1.19.2011

respostas a perguntas inexistentes (115)

E agora a casa? E agora os filhos? E agora o carro? E agora isto o aquilo? São tantas as perguntas que se fazem quando chega a hora do divórcio, que às vezes quem as faz nem percebe que só está a legitimar a separação, não a questioná-la. É que as perguntas referem-se sempre a tudo menos ao Amor, como se fosse natural este ser refém do resto.
Não sei quantas pessoas passam a vida inteira a contornar o Amor porque têm uma casa para pagar a meias, um filho para educar a meias ou mesmo um carrito comprado a meias. Sei que numa relação cansada a única coisa que não é a meias é mesmo o Amor, porque aí cada um está virado para o seu lado, e sei que quando me separei fiz a mim mesmo a pergunta mais importante de todas: "E agora como é que vou ser feliz?". Não sabia a resposta, mas pelo menos podia tentar responder.

18 comentários:

Tamensil disse...

Infelizmente isso é tão verdade!
=(

Mary disse...

Não podia estar mais de acordo! As pessoas acabam por ficar juntas muitas vezes pelo lado materialista da coisa em vez de se focarem no que realmente interessa! Conheço alguns casos assim e custa-me ver amigas e amigos presos ao que se tornou uma "relação de conveniência"!
http://amarycanlife.blogspot.com/

Ivar C disse...

tamensil, :)

mary, acho que todos pensamos o mesmo sobre alguns amigos. :)

Fatyly disse...

De costas voltadas ao Amor, muitos e muitas ficam sem força para dar a volta porque o MEDO domina e culturalmente ainda...tudo se suporta em prol dos filhos, como se estes não percebessem o estado de "sítio" entre os pais.

Assisti a centenas e centenas de divórcios, vi e ouvi coisas que nem te passa pela cabeça onde, na maioria, os bens materiais contavam mais do que uma "mente sã" ou num ambiente saudável.

É verdade e essa pergunta "e agora como é que vou ser feliz?" deveria ser prioritária, embora a resposta venha depois como fruto de um "querer vencer-sobreviver e ou lutar para o ser.

Tu deixas-me a cabeça a mil e como é bom pensar e reflectir. Obrigado!

memyselfandi disse...

O meu raciocínio foi muito como o teu, na altura. Foi um bocado "não sei por onde vou, mas sei que não vou por aí" =) Já agora: http://thefifthceiling.blogspot.com/2010/05/eu-ainda-existo.html

=)

*** disse...

A realidade é que muitos de nós- e digo de nós porque nunca se sabe o dia de amanha e me pareçe que é sempre muito mais fácil falar dos outros do que olharmos para dentro das nossas 4 paredes- bom, muitos de nós, em vez de nos perguntarmos "E agora como é que eu vou ser feliz?", esbarramos antes com a pergunta "E agora como é que eu vou pagar as minhas contas?". Triste e verdadeiro.

Anita disse...

Se já passaste por essa situação tens uma visão muito mais clara (ou não...) de todo o remoinho de sentimentos que um divórcio pode trazer... Nunca passei por isso, pelo menos no papel, mas já me separei depois de uns anos de vida em comum, e o que me passou pela cabeça realmente foi "como é que vou ser feliz de novo?..." - ainda hoje estou à espera da resposta (não propriamente esperando, mas sim vivendo). No entanto, longe de mim o arrependimento. Há situações que, a partir de um dado momento, não justifica prolongar, até mesmo havendo algum carinho ou amizade. É melhor não estragar até isso.
Mas é verdade... quantas relações conheço que são mera fachada, só por questões de acomodação e amor pelo que é material... É um pouco como aquelas relações de namorados que sabemos que passam a vida a discutir, mas depois é só fotos no facebook a demonstrar "amor e carinho"... Há uma necessidade tremenda de passar para o exterior algo que não existe e que tentam à viva força convencer-se a eles próprios do contrário...
Eu sou incapaz disso. Pelo menos até hoje.
Bom dia e Bom 'Domingo' ;)

Francisco Gonçalves disse...

Olá, tenho seguido há já um mês o teu blog... É fabuloso, até deixo links no meu facebook!
tocas em questões lapidares de uma forma tão prática e honesta...
Recentemente passei por uma separação e este post tocou-me simplesmente porque logo a "ter levado com os pés" foram essas algumas perguntas que eu fiz... Mas sinceramente eu não estava a renegar ao Amor, infelizmente ainda acredito que hei-de ter uma "grande" mulher ao meu lado... Simplesmente foi uma tentativa de tentar mentalizar-me... O pior veio depois, as tentativas de reatar e insucesso sucessivos... Mas nunca em caso algum estava a legitimar a separação... Pelo menos é essa a minha conclusão após 11 meses de separação...
Abraço e que continues com este blog espectacular!

Ivar C disse...

fatly, acho que tens razão. ser um "despegado" das coisas materiais ajuda muito. eu só me pego aos objectos com os quais tenho uma relação emocional: cds de música e coisas antigas. :)

memyselfandi, olha. é que é isso mesmo. :)

lm, isso é verdade. :)

anita, acho que na questão da separação o papel tem pouca ou nenhuma importância. Hoje já é 'segunda'. :)

Ivar C disse...

francisco gonçalves, obrigado. acho que a seguir ao divórcio a paz não tem lugar em lado nenhum. as primeiras tentativas de mudar para melhor, sejam elas quais forem, são ansiosas e pouco pensadas. Depois, a seguir a isso, ganha-se capacidade analítica e a coisa melhora. boa sorte, francisco. :)

Sol disse...

este post veio mesmo a calhar. vou enviá-lo a um amigo. pode ajudar a explicar o que lhe ando a dizer há dias :) Obrigada.

Ivar C disse...

sol, força. :)

H. Santos disse...

eu acho que nos divórcios as pessoas pegam-se as coisas materiais por orgulho, visto que o mais importante (amor) foi o primeiro a perder-se...

o querer não abrir mão das coisas que nos custaram tanto a ter e a sustentar, como uma casa, um carro ou mesmo os filhos... vem de um sentimento materialista e até mesmo vil, pois não queremos deixar que a pessoa que levou o nosso amor embora leve mais que isso...

a resposta a pergunta "como é que vou ser feliz agora!!!?" é complicada e a pressa em obtermos uma resposta rápida, por vezes só trás problemas... eu acho que depois de uma relação o essencial é saber encontrar o eu individual outra vez (ou conhecer o novo), visto que estivemos algum tempo a pensar a dois (é uma diferença muito grande)

Ivar C disse...

cota, isso é verdade sim, o facto de depois de uma relação ser preciso voltar um pouco a nós mesmos. :)

Eli disse...

É por causa disto que eu gosto tanto de vir aqui. Haja pessoas com pensamento saudável! Viva!

:)

Ivar C disse...

eli, :)

Anónimo disse...

" E agora como é que vou ser feliz?"

:) O inicio de uma separacão é mesmo muito dolorosa...tantos sentimentos de um extremo ao outro...um segundo de cada vez...inspirar...expirar, ver em vez de olhar...eis que um dia acontece...milagre...voltamos a sorrir, as perdas são sempre grandes...caímos de joelhos andamos as voltas na lama...um dia eis que surge o azul do Céu.
Quem chega através da tempestade sabe que pode chegar quando o Sol brilhar.
Sé muito feliz.
Beijo x
P.S.

Ivar C disse...

anónima, obrigado. beijinho. :)