mulheres artistas que não compreendo (23)
Adriana Varejão nasceu no Rio de Janeiro em 1964 e, segundo a própria, a sua pintura é uma forma de contar histórias que não pertence a qualquer era ou tempo. É modelada pelas violações. No seu trabalho, a cultura brasileira, desde a era colonial até a actualidade torna-se numa metáfora do mundo moderno.
Adriana trabalha essencialmente em cerâmica, fazendo despropositadamente uma ponte entre Macau, Portugal e o próprio Brasil, já que foram os portugueses que no século XIV importaram a cerâmica decorativa de Macau e a exportaram para o Brasil. Essa ponte, está no entanto propositadamente presente na temática dos seus trabalhos, extremamente sensoriais, e que revela o ponto de vista dum povo maltratado pela História colonial.
No caso desta pintura, chamada Filho Bastardo, não foi utilizada cerâmica mas sim tela e madeira. Escolhi-a porque do que conheço é a que melhor faz a ponte entre o passado e o presente. Nela, um padre viola uma mulher africana e dois soldados torturam uma mulher branca presa a uma árvore. Ao meio, como se fosse um corte independente de toda a pintura, uma ferida em forma de vagina parece querer assaltar o observador. E assalta mesmo.
Incomodam-me as pessoas que não se incomodam com nada. Adriana Varejão é certamente uma mulher incomodada... e ainda bem.
Adriana trabalha essencialmente em cerâmica, fazendo despropositadamente uma ponte entre Macau, Portugal e o próprio Brasil, já que foram os portugueses que no século XIV importaram a cerâmica decorativa de Macau e a exportaram para o Brasil. Essa ponte, está no entanto propositadamente presente na temática dos seus trabalhos, extremamente sensoriais, e que revela o ponto de vista dum povo maltratado pela História colonial.
No caso desta pintura, chamada Filho Bastardo, não foi utilizada cerâmica mas sim tela e madeira. Escolhi-a porque do que conheço é a que melhor faz a ponte entre o passado e o presente. Nela, um padre viola uma mulher africana e dois soldados torturam uma mulher branca presa a uma árvore. Ao meio, como se fosse um corte independente de toda a pintura, uma ferida em forma de vagina parece querer assaltar o observador. E assalta mesmo.
Incomodam-me as pessoas que não se incomodam com nada. Adriana Varejão é certamente uma mulher incomodada... e ainda bem.
11 comentários:
Ainda bem e concordo contigo, mas só de olhar para essa "arte" arrepia, dá-me vómitos e vontade de dar dois murros em prol de um povo maltratado e infelizmente de um passado recente, mas tão presente/actual/praticado nas sociedades ditas evoluidas e cada vez mais egocêntricas concluo...nada se aprendeu e pouco ou nada se fez para ser evitado.
A arte é uma das melhores formas de denunciar e expressar o que nos incomoda. A mim também me incomoda a indiferença de tal modo que às vezes acho que mais vale falar com as paredes.
fatyly, o interessante disto é precisamente a ponte entre o passado e o presente. eu, para ser sincero, não queria ver isto como uma cura pelo passado colonialista, do qual não tenho culpa nenhuma e cujo sistema também massacrou o próprio povo português. enfim... pelo menos não se ponha isto como uma questão entre povos. :)
olga, é isso mesmo que me acontece. :)
Concordo inteiramente com a tua conclusão.
Beijos.
paula raposo, :)
O oposto do amor, não é o ódio mas sim a indiferenca.
Sobretudo a indiferenca daqueles que conseguem ver.
Beijo x
P.S.
anónima, olha que eu acho muito estranho ver ódio nos olhos de quem supostamente gosta de mim. :)
Isso é porque não lhes és indiferente.
Eu escrevi o oposto do amor, não de um suposto amor.
Beijo x
P.S.
anónima, ah! ok... :)
Mas esse Ok, é mesmo de quem entendeu o raciocínio?
Beijo x
P.S.
anónima, é sim... :)
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