um beijo numa noite de carnaval
Só mais uma noite, só mais um copo, só mais um abraço aqui, um sorriso disfarçado e um beijo ali. Só mais uma conversa. As palavras misturam-se na música, ainda com restos de cerveja que bóia na boca, mas não se dissolvem totalmente. Ainda bem. Às vezes é bom saborear palavras bêbadas: gosto, amor, sempre, beijo, calor...
Olá. Ela está fantasiada duma coisa que não sei muito bem o que é e diz-me olá. Olá. Eu não estou fantasiado de nada mas também não sei muito bem o que sou. Abraça-me durante alguns segundos e com força. Gosto. Dá-me um beijo que fica na bochecha como se fosse uma borboleta preguiçosa, e eu sinto-o. Vai batendo as asas num hesitante princípio de voo. Daqui a pouco voará mesmo.
Às vezes as borboletas voam muito. Às vezes não. Alguém me disse que depois da metamorfose só têm alguns dias de vida, e que as asas são uma espécie de prémio por terem rastejado tanto enquanto eram apenas lagartas. É pena, penso, mas é um pensamento que também já está bêbado. De qualquer maneira o beijo já voou da minha bochecha. Já não o sinto. É triste os beijos só o chegarem a ser depois de terem sido lagartas muito tempo.
8 comentários:
não estavas mascarado de bagaço amarelo?... que desilusão... :) ainda assim as noites de carnaval no clandestino continuam iguais...
marco costa, por acaso estive no clandestino. continuam iguais mas isso é bom. :)
o teu indice ivariano vai subir?
=P
rafaela, vai... mas não sei se amanhã ou daqui a dois anos. tenho esperança... :)
E no meio das coisas com graça e tristes ao mesmo tempo aparecem estas, que são belas e tristes e felizes e que nos fazem sorrir e pensar. Gosto de passar por aqui *
mariana, obrigado. :)
voo o beijo ficaram os cinco sentidos em alerta...e a doce memória de um instante
carla, :)
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