2.21.2011

say no to the dress

No casamento não devíamos dizer "sim", devíamos era dizer "não".
Este fim de semana passei os olhos por um programa chamado "Say Yes to the Dress" (Diz Sim Ao Vestido), sobre a forma como as noivas norte-americanas compram os seus vestidos de casamento, renovação de votos e afins. Um casal de classe média chega a gastar onze mil dólares num vestido, o que é uma tolice porque, para além de só se usar uma vez, é injustificadamente caro.
A única justificação, aliás, é que o "sim" que se diz com um vestido de onze mil dólares, é um "sim" tão pesado para a vida que tem que se andar de cabeça perdida antes de o dizer. Tipo, vou fazer uma asneira tão grande (dizer que "sim") que, antes dela, vou fazer uma mais pequenina (enterrar as minhas poupanças todas num vestido) para me ir habituando.
O "sim" do casamento é um "sim" a tudo menos ao Amor, porque esse "sim" já foi dado antes várias vezes. Em cada beijo que se deu, em cada entrelaçar das mãos, em cada acto sexual ou abraço já dissemos que sim. O "sim" do casamento é mais um "sim" contratual, ou seja, o oposto de todos os outros "sins" que dissemos antes. O "sim" do casamento, seja ele civil ou religioso, é uma promessa de que se vai gostar mesmo quando já não se gosta, e além disso se vai fazer as contas ao património, salários e o que mais houver.
Talvez o casamento fosse mais sério se pudéssemos dizer que não. Talvez o casamento devesse ser uma cerimónia para mostrar ao outro aquilo que não se quer nem se deseja para a vida, e se pudesse fazê-lo porque se parte já do pressuposto de que o Amor existe e por isso não é preciso contratualizá-lo. Se o casamento fosse isso, umas das coisas a que eu diria não, certamente, era a vestidos de onze mil dólares.

40 comentários:

Helena disse...

:)
Esse tb foi um aspecto que surgiu no filme:"Ele não está assim tão interessado"...Boa desculpa, poderia dizer-se de algumas pessoas...

Toda a razão quando o sim se diz diariamente e nos pequenos pormenores :)

Lima e Tequilla disse...

Eu ainda ontem vi esse programa. É mesmo ridículo a quantidade de dinheiro que se gasta num vestido. Esta bem que para quem tem o sonho de se casar, o vestido não pode ser qualquer trapinho mas torrar tanto dinheiro numa peça de vestuário que apenas se vai usar um dia é completamente descabido. Prefiro ter um vestido mais barato e gastar esse dinheiro todo na viagem da lua de mel.

Framboesa (uma diva de galochas) disse...

Olha, eu ao teu texto (gostei bastante) respondo com o seguinte: casei pelo registo há 9 anos e para o ano vou fazer uma cerimónia espiritual de renovação de votos.Porquê? porque preciso disso. não gostei da "assinatura" de papeis, sou uma eterna romantica e preciso disso...O meu casamento não precisa disso, ele muito menos...mas eu e a "menina sonhadora" dentro de mim precisamos.Irracionalidades, que queres que te diga? Quando comentámos este nosso desejo (sim que apesar de ser sonho meu, estamos a planear o momento os dois e a dois) algumas pessoas não compreenderam o porquê de fazermos uma cerimónia espiritual de renovação de votos, até porque já estavamos "casados no papel".Ou seja, já estava tudo dito, tudo feito. Mas qd casámos "pelo papel" fizemos promessas que esperavamos cumprir mas não tinhamos certeza de que as iriamos cumprir.Quem a tem, qd apenas namorámos sem antes viver juntos e eramos uns miudos de 20 e poucos anos? Mas se as coisas correrem bem, para o ano quando fizermos a nossa cerimónia, já podemos dizer o "sim" com o sentimento e sabedoria que estes 9 (na altura 10) anos nos ofereceram.

Qt ao dress...nah, não daria esse dinheiro todo por um vestido...

Arnaldo Amaral disse...

Concordo plenamente! Acho que nunca será o facto de estar casado com alguém que ame que me vai fazer amar mais essa pessoa. O amor tem de existir igualmente com ou sem casamento. Para mim, penso que o único objectivo do casamento é demonstrar aos outros que se está casado, que se tem um lugar na sociedade moderna. Porque a pressão que exercem sobre os casais para que estes casem é enorme sem ter, no entanto e a meu ver, qualquer vantagem na vida a dois...

pois disse...

Meu caro,
Tal como com aquela sua brincadeira do dia dos namorados, também não concordo com esta.
Acho que no fundo talvez seja uma tanto ou quanto antiquado, mas "o (meu) "sim" do casamento (não foi)um "sim" a tudo menos ao Amor. Muito pelo contrário.
Concordo com tudo o resto: com o Dar várias vezes, com desperdícios em insignificancias, mas com isto não meu caro.
Porquê? Para lhe explicar isto teria que transformar o seu blog num forum.
Cumprimentos

crise disse...

Concordo e muito com o teu ponto de vista .
Bom post .

Ivar C disse...

maria, obrigado. :)

lima e tequilla, é uma excelente ideia, gastar o dinheiro na lua de mel. :)

framboesa, se precisas fazes muito bem. eu não estou casado e renovo-os quase todos os dias. :)

besta artista, é isso e fazer o irs a dois. :)

pois, eu também já casei. não estava a falar das opções individuais de cada um mas do casamento enquanto instituição. :)

crise, obrigado. :)

Framboesa (uma diva de galochas) disse...

bagaço: não, não sou eu...é a miuda de 10 anos que é uma mimada e está sempre a dizer: oh pah, eu quero dizer até que a morte nos separe e ninguém me deixou dizer da outra vez! lolol....Até podia dizer "coisas de gaja"...mas não...é mesmo "coisas minhas"*

Salsa disse...

grande parte dos casamentos, existem para se mostrar as outras pessoas e não para os próprios viverem a instituição que é o casamento (pelo menos para mim).
agora uma coisa eu digo, grande parte das mulheres são loucas, gastam uma pequena fortuna num vestido que só vão usar um dia na vida.

Anónimo disse...

Nada tenho contra à decisão em se casar na igreja, mesmo porque é um sonho para muitas mulheres e uma necessidade para os católicos - só não concordo quando a festa é paga pelos pais e sogros, embora cada um faz o que quer com o dinheiro que tem. Em um relacionamento, seja de casados, namorados, enrolados, seja lá o que for, sempre haverá "sins" e "nãos" e seu término dependerá da maturidade e forma como o casal se relaciona, independente se o "sim" (ou "não") foi dito usando-se trajes de 50 mil dólares ou simplesmente nenhum.
Lyra

redonda disse...

Se eu fosse uma vendedora de vestidos de casamento ia odiar este post :)
De resto, gosto de casamentos, gosto do momento do sim, em igrejas ou cartórios ou onde for, da festa que se segue e das memórias que ficam e também da ideia dos noivos vestidos de uma forma diferente, como actores principais facilmente identificáveis por onde passam, sobretudo a noiva, embora talvez com um vestido um pouco menos caro :)

Estudante disse...

Bom, nesse caso talvez seja melhor alterar o célebre discurso do "na saúde e na doença, na alegria e na tristeza..." para qualquer coisa como: "prometes não deixar a tampa da sanita levantada, não deixar a roupa suja pelo chão, não deixar pêlos da barba no lavatório, etc, etc... de certeza que aí alguém ía dizer NÃO :P

*** disse...

Sim! Sim! Sim!
(Onde é que eu assino?)

TM disse...

Por essas e por outras é que eu prefiro não casar.... é mais barato... :P

Rana disse...

Quando duas pessoas casam fazem-no pensando que é para a vida. Por isso investem na festa, nas toilettes, na cerimónia civil ou religiosa. O “sim” é a continuação do amor. Quando se assinam os papéis não se está a pensar que é um contrato. Mas, esse contrato existe e, foi feito perante várias testemunhas.
Se a vida a dois corre bem, as pessoas nem se lembram daquilo que assinaram. Se dá para o torto, aí sim, vê-se que foi celebrado um contrato.
Hoje, vê-se a união de maneira diferente ( simplex). Não é necessário demonstrar aos outros que o “ AMOR” só é válido quando exposto em cerimónia pública.

Anónimo disse...

Curiosamente o que me fez mesmo decidir casar com o meu ex-marido (ex, lá se vai o final feliz do comentário) foi a resposta que me deu quando lhe perguntei se me ía amar para sempre: "acho que sim, mas não posso jurar".
Moral da história, devia ter escolhido um mentiroso e provavelmente ainda seria casada!
;)

Anónimo disse...

ohhh e eu que só queria ir para a catequese por causa do vestido?? :))
Oh Bagaço eu adoro o teu blog, mas isso é conversa de gajo. Honestamente ladies, não há nenhuma pontinha do vosso corpo que não desejaria um dia estar dentro de um espectacular vestido branco? :) Claro que tudo o resto tem de lá estar também, mas desejar um casamento é algo tão feminino..não nos tirem isso.
MJ

Ivar C disse...

framboesa, lol. então tudo bem. :)

salsa, essa é mesmo uma definição de loucura. :)

lyra, eu não tenho nada contra nada, e este post não é contra nada. que for católico, budista, judeu, confunciano ou outra coisa qualquer, que case como lhe apetecer. :)

redonda, lol. eu não conseguia estragar o negócio mesmo que quisesse. :)

estudante, ora nem mais. :)

lm, já assinaste. :)

tm, então se tiveres em conta o divórcio, garanto-te que é mesmo muito mais barato. :)

scarlet red, e queiras estar casada numa mentira? não, pois não? :)

mj, eu não quero tirar nada a ninguém. já me casei e já me divorciei uma vez, e não digo nunca a nada, embora já me sinta casado outra vez. além disso... sou gajo. :)

Ivar C disse...

rana, ainda bem que não é preciso demonstrar nada aos outros, digo eu. :)

Stiletto disse...

Eu concordo contigo quanto ao aspecto monetário da coisa. Acho uma estupidez gastar uma fortuna numa festa, que passa a correr. Foi por isso que fiz um casamento restrito à família directa.
Mas não concordo nada que o acto de casar seja apenas um contrato. Para mim teve um imenso significado a promessa perante Deus. Já vivíamos juntos há 1 ano quando casámos e a verdade é que no quotidiano nada mudou. Mas para mim o compromisso tornou-se mais solene e importante. Pode até ser tolice mas foi (e ainda é) o que senti.
Agora se perguntares ao meu marido, foi um frete que fez por amor :-)

mcnulty disse...

espera ai que vou fazer forward deste post para a minha namorada....

Ivar C disse...

stilleto, e estás no teu direito total. eu até só casei pelo civil porque sou ateu, de maneira que só assinei mesmo um contrato. :)

mcnulty, lol. :)

Vita C disse...

venho aqui muitas vezes mas raras são aquelas que comento.
eu sou católica. mas daquelas que acredita que existe uma revolução dentro desta instituição que é tantas vezes mal entendida, porque se confunde o que se vê com o que efectivamente se faz. simultaneamente, sou uma profunda e orgulhosa "canhota". se o casamento é necessário para o amor? não. mas não vejo nada de irónico ou nocivo neste. as coisas duram enquanto duram, e durante esse tempo, cada um o vive à sua maneira. o casamento por si é apenas um contrato, o matrimónio será um sacramento para os católicos. mas não deverá ser imposto nem entendido pelo que não é, nem
é sinónimo de amor ou conjugalidade. é um extra e não o centro da coisa.

Andreia Ressurreição disse...

Pois este post dá muito que falar.
Posso dizer que casei depois de 4 anos de estarmos juntos e com uma filha da mesma idade.
Posso dizer que casamos porque queríamos partilhar o momento com os amigos, queríamos a festa, o nosso momento...o nosso maior compromisso como sempre dissemos e continuamos a dizer nasceu com a nossa filha, esse sim é um elo para o resto da vida sem divórcios possíveis.
Mas para nós também era importante o Contrato.
Sim o contrato legal, ter a certeza que se nos acontecesse algo o outro existia e podia agir, estava protegido...que tinha uma quantidade de direitos perante o Estado e qualquer outra pessoa, e deveres também...e não sei (lá está uma questão de visão) porque é que as pessoas acham isto mal, ou não gostam de falar disso, como tudo na vida o casamento é regulado, existem direitos e deveres e quanto a mim isso é positivo.
O nosso Amor não foi definido nesse momento esse vem de traz e é renovado todos os dias, como nós dizemos namoramos todos os dias, mal daqueles que assim não for.
Agora certamente que também não gastaria "€ 11.000" num vestido como não gastei, mas para quem tenha e possa...à que ajudar a economia quem sabe a senhora era rica e a América está em crise :)

Ivar C disse...

vita c, eu não sou católico mas sei que o discurso actual do Vaticano, no que diz respeito à Economia, tem virado muito à Esquerda. Na verdade é um discurso anticapitalista, e ainda bem. Não alinho com a visão social de qualquer Igreja católica, mas também não tenho nada contra quem o seja. :)

bruxinha, a crise da América não se resolve com vestidos. Só com o fim da especulação financeira. Mas acho que se precisavas desse contrato fizeste muito bem em assiná-lo. A parte da partilha com amigo, eu também partilho. :)

Anónimo disse...

Gastei 5000€ no meu vestido e não me arrependo de nenhum cêntimo que paguei. Amo o meu marido, sou mais louca por ele hoje que quando o conheci há 7 anos. Éramos dois meninos, inconscientes, nos quatro anos que vivemos juntos antes de casar, não houve um único dia que não pensasse em dizer o "sim". "Coisas de gaja"?! Provavelmente, mas queria ter o meu dia mais bonito de sempre e ser o centro das atenções e senti-me uma princesa.
Se um dia acabar, se o "sim" deixar de fazer sentido, para mim ou para ele, ou para ambos, continuarei a recordar aquele dia como "O" dia. Não se celebra o nascimento de um filho? Tivesse eu tido a possibilidade de celebrar o meu Amor no dia em que o conheci e tê-lo-ia feito.

(Hoje sinto-me romântica...)

Ivar C disse...

janine bettencourt, bem... eu também gastei uns dois contos numas calças, só porque as minhas já tinham todas pelo menos um rasgão. :)

*** disse...

O meu "Sim" é um SIM ao "say no to the dress".
Posso gabar-me de ter como melhor amigo um dos melhores designers de moda do país (vá, o melhor...o melhor do mundo até, pelo menos para mim) que até me perceber, queria á força fazer-me um vestido de noiva:
-"Tu não me digas que não vais querer vestir um vestido destes"
-"Pois não vou querer não senhor"
-e este teu texto explicou porquê. Vou imprimir e levar ao meu amigo.;)

Olga disse...

Já disse não, até porque os vestidos nem me assentam bem e o branco não dá com o meu tom de pele! ;)

Brincadeiras à parte, se não cuidarem um do outro todos os dias não é o vestido ou o papel que vai melhorar a situação. Isto é só a opinião de quem nunca casou mas que vai aprendendo com os erros dos outros.

Ivar C disse...

lm, eu, se alguma vez tornar a contratualizar uma paixão, é com uma t-shirt do Gasganete. :)

olga, eu concordo. :)

Malena disse...

O que é mais triste é que por cá já muito boa gente se endivida para custear as despesas da festa de casamento! Até se casa na igreja porque é lindo!! Mesmo que depois nunca mais lá se ponham os pés!Um absurdo!!
:)

Ivar C disse...

malena, e logo no casamento, que até pode ser um bom negócio. lol. :)

Fatyly disse...

No meu tempo, sim porque já posso aplicar esta frase emblemática, outros valores se levantavam e fui vestida de noiva mas jamais de onze mil dólares mas feito pela minha mãe que era costureira.
A festa foi no quintal dos meus pais.
O "sim" era o culminar de vários degraus que hoje estão ao contrário:
namoro- beijinhos e apertões doces-casamento e sexo (claro que havia em quem uns dias antes adiantava serviço):):):)
Hoje é sexo, sexo, sexo, sexo, namoro, sexo, juntam-se e mais sexo e se der certo e por conveniência nos ou dos impostos casam :):):)

"alvez o casamento devesse ser uma cerimónia para mostrar ao outro aquilo que não se quer nem se deseja para a vida"... para mim 90% dos casamentos, alguns marcados com um ano de antecedência é para os pais e os próprios noivos mostrarem o que muitos não têm e depois lá andam a pagar a factura.

O amor que une dois seres, a meu ver , foi, é e será sempre TUDO além do materialismo!

Ivar C disse...

fatyly, tens razão, sim. o amor que une deve ser tudo. :)

Anónimo disse...

Permite-me que lhe diga que referenciei esta entrada no meu blogue, porque achei uma crítica não só muito interessante como muito correcta.
Está nesta entrada: http://cween-crazy.blogspot.com/2011/02/casamento-amor-e-dinheiro.html

Ivar C disse...

carmen, obrigado. :)

Anónimo disse...

Oh, de nada. Não é por ser simpática, é porque acho que, não só pelo aspecto cultural, é bom divulgar algo assim, mas também é importante despertar consciências para a verdade e esta verdade, na minha opinião, já está muito bem apresentada. Seria um pouco mesquinho fazer um texto com a mesma ideia, parecido, da minha autoria, em vez de redireccionar para o original.

Ivar C disse...

leoa, :)

Anónimo disse...

Ah... não sei se entendeu ou não, Ivar, mas a leoa era eu. Esqueci-me de trocar de conta.

Ivar C disse...

cármen, percebi, sim. :)