crónicas da cidade que sopra | é só um segundo
Amanhã, no diário de Aveiro, mais uma crónica da cidade que sopra.
É só um segundo. A campainha já tocou duas vezes mas Alice continua a secar a sua pele devagar em frente ao espelho, abraçando-se num macio toalhão branco. Sabe que é a sua boleia para o trabalho quem toca insistentemente, sabe que é uma amiga que faz um desvio todos os dias para a ir buscar a casa, sabe até que ela ainda tem que deixar a filha mais nova na escola e que já está atrasada, mas ontem sentiu pela primeira vez na vida a cessação da sua menstruação. Depois não dormiu durante a noite, tentando apenas sonhar com o que já viveu. Acha que conseguiu. Agora está ali, acariciando-se num toalhão como se a cada carícia pudesse rejuvenescer. A campainha toca de novo, desta vez durante mais tempo que o habitual. Alice fecha os olhos. É só um segundo.
8 comentários:
É com estes minutos que se pode acariciar a vida, mesmo que eles se façam com o fim de algo. Até porque o fim de uma coisa é quase sempre o começo de outra.
Basta fechar os olhos e acreditar que é em nós que os sonhos se formam.
O resto pode esperar(!)
Carla
carla, o resto pode esperar. é só um segundo. :)
Às vezes parece mesmo que tudo o que já passou, passou-se num segundo. Outras, precisamos de um ou dois ou três segundos para nos habituarmos ao que aí vem.
O tempo é relativo mas há segundos preciosos.
E nunca temos tempo suficiente para nos darmos os segundos que precisamos.
[Eu sei que isto está confuso mas eu entendi o que disse, rs:)]
Bjo no Bagaço:)
tangerininha, eu percebi muito bem. ;)
Até hoje sempre soube aproveitar todos os segundos.
Parabéns por mais esta maagnífica crónica que faz pensar que o envelhecer não é nenhum drama.
Um beijo
fatylynha, obrigado. :)
Um segundo é muito tempo...
Gostei da crónica. Parabéns.
Beijocas
obrigado joana. obrigado mesmo. :)
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