conversa 119
ao jantar
Ela- Tu és muito impulsivo. É o teu maior problema…
Eu – Eu sei… mas isso já não posso mudar.
Ela – Sim, eu sei… é um privilégio ser tua amiga, mas tu sabes isso, não sabes?
Eu – Sei que é um privilégio para os dois. É sempre assim quando se fala em amizade, não é?
Ela – É. (ri-se)
passados alguns minutos:
Ela – Nunca pensaste em… ser mais do que meu amigo?
Eu – O quê? Se pensei que podíamos ter uma relação?
Ela – Sim… um affair, uma coisa qualquer…
Eu – Claro que pensei, e tu também pensaste. Mas nunca aconteceu e, para ser sincero, ainda bem… não acho que conseguíssemos estar muito tempo juntos. Nem eu contigo, nem tu comigo.
Ela – Sim… isso é verdade.
passados mais alguns minutos:
Ela – Tu estás livre?
Eu (cantarolando António Variações) – Tu estás livre e eu estou livre… e há uma noite para passar…
Ela – Estás com alguém ou não?
Eu – Não. Oficialmente estou livre que nem um passarinho… mas emocionalmente não…
Ela – Ah!
Eu – E tu?
Ela (encolhe os ombros) – Gosto dum tipo… mas ele é casado…
Eu – É casado? O único conselho que te posso dar é teres sempre uma garrafa de uísque em casa… (risos)
Ela – Já estive com ele… uma vez.
Eu – Hum… tem cuidado contigo. É só isso. Faz o que quiseres, não te estou a dar lições de moral. A sério que não… mas tem cuidado contigo. Sei lá, não te entregues demasiado sem alguma coisa em troca… percebes?
Ela (abana afirmativamente a cabeça)
Eu – Se bem que eu sou o último gajo do planeta que devia dar-te este tipo de conselhos…
Ela – Porquê?
Eu – Porque… olha, porque só faço asneiras… e mais não digo.
passados mais alguns minutos:
Ela – Mas tu divorciaste-te há tão pouco tempo. Eras capaz de te meter noutra já?
Eu – Oh! Não me faças perguntas difíceis…
(alguns segundos de silêncio)
Eu – Devagarinho até me metia noutra… cautelosamente, digamos…
passados mais alguns minutos:
Ela – Lembras-te quando vivias aqui? O pessoal pensava que nós éramos namorados…
Eu – Claro que me lembro… isso só quer dizer uma coisa…
Ela – O quê?
Eu – Que aquilo que o pessoal pensa não interessa.
Ela – Pois… mas incrível é que nunca te esqueceste de mim.
Eu – Não é incrível. Acho que me lembro de ti todos os dias.
passados mais alguns minutos:
Ela – Devias vir mais vezes ao Porto jantar comigo…
Eu – Às vezes venho ao Porto e nem estou contigo. Tenho aqui mais amigos e pouco tempo para estar com eles todos… além disso tu também devias ir a Aveiro de vez em quando. Tens sítio para ficar.
Ela –É muito longe.
Eu (só em pensamento) – Foda-se!
passados mais alguns minutos:
Eu – Olha… tenho um blog na Internet onde, mais ou menos, vou falando da minha vidinha de divorciado. Gostava de pôr lá alguns bocadinhos desta conversa… posso?
Ela – Agora toda a gente tem um blog. Só eu é que não… não vais pôr lá o meu nome, pois não?
Eu – Claro que não. Nunca exponho as pessoas de quem falo. Às vezes mudo tanto as coisas que nem elas próprias se reconhecem… não te preocupes…
Ela – Faz o que quiseres…
passados mais alguns minutos:
Eu – Às vezes tenho saudades tuas… estou a beber um copo e lembro-me de ti sem mais nem menos. Apetecia-me que estivesses ali, ao meu lado, a dizer as tuas coisas…
Ela – Ainda bem que me dizes isso…
11 comentários:
Huuuge smile:))))
(Conversa bonita, essa)
Bjo de citrino
A amizade é mesmo isso:). Gostei.
Bj.
Ás vezes há conversas assim.. parece que não dizem nada, mas podem dizer tudo!
Muitas vezes nem importa como começam ou acabam... mas sim o que de bom se tira delas.
beijocas
tangerina, beijo para ti com hálito a bagaço. ;)
borboleta, pois é, pois é... ;)
nina, é verdade. muitas vezes começam com um jantar... ;)
Uma amizade assim, entre um homem e uma mulher, é tão bom quanto um grande amor e sem as complicações e amarras que o amor tem. :-)
olha... karla. tens razão, sabias? :)
Calculava ;)
Argh!!
A definição mais interessante que já ouvi de amigo/a foi: toda aquela pessoa do sexo oposto que, por um motivo muito estranho que nunca conseguiste explicar, nunca foste para a cama com ela.
Também podia deixar a definição de escuteiro, mas não seria oportuno.
tangerina, então? está tudo bem? ;)
jf, tens razão. No meu caso, os amigos do mesmo sexo que eu... também nunca fui prá cama com eles... mas sei explicar porquê. lol!
Agora um enorme cliché: há mais amor na amizade que amizade no amor.
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