4.09.2008

loucura

É muito fácil chamar louco a alguém. É fácil chamar louco a um tipo que pega numa caçadeira e dispara sobre o seu antigo chefe numa loja da moviflor, depois tenta o mesmo numa agência de seguros e, no dia seguinte, morre num acidente de carro por excesso de velocidade. O que não é fácil é aceitar que, em vez dele, podia ser qualquer um de nós. Temos tudo na nossa vida como certo até que um dia deixamos de ter e aí, da suposta normalidade à loucura pode ser um passo. Em qualquer um de nós.
Criámos um sistema político em que tudo parece estar certo. Temos comida nas prateleiras dos supermercados, podemos comprar casa porque os bancos emprestam-nos dinheiro, temos amigos para beber um copo de vez em quando e uma estrutura social que disfarça a nossa solidão residente. Mas esse sistema é tão rápido a incluir-nos como eficaz a excluir-nos. Dum momento para o outro tudo o que parecia certo desaparece, e custa-nos aceitar que os semáforos continuem a mudar de cor, os manequins das lojas continuem a sorrir, os jornais continuem a falar de futebol e o planeta continue a girar à volta do Sol. A nossa vida deixou de existir mas isso parece não ter importância nenhuma. De facto estamos loucos, ou melhor, chegou a nossa vez de ser loucos.
A nossa normalidade é um pântano, e é nesse pântano que vamos rindo dos que nele se afundam. Uns porque perderam o emprego, outros porque perderam alguém, outros porque nem têm nada a perder. Até chegar a nossa vez.

23 comentários:

Anónimo disse...

É nessa altura em que descobrimos que somos fortes.
Que, afinal, o sol brilha e temos sempre algo demasiado importante para nos rendermos à loucura.
E lutamos para que a "nossa vez" não chegue.
:)

Solo disse...

por favor, não compres uma caçadeira. =)

Ivar C disse...

i, pois é... precisamos pensar nisso com antecedência, para ganhar consciência. :)

solo, lol... não te preocupes, tenho uma fisga. :)

Anónimo disse...

Se for preciso, escreve-se numa parede, para estar sempre presente.
(Na da casa de banho, por exemplo, onde -ouvi dizer - se passa muito tempo depois de uma noite de copos)
:)

Ivar C disse...

i, eu passo mais tempo na cozinha. :)

Anónimo disse...

Então escreve lá.
Mas não escrevas por cima dos armários!
;)

Ivar C disse...

i, escrevo no frigorífico... o frio conserva. :)

Anónimo disse...

Certifica-te de que a vontade das cervejolas não diminui consoante aumenta a loucura... just in case.
:)

Ivar C disse...

i, acho que não há esse perigo. :)

Anónimo disse...

Vês?
Há sempre algo que não nos deixa cair na loucura!
Nem que sejam as cervejolas!
(Para mim não resultaria...)
Mas, no frigorifico, também se podem guardar chocolates!
:)

CCF disse...

Isto que escreves é importante e é sério, a fronteira entre o ter e não ter é muito pequena e nem sempre a inclusão depende da força das nossas frases escritas onde quer que seja. Há muitas pessoas que um dia se encontram quase na rua e sem ter a quem ou como pedir ajuda, sobretudo se forem da classe média baixa ou média pois têm vergonha da situação em que estão. O que terá motivado este homem?! É que não sei se loucura é sempre o mesmo que desespero. Desculpa pintalgar este teu espaço com um bocado negro!
~CC~

Peter Mary disse...

Viste "Um dia de raiva" ? Aquilo fazia algum sentido... lol

Sophia disse...

Amei o texto! Na vida é assim, é difícil a subida, fácil demais a queda!
E muitas vezes apercebo-me de que muitas pessoas vivem para criticar as outras... É mau, ams é o que temos!!!

Anónimo disse...

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Cumprimentos, Daniel Vilarinho

Anónimo disse...

olá

descobri,hj seu blog.
estou adorando...

daniela

.::Von_Bitch::. disse...

Tal como tu, também estou solidária com o Homicida... não o consigo julgar por muito tresloucado que pareça a atitude dele.A culpa é do sistema!O mesmo sistema que semeia medos para vender armas...ciclo vicioso em exibição há largos anos nesse paraíso da setima arte que são os USA lolol
Ainda bem que o homem trabalhava na moviflor...se trabalhasse na Ikea ainda arrajava 1 conflito internacional...

Sendyourlove disse...

A realidade é arrepiante! Mas prefiro viver arrepiada e ter consciencia desta vidinha de *#***.

Ivar C disse...

i, lol... comigo funciona tudo: chocolates e cerveja. :)

ccf, não peças desculpa. agradeço o teu comentário... e sim, a loucura não é sempre desespero. às vezes é, no entanto. :)

peter mary, não vi... :)

katynha, sim... a queda é fácil. :)

daniel vilarinho, abraço

daniela, bem vinda, então, e obrigado. :)

von bitch, sim, este homem estava desamparado. basicamente foi só isso. :)

sendyourlove, acho que todos preferem, às vezes só não é possível. :)

Anónimo disse...

Será que duas colheradas de cola cao dentro da cerveja... marcharia melhor?...
Pronto! Agora devo-te ter agoniado mais do que com aquela da Lili Caneças!
:)

Ivar C disse...

i, só com o cola cao é que me provocaste agonia... mesmo assim entre cola cao e a lili, prefiro cola cao, lol :)

ßrighid disse...

Eu diria até que a dita loucura, o tal pântano que nos engole é necessário para chegarmos à lucidez do que realmente importa.

Bjs

Afrodite disse...

JÁ CHEGOU A MINHA VEZZZZ.....SOCORROOOOOOO!!!!

ehehehe isto por causa da nossa conversa de ontem...fdx está quase na minha vez, está está ;). Irra merda de sistema estupidozinho que nos leva à puta da loucura.

Desculpa lá os palavrões mas faz-me bem desabafar...escoa a loucura para fora de mim :)...(grande desculpa a minha ehehhee)

Abreijinhos...mais uns...

Ivar C disse...

bri, isso acontece às vezes, de facto... mas só às vezes. :)

afrodite, tem calma... isso arranja-se :)