4.24.2007

Catarina Eufémia



Nasceu em 1928, no Alentejo, e tornou-se ceifeira. Em 1954, durante uma greve em que os camponeses reivindicavam melhores condições de trabalho, colocou-se à frente dum movimento de manifestantes, acabando morta a tiro pelo cabrão dum tenente da GNR que devia ter sido enforcado, logo à nascença, pelo próprio cordão umbilical. Estávamos no auge do regime político do filho da puta do Oliveira Salazar, que para além de ser ditador, maricas e levar no rabo do cardeal Cerejeira, não deixou para a História mais nenhuma marca digna de registo. Por isso mesmo era preciso coragem para fazer o que Catarina fez. Hoje parece fácil. Em 1954 não era.

Catarina na Wikipedia

10 comentários:

Artur Torrado disse...

Pergunto-me se a História fosse escrita com esta objectividade, com esta energia, com este ritmo, não haveria muito mais apetência para conhecer o passado. Obrigado.

Hipatia disse...

O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: fazer frente

Pois não deste homem por ti
E não ficaste em casa a cozinhar intrigas
Segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres
Nem usaste de manobra ou de calúnia
E não serviste apenas para chorar os mortos


Sophia de Mello Breyner Andresen - Catarina Eufémia

as velas ardem ate ao fim disse...

Feliz dia da liberdade!

bjos

jp(JoanaPestana) disse...

hoje e como sempre é mais fácil falar, falar muito e muitas vezes só por falar e de preferência sem o outro ouvir.
agir e consolidar o agir é duro
é pressionar o sofrer
é mostrar que doí mas sim
existem poucos dispostos a
loemos os que há e os que já houve

Anónimo disse...

É tão estranho que todo o... como lhe hei-de chamar?... lado negro? sangue? tenha sido objecto de um apagamento na nossa história de portugueses de brandos costumes... Parece às vezes que "não aconteceu nada de especial"... e ele é o estado novo, as torturas da PIDE, a guerra colonial, a Catarina Eufémia, mas também a perseguição e matança de judeus naqueles dias do reinado de D.Manuel... e sei lá o que mais, que eu não sei, porque era muito novinha em 74.
Nós mentimos mesmo bem a nós próprios, como povo.

E embora eu ache o José Gil, "Portugal Hoje, O Medo de Existir" muito depressivo na sua análise, tenho de lhe dar alguma razão.

Obrigada pelo teu post, Ivar... A História faz-se de pessoas.

E Viva o 25 de Abril. Sempre e apesar de tudo. Ou apesar de nós.

Fausta Paixão disse...

xiiii.... c'um caraças, pah!!!!

esta versão é mesmo fixolas!!!

Anónimo disse...

Principalmente porque ela não teria muitas dúvidas sobre o que lhe ia acontecer.
Mesmo que não previsse a morte, sabia, sem sombra de dúvida, que ia parar à prisão e que no mínimo a uma grande carga de porrada não se safava. No mínimo

Fausta Paixão disse...

... mas a parte que me deu mais gozo foi a cardeal Cerejeira encavalitado no homem... e a minha imaginação não ficou por aí... até parece que estou a ouvir o Salazar: "Para dentro rapidamente e em força!"... ou então: "portugueses, estamos orgulhosamente sós; (e só em pensamento) foda-se este que aqui está em cima das minhas costas deve ser o espírito santo!"

Didas disse...

Fáchabor de não chamar filho da puta ao eleito melhor português de sempre. Ele era só filho de pai incógnito.

Ivar C disse...

pronto, Didas, não chamo mais. Todos para Bragança e em força...