Novembro de 2007

Liana, vocalista dos Stockkholm Lisboa Project, durante o concerto que deram em Estarreja.
Ó linda rosa, quem te pôs a mão? Anda cá ó rosa, pró meu coração

boa sorte - good luck

A Vanessa da Mata e o Ben Harper gravaram esta música juntos só que, na verdade, a quilómetros de distância um do outro. Ela num estúdio e ele noutro, comunicando apenas pela internet. Parece que, tal como às relações, a distância pode fazer bem às músicas. E esta resultou tão bem que eu acho que não poderia ter o que quer que fosse com uma mulher que não gostasse de a ouvir. Pode parecer estúpido mas não é.

11.23.2007

couscous prosjekt

Já agora não se esqueçam que no dia 26 de Novembro, na próxima segunda feira, o Couscous Prosjekt aniquila o silêncio da noite no melhor bar do mundo, vulgo clandestino, em Aveiro. Poupem-se no fim de semana e apareçam.
No couscousblogue podem ouvir dois sets para terem uma ideia do que fazemos. Bom fim de semana para todos.

Deus, ajuda-me por favor

Alguém que compreenda as mulheres e, já agora, que compreenda também o nosso Deus único, que me explique porque é que Ele se preocupou tanto em apetrechar a Salma Hayek com umas mamas grandes. É que, segundo a própria, foi após ter endereçado aos céus um singelo pedido "Por favor, Deus, dê-me uns seios grandes" que elas cresceram.
Já agora eu, que nunca pedi nadinha ao tipo, peço que me faça definitivamente compreender as mulheres. Se me der mais um centímetro ou dois de pila também não está mal. Obrigado, meu Deus.

conversa 446

Ela - Preciso mesmo de sexo e não estou pra me envolver com nenhum gajo, pá.
Eu - Hum... percebo.
Ela - Posso ser directa?
Eu - Poder até podes... mas se calhar, sinceramente, neste caso é melhor não.
Ela - Não ia convidar-te para uma queca.
Eu - Ok... por acaso pareceu-me... mas eu equivoco-me muito.

gorgulho hetero



Estou a imaginar os gajos que desenharam a nova campanha da Tagus, que conheci através d' A Ilusão da Visão: um a arrotar o Nestum do pequeno-almoço, outro preocupado porque tem uma pila que nunca chega aos dez centímetros, outro a beber chá às escondidas por uma garrafa de uísque. Por mim vou continuar a beber Sagres, Cintra e Super Bock.

p.s.: o link para a nova campanha da Tagus deixou de funcionar porque, entretanto, os tipos aperceberam-se da idiotice que estavam a fazer...

11.22.2007

os homens são mais tagarelas do que as mulheres

Os homens são mais tagarelas do que as mulheres. Pelo menos é o que diz uma das notícias da décima primeira edição do Podcast Ciência Hoje. Podem ouvi-la aqui. Eu cá não acredito...
Ah! mais uma coisa. Queria dizer aos responsáveis por esta notícia que, se estiverem a ser vítimas de pressão ou violência doméstica para publicarem este tipo de coisas, podem mandar-me um email. Eu prometo ajudar. A verdade é que os homens não são nada tagarelas e este blogue é um exemplo disso.

conversa 445

Ela1 - O gajo faz é uns minetes valentes. Disso vou ter saudades.
Ela2 - Eu sei.
Ela1 - Como é que sabes?
Ela2 (corando) - Não sei, quer dizer... suponho que sim...
Ela1 - Olha lá, tu foste para a cama com ele e não me disseste nada?
Ela2 - Fui, mas foi antes de ele andar contigo. Foi só uma vez.
Ela1 - Ah! Podias ter dito à vontade. Eu sei muito bem que ele foi prá cama com metade das minhas amigas.
Ela2 -Não foi na cama, foi na casa de banho dum bar.
Ela1 - Fez-te um minete numa casa de banho dum bar?
Ela2 - Sim.
Ela1- Olha... a mim também. O gajo tem cá uma língua. É burro que nem uma porta mas língua tem.
Ela2 - Sim, tem. Também tenho saudades.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

falta

esta noite fizeste-me falta

11.21.2007

crónicas da cidade que sopra | o natal é um presente envenenado

Amanhã, por ser quinta-feira, é publicada mais uma crónica da cidade que sopra no Diário de Aveiro.

O Natal é um presente envenenado. Se Cristo estivesse para nascer agora não o seria certamente num estábulo, mas sim numa ambulância qualquer a caminho dum hospital situado a centenas de quilómetros de distância, porque entretanto o poder político tinha fechado todas as maternidades da região. Os reis só apareceriam para dar prendas ao recém-nascido se o plafond do cartão Visa, quase sempre no limite, ainda desse para abastecer o carro de gasolina. As prendas não passariam de alguns objectos inúteis feitos por crianças escravas na China. A própria estrela que os guiou seria substituída por um gps comprado a crédito.

suicídio colectivo

Portugal é um país deprimido. As centenas de lcds e plasmas a funcionar, uns ao lado dos outros nos hipermercados, criando um ambiente de cor e festa, já não funcionam como uma força catalisadora do astral nacional. Aliás, nem os anúncios de crédito fácil para comprar um desses televisores funcionam. Aliás, nesses ecrãs, também já não funciona nada: nem os golos da selecção nacional no canal público, nem os seios dançarinos da Floribella num canal privado, nem o sorriso de plástico dos candidatos a um casamento de sonho noutro canal privado.
O problema é que tirando esses ecrãs, o crédito concedido por uma banca imoral, a selecção nacional e mais três ou quatro programas que mascaram mal esta depressão nacional colectiva, não sobra nada a que o português médio se possa agarrar.
Diz o Diário de Aveiro que esta semana, em Vale de Cambra, a psp conseguiu evitar um suicídio colectivo de adolescentes, e que o facto apanhou toda a comunidade local de surpresa. Eu digo que só uma comunidade deprimida é que não se apercebe que os seus adolescentes andam deprimidos.
É demasiado fácil pôr a maior parte da culpa nos governantes, mas também é verdade que é fácil porque é óbvio. Os políticos esqueceram-se há muito tempo que o Homem vive do pão, mas agora até se esqueceram que nem só de pão vive o Homem. Também vive da esperança, e nem essa eles conseguem acordar.

11.20.2007

pensamentos catatónicos (112)

O hipermercado Jumbo tem, num único corredor dos muitos dedicados à alimentação, uma placa que indica "alimentação saudável". Pergunto-me que raio de alimentos é que eles vendem nos outros corredores.
De qualquer maneira era bom que as relações viessem assim com uma placa logo no princípio. "relação saudável", "relação assim assim", "relação merdosa" ou "relação que não o chega a ser". Sabíamos logo em que corredor entrar...

pensamentos catatónicos (111)

Se calhar, as duas mulheres mais importantes na vida dum homem, são a primeira e a última. Assim como os homens mais importante na vida duma mulher.

coisas que já fiz e que devia ter vergonha de ter feito

1] Com seis ou sete anos estive em cima dum palco, mesmo em frente ao antigo Pão de Açúcar (actual Pingo Doce da Variante), no aniversário daquele supermercado, a bater palmas aos UHF enquanto o António Manuel Ribeiro cantava.

2] Com dez anos fui apanhado a roubar chocolates no mesmo Pão de Açúcar. O homem que me apanhou perguntou-me o nome, a morada e a idade e eu menti com grande convicção a tudo. Depois ele disse que ia chamar a polícia para me levar àquela morada que eu tinha dado. Mal ele abriu a porta eu fugi. Ele tentou-me agarrar mas ninguém corre mais que uma criança de dez anos. Infelizmente Aveiro era uma cidade pequena e eu fui visto por uma amiga da minha mãe. Os meu pais acabaram por saber na mesma.

3] Com dezasseis anos comprei uma t-shirt dos Xutos & Pontapés.

4] Com dezasseis anos também, disse aos meus pais que ia passar um fim de semana com um amigo e com os pais dele e, na verdade, fui para o Porto. Dormi duas noites na entrada duma loja e quase não comi. Tudo para ver um concerto dos Cães Vadios. Quando voltei a casa os meus pais acharam estranho eu ter tanta fome e disseram mal dos pais do meu amigo.

5] Com dezanove anos apaixonei-me perdidamente pela agora minha ex-mulher e, por causa dela, chateei-me com o meu melhor amigo que também gostava dela. De tal modo que quase chegámos a vias de facto uma vez.

6] Com dezanove anos também, fui ver um concerto dos Mler ife Dada com um bilhete falsificado. Os bilhetes eram a preto e branco e eu convenci uma senhora, duma loja de fotocópias, a tirar uma cópia igualzinha e a fazer um picotado igual também...

7] Com vinte anos parti os espelhos retrovisores da carrinha dum gajo que tinha batido num amigo meu, e furei-lhe os quatro pneus.

8] Com vinte e cinco anos dormi durante um mês numa casa de prostitutas, em Praga, e fiz uma aposta com elas sobre um jogo de futebol Noruega - República Checa. Elas apostaram que a República Checa ganhava e eu apostei que empatavam. Ganhei a aposta.

9] Com vinte e cinco anos também, fiz uma viagem de comboio de Praga até Aveiro, com um bilhete de interrail falsificado.

Pronto... e mais do que isto não digo porque é tudo muito recente...

conversa 444

Ela - Não consigo comer esses iogurtes.
Eu - Porquê?
Ela - Não sei... acho que é por terem pedaços.
Eu - Hum... há muita gente que não gosta de pedaços nos iogurtes.
Ela - Eu, os pedaços de fruta até gosto. Não gosto é do iogurte.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

respostas a perguntas inexistentes (17)


Ambos atravessavam verdades distintas como se atravessassem uma floresta densa. Ele chamava por ela e ela por ele, mas não se ouviam um ao outro. Foi então que ele reparou que não ouvia o estalar das folhas secas que pisava. Parou, talvez ela fizesse algum ruído a caminhar. Não... nada. Ambos caminhavam a dez centímetros do chão.

fotografia da exposição "numa avenida de merda", ic 2005

Árabe ensina três jovens a bater em mulheres

Um homem, natural da Arábia Saudita, chegou à conclusão de que «os homens batem nas mulheres com mais frequência que as mulheres nos homens», e desenvolveu o assunto na televisão Mohamed Al Arifi estava numa estação do Líbano, e ensinava os jovens a «educar uma mulher»

Ainda assim, alertou que a violência só deve ser usada em último recurso e «em lugares onde não cause nenhum dano», uma vez que a violência conjugal serve sobretudo para «disciplinar», de forma a mostrar à mulher «que ela foi demasiado longe».

Por isso, esclareceu desde logo algumas regras: «Bater na cara é proibido. A pancada deve ser suave e nunca no rosto». «Às vezes, as mulheres usam as suas lágrimas para disciplinar os seus maridos. Por seu turno, os homens podem utilizar a violência física como forma de controlar as intenções delas», argumentou o saudita.

in semanário Sol, 11 de Nov de 2007

A única incongruência que encontro neste artigo é o «que ela foi demasiado longe». Se ela tivesse ido demasiado longe não apanhava. Acho que ela foi demasiado perto, mas pronto...

11.19.2007

música

Quando ouço um disco, retiro-o da estante e deixo-o num montinho que se vai acumulando com os dias. Depois, quando o montinho já está com uma altura razoável, arrumo de novo os cds todos. Por isso é possível saber quais foram os últimos discos que ouvi. Estive agora a ver quais foram os últimos dez:

1] nick cave and the bad seeds - Nocturama (estou a ouvir agora)
2] marlene dietrich - love songs
3] terrakota - oba train
4] mayra andrade - navega
5] sally nyolo - multiculti
6] lila downs - la cantina
7] vários - women of latina america(putumayo presents)
8] radiohead - ok computer
9] maria callas - her great aria's
10] outkast - idlewild

conversa 443

Ela - Eu fiquei fodida foi com o silêncio que de repente se instalou entre nós os dois.
Eu - Tem piada, porque eu fiquei fodido foi com a barulheira que entretanto se instalou entre nós.
Ela - Deves estar a brincar comigo. Detesto esses teu silêncios.
Eu - Não estou a brincar contigo. Eu detesto discussões e normalmente apago-as com silêncio, sim.
Ela - Tu sabes que às vezes não és justo, não sabes?
Eu - Eu acho que te avisei, na altura, que uma queca não era propriamennte a coisa mais importante da minha vida. Muito menos uma pseudoqueca.
Ela - Para mim também não. Nunca tive tão mau sexo como contigo.
Eu - Vês? Estamos de acordo em qualquer coisa.
Ela - Mas se uma queca não é assim tão importante para ti, porque é que isso afectou tanto a nossa relação?
Eu - Nós não chegámos a ter uma relação. É verdade que o sexo entre nós não foi o melhor e que isso não me chateia nada. Mas o sexo não foi bom por um motivo que é inultrapassável entre nós...
Ela - Que é?
Eu - Não gostamos suficientemente um do outro.

pensamentos catatónicos (110)

Quando eu era puto havia um livro na estante da sala que se chamava "O livro dos Porquês, 500 perguntas e 500 respostas". Era o livro que eu ia buscar quando já estava cansado de fazer legos ou bribcar com a garagem de quatro andares que uma vez me ofereceram no Natal. Não havia computadores, muito menos internet, e por isso aquele livro era uma espécie de zeloso guardião do saber do mundo. Quinhentas perguntas, ainda por cima com quinhentas respostas, parecia-me tanto.
Agora lembro-me frequentemente desse livro. No últimos anos da minha vida gostava de ter tido, na minha estante, 500 respostas fáceis a 500 perguntas difíceis. Uma obra com o título "O livro das relações, 500 perguntas e 500 respostas". Hoje, depois de ter feito legos, ia lá ver se encontrava a pergunta: "Porque é que, de vez em quando, há uma mulher a ocupar 99% do pensamento do homem?"
Provavelmente a resposta seria qualquer coisa como "Porque tens que ocupar 1% com as contas da água, do gás e da luz" ou, às tantas, nem vinha no livro.

11.18.2007

Leslie Hall, a doida da licra dourada



Eu não faço comentários sobre esta mulher.

conversa 442

[na Pizza Hut]

Ela - Deseja alguma coisa?
Eu - Sim. Paz e felicidade.
Ela (ri-se) - Isso não tenho. Mas posso desejar-lhe bom Natal.
Eu - Ok... já serve... por hoje.

conversa 441

[no msn]

Ela - Alteraste o teu perfil no Hi5 para comprometido, não alteraste?
Eu - Sim.
Ela - Porquê? Posso saber?
Eu - Apeteceu-me.
Ela - Não sei se foi só isso.
Eu - Eu também não sei se foi só isso.
Ela - Quem é a felizarda?
Eu - Tens-me visto com alguém? Acho que não...
Ela - Pois não. Nem sequer te tenho visto.

11.17.2007

divorciado fashion



A moda é muito importante para mim. Já me perguntei se um dia não vou ter problemas por, com 36 anos, ainda me vestir exactamente como quando tinha 16. As únicas camisas que tenho foram compradas pela minha ex-mulher, e ainda estão no mesmo sítio onde ela as deixou. Gravata... só usei uma vez, quando me casei, durante uns quinze minutos e depois tirei-a.
Nem sequer é verdade que não ligo nada à roupa. Ligo sim. Só visto camisolas, de preferência sem um único botão (detesto botões), e calças de ganga ou uma coisa parecida com ganga cujo nome não me lembro agora. Também não gosto muito de t-shirts com frases e bonecos, embora uma vez por outra abra uma excepção. Por exemplo, gostava de ter uma t-shirt com a frase "este divorciado contém aloé vera" mas não tenho.

11.16.2007

óculos de sol

Desde pequenino que sonho ter uma namorada parecida com a Natércia Barreto. Uma mulher que usa uns óculos de sol para chorar sem ninguém ver, para ocultar o seu sofrer e cujo sofrer é ver um gajo deitado à beira-mar com outra ao lado, epá... só pode ser boa mulher. E tenho dito. Nunca consegui...




Já arranjei muito bem / Tudo quanto convém / P’ra praia levar

O pente, o espelho, o baton / E o creme muito bom / P’ra me bronzear
Tenho o meu rádio portátil / E o bikini encarnado / Também está no meu rol
E como é bom de ver / Não podia esquecer / Os meus óculos de sol

Que levo p’ra chorar uuuuhuh / uuuuhuh Sem ninguém ver /
P’ra não dar uuuuhuh
/ A perceber /
P’ra ocultar uuuuhuh / O meu sofrer

Pois eu sei que te hei-de encontrar / Talvez deitado à beira-mar / Com outra lado
E eu vou passar / A tarde a chorar

Já pensei não sair / Mas aonde é que eu hei-de ir / Com este calor?
O que é que eu hei-de fazer / P’ra não ter que te ver / Com o teu novo amor?
Ver-te-ei com certeza / Mas eu peço à tristeza / Um pouco de controle
E pelo sim pelo não / Eu vou ter sempre à mão os meus óculos de sol

baixar ficeiro wma

a cidade que sopra

A crónica da cidade que sopra, descobri agora, publicada habitualmente na quinta-feira de cada semana no Diário de Aveiro, foi desta vez publicada apenas hoje.

conversa 440

Ela - Tinha uma coisa muito importante para te dizer mas esqueci-me.
Eu - Então é porque não era assim tão importante.
Ela - Era, era...
Eu - Tens dez minutos para te lembrares. Depois tenho mesmo que ir embora.
Ela - Não faz mal. Digo-te na segunda-feira. Até lá lembro-me.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 439

[por msn]

Ela - Quando for a Aveiro não importo de ficar no teu sofá mas prefiro ficar na tua cama.
Eu - Sim, ficas na minha cama.
Ela - Estava a brincar mas...
Eu - Não... podes ficar à vontade. Fico eu no sofá.
Ela - lol
Eu - lol

é só mais uma noite de novembro.

É só mais uma noite de Novembro. A lâmpada apagada da sala permite que a dos candeeiros públicos da rua rasguem, numa das paredes, as aguarelas negras da noite. São rasgos intermitentes e um deles beija-lhe o pescoço. É um beijo de luz tão suave que ela nem acorda. Talvez o beijo do príncipe à Branca de Neve tenha sido um beijo de luz parecido, penso. Depois afogo o pensamento em mais um gole de uísque. Não presta. O pensamento é que não presta, o uísque é bom. Ela também, e se a beijasse agora tinha que ser com saliva. Talvez a luz se apagasse como a chama duma vela. Talvez ficasse a conhecer mais um pouco sobre ela. Talvez depois a pintasse nua numa tela. Ela, ela, ela, ela.

É só mais uma noite de novembro, pá. O telefone dela vibra no chão, mesmo ao pé das botas que ainda suam. E suam bem, cheiram bem, tudo bem. É o nome dum gajo qualquer que aparece no ecrã. Desligo-o. Espero que para sempre. Enfio-o numa bota. É verdade, lembro-me: ela tem os pés descalços. Massajo-os devagar. Muito devagar. Tão devagar que ela geme sem acordar. Eu também. Já estava acordado, aliás. A intermitência do candeeiro público acabou, talvez por vergonha. Agora é a luz da lua que vem espreitar e destapa-lhe a camisola. Só um bocadinho, de forma a ver-se o umbigo. Lambo-o. Ela geme outra vez, mas desta vez agarra-me a cabeça com as duas mãos e empurra-a. Deve ser assim que os anjos nos empurram para o céu quando morremos, acho. Deixamos a vida toda para trás.

É só mais uma noite de novembro. Ela ainda dorme. Ou dormita, pelo menos. As calças mal despidas não a deixam abrir totalmente as pernas. Tem que ser com os dedos. Levanto a cabeça. O telemóvel torna a vibrar. Ela também e eu também. Devagar. Depois vem-se, solta um suspiro como se cuspisse um balão gástrico. Os anjos perdem as asas. Deixam-me cair. O telemóvel cala-se. Espero que para sempre.

É só mais uma noite de novembro. É possível ter saudades de quem não se conhece?


11.15.2007

Allgarve só com um L


O Financial Times publicou este mapa de Portugal nas suas páginas, no passado dia 13 de Outubro. É uma vergonha. Nem sabem escrever Allgarve.

les biches


No Centro Multimeios de Espinho está patente uma exposição, assinada por Lauro António, chamada Cinema e Censura em Portugal. Vale a pena ver. Fica-se, por exemplo, a conhecer a nota do tipo que censurou o filme As Rivais (Les Biches) do Claude Chabrol, em Portugal no ano de 1968.

Reprovamos o filme fundamentalmente porque trata de um tema altamente imoral (homossexualidade feminina) de uma maneira demasiado realista e além disso o filme não apresenta qualquer elemento positivo, nomeadamente quanto à eventual recuperação das viciadas.

copas

Não consigo encontrar ponta de interesse na moda. Não consigo deixar de pensar que os estilistas e os manequins não servem asolutamente para nada. Talvez até seja um defeito meu, mas é assim.
É por isso que quando vejo um mulher bonita como a Bárbara Guimarães, depois de participar numa sessão fotográfica vestida de Rainha de Copas, no 15º aniversário da Disneyland Resort Paris, dizer "gosto sempre destas oportunidades em que interpreto diferentes personagens e posso viver a minha teatralidade. A versão reinventada pelo Tenente leva esta rainha para um universo mágico e glamoroso", não consigo deixar de me sentir decepcionado. Será que quando a Barbie e o Ken dormem juntos, dizem coisas mais interessantes?

11.14.2007

conversa 438

Ela - Pai, achas que a Maddie morreu?
Eu - Quem?
Ela - A Maddie, aquela menina que estava de férias no Algarve. Também me pode acontecer a mim, não pode?
Eu - Não, filha. Aquilo foi uma história inventada pelos jornais e pela televisão. Ninguém fez mal a menina nenhuma.
Ela (passado alguns minutos) - Pai, a televisão mente?
Eu - Mente muitas vezes, filha. Mais vezes do que tu imaginas.
Ela - E as pessoas vêem na mesma?
Eu - Filha, a televisão mente precisamente para as pessoas continuarem a vê-la.
Ela - Não percebo nada.
Eu - Olha... nem eu.

respostas a perguntas inexistentes (16)

O baloiço oscila ao vento.
Eu costumava jogar futebol com os pacotes de leite vazios que sobravam do lanche da escola. Uma vez, por engano, chutei um que ainda estava cheio e sujei as calças. Deu-me para chorar, e aos outros para rir. Ela deu-me a mão e levou-me para a sombra das únicas duas árvores que viviam ali, e nem soube o quão longe elas estavam dos que riam. Ou então soube, e o bem que me fez. Depois passámos a dar as mãos todos os dias. Porque éramos crianças nunca houve sexo. Deve ser por isso que ainda a amo, e também porque nunca mais a vi, e por isso, ao contrário de todos os outros, ela nunca cresceu.
O baloiço oscila ao vento.
Depois os que riam passaram a chamar-nos namorados. Às vezes atiravam-nos uma pedra que nunca acertava e fugiam. Começámos a sair da escola durante o intervalo grande, que era de trinta minutos, acho eu, e desfrutávamos o facto de àquela hora o baloiço do parque estar sempre livre. Às vezes a meia hora passava a uma, ou mais, até que a professora chamou os nossos pais por mau comportamento. O que é que eu andava a fazer com a Helena, perguntou-me a minha mãe à noite. Andamos de baloiço, respondi.
E o baloiço oscila ao vento.

[escrito em 25 de julho de 2005]

crónicas da cidade que sopra | nuvens de fumo

Amanhã, no Diário de Aveiro, nuvens de fumo.

No horizonte misturam-se os fumos das fábricas de celulose e dos incêndios fora de época, numa aguarela negra vertida com violência sobre o céu azul. É como se a cidade esperasse uma morte que tarda em chegar. Esse é só um dos motivos pelos quais um homem ainda está na cama à hora do almoço. O outro é que fingiu estar a dormir quando a companheira saiu de manhã para ir trabalhar, evitando mais um beijo cansativo, mais um "até logo querida" automático, mais um suspiro depois dela bater com a porta. Fingiu-se cansado e agiu como se ela fosse transparente. Depois perdeu a vontade de enfrentar o dia.

cinco balas contra a américa

Fui desafiado pelo mais que aveirense Pedro Neves, do Aveiro Sempre, a dizer aqui que livro ando a ler. Comecei na segunda-feira o Cinco Balas Contra a América, de Jorge Araújo e Pedro Sousa Pereira.

Só dispunham de um revólver, apenas cinco balas, estavam em período de racionamento, de contenção, havia instruções precisas quanto à sua utilização. As munições só deveriam ser utilizadas em último caso, em caso de defesa contra um ataque do inimigo imperialista norte-americano.


Agora é suposto desafiar mais três: Sylvia, Nélson Peralta e Luis Pestana

25 vantagens de pertencer ao clube dos divorciados

1] Vamos ao frigorífico e comemos queijo ralado directamente do pacote.
2] Estamos quinze dias seguidos sem ligar a televisão.
3] Saímos de casa às duas da manhã para ir beber um copo com um amigo.
4] Ouvimos músicas da Sally Nyolo quase no máximo.
5] Vamos ao frigorífico e bebemos Ice Tea directamente do pacote.
6] Não fazemos a cama logo de manhã e, às vezes, nem a chegamos a fazer.
7] Descascamos uma banana e deixamos a casca em cima da banca da cozinha até ao dia seguinte.
8] Ficamos a ler ou a conversar na internet, no quarto, com a luz acesa, até às tantas da manhã.
9] Deitamo-nos no sofá da sala com os sapatos sujos em cima e só nos descalçamos um quarto de hora depois.
10] Abrimos uma garrafa de Cabriz branco fresquinha e acabamos com ela enquanto vemos um filme em DVD.
11] Vamos à praia com uma amiga ver estrelas à noite.
12] Vamos ao armário e comemos chocolate em pó directamente da embalagem.
13] Compramos três bolas de berlim a apanhamos uma overdose de açúcar, em casa, que depois curamos com um copo de uísque.
14] Jogamos Civilization IV até às seis da manhã.
15] Dizemos a uma amiga que gostamos muito dela e esperamos que ela faça o mesmo.
16] Deixamos a nossa filha montar uma casa dentro da sala, com lençóis, cobertores e seis cadeiras. Depois vamos lá para dentro jantar com ela.
17] Misturamos uísque com red bull, porque uma amiga nos disse que vale a pena, e a seguir ouvimos os mp3 todos dum gajo que se chama manel das nespras.
18] Andamos três semanas com o mesmo par de calças.
19] Compramos uma caixa de bombons mon cherry e acabamos com ela enquanto vemos, sentados na nossa varanda, as moscas a orbitarem o candeeiro público mais próximo.
20] Estamos deitados com uma amiga na cama, a noite toda, a conversar, e só fazemos intervalos para ir à casa de banho ou fazer um chá.
21] Colamos cartazes e fotografias na parede da cozinha de todo o tipo menos da Shakira.
22] Não nos importamos que as cortinas brancas da sala já não sejam, de facto, brancas.
23] Pomos lâmpadas às cores em alguns compartimentos da sala. Às vezes azuis, outras vezes amarelas, outras até vermelhas.
24] Deixamos secar em cima da mesa da sala um ramo de flores que nos ofereceram.
25] Vamos ao frigorífico e comemos marmelada directamente da embalagem.

11.13.2007

reunião

Acabei de ser convocado para uma reunião de vampiros no messenger, a propósito do RPG que ando a jogar, lol. A vampira mor, primeira dama do clã, convocou-me com urgência, a propósito da manutenção gráfica da mansão...

conversa 437

(na esplanada do Fórum Aveiro entre um casalinho a almoçar hambúrgueres do Mac Donalds)

Ela - Não era um cheeseburguer que eu queria.
Ele - Mas é sempre esse que comes. Que é que queres?
Ela - No carro disse-te que queria um Big Mac.
Ele - Esqueci-me. Dizes-me as merdas enquanto estou a estacionar.
Ela - Tu é que já nem me ouves.
Ele - Come lá essa merda e não me chateies. Mariquinhas!
Ela - Vou buscar um Big mac e comer noutra mesa. (levanta-se)
Ela - Vê lá se não me chateias. (afasta-se)
Ele - Olha! dá-me a chave do carro, então.
Ela - Vai pró caralho.
Ele - Depois pagas tu o estacionamento?
Ela (entra no MAc Donalds)
Ele (tugindo) - Foda-se!

conversa 436

Ela - Estou farta de homens. São todos iguais.
Eu - Não são todos iguais, acho eu, mas tudo bem.
Ela - Só pensam com a cabeça de baixo. Essa é que é a verdade.
Eu - Não. De facto há alguns que não pensam com a de cima, mas esses também não pensam com a de baixo, só agem com a de baixo.
Ela - Tu sabes o que eu quero dizer.
Eu - Pelo menos os homens têm duas cabeças, pá. Quando uma dá o berro, há outra para a substituir. As mulheres só têm uma.
Ela - Só que a das mulheres nunca dá o berro. É por isso.
Eu - Estamos a aparvalhar os dois. Vamos mudar de assunto?
Ela - Se calhar é das nossas cabeças. (ri-se)

cracóvia

Estou a conseguir compreender uma mulher que, por acaso, também me está a compreender a mim. Não sei se é bom ou mau, por coincidência, ela ser da Cracóvia e nem inglês conseguir falar. Talvez seja isso que é preciso: comunicação gestual e um sorriso aqui, outro ali.

De qualquer maneira o índice ivariano sobe três pintos, ou melhor, pontos. Está agora em onze. Por acaso.... sempre quis ir à Cracóvia.

11.12.2007

pensamentos catatónicos (109)

Aproxima-se mais um Natal, ou seja, aproxima-se mais um dia deprimente a comprar prendas por obrigação; mais alguma ginástica para dividir o tempo entre amigos, filha, ex-companheira e uma pessoa de quem se gosta acima do normal; mais as toneladas de papel na caixa de correio com promoções de todo o tipo e feitio. Eu só queira mesmo um bocadinho de paz. Se tivesse coragem não comprava prenda nenhuma e desaparecia daqui uns tempos. Mas não tenho.

ancas, ombros e atracção sexual

Às vezes pergunto-me quanto é que este pessoal ganha para chegar a estas conclusões. A revista da Association for Psychological Science publicou um estudo que demonstra que a sexualidade nas mulheres e nos homens é diferente. Diz o mesmo que homens, heterossexuais e homossexuais, são estimulados sexualmente por imagens de mulheres e homens, respectivamente. Nas mulheres já não é bem assim. Elas, independentemente da sua orientação sexual, estimulam-se sexualmente pelo erotismo presente no outro ou na outra. Estas descobertas permitem, segundo os cientistas, estabelecer uma diferença fundamental entre os cérebros dos homens e das mulheres, e são um contributo importante para compreender como o desenvolvimento da orientação sexual difere entre ambos os sexos.

Hum... que os cérebros das mulheres e dos homens são diferentes, eu já sabia há muito tempo. Por isso é que não as compreendo. Nem precisei de bolsa nenhuma para realizar um estudo científico. Basta ir às compras com uma. Passado cinco minutos saio para ir dar uma volta à praia e marco cinco horas depois noutro sítio qualquer.

De qualquer maneira os estudos científicos sobre mulheres não acabam aqui. Cientistas da Universidade de Nova Iorque descobriram que as mulheres são mais atraentes se abanarem bem as ancas quando andam, enquanto os homens são mais atraentes com um balançar dos ombros. Nas mulheres a razão ideal cintura/anca é ter uma medida de cintura não superior a 70% da medida da anca. No entanto, Kerri Johnson e Louis Tassinary que lideraram a investigação, afirmam que o seu trabalho mostra ainda que a atracção não é tão simples como a diferença entre duas medidas.

Hum... ainda bem que os gajos afirmaram isto, porque eu por mim estava já para me inscrever num clube qualquer com marcha atlética onde, independentemente do género, se aprende a balançar bem as ancas e os ombros. Ena... isso é que ia ser, pá. Eu, o divorciado, o gajo mais atraente do Universo. Às vezes pergunto-me quanto é que este pessoal ganha para chegar a estas conclusões.

compras

Tenho mesmo que ir às compras. Aproveito e vou tomar um café num sítio onde trabalha uma mulher bonita que é sempre simpática para mim. Estou a precisar de pelo menos dez segundos de simpatia genuina. Também quero ver se não gasto mais de quinze euros no supermercado.

- uma pasta dos dentes barata mas que não seja a mais barata de todas.
- um lava-tudo que pode ser o mais barato de todos, se possível verde.
- um champô barato mas que não seja daqueles mesmo demasiado baratos (fico com o cabelo oleoso), em princípio marca Linic.
- dois pimentos verdes e um vermelho.
- uma caixa de cereais daquelas que eu não sei o nome mas reconheço a caixa, e que são as preferidas da minha filha porque são bolachas pequeninas com pepitas de chocolate.
- uma garrafa de álcool etílico, CH3CH2OH.
- uma embalagem de gelado de noz
- uma embalagem de postas de pescada congelada
- um frasco de cevada o mais barato possível
- dois litros de leite meio-gordo dos mais baratos entre as seguintes marcas: Gresso, Mimosa, não sei quê dos açores ou Parmalat
- duas lâmpadas E27 a escolher de acordo com a relação preço-qualidade

conversa 435

Ela - Estou a ver que és daqueles homens que nunca chegam a horas...
Eu - Porquê?
Ela - Chegas atrasado logo na primeira vez que marcamos um almoço.
Eu - Mas... não era ao meio-dia?
Ela - Era. Já é meio-dia e dez.
Eu - Eu cheguei a horas, mas estacionar aqui rapidamente é impossível. Demorei mais de dez minutos a encontrar lugar.
Ela - Eu também vim de carro e cheguei a horas.

11.11.2007

açúcar



Esta semana, no fim de mais um jantar apressado entre o trabalho, reparei que no pacote de açúcar do café vinha um dos princípios fundamentais dos direitos humanos.

Todos têm o direito de casar e de constituir família. No casamento ambos os cônjugues têm direitos iguais.

O meu primeiro pensamento quando li isto foi que não sei é bom sermos obrigados a escrever aquilo que é óbvio. O segundo foi que este princípio nem sequer é respeitado em Portugal. Os homossexuais, por exemplo, não podem casar nem constituir família.
Depois acabei o café e fui trabalhar.

11.09.2007

aproximação à Finlan... Terra

Hoje estou mesmo ocupado. Para além de ter almoçado com uma loira finlandesa mais alta do que eu, e de saber que os Sex pistols vão dar um concerto em Londres, ainda não tive mais nenhum contacto com o mundo. Vou tentar fazer uma aproximação à Terra daqui a bocado.

11.08.2007

italiana: the final cut

Já percebi tudo: a italiana tem um italiano. O índice ivariano desce para 8.

poderá uma mulher ser compreensível para um homem do século XXI?

Estou a organizar uma conferência dedicada à oportuna temática "Poderá uma mulher ser compreensível para um homem do século XXI?". Ainda não tenho datas nem local mas tenho o programa.

10:30 | Boas vindas e intervenção de abertura por Bagaço Amarelo, autor do blogue "não compreendo as mulheres"

11:00 | pausa para café

11:10 – 12:30 | Como conseguir ser uma mulher compreensível perante um gajo que é totalmente atrasado mental.
Oradora: Condoleezza Rice

12:30 14:00 | almoço

14:10 – 15:00 | Eu nunca papei a mulher dum colega do meu partido político.
Orador: Santana Lopes

15:00 | pausa para café

15:10 – 16:00 | Nunca um colega do meu partido político papou a minha mulher. Ela até acha que eu sou cherne.
Orador: Durão Barroso

16:00 | pausa para café

16:10 – 17:00 | Como manter a etiqueta durante o felatio.
Oradora: Paula Bobone

17:00 | pausa para café

17:10 – 18:00 | Eu adoro o Harry Potter e o filme "Harry Potter e a Câmara dos Segredos". É só isso, não sou trafulha.
Oradora: Fátima Felgueiras

18:00 | pausa para café

18:10 – 19:00 | A culpa de tudo o que se passa de mal no mundo, incluindo a falta de compreensão entre homens e mulheres, é dos professores, esses sacanas que só querem viver à custa dos outros.
Oradora: Maria de Lurdes Rodrigues

19:10 | pausa para café

19:10 – 19:30 | Sessão de encerramento com café e um pastel de nata para cada um.

11.07.2007

pensamentos catatónicos (108)

Hoje a italiana do ano passado passou por mim, cumprimentou-me com um aperto de mão e foi-se embora.

conversa 434

Ela - O que é que tu pensas? Nenhuma mulher chega aos trinta anos sem ter tido pelo menos uma experiência homossexual.
Eu - Ok. Não fazia ideia. Não sei é se acredito totalmente nisso.
Ela - Podes acreditar.

11.06.2007

memória de baleia 3


Cinanima 2007 | Espinho | Novembro 2007

Cá em cima ninguém nos vê. Somos invisíveis. mas cada reacção, má ou boa, de cada uma daquelas pessoas, quando a voz off fala, quando se acendem ou apagam as luzes, quando cada filme de animação passa, depende de nós. O ambiente de festa passa-nos um bocado ao lado. As pessoas são pontos pequeninos lá em baixo.
Esta semana não posso actualizar este blogue ao ritmo habitual. Só por isso.

conversa 433

Eu - Passa-me aí essa chave inglesa, por favor.
Ela - É esta?
Eu - sim...
(ela passa-me a chave inglesa)
Eu - Obrigado.
Ela - Não diz onde é que foi feita. Como é que sabes que é inglesa?

o método científico

Está cientificamente provado que a Jessica Alba é a mulher mais boazona sexy do mundo. Essa é que é essa. Eu, que sempre fui pelo espírito científico, que como se sabe é uma forma constante de procurar a verdade, através da suposição, da hipótese e da experimentação, estou mesmo a imaginar os cientistas da Universidade de Cambridge a fazer este estudo:

Suposição: Supõe-se que a Jessica Alba é a gaja mais boazona sexy do mundo.
Hipótese: Será que a Jessica Alba é a gaja mais boazona sexy do mundo?
Experiência: Experimenta-se se a Jessica Alba é a gaja mais boazona sexy do mundo: Oh! Jessica, ora chega-te aqui perto só para ver se és a gaja mais boazona sexy do mundo...
Conclusão: Após a experiência, chegámos à conclusão que a Jessica Alba é a gaja mais boazona sexy do mundo. Hic!

E pronto, nada como o método científico para chegar à verdade verdadinha. Eu vou-me agora propôr à Universidade de Cambridge como o gajo mais bonzão sexy do mundo (é para estas coisas importantes que a ciência serve, apesar de haver por aí uns inúteis que, por exemplo, tentam encontrar a cura para a sida). A única exigência que faço é que, na fase da experimentação, sejam cientistas mulheres a fazer a coisa e, como não sou realmente exigente, até podem ser estagiárias.

11.05.2007

conversa 432

(Entre dois miúdos no primeiro dia do cinanima)

Ele1 - Ena... é só gajas boas.
Ele2 - Não é só gajas boas. Também há gajas desboas.
Ele1 - Iá.

11.04.2007

lava-loiça


O Retail Park de Aveiro é provavelmente a área comercial que mais me deprime. Todas as áreas comerciais me deprimem, é verdade, mas o Retail Park deprime-me para além do normal. Hoje fui lá comprar um lava-loiça daqueles de 0,69 euros. Depois de muito esforço arranjo um lugar para estacionar, entre um carro preto, cujo condutor deixou os coletes reflectores na cadeira do lugar do morto, e um outro de matrícula francesa cujo emigrante ainda está ao volante a falar ao telemóvel com mais intensidade que a sirene dum navio perdido no mar. Mas não estou no mar, estou só num parque de estacionamento. Tranco a porta e caminho em passos rápidos. Um homem leva um rádio enorme ao ombro e vai a ouvir um relato de futebol. Bem alto. Sem querer toco-lhe no aparelho. Foda-se, diz ele, e fica aolhar para mim. Continuo a andar sem responder, mas penso que espero que o clube dele perca. A não ser que seja o Beira-Mar, claro.

Entro no Mini-Preço e vou directamente aos lava-loiças que, já sei, ficam exactamente no outro canto da loja. Não sei se escolha o verde ou o amarelo. A última vez levei um amarelo, hoje levo um verde. Vou para a caixa e, sem querer, dou um pontapé numa criança que não vi. Ela cai no chão. Pouso o lava-loiça e pego na menina ao colo. Abraço-a e peço-lhe desculpa. O pai vem. É um gajo gordo com a pele mais vermelha que um tomate. Que foi? Pergunta. Fui eu que deitei a menina ao chão, respondo. Ele pega nela e dá-lhe uma chapada. Foda-se! mesmo à minha frente. Que é para aprender a não fugir, diz. Tenha calma, peço. A culpa foi minha, insisto. Ela está sempre a fugir, responde ele. Se calhar é porque tem uns três anos, digo levantando a voz. Qual quê? Já tem quatro. Fujo dali. Tenho mesmo que fugir.

Só há duas caixas abertas e estão as duas cheíssimas. Fico numa. À minha frente vai um casal com um carrinho cheio de comida para gato e para cão. Depois, mais à frente, vai uma mulher que abre a embalagem descartável duma escova e começa a pentear-se enquanto espera. Chega a vez dela e deixa a escova em cima dumas revistas. Não acredito no que vejo mas a verdade é que vi. O casal à minha frente começa a pôr os sacos no tapete rolante e um deles, enorme, rompe-se. Fico cheio de comida para cão nos pés. Atrás de mim alguém se ri como um gorila (sem querer ofender os gorilas). É o gajo que deu uma chapada na filha por minha causa. Foda-se. Aquela menina está perdida. Agora é uma criança adorável, daqui a uns anos vai ser uma gaja que abre escovas nos supermercados para se pentear. Os tipos da comida para animais deixam-me passar à frente. Agradeço e passo.

Dou um euro para pagar os sessenta e nove cêntimos. A empregada pergunta-me se não tenho trocado. Faço um ar de chateado com a pergunta. Que não, digo. Detesto esta mania de pedirem sempre trocado. Pagar um produto de sessenta e nove cêntimos com um euro é normal. Ela repara que estou chateado. Mesmo assim pergunta-me se me pode ficar a dever um cêntimo. Que não, mas eu posso ficar a dever-lhe quatro. Se não se importar, claro. Dá-me o troco em silêncio. Ela até tinha moedas de um cêntimo na caixa. Foda-se! Penso de novo.

Vou a sair. Há um cartaz num dos vidros que diz que os meus €urónios, numa clara alusão a neurónios, recomendam banha de porco. Não acredito. Juro que nenhuma das minhas estruturas cognitivas recomendam banha de porco. Pego na máquina e tiro uma fotografia ao cartaz. Saio. Ao passar na porta ainda ouço a mulher do gajo que bateu na filha, e que reparou na recomedação por minha causa, a dizer: "Oh! Valter, olha a banha de porco tão barata. Vai lá buscar que eu marco aqui lugar". Não sei para que é que, com um marido daqueles, precisa de banha de porco, mas pronto.

Vou para o carro. Um gajo quer vender-me uma rifa em que se ganha um cabaz de natal. Digo que não uma vez e ele insiste. Digo que não uma segunda vez e ele insiste. Digo que não uma terceira vez e ele insiste. Está entre mim e a porta do condutor e não se afasta. Começo a enervar-me mas penso três vezes que tenho que manter a calma. Mantém a calma, mantém a calma, mantém a calma. Respiro fundo. Saia da minha frente imediatamente, por favor. O "por favor" já me sai tremido. Ele sai. Entro no automóvel e ainda o ouço a dizer qualquer coisa. Arranco.

A fila de automóveis é enorme. Demoro uns quinze minutos para chegar à saída. Quando lá chego percebo porquê. Duas meninas estão a distribuir latas de Red Bull aos condutores. Abro o vidro. Uma delas pergunta-me se estou cansado e se preciso duma bebida para conduzir. Apetecia-me dizer-lhe que devia ir dar a porcaria das latas para outro lado e que está uma fila de quilómetros dentro do parque de estacionamento por causa dela. Mas não. Ela é tão bonita que digo que sim e aceito a bebida.

Vou a conduzir na zona industrial. Uma patrulha da GNR manda-me parar. Quer-me multar porque vou a beber enquanto conduzo e isso é proibido. Eu não vou a beber, explico. Esta bebida foi-me dada por uma menina ali à saída do Retail Park. Ele insiste que a lata está aberta e tudo. Foi ela que abriu, insisto eu. Vê os documentos e lá me deixa ir. Sem multa. Eu só queria um lava-loiça. Juro que só queria um lava-loiça. É nestas alturas que sabe bem chegar a casa e ter um ombro para adormecer um bocado. Acho que tenho que arranjar mesmo um. Foda-se!

pensamentos catatónicos (107)



São três e meia da manhã da noite de sábado para domingo. Estou com febre e sem sono a ver, nas SIC, o You Only Live Twice. Esta conversa entre o James Bond (Sean Connery) e a Kissy Suzuki (Mie Hama) ficou para a História do cinema. Escusado será dizer que a dmiração de Kissy Suzuky pelo James vai crescendo durante todo o filme, à custa deste tipo de saídas do agente secreto, e acabam os dois aos beijos, num barquinho improvisado, no meio do oceano.

Kissy Suzuky – Tentámos arranjar uma password que te lembrasses com facilidade.
James Bond – Qual é?
Kissy Suzuky – Eu amo-te. Repete-a por favor para ter a certeza que a fixaste.
James Bond – Não te preocupes. Já a fixei.


Eu tinha uns doze anos anos quando vi isto pela primeira vez. Lembro-me de acreditar que a Kiss Suzuky não ia envelhecer e que a minha vez com ela havia de chegar. Bastava conhecê-la e mandar uma piadinha do género, depois lançar o mesmo olhar profundo do James Bond. Escusado será dizer que foi uma expectativa que não satisfiz. Ela envelheceu, eu nunca a cheguei a conhecer e, com este tipo de paleio, nunca consegui nadinha. Nem com ela nem com ninguém.

11.03.2007

doente

O divorciado está doente. Acabou de cozer quatro maçãs e fazer um chá. Hoje não está com forças para muito mais. De qualquer maneira está feliz por não viver no Paquistão. Até amanhã ou, como dizem os estrangeiros, until tomorrow.

11.02.2007

conversa 431

Ela - Vai pedir alguma coisa para a mesa?
Eu - Uma tosta mista e um guaraná, por favor.
Ela - Eu conheço-o de vista, sabia?
Eu - É natural, eu venho a este café quase todos os dias.
Ela - Pois. (ri-se)
Eu - Eu, por exemplo, também a conheço de vista.

traseiros



Eu não sabia, senão tinha concorrido e ganhava de certeza. Fizeram um concurso de traseiros. O traseiro de mulher mais bonito do mundo é duma búlgara, o traseiro de homem mais bonito do mundo é de um romeno. Eu estava indeciso entre passar uns dias na Roménia ou na Bulgária mas acho que já me decidi. Notícia aqui, no JN,

11.01.2007

Ana Malhoa


Há bocado fui tomar café e vi a capa duma revista Maria com a Ana Malhoa. O título de arromba dizia qualquer coisa como "os fãs querem ver-me nua na internet". Eu, um assumido fã da Ana, encontrei-a logo por acaso a seguir, ali perto da Praça das Cinco Bicas. Tal como ela ia ler o jornal e comer um hambúrguer no Ramona. Por isso fomos juntos. Palavra puxa palavra e a coisa começou a correr bem. Atirei-lhe assim um primeiro e sorrateiro piropo: - "és boa cumó milho transgénico" e ela cedeu imediatamente. Saímos e fomos para o meu carro, um Seat Ibiza de 1988 cheio de tunning, que até tem uma luz rôxa por baixo e um tó colante brilhante atrás a dizer I eat you baby. Ela começou-se a despir logo ali mas eu disse-lhe: "Na, na! Sou teu fã, por isso tem que ser pela internet. Vamos para minha casa e ligamos as duas webcams, ok?". Ok, disse ela. E assim se passa um bom feriado. Espero que vocês tenham uma Ana Malhoa tão boa como a minha, ou melhor, desculpem, um feriado tão bom como o meu. Se não tiverem, visitem o Ana Malhoa oficial site e não percam as grandes novidades brevemente.

a cebola faz chorar

Ela fez barulho a beber café. Muito barulho mesmo. Eu disse-lhe que a cebola faz chorar. Ela não ligou. O céu ainda era azul. Digo ainda porque acreditávamos nessa altura que ele ia acabar por mudar de cor. Talvez para verde, talvez para cor de batata. Se há uma cor de laranja também devia haver uma cor de batata, disse ela. Tens razão, respondi, e a cebola faz chorar.
Ela fez barulho a beber café. O café estava quente, foi por isso. Ela não sabe beber café quente sem fazer barulho. Muito barulho mesmo. Pediu desculpa e depois limpou os lábios com um guardanapo que tinha um bocado de bolo do dia anterior. Sujou-se com corante azul. Ficou bonita. A cebola faz chorar.
Ela fez barulho a beber café. O café não era preto. Era cor de café. Se devia haver uma cor de batata também devia haver uma cor de café. Vivemos num estado de direito, disse eu. Estava zangado. Se podíamos fazer amor, perguntou ela. Podíamos. Até me apetecia que me apetecesse. Só que não me apetece. A cebola faz chorar. A laranja tem cor. A batata e o café deviam ter. A cebola... ninguém fala nela e na cor de cebola. É por isso que chora, se calhar. Ou faz chorar.

memória de baleia 2



armazéns de sal cadavéricos | Aveiro | 31 de Outubro de 2007