crónicas da cidade que sopra | andar ao contrário
Amanhã, depois dum curto período de férias, as crónicas da cidade que sopra voltam ao Diário de Aveiro.
Anda ao contrário. Um automóvel coxeia pelas artérias sinuosas da cidade, que vai acordando devagar em longos bocejos matinais, e pede-lhe que faça o menos ruído possível. É que o sono parece transferir-se lentamente dos edifícios para o condutor, que vai semicerrando os olhos enquanto as janelas vão abrindo os estores. Acabou agora mais um turno de trabalho numa fábrica qualquer, numa noite qualquer, por um motivo qualquer. Anda ao contrário dos outros, pensa. Adormece quando os outros acordam, acorda quando os outros adormecem. Às vezes até acha que só ri quando os outros choram e só chora quando os outros riem. Não sabe porquê.
8 comentários:
Não saiu do carreiro, só anda em sentido contrário.
Bj citrus:)
olha a tangerininha... beijos. :)
Fiquei cheia de vontade de partilhar bolos.
elorinha, partilha... :)
Obrigado por me teres enviado.
Gostei muito, como aliás gosto de quase tudo o que escreves :)
Mas não vejo a vida adulta a decrescer.
Nem na idade. continuo a adorar fazer anos e tenho achado pela vida fora, que cada ano tem sido melhor que o anterior.
Mesmo nos anos mais dificeis, consegui colher sempre positivo.
Morrer? é um dado adquirido. Não é perder.
martinha, obrigado eu. tens razão. claro que sim... :)
O começo está soberbo e tive uma sensação de sono tremendo:)Nunca tinha lido nada parecido.
Em muitos adultos quando se instala a monotonia, a insatisfação, o marasmo, sem olharem para as coisas boas e menos boas e não colherem nada tudo passa despercebido como se a solução etivesse num:
"Talvez andar ao contrário não seja só mau. Talvez andar ao contrário possa tornar o mundo imutável outra vez, nem que seja apenas por algumas horas.
Talvez andar ao contrário possa ser entrar em contagem crescente outra vez, nem que seja apenas por algumas horas."
Não, eu adoro ter chegado até aqui e jamais rebobinar, porque até umas "simples sandálias" pode colorir o percurso inevitável até à palavra FIM.
Gostei como sempre e olha que a tua fã já me tinha perguntado pelas tuas crónicas.
Um beijo sincero
fatyly, outro beijo sincero... ;)
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