dia dos namorados
Sou um homem que sabe ver o lado positivo da vida. A sério que sim. Hoje, por exemplo, em vez de pensar que a minha vida emocional e sexual é um desastre, que estou com os tostões contados até ao fim do mês, que a minha última namorada anda agora com o porteiro duma discoteca que se chama Starlight, que a minha melhor perspectiva de futuro é emigrar para Burkina Fasso e nunca mais regressar à civilização, não. Prefiro ver as coisas pelo lado positivo e penso na vantagem que é não ter que comprar uma prenda a ninguém neste dia.
Hoje poupei à vontade 19,99 €, que é o preço do cd que eu ofereceria à minha namorada se ela existisse. Um amigo meu chinês tem mais ou menos a mesma forma de pensar, e até me mandou um vídeo com uma música que fez dedicada a este dia maravilhoso. Claro que, tirando o facto dele saber ver o lado bom da vida e também ser constantemente pontapeado por mulheres (num sentido metafórico, claro), a vida dele não tem nada a ver com a minha. Eu nunca faria esta letra para uma canção. A sério que não... juro. Pois... não fazia, não. A sério... chuif... a sério. Juro...
Já agora, "não compreendo as mulheres" em mandarim é mais ou menos assim: 我不理解女人.
23 comentários:
looooool eu propria nao faria melhor tradução ;)
Não estarás a esquecer a magnífica e incrível prenda que irias receber da tua namorada, de pelo menos 20,99 €?
Pelo que leio do que escreves penso que até deverás ser um óptimo namorado, por isso espero que logo, logo, alguma sortuda te agarre e tenham muitos dias felizes dos namorados.
Eu não ligo nenhuma a este dia. Na minha opinião devemos fazer surpresas e presentear as pessoas de quem gostamos sempre que nos apetece e não apenas porque existe um dia.
Deixa lá, se te consola saber, na falta de quem de direito, ligou-me a minha mãe para o dia dos namorados e, pior ainda, aproveitar as chamadas grátis da promoção lol!
garamond, isso é o melhor elogio que posso ter. :)
redonda, não... a minha namorada oferecer-me-ia um after-shave do LIDL, de 3,99 euros. Mas obrigado por chamares sortuda à próxima vítim... namorada... uf... :)
joana, é mais ou menos isso, sim. se inventassem o dia do bêbado, estávamos tramados. :)
elisa, há sempre alguém que me consola. obrigado. :)
É singularmente incrível imaginar que a incompreensão às mulheres caiba em inúmeros idiomas; e andar por estas linhas equivale a aprender um pouco mais de nós mesmas, tomadas sob uma óptica masculina. Deveria haver o dia dos apaixonados; muitos, ainda que não todos, caberiam nele. Amei o vídeo! :)
luiselza pinto, lol... tens razão, sim. Obrigado. :)
acho que em chinês tem outra sonoridade...achei-lhe um piadão e até encontro algumas semelhanças com as tuas ideias, não???
carla, achares que eu tenho ideias já é muito bom. obrigado. :)
Já dizia o outro. O amor é eterno enquanto durar
ska, exacto... e com razão. :)
Por incrível que soe, ainda passo por essa postagem, como se ela tivesse o condão de ser tão ou mais profícua do que as últimas coisas que me circundam. Ou melhor, não me daria ao mais ou menos; sairei de comparações nesse sentido... Talvez, diferente.
luiselza pinto, eu actualmente dou-me sempre ao menos. :)
Que esse "menos" lhe seja, tanto quanto possível, proveitoso, e jamais irreversível. Aliás, acredito que muito poucos "menos" são sem retorno; e, conviver com estes é tarefa difícilima. Como sempre digo: "A dor pode ser profícua; o sofrimento, muito raramente, é."
luiselza pinto, eu é que tenho a mania de achar que este menos nunca são proveitosos... mas é só uma mania minha. :)
Da mistura água e óleo pode sair algo diverso; é comum nos abraçarmos ao habitual. Isto sempre me soou que somos um mergulho intenso na mais radical normalidade, cujo desvio se nos soa inabarcável e, muitas vezes, incontrolável. Alguns menos não são mesmo proveitosos e, por mais que os torçamos, nada sairá, como se o sumo se houvesse exaurido, num passado que não mais voltará e que, se voltasse, encontraria um presente diverso, uma solução de continuidade intransponível. Outros menos nos dão tanto que não mais saberemos viver sem eles e, justo aqui, se pudéssemos reoptar, descobrimos que faríamos da mesma forma que antes. O que outrora se supunha inferno é bem mais enriquecedor que o ilusório de qualquer paraíso de ilusões. [Resumindo: a ausência do amor pode ser bem mais enriquecedora do que a vivência deste amor.] O menos é bem maior que o mais que se supunha ter... Irreversibilidade.
luiselza pinto, a ausência do amor, vista numa perspectiva mediática, talvez seja assim, sim. O que acontece é que essa ausência do amor nunca chega, de facto a sê-lo, acho eu. Se a sentimos é porque somos capazes de amar. Mas era mais ou menos isso, não era? acho eu também... :)
Sim... Tens razão. A que me refiro é que alguns "amores" são mais proveitosos sendo passado. É o divórcio dos não-casados; é o assumir que é melhor o dia dos namorados (E outros dias.) sem ninguém, àquela pessoa. Momento do terreno verdadeiramente limpo; e pronto para um novo plantio. Exato instante em que o solitário não é solidão e em que o dinheiro para uma prenda se converte num sorvete. Tenho dúvidas se o ser humano pode perder a capacidade de amar; está-se aprendendo, haja vista que as pessoas, comumente, não amam. Iludem-se e, quando as ilusões se esvaem, tudo o mais é arrastado e arrasado. Difícil não é se divorciar do fracasso; difícilimo é o divórcio da ilusão do sucesso que não chegaria e nem chegará.
Luiselza Pinto, sim... concordo com tudo. Acho que uma das questões é precisamente que, em momento diferentes da nossa vida, nos apaixonamos obrigatoriamente por pessoas diferentes também. Independentemente de tudo, isso torna o 'amor eterno' difícil. Se bem que ele seja um vício e um desejo. :)
Não se me nego ao "vício e desejo" de um amor eterno; creio mesmo que este possui imensas vantagens. Contudo, para isso, necessário se faria o plural, não em pressão constante, mas sim em, ao menos, possibilidade e potencialidade de emergir. Ainda guardo o dinheiro da prenda para um sorvete gigante.
pois luiselza, pinto, eu já não tenho o dinheiro para o sorvete gigante. quando achar oportuno peço emprestado. :)
Pois eu tenho sim; economizei-o durante um longo tempo. Não há lamentos: há novos sabores na sorveteria e, imensamente maior que antes, a disposição de sabê-los.
:)
Luiselza Pinto, :)
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