6.28.2013

conversa 2021

Ela - Pode ser que agora, no Verão, arranje um namorado decente.
Eu - Então e o teu?
Ela - Acabámos a semana passada.
Eu - E já estás a pensar no seguinte.
Ela - Para esquecer um Amor, nada como levar um gajo para a cama.
Eu - Hum...
Ela - Como dizem os brasileiros, há mais gente na fila. 

6.26.2013

conversa 2020

(com uma de duas senhoras, testemunhas de Jeová, que me bateram à porta)

Ela - Andamos a explicar a importância de Deus...
Eu - Não vale a pena perderem tempo comigo. Sou ateu.
Ela - Posso só fazer-lhe uma pergunta?
Eu - Se não for para vender nada, pode. Além de ateu, estou desempregado.
Ela - Quem é que fez a sua camisola?
Eu - Sei lá. Provavelmente um escravo qualquer no Bangladesh...
Ela - Então alguém a fez?
Eu - Sim, alguém a fez...
Ela - E acredita que o mundo poderia existir sem ninguém o ter feito?
Eu - Acredito na teoria do Big Bang.
Ela - É possível, mas o Big Bang não poderá ter sido mão de Deus?
Eu - E quem é que fez Deus?
Ela - Ninguém pode ter feito Deus. Deus é o Pai.
Eu - O meu pai tinha um pai também, que por acaso era meu avô.
Ela - Mas com Deus é diferente.
Eu - Porquê?
Ela - Porque... porque...
Eu - Bem me pareceu que não sabia.
Ela - Posso deixar-lhe só este jornal sobre como ser um bom pai de família?
Eu - Está bem. Prometo ler quando estiver na casa de banho.

6.25.2013

respostas a perguntas inexistentes (257)

Dizem que é preciso algum tempo para perceber se se gosta de alguém. Eu concordo que às vezes sim. Outras vezes não.
Com a Irina, por exemplo, foi uma questão de espaço e não de tempo. Por isso é que decidi em dez minutos que não gostava dela. Não gostar dela não significa detestá-la ou ter algum sentimento negativo por ela. Significa apenas que a obrigatoriedade de gostar, para poder sair com ela uma segunda vez, não se cumpriu.
A porta da pastelaria Bissau, mesmo em frente à estação de comboios de Aveiro, é pequena. Por ela passa apenas uma pessoa de cada vez. Há mais cafés ali, mas eu teimo em ir à Bissau sempre que estou naquela zona. Ela perguntou-me porquê, ao telefone, quando combinámos um encontro para eu lhe entregar um saco que uma amiga comum me pedira. Eu expliquei-lhe, sem pensar muito no assunto, que é a pastelaria mais antiga por ali.

- És um tipo estranho! - disse ela.

Fiquei a saber que era estranho eu escolher sempre os cafés e pastelarias mais antigos quando existe a possibilidade de optar. Sempre o fiz e ainda hoje o faço, pelo que me limitei a confirmar que, se por ela não houvesse inconveniente, era na Bissau que eu queria tomar café e fazer a entrega.
Quando, no dia seguinte lá cheguei, ela já lá estava. Reconheci-a pela camisola amarela que ela tinha prometido levar como sinal e, por isso, depois de me apresentar, sentei-me na cadeira em frente. Dei-lhe imediatamente o saco e iniciámos uma conversa de circunstância.
Por norma gosto muito de ter conversas de circunstância ou, como se diz por aí, conversas de treta , arrotar postas de bacalhau (nunca percebi esta), etc. Aquela também não correu mal. No que diz respeito a trivialidades, tanto eu como a Irina mostrámos alguma capacidade de comunicação. Isto para não dizer mais.
O meu problema com ela, se é que se pode chamar problema ao facto de perdermos a vontade de estar com alguém pela segunda vez, foi perceber que ela manteve sempre as pernas esticadas, de tal forma que quem queria ir à casa de banho tinha que pedir por favor para as encolher, o que aconteceu três ou quatro vezes enquanto conversámos, tanto a entrar como a sair. Eu não lhe disse nada, mas comecei a sentir-me incomodado com aquilo. Não percebia por que motivo ela não se virava um pouco e esticava as pernas para outro lado, de forma a não incomodar os clientes que queriam ir aos lavabos.
A conversa acabou e ela levantou-se primeiro do que eu para, por amabilidade, pagar a despesa toda (dois cafés e uma água com gás). Eu, depois de ter apertado bem os atacadores dos sapatos, reparei que ela tinha parado exactamente na pequena porta da pastelaria para se assoar duas ou três vezes, fazendo esperar uma mãe com duas crianças que queriam entrar.
Foi já cá fora que lhe expliquei, mais em jeito de explicação do que zangado, que gosto de pessoas com noção de espaço público. Detesto ver automóveis estacionados em segunda fila, por exemplo, da mesma forma que não suporto ver pessoal deitado em dois lugares num comboio repleto de pessoas em pé. Fico incomodado e, por norma, reajo.

- És um tipo estranho! - disse ela.

6.18.2013

conversa 2019

Eu - Tu, que és nutricionista, sabes aconselhar-me alguma dieta para reavivar a memória?
Ela - Andas com memória fraca?
Eu - Acho que sim.
Ela - Não sei...
Eu - Não?!
Ela - Não. Sou nutricionista, mas normalmente bebo para esquecer.

6.13.2013

conversa 2018

Ela - Sinto um vazio enorme dentro de mim.
Eu - O que é que se passa?
Ela - Tenho fome!
Eu - Eu a pensar que estavas com uma pedrinha na alma...
Eu - É quase isso. Preciso dum pedregulho no estômago.

6.12.2013

coisas que fascinam (161)

o fim da paixão e o princípio do Amor

Estou no comboio que liga as cidades do Porto e de Aveiro. Mesmo à minha frente viaja um casal de alemães que não consegue passar despercebido, embora gostasse de o fazer. São ambos altos, loiros e devem ter cerca de sessenta anos.
Já me fizeram algumas perguntas, em inglês, sempre em voz baixa para que ninguém perceba que não são portugueses. A primeira foi logo na estação de São Bento, onde lhes ensinei como funciona a bilhética da CP. Como vão visitar Aveiro para onde, por coincidência, eu também me dirijo, sentaram-se ao pé de mim a pedir conselhos para visitar a cidade.
Falámos cerca de vinte minutos e ele, já cansado, adormeceu. Ela endireitou-lhe a cabeça com a brandura duma mãe, encostou-a ao seu ombro e depois deu-lhe a mão. Eu abri o meu computador para escrever qualquer coisa, neste caso este texto.
Há uns dias falava com uma amiga sobre o fim da paixão e o princípio do Amor. Dizia-me ela que a paixão é uma forma de começar uma relação, normalmente com muito sexo, suor e lágrimas. Acha que, com o tempo, essa paixão se vai transformando lentamente em Amor, ou então em nada. Zero. Quando se transforma em nada, a relação acaba. Quando se transforma em Amor, a relação continua.
A tese dela é que a paixão é o início. O Amor ou o nada vêm depois.
Eu não concordei com ela, se bem que não tenha propriamente apresentado uma tese alternativa à sustentação duma relação duradoura. A lei das probabilidades no Amor impede-me de ser tão esclarecido. Mesmo assim acabei de perceber, acho eu, onde ela queria chegar.

A esse propósito, estava aqui a lembrar-me de fogosas paixões que tive e que rapidamente se reduziram a cinzas. Talvez, de facto, continuar uma relação seja uma opção consciente, pelo menos a partir de um determinado momento. Agora, se me permitem, vou fechar o computador e olhar pela janela.

6.10.2013

respostas a perguntas inexistentes (256)

É fim de tarde dum feriado qualquer, ou melhor, dum feriado que já se chamou o Dia da Raça e que agora se chama Dia de Portugal e de Camões. Dou por mim a discutir questões de raça e a enervar-me. Aquela que está à minha frente ri-se quando lhe digo que felizmente a genética acabou com essa merda, com as raças entre nós, humanos. Etnias sim, existem. Raças não. Mas ela ri-se. Trata-me como se eu estivesse a dizer tolices.
Sinto-me esmagado. O café está cheio e tanto os meus nervos como os risos dela já chegaram a alguns clientes das outras mesas. Alguns olham-nos de lado. Numa delas está sentada uma mulher marcada, não sei se pela vida ou pela violência de um eventual marido. É nítido que sustém as próprias lágrimas como uma represa. Está de óculos escuros.

- Quer dizer que um mongol e um sueco loiro não são de raças diferentes? - Pergunta.

Estou a falar com alguém que não conheço de lado nenhum. Ambos estamos à espera da mesma pessoa e considero o nosso encontro uma infeliz casualidade. Puxo pela cabeça para chegar a uma resposta qualquer que não me obrigue a um grande esforço. Estou cansado da conversa e apetece-me ir para casa.

- Quer dizer que um mongol não é um dálmata e que um sueco não é um bulldog.

Ela ri-se. Incomoda-me.

- Isso sei eu.

Noutra mesa está uma família. Pai, mãe e dois filhos, um de cada género. O pai bebe uma Super Bock e olha para o infinito, os filhos lancham umas torradas com leite branco. A mãe não faz nada. Parece uma estátua que deixou de ter significado há muito tempo para quem passa por ela, incluindo a própria família.

- A Ana está tão atrasada! - diz ela.
- Hum, hum... - aceito.

Um homem entra no café com ar apressado e vai ter com a mulher que chora. Pergunta-lhe como está e vejo-a a abanar os ombros. Dão um abraço e a represa cede. Invade-a um violento mar de lágrimas.
Pergunto-me de que são feitos os abraços que têm este magnífico poder de nos controlar totalmente o coração. Não sei, mas acho que alguns abraços, exactamente neste momento, teriam o mesmo efeito em mim.
Levanto-me e digo que vou embora.

- Não esperas pela Ana?!
- Não.
- Ela deve estar mesmo a chegar...
- Que se foda! Tchau!

A cidade parece dormir durante o dia. Telefono à minha companheira de vida. Pelo menos do que é a minha vida agora, penso. Desta vida que vou tendo apesar deste país e desta raça que somos. Rio-me. 

- Está tudo bem?
- Onde estás? Preciso dum abraço.

6.08.2013

conversa 2017

(ao telefone)

Ela - Queres ir tomar café comigo hoje à tarde?
Eu - Pode ser...
Ela - Eu passo aí em tua casa às três. Pode ser?
Eu - Pode...
Ela - Não leves aliança mas, para variar, vê se te penteias e vestes com algum cuidado.
Eu - Eu não uso aliança. O que é que raio se passa?
Ela - Vamos a um café que eu cá sei, onde trabalha um gajo giríssimo, e tu vais-te mostrar muito interessado em mim enquanto eu te dou ao desprezo. Está bem?
Eu - Mas o que é que tu pensas que eu sou?!
Ela - És meu amigo e os amigos servem para isso mesmo. Um dia, se precisares, faço o mesmo por ti...

6.07.2013

dona Elvira

Começo pelo baloiço do parque. Aquele onde a Helena conseguia sempre baloiçar mais alto do que eu e depois saltava lá de cima até enterrar os pés na areia. Lembro-me de a ver a sacudir as mãos e a dizer-me "outra vez!". E eu, que não tinha coragem para ir tão alto, ficava a vê-la repetir a operação durante uma tarde inteira.

- Não fazes? - perguntava ela de vez em quando.
- Não me apetece! - nunca admiti que tinha medo.

Depois veio o ciclo e uma nova paixão, já diferente da anterior e mais perto do início da puberdade. Não havia baloiço, mas havia um enorme muro onde jogávamos ao equilíbrio. A Maria fazia-o todo quase em bicos de pés, eu caía sempre antes de chegar ao fim. Era grande demais para a minha idade e meio desconchavado. Uma vez ela começou num extremo do muro e eu no outro, até nos encontrarmos algures no meio. Dei-lhe a mão e a voz tremeu-me.

- Gosto de ti!

Ela olhou para mim durante alguns segundos, com aqueles enormes olhos de amêndoa de que nunca mais me esqueci. Atirou-me ao chão e fugiu. Eu chorei escondido num arbusto da escola, sem ninguém me ver. Depois o Filipe deu-me um maracujá, porque eu gostava de maracujás ou pelo menos fingia que sim. Talvez tenha sido a minha primeira desilusão de Amor.
Veio o liceu e mais duas mulheres com quem nunca tive coragem de falar, que não queria cair de mais nenhum muro. Passei por elas durante anos como uma bola perdida numa máquina de flippers, aquela Dona Elvira onde vim a fazer um dos meus melhores amigos depois duma cena de pancadaria entre os dois.
Eu estava a jogar, creio que quase a bater o meu recorde pessoal, e ele deu um pontapé na máquina para accionar o bloqueio automático da mesma. Os dois flippers pararam e eu perdi o jogo. Dei-lhe um encontrão que se veio a transformar em murros e pontapés. Acabámos os dois a sangrar do nariz e expulsos do café por um dos empregados, que nos pediu para nunca mais lá voltarmos.
Passámos a cumprimentarmo-nos nos corredores da escola, já que afinal de contas éramos conhecidos. Primeiro com alguma distância, mas depois o tempo curou a nossa zanga e tornámo-nos amigos. Bebemos as primeiras cervejas juntos e falávamos de Amor como se dominássemos o assunto. Não dominávamos, mas parecia que sim e só ele sabia de quem eu gostava mesmo.
Hoje, tantos anos depois, gostava de lhe poder dizer que uma dessas miúdas é a minha namorada, por quem estou apaixonado como quando andava no liceu. É essa a recordação que eu tenho da escola. De Amores transformados em lágrimas e lágrimas transformadas em abraços. É certo, mais um murro ou um pontapé à mistura.
Talvez hoje a escola não esteja a formar pessoas, não esteja a ensinar-nos a viver com o sucesso e com a derrota, ambos inerentes à própria vida. Talvez a competição instaurada entre alunos seja um erro e talvez a maior parte dos professores não tenha mais forças para realmente o ser.
Há qualquer coisa de errado nisto tudo, menos os putos.

6.06.2013

eu sou feliz sendo prostituta


O Ministério da Saúde brasileiro acabou de retirar uma campanha chamada "eu sou feliz sendo prostituta". O objectivo da campanha, idealizada para ser lançada no Dia Internacional das Prostitutas, era incentivar o uso do preservativo. O objectivo era óptimo, a ideia nem por isso.
Partir do princípio que uma prostituta é feliz por usar preservativo equivale a dizer que um servente ou um engenheiro civil é feliz por usar capacete de protecção no trabalho, que um polícia é feliz por andar com uma arma ou que um professor primário é feliz por ter um bocado de giz na mão. Nada disto é verdade.
A campanha tem, no entanto, o condão de nos fazer pensar se somos felizes no trabalho.  Normalmente não somos, porque a forma como trabalhamos, ou melhor, como somos obrigados a trabalhar, está errada. Em empregos que não gostamos, somos normalmente explorados e até desrespeitados. Por isso, usar aquilo que é suposto usarmos no trabalho não chega para nos sentirmos felizes.
Pior ainda, a grande maioria das pessoas que eu conheço que é feliz no trabalho já perdeu a capacidade de ser feliz fora dele, ou seja, perdeu a capacidade de ser feliz na vida. No Amor também.
A campanha é fraquinha, mas começa pelo ponto certo. Quando falamos em organização política, em relações laborais e produtividade, só faz sentido começar pelo objectivo da felicidade. A maior parte de nós é que tem a mania de não o fazer...

6.04.2013

conversa 2016

(ao telefone)

Ela - Ando um bocado em baixo...
Eu - Eu também...
Ela - Vamos beber um copo hoje?
Eu - Eu preciso de alguém que esteja com boa disposição. Se me junto contigo, que também estás em baixo, ainda é pior...
Ela - Ah! É que eu, para ficar bem, preciso de estar com alguém que ainda esteja pior do que eu.

respostas a perguntas inexistentes (255)

Just in case

Tenho saudades da Sandra. Não sei porquê, mas tenho. Muitas. Já não a vejo há tantos anos que lhes perdi a conta. Na verdade, não faço a mínima ideia se alguma vez a vou ver até ao fim dos meus dias. Perdi-lhe totalmente o rasto e só sei que emigrou para outro país qualquer. Nem sequer a encontro nas redes sociais. O mais provável é ela já não se lembrar de mim. 
Eu ouço-lhe a voz, sinto-lhe o cheiro e principalmente ouço-a chamar-me. A Sandra não era apenas uma amiga. Era A Amiga. O pior disto tudo é que nem sequer me despedi dela na última vez que a vi. Não sabia que ela ia desaparecer para sempre e limitei-me a dizer-lhe: "telefono-te um dia destes". Uns dias depois alguém me disse que ela tinha ido viajar por impulso. Uma chatice familiar ou coisa parecida. Nunca mais voltou. Que merda.
Quando ando mais triste é dela que me lembro. Aliás, hoje já confundi quatro ou cinco transeuntes com ela. Abri os olhos e, por um milésimo de segundo, senti a alegria enorme desse improvável encontro. Não era ela, mas deu para perceber o que me vai acontecer se um dia a encontro mesmo. Vou-me sentir feliz. Estou ansioso.
Entretanto despedi-me agora duma amiga que me deu boleia para casa. Parou o carro sem desligar o motor mesmo em frente a minha casa e eu disse-lhe: "telefono-te um dia destes". Depois saí e ela arrancou no seu carro preto que se fundiu na noite escura. Eu subi o elevador, entrei em casa e liguei o computador. Entretanto mandei-lhe uma mensagem pelo telemóvel: "gosto de ti, sabias?". Just in case.

6.03.2013

pensamentos catatónicos (297)

Hoje, não por acaso

Hoje, não por acaso, lembrei-me dela. Nunca percebi se a Amei sem me apaixonar ou se me apaixonei sem a Amar. Só percebi o meu corpo clandestino, como um fugitivo sem papeis, a querer esconder-se no dela. Assim, sem cartão de cidadão nem passaporte, e ela a deixar sabendo que era ilegal.
Hoje, não por acaso, lembrei-me duma bebedeira de batidos de fruta mais uma guitarra com cinco cordas, um tapete na parede com dois cavalos e um rádio fanhoso a tentar captar a nossa atenção. Depois ela, e eu sem perceber se era a sorte ou o azar que me tinha levado até ali, àquela doce e terminável fonte de prazer.

- E agora? - perguntei

Hoje, não por acaso, lembrei-me do dedo indicador da mão direita dela a trancar-me suavemente os lábios, e os dela a dizerem shhhhhhhhh!, como se o silêncio fosse a única razão para estarmos ali fechados em nós mesmos, por uma só vez.
Hoje, não por acaso, lembrei-me de a ter levado ao autocarro, numa linha qualquer que ligava a rotunda da Boavista à cidade da Maia, e de eu ter ficado ali horas depois de lhe dizer adeus, acreditando que se ali ficasse talvez a tornasse a ver. E a cidade disse shhhhhhhh!
Hoje, não por acaso, lembrei-me que o Amor tem esta mania estúpida de, mais tarde ou mais cedo, nos vir dizer que não é bem assim. Que estávamos enganados e nos devemos sentir gratos por isso. E eu aqui, a concordar com ele, que me sinto grato por ter existido e por me lembrar dele. Hoje, não por acaso.