assim de repente...
Às vezes é como se abdicássemos de tudo em nome de nada. É como se por causa disso a vida deixasse de ser isso mesmo e passasse a ser um esforço permanente. Às vezes é como se ser feliz fosse anormal e culpável. A vida a dois não é nunca como imaginámos no princípio e às vezes, só às vezes, é que nos apercebemos que é tão estranho odiar viver com uma pessoa que amamos.
Às vezes é como se fôssemos sempre a peça menos importante dum puzzle gigante que é o mundo. É como se a vida passasse por nós sem nos dar importância e seguisse o seu caminho em direcção a outras paragens. Abdicamos tão facilmente dela... em nome duma coisa que se chama Economia, em nome doutra coisa que se chama trabalho ou em nome doutra que se chama família. Nunca nos perguntamos para que é serve cada uma dessas coisas se não nos fazem felizes... e às vezes percebemos isso tarde demais.
Acho que às vezes a vida a dois não resulta mas não é por causa de nenhum dos dois. É simplesmente porque precisamos de reorganizar a forma como vivemos. Todos nós e não apenas esses dois. Precisamos perceber que a Economia nos diz para trabalhar mais a ganhar menos e que não a devemos respeitar, precisamos perceber que a religião nos diz que sofrer é uma forma respeitável de viver e não a devemos respeitar. Precisamos até de perceber, talvez, que o sucesso duma vida a dois não significa aguentar um casamento até à morte. Significa, se for necessário, saber acabar com ele sem acabar com uma relação.
18 comentários:
O teres escrito "economia" sempre com maiúscula é sinal de alguma coisa? :)
Assim de repente...parece-me que tens bastante razão! Afinal, homens e mulheres não são assim tão diferentes, ou são?
Texto simples, muito bem escrito, triste e tão verdade... :/
Um texto que devia ser dado sempre que dois se decidissem juntar! um tratado...
... muito bem sentido este texto!
Achei o seu post especialmente tocante.
Tenho pensado nestas coisas ultimamente, no facto dos dias sucederem a outros dias, e na forma às vezes um bocadinho descompensada como damos demasiada atenção a coisas que não valem a pena, em vez de prestarmos atenção às coisas que importam.
Tenho pensado como é podia mudar isto, e não tenho obtido grande resposta... Mas é bom ver que há mais pessoas que pensam assim :)
CV
joaninha versus escaravelho, é... é sinal que a trato pelo nome próprio. :)
closet, não, não são... nem na forma como não se compreendem. :)
lili, obrigado. só é triste se não reagirmos. :)
sendyourlove, obrigado. :)
cv, é mesmo isso... damos demasiada importância a coisas que não a têm... obrigado. :)
Escreveste o que não gosto de pensar.
Embora ainda não tenha chegado a esse "tarde de mais", sinto que caminho perigosamente para lá.
E não é fácil voltar a dar sentido a estas nossas vidas cheias de trabalho, economia e família.
Joana P.
"É simplesmente porque precisamos de reorganizar a forma como vivemos" Que verdade tão certa, que pensamento tão real... Gostei :) Obrigado por colocares em palavras o que tantos Tus e Eus sentem ;)
sim, concordo... acho que tens toda a razão, mas o pior no meio disto tudo é aguentar a dor que nos provoca esta tomada de consciência e ter coragem para mudar algo que está mal, mas que, ao mesmo tempo, é confortável... ninguém disse que viver é fácil, nem o amor... e acho que tens uma fantástica capacidade de exteriorizar o que todos sentimos ;)
Joana P., não é fácil, não. por isso é que às vezes é preciso coragem. :)
maguita, eu é que agradeço a tua presença. :)
bia, esta tomada de consciência é, acho eu, uma paragem no tempo... se calhar devíamos todos parar de vez em quando. :)
para respirar.
:)
O teu post ta o maximo,tanta gente a pensar o mesmo e tanta gente a sofrer em silencio,tanta traiçao escondida por nao conseguirem ser sinceros com o que pensam com o que sentem,e realmente odiar o que se vive com a pessoa que amamos e horrivel,tou inteiramente de acordo contigo.
Dificil e tomar atitudes enfrentar realidades.
Bjos
calamity, :)
fresia, obrigado. :)
Bom texto. Profundo, verdadeiro, simples (e tão complicado)...
A história do amor e uma cabana não passa disso mesmo, de uma história.
Perde-se a conta de quantas discussões entre os dois começam por causa da economia e do trabalho. Pode não ser o mais importante mas é sempre ao que se dá mais importância.
nina, obrigado :)
olga, isso lembra-me a política que valoriza a especulação imobiliária...e irrita-me. :)
Ups...sorry! Não era minha intenção. :)
olga, lol. :)
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