6.27.2011

respostas a perguntas inexistentes (161)

Acho que a maior parte das pessoas que sofre por Amor, sofre porque cai na esparrela de que o Amor só por si é uma coisa boa. Wrong! Só por si o Amor é uma coisa má. É que o Amor não se define por duas pessoas gostarem uma da outra mas sim por cada uma dessas pessoas querer que a outra se lhe dê, e ninguém gosta de se dar realmente porque somos a única que nos pertence de facto. Se nos damos ficamos sem nada, é uma verdade, e por isso damo-nos apenas a fingir. O Amor é isso: fingir que nos damos em troca do fingimento do outro.
Parece complexo mas não é. Torna-se simples na primeira discussão a sério, no primeiro olhar povoado por raiva, no primeiro abrupto bater de porta ou no primeiro pensamento do tipo "o que é que eu estou a fazer com esta pessoa?". É nesse momento que temos a certeza que o Amor é uma coisa má e que nunca realmente nos demos a ninguém.
Passei a ver o Amor como uma coisa boa quando lhe subtraí essa obrigação de me dar e também, sublinhe-se, de que alguém se me dê, substituindo a doação pelo empréstimo. Empresto-me com a total consciência que me pertenço, para que todos os dias me possa emprestar de novo como se fosse a primeira vez.

26 comentários:

J. disse...

True story!!! =O

Ivar C disse...

plim, :)

CurlyGirl disse...

Tinha saudades tuas e de ler estas coisas! =)

Ivar C disse...

curlygirl, obrigado. :)

João F disse...

É bem verdade... Dar-nos completamente é esquecer quem somos. Acho que está aí a essência da coisa.
Abc :)

Ivar C disse...

joão f, abraço. :)

Malena disse...

Porém, é extraordinariamente difícil ficarmo-nos pela aceitação do empréstimo!!
:)

Sendyourlove disse...

tanta verdade em tão poucas linhas...

Anónimo disse...

O problema é quando se começam a cobrar juros do empréstimo...
CR

Ivar C disse...

malena, depende... eu acredito que me vou emprestar todos os dias à mesma pessoa. não sei se é verdade, mas vou fazer por isso. :)

sendyourlove, :)

cr, há empréstimos a fundo perdido. :)

Anónimo disse...

não penso nada disso.

a questão de nos darmos ao outro é uma capacidade que temos. o que penso é que todos não a têm desenvolvida ou não a têm ou mataram-na !
e ninguém pode dar o que não tem, porque o que damos é o que somos e o que sentimos.

o facto de darmos amor, não nos tira a individualidade. a obsessão por alguém ou alguma coisa é que nos rouba tempo e paciência!!

damos amor quando o sentimos na vida. se sentimos raiva ou ódio é isso que damos, mas também é o que recebemos.

os pratos da balança equilibram-se, só podemos receber na medida do que damos.

Ivar C disse...

anónimo, falta aí é alguma abstracção na leitura do texto, que está longe de ser técnico. percebes? :)

Olga disse...

Gostei dessa ideia do empréstimo. Há empréstimos para toda a vida como o da casa e empréstimos de curta duração como pagar um computador em 6 meses sem juros. Cuidado é com o acumular de empréstimos para não cair em insolvência! ;)

Ivar C disse...

olga, isso mesmo. um empréstimo chega. :)

Anónimo disse...

pois não captei a abstracção do texto, ou melhor a tua abstracção... a interpretação do texto é sempre de quem o lê e não do escritor, acontece aos melhores...


bjs

Ivar C disse...

anónimo, não é deste texto. o que eu estava a dizer é que há textos que não são para concordar ou discordar, pelo menos na forma maniqueísta... :) bjs

Briseis disse...

Quem se dá total e desprendidamente não ama. Antes se sujeita ao outro, depende dele e humilha-se perante ele. É redutor isso. É, inclusivamente, doentio. Faz parte do brio pessoal de cada um saber que se ama e que se entrega a alguem sem, no entanto, lhe pertencer. Inclusivamente, quem sabe que so tem uma parte da outra pessoa, tem um respeito especial por ela, que quem sabe que a tem na mão não consegue sentir.

Ivar C disse...

briseis, interessante... that's the espirit. :)

Helena disse...

Dar-se a uma pessoa...é tão difícil! É preciso saber se é "The one" :) e isso é uma incógnita.

Nikita disse...

Caramba, homem! Realidade brutal, esta :) AMEI!

Ivar C disse...

helena, eu acho que nem deve acontecer. neste contexto, claro. :)

nikita, obrigado. :)

Fatyly disse...

e qual é o juro que cobras nesse empréstimo? :)

Para partirmos para o quer que seja numa entrega sem cobranças, temos que gostar e estarmos de bem connosco próprios porque ninguém é de ninguém, porque ninguém muda ninguém, porque...porque...

Fatyly disse...

porque...é bem verdade este poema:

Mais do que um país

Que a uma família ou geração

Mais do que a um passado

Que a uma história ou tradição

Tu pertences a ti

Não és de ninguém ...



Mais do que a um patrão

Que a uma rotina ou profissão

Mais do que a um partido

Que a uma equipa ou religião

Tu pertences a ti

Não és de ninguém ...



Vive selvagem

E para ti serás alguém

Nesta viagem ...



Quando alguém nasce, nasce selvagem

Não é de ninguém"

Delfins

Ivar C disse...

fatyly, eu não cobro juros. sou contra o juro em todos os empréstimos. :)

Pearl disse...

Absolutamente brilhante!!! :o)))
Sério, sério! É tão verdade o que escreveste...
Quando te reportaste ao empréstimo, recordei-me de livros... de como não gosto que me emprestem livros, porque tenho sempre o ónus de o devolver.
E eu gosto de ter os livros ali na prateleira, olhá-los, saber que estão lá, caso me apeteça ler uma ou outra passagem...
Não acho que me fosse dar bem com um simples empréstimo, porque eu não consigo simplesmente emprestar-me, quando amo, dou-me completamente!
:o)))

Ivar C disse...

pearl, :)