4.10.2007

conversa 123

Ela – Ainda não percebi porque é que as pessoas que passam por coisas como tu depois querem arranjar uma relação logo a seguir.
Eu – Eu não quero arranjar uma relação logo a seguir, senão garanto-te que já tinha arranjado. Se arranjar uma relação qualquer resolvesse o problema...
Ele – As pessoas todas querem ter uma relação estável. Mesmo que digam que não...
Ela – Ah! Ah! Vê-se mesmo... olha que estás enganado.
Eu – Isso não sei. Nem acho que precise saber. Para ter esta conversa precisamos de definir o que é uma relação estável. Acredito que haja tantas definições para relação estável quantas as pessoas existentes no mundo.
Ela – Não percebi...
Eu – Sei lá. Pensa no que era uma relação estável no antigo regime. Era algo que dependia dum casamento católico e de alguns valores com que eu não concordo.
Ele – Ah é?! E para ti o que é uma relação estável?
Eu – Opá... acho que é uma relação onde cada um consegue ter um nível de privacidade satisfatório,porque existe confiança. E... é também uma relação em que ambos acreditam que vai durar sempre, mas que se não durar, ambos vão tentar que o outro saia o menos magoado possível.
Ele – Já pensaste quem nem todos conseguem dar isso a que chamas privacidade ao outro? E que isso acontece porque se tem ciúmes porque se gosta muito do outro?
Eu – Sim... não estou a dizer que o ciúme é totalmente desprezável numa relação. Mas acho mesmo que deve ser muito controlado. Eu, por acaso, nunca fui ciumento. Acho eu...
Ela – Mas tu não te podes queixar. Tens uma vida social boa. Trabalhas, sais à noite com amigos.. para que é que precisas de estar com alguém?
Eu (penso um bocado) – Tens razão. A cho que a diferença principal é tu seres importante para algumas pessoas, e essas pessoas serem importantes para ti, ou tu seres a pessoa mais importante para outro e sse outro ser a pessoa mais importante para ti.
Ele – hum, hum...
Eu – Mas isto no fundo é tudo uma grande tanga.
Ela – Tanga?! Estavas a ir tão bem... porque é que é tanga?
Eu – Porque quando duas pessoas gostam mesmo uma da outra acabam por se juntar independentemente do que a massa cinzenta tenha a dizer sobre o assunto. O coração ganha sempre ... e o cérebro perde. E ainda bem que é assim.
Ela – Eu devo ser extra-terrestre, então. Há cinco anos que acabei a relação com o ***** e nunca mais... às vezes acho que vou ficar para tia. Tenho mais de trinta anos e cada vez me sinto mais perdida...
Eu – Eu também tenho mais de trinta anos... tu queres ter uma relação comigo? Não, pois não? Eu também não quero ter uma relação contigo. É isso que estou a dizer, percebes? Não se tem uma relação só por ter... ou se acredita que vale a pena ou não se acredita, é uma merda assim parecida.
Ele – Posso ir buscar mais uma garrafa?
Eu – Claro. Trás uma Couteiro-Mor tinto. É alentejano... é muito bom.
Ela – Eu vou à casa de banho.

6 comentários:

Tangerina disse...

Eu só acredito nas relações de conveniência: ou me convêem ou não.
That simple:)

Bjo.

Ivar C disse...

lol tangerina. Deixa-me adivinhar... nasceste na Finlândia... ;)

Tangerina disse...

Han han:)

Contabilista Emocional disse...

As relações são como os azares: aparecem quando menos se espera.

Ivar C disse...

contabilista emocional, a sorte também é assim, não é?

Contabilista Emocional disse...

Tens razão. Desarmaste-me. Acho que penso demasiado nos azares e nas coisas más da vida.