1.13.2011

pensamentos catatónicos (229)

Os olhos são um verdadeiro detector de mentiras. Se não são, pelo menos ela está convencida que sim. Não estou a falar da mentira no seu sentido judaico-cristão, com que não simpatizo, mas sim da capacidade que temos ou não de dizer aquilo que realmente nos vai na alma. É que eu acreditei em tudo o que ela me disse, enquanto bebia um chá quente acabado de fazer, por causa dos olhos dela.
O marido dela emigrou há uns anos, creio que para a Noruega, para tentar uma vida melhor. Na altura tinham acabado de casar e amavam-se como se o seu Amor fosse o único no mundo. Eu  fui uma feliz testemunha desse Amor. Ele veio a Portugal sempre que possível, mas não foi possível tantas vezes como isso. A última vez que veio, mais concretamente estas férias de Natal, ela abriu-lhe a porta de casa e percebeu que estava a receber um estranho, não um Amor.
A ausência transformou um Amor num desconhecido, disse ela. E eu acreditei.

17 comentários:

Me,myself & I! disse...

It happens!

Malena disse...

Tenho uma amiga que me diz frequentemente: Olha-me nos olhos para eu ver se é verdade!
:)
Não deve ter sido a ausência mas o estranhamento...

Ivar C disse...

memyselfandi2, sim... mas acho esquisito. :)

malena, sim... mas talvez um seja a causa do outro. :)

Sónia disse...

Não são os olhos a janela da alma? Eu perderei toda a esperança quando deixar de acreditar num olhar...

redonda disse...

É assustador que isso aconteça...

redonda disse...

Não que os olhos sejam um detector de mentiras (o que penso poderão ser nuns casos e noutros não)
mas que a ausência transforme um Amor num desconhecido.

Ivar C disse...

crystal. :)

redonda, eu percebi, sim. e concordo. :)

Alexandra disse...

Sempre achei que os amores à distância não vingam. Os que duram, alimentam-se sobretudo da idealização do outro. Já é suficientemente difícil tentar que cada um não siga um caminho diferente, que o leve para longe, estando juntos... que fará estando separados tanto tempo.

Não somos obras acabadas, estamos em permanente evolução, em permanente mutação. Como tal, e tendo tendência para nos talharmos ao que nos rodeia, e para absorvermos as experiências pelas quais passamos, se estas não forem partilhadas, um dia apercebemo-nos de que nos tornámos duas pessoas diferentes daquelas que, um dia, se apaixonaram uma pela outra.

Ivar C disse...

alexandra, passa muito pelo que dizes, sim. além de que a distância física também pode acabar em distância emocional. :)

EJSantos disse...

Triste.
Porque não foi ela para a Noruega?
Ou porque é que ele não ficou cá?

Era uma ideia passageira, o casamento?

Triste.

Ivar C disse...

ejsantos, não foi porque a vida não é nada simples, às vezes... por acaso não... :)

Vera disse...

O amor faz-se também de dias, de muitos dias. Se no início e no fogo as pessoas sentem a ausência um do outro, chegará a altura em que essa ausência se transforma em habituação... daí ao estranhamento, é menos de um passo.
O amor faz-se de dias, cheiros, partilha...

Ivar C disse...

vera, com certeza que sim... o amor precisa do contacto físico. do corpo, do cheiro... :)

Fatyly disse...

São de facto e detesto falar com alguém que não me olhe olhos-nos-olhos. São o espelho da alma e quanta vezes mostram o contrário do que verbalizam. Escusado será dizer que não consigo disfarçar nada.

Também acredito que a ausência pode transformar um Amor ou intensificá-lo mais que quando se encontram é uma lua de mel. Esse ainda está em serviço e quantos(as) estão presentes mas ausentes?

Ivar C disse...

fatyly, existe a ausência mesmo com a presença física, sim. deve ser a pior das solidões. :)

H. Santos disse...

nos dias de hoje o amor é trocado muito rapidamente, não se compreende o sacrifício alheio nem existe altruísmo... se podermos seguir em frente e deixar para trás o sentimento alheio, é na boa, triste não é!!!

imagina o que sentiu o homem ao chegar a casa e se deparar com essa situação!!? sim, porque ela não o deve ter recebido da mesma maneira... vida dura

Ivar C disse...

cota, a vida é mesmo dura, sim. mas às vezes tem mesmo que ser... :)