1.12.2011

eu podia viver ali

O amor de um homem por uma mulher à primeira vista está muito mal cotado na bolsa dos Amores Todos. Um Amor por uma mulher de quem se é amigo há anos, é sempre mais credível que o Amor pela mulher que passou por nós na rua. Quando um homem confessa o seu Amor pela mulher que passou por ele às onze da manhã numa avenida qualquer, e que só viu durante dois segundos, é imediatamente apelidado de tolo e inconsequente, como se o Amor devesse sempre ser um cálculo.
O Amor nunca é um cálculo. Um homem pode de facto apaixonar-se à primeira vista. Aliás, diria mesmo que um homem se apaixona muitas vezes à primeira vista. E esse é o maior dos Amores porque é o Amor pelo desconhecido. É uma viagem à Lua ou a outro planeta, não um passeio mesquinho pela rua que está farto de conhecer. Essa é a grandiosidade do Amor: a sede de dar novos mundos ao próprio mundo.
Disse-me alguém que os Amores à primeira vista são efémeros. Não são. Mas se fossem valiam a pena na mesma. Aliás, valiam o mundo e a vida. Mas não o são. Quem nunca pensou, no primeiro instante em que sob os seus olhos se abriu uma paisagem nova e magnífica, que podia viver ali? O primeiro pensamento do Amor à primeira vista é precisamente esse: "Eu podia viver ali".

34 comentários:

DonJuan disse...

Genial!

Ivar C disse...

GuroZen, obrigado. :)

Pipoca dos Saltos Altos disse...

Lovely :)

Este Blogue precisa de um nome disse...

Vais desculpar-me, mas a isso que chamas amor, eu chamo paixão. Porque tal como a paisagem, o amor tem outras envolvências. E essa do olhar dois segundos e amar desculpa, mas para mim, é de um lirismo sem fim. Que podes passar por uma mulher na rua às onze da manhã e sentir atracção, passares o dia todo a pensar nela e até voltares lá no dia seguinte à mesma hora para a voltares a ver, mesmo assim não é amor. É atracção, é paixão, o amor não é assim tão vulgar. O amor é algo que se constrói, não é instantâneo. Claro que sim, que começa por algum lado: pela atracção, mas não brota do nada. E nunca ouvi ninguém olhar de raspão para outro alguém e dizer quero ir viver contigo (mas isso sou eu).

Desculpa a discordância, é a minha opinião vale o que vale, ou seja: nada :) Beijo (adoro ler-te e este post não foi excepção).

Rita

Ivar C disse...

pipoca dos saltos altos, :)

Este Blogue precisa de um nome, eu chamo Amor e chamo paixão. Aliás, apaixonei-me à primeira vista há vinte e tal anos e ainda o estou. Mas não acho que o nome que se dá a algo implique discordância, e obrigado por andares aí. sabe-me bem. :)

Tamensil disse...

Não concordo nem discordo... acho que o 'amor' pode ter diferentes 'nomes' de pessoa para pessoa.
Mas acho que o amor não surge por olhar para a pessoa, mas por a conhecer e ainda assim gostar dela.
Porque eu posso gostar da aparência de alguém e quando a conhecer na sua maneira de ser já não.
Falo por experiência própria... que continuo apaixonada por alguém por quem não me apaixonei á primeira vista, mas que fui conhecendo.
Mas lá está, são só opiniões.

Parabens pelo blog, adoro! ;)

Salsa disse...

certas coisas a razão não consegue explicar!
o amor é daquelas coisas que ninguém algum dia vai compreender, e quanto mais se tenta explicar mais se erra, o belo da coisa é mesmo a incerteza e as borboletas no estômago.

EK disse...

A mim aconteceu..

Celeste disse...

Podemos amar à primeira vista tão intensamente como a um segundo olhar. O que eu quero dizer é que se olhamos e amamos é porque o nosso consciente sabe que há ali algo que gostamos. O nosso problema é descobrir os defeitos depois. Por isso as paixões/amores à primeira vista são mais empolgantes! Há, no entanto, pessoas sortudas que num primeiro olhar se apaixonaram e tiveram a capacidade de prolongar o sentimento por 20 anos! :)

Anónimo disse...

charli says:

ainda que caladinho,
ando cá há muito a
ouvir conversas,
rir e chorar
delas

aposto que ainda
existem muitas
mulheres que
sonham com
o príncipe
encantado,
mas que
depois (acho
eu) contribuem
para essa cotação
de que falas aqui hoje

"eu podia viver ali"
levou-me aqui:
http://naocompreendoasmulheres.blogspot.com/2006/09/conversa-01.html



i mean,
love sustains itself
what the heck..

Unknown disse...

Atrevo-me a dizer que chego a recear esse tipo de Amor, já que faço parte de uma rua já muitas vezes percorrida...

Ivar C disse...

tamensil, aí é que está. eu não acho que o amor à primeira vista se resuma à aparência. somos muito mais que os nossos olhos. :)

salsa, estamos de acordo. :)

ek, a mim também. :)

anónimo, ena! e a sério que mesmo ena! :)

celeste, concordo contigo. :)

monica, o receio, por algum motivo, costuma ser inerente. :)

Alexandra disse...

Maravilhoso texto, como sempre:)
Concordo contigo. Sou contra a noção de que apenas o tempo (a permanência) valida o Amor. Temos tendência a considerar um Amor mais ou menos verdadeiro, válido, autêntico, quanto mais tempo o relacionamento dure. E isso sim é totalmente descabido.
Amor é um sentimento indefinível mas inequivocamente reconhecível por quem o sente. E sim, pode durar dois segundos ou uma vida. E sim, pode nascer de um cruzar de olhares ou ser o fruto de um longo percurso a dois.
Uma relação constrói-se. Um Amor sente-se, incendeia-se e apaga-se (ou não) de sua auto-recriação sem pedir licença a ninguém - muito menos a quem o sente!

Amei este post.. à primeira vista! :p

Anónimo disse...

Vou mostrar este texo às minhas amigas que não levam a sério o facto de eu me apaixonar à razão de uma vez por semana.
"Outra vez?" "Mas tu nem o conheces!" Não sabes quais são os gostos dele" "bla bla bla" insistem elas de cada vez que lhes falo da minha nova paixão. A minha resposta é sempre a mesma:
-Se calhar é por isso mesmo que me apaixonei!
E sim, apetece-me viver ali, assumindo o risco de quando lá entrar começar a ver as paredes rachadas, os canos enferrujados, problemas com curto-circuitos...às vezes os custos de restauro nem são assim tão elevados e quando o são, desfaço o contrato de promessa de compra e venda e volto ao mercado.
CR

Anónimo disse...

Um texto fabuloso.

Um abraço

Pedro Ferreira.

memyselfandi disse...

Eu podia viver 'ali'! =)

memyselfandi disse...

Eu podia viver 'ali'! =)

B. disse...

Gostei...muito ;-)

Ivar C disse...

alexandra, exacto. o tempo não é o mais importante. :)

cr, eu compreendo-te bem. :)

memyselfandi, :)

bê, obrigado. :)

Ivar C disse...

pedro ferreira, obrigado. :)

Malena disse...

Já vi alguns homens "onde" não me importava de experimentar viver... :)

Bia disse...

Apesar de não estar completamente de acordo, gostei e gostei muito. Vou espreitar mais vezes se me permite. ;)

Nokas disse...

Concordando ou não, com todas as vertentes que o amor pode ter, gosto imenso da maneira como expões as coisas. E é essa maneira que motiva quem cá passa para voltar e discutir aqui opiniões diversas.
O amor é bom e válido de todas as maneiras e por isso tão confuso.
Tão imediato quanto lentamente construido.
Beijinhos

Ivar C disse...

malena, é bom sinal. pelo menos é sinal que estás viva. :)

bia, não só permito como desejo. :)

nokas, beijinhos. obrigado. :)

H. Santos disse...

és muita forte... não sei donde tiras esses pensamentos, mas és muita forte

Eu, no metro de Lisboa, apaixono-me umas 3 vezes por viajem lol

Sairaf disse...

Quando menos se espera acontece!!!
Eu adoro o momento da paixão que faço questão de prolongar por muito tempo, depois colocar uma pitada de amor e fazer com que seja uma bela história.
Adoro as suas palavras, tão depressa brinca como também fala muito a sério quando é necessário.
Sincero abraço
Sairaf

Stiletto disse...

Está lindo! Adoro quando escreves assim. É realmente um prazer ler-te! :-)

Ivar C disse...

cota, lol. o metro de lisboa é especial. :)

sairaf, obrigado. :)

stiletto, obrigado. :)

Gelatina de morango disse...

Bonito, muito bonito, mas acho que não concordo...

Ivar C disse...

gelatina de morango, esse 'acho' já revela alguma hesitação: :)

Fatyly disse...

Subscrevo inteiramente e mais um texto para a colecção:)

Ivar C disse...

fatyly, obrigado. :)

Ana Luísa disse...

AMEI este texto!!

Ivar C disse...

ana luísa, obrigado. :)