pensamentos catatónicos (203)
Hoje de manhã, numa praia de Matosinhos, um rapaz que corria na areia era a espaços chamado pela mãe. Ela penteava-lhe o cabelo com os dedos das mãos e depois punha-lhe a camisola dentro das calças. Depois ele voltava para as suas correrias sempre observado pelo olhar sorridente da progenitora.
Eu estava na mesa duma esplanada a comer um queque de cenoura e a tomar café. Escrevi num papel que acho que aquilo é uma manifestação inconsciente de amor: o querer que o outro esteja "bem arranjado". É que para o rapaz, estar penteado ou não e com a camisola dentro das calças ou não, ia dar exactamente ao mesmo. Para ela é que não.
Talvez essa seja uma variável importante nas relações, o querermos que o outro esteja bem. É que de facto há casos em que é evidente que isso não acontece e quem diz que ama nem sempre faz com que o outro se sinta bem.
29 comentários:
Fantástico! O que eu concordo contigo! :)
Tão assustadoramente verdadeiro o que acabaste de escrever. Tantas razões possíveis: egoísmo, desconhecimento, comodismo, paixão incontrolada, ciúme...ignorância...
memyselfandi, :)
cassandra, exactamente... egoísmos principalmente. :)
sim, tens razão!
Um ponto muito bem visto.
celeste, :)
martap. :)
Ah, não sei.
Minha mãe preocupava-se mais com o que os outros iam achar dela do que propriamente comigo. Sempre que eu colocava alguma roupa amassada, por exemplo, ela dizia: "troca já essa roupa! Daí os outros vão falar, a mãe dessa menina não passa roupa!!" LOL... Viagem total!
Pois...nem sempre o outro pode ser a imagem que pretendemos fazer dele.
gigi, e fazia a tua mãe muito bem... difo eu que sou pai. :)
malena, eu diria nunca. :)
Consegues arranjar cenários simples para comparação com sentimentos tão reais. Lá se abriu a porra da gaveta como me doeu esse cenário no que toca a "relações"...e com mãos e pés fechei-a de novo...e não consigo dizer mais nada e deves entender porquê!!!!
És simplesmente magnífico!!! Parabéns!
Querido bagaco
Um dia li em algum sitio o seguinte:
" Ser mãe é ter uma artéria a pulsar dentro e fora do nosso corpo".
Quanto a outra forma de amar,
é complexa...egoístas somos todos.
Mas tu sabes que existe um lugar que só se chega quando é altura de chegar.( e ainda bem )
Infelizmente nem todos chegam,quer vivamos 20 ou 80 anos.
Beijo x
P.s.
fatyly, obrigado. :)
anónima, percebo o que dizes... sobre esse lugar. :)
Eu tenho muito essa "mania" de estar sempre a arranjar os que gosto. A compor o cabelo, o colarinho da camisa, os cordões desapertados... Já na minha relação, preocupo-me mais com o bem-estar dele do que com o meu.
Não sei se é bom, se é mau. Sou eu assim =)
*
A mais pura das verdades.
beu, acho que não é bom nem mau. as coisas não têm que ser boas ou más. :)
olga, :)
Ora nem mais, acabaste de traduzir ao que se resume, muitas vezes, o sucesso de uma relação. Eu confesso que por vezes sou mais o catraio...:( e talvez por isso não mereça tudo o que tenho....
"É que de facto há casos em que é evidente que isso não acontece e quem diz que ama nem sempre faz com que o outro se sinta bem." Falaste-me ao ouvido gritando!!! Passou-se comigo na minha última relação e ainda doí :-(
misspiggy, a relação entre o que se tem e o que se merece ter, para mim pelo menos, não deve ser racionalizada. :)
palpitadeira, acho que tudo o que passamos contribui para a nossa formação. :)
...acabei de me dar conta que com esta expressão (catraio) já denunciei, no mínimo, a minha proveniência...ehehehehe
misspiggy, já? para mim catraio é uma palavra portuguesa e nacional... :)
Bravo amigo Bagaço!!!
bichana, :)
Uma verdade inquietante.
Eu também acho que quem ama coloca o bem-estar do outro acima de tudo...ama-se ao ponto de se querer que ele seja feliz, mesmo que não seja connosco.
gasosa, sim... é mesmo por aí. :)
Era por isso que sempre lhe ajeitava o cabelo... :(
adoro estes pensamentos catatónicos! inspiram-me!!
http://trecktreck.blogspot.com/2010/04/28-momento-luminoso.html
(uma homenagem ^^)
beijinho!
bom domingo!
ventania, :)
girl in motion, obrigado, vou ver. :)
este post fez-me pensar nas ramelas da tua amiga (salvo seja).
mãe faz isto, limpa a ramela e penteia o cabelo. o excesso de preocupação com a imagem acaba por ser castrador e não há nada pior do que quem chateia a criançada porque sujou a roupa y ou z. e o amor passa a ser um ralhete chato.
antes, e depois, de ser mãe o mulherio tem tendência para limpar a caspa, arrumar o colarinho, ajeitar a camisa por baixo da camisola do seu homem. mas isso é ser-se mãe também, não é?
agora diz-me tu: a ramela e estes gestos são de amor ou ralhetes?
melro, o amor não é um ralhete constante? sei lá... :)
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