coisas que fascinam (117)
A Kodak tinha uma frase publicitária que dizia que recordar é viver. Recordar não é viver, muito pelo contrário. Quando olhamos para trás na nossa vida, seja através duma fotografia ou da própria memória, fazemo-lo quase sempre duma forma melancólica, porque o passado é isso mesmo, aquilo que não volta a ser.
Recordar um momento feliz pode desenhar-nos um suave sorriso nos lábios, mas também nos causa uma espécie de vácuo na alma. É uma felicidade reprimida pelo tempo, talvez por estarmos a tentar respirar um ar já respirado.
Só no Amor é que existe o olhar para trás como se fosse para a frente. Hoje, enquanto tomava café numa esplanada de Aveiro, vi um homem cruzar-se com uma mulher na mesma altura em que desviavam o olhar um do outro. Uns passos depois ambos olharam para trás ao mesmo tempo, apanhando-se mutuamente nessa coincidência cósmica que é querer ver e ser visto ao mesmo tempo. Ela acenou-lhe timidamente com a mão e continuou a andar até ser engolida numa curva da cidade. Ele ficou algum tempo mais, mesmo quando já não a podia ver, porque a podia sentir.
Ambos olharam para trás olhando para a frente, e nessa frente, tenho a certeza, poderão tornar a encontrar-se um dia destes.
23 comentários:
Talvez amanhã se encontrem...:)
Discordo de ti.
Imagina o ser humano sem passado ou que sofra de amnésia.
Somos um reflexo daquilo que fizemos ao longo da nossa vida.
Eu costumo dizer que nunca esqueças o bom e o mau do teu passado para assim construires um melhor futuro.
maria, sim... imagino que sim, pelo menos. :)
salsa, mas eu não disse em lado nenhum que se deve esquecer o passado. :)
"Recordar é viver" é do Vítor Espadinha.
A assinatura (frase) da Koadk era "Para mais tarde recordar"
:)
anónimo, olha, é verdade. ando todo trocado. sem bem que para o caso dá igual. :)
Ai, porra, que bonito.
Adoro esta tua faceta de narrador/observador.
lm, obrigado. :)
Eu também tenho a certeza que vão encontrar-se! Eu cá estou muito optimista, agora! =)
Ficar agarrado às memórias é meio caminho para ficar preso num tempo que não volta e não ver a vida que passa à frente... As memórias devem ser visitadas frequentemente sim e devemos sorrir com elas, mas depois da visita, deve-se fechar a portinha e apanhar o próximo autocarro da vida...
Pois... Para o caso pouco importa...
Se é do Vitor Espadinha, ou se é da kodak...
O importante aqui são mesmo as tuas palavras...
"Só no Amor é que existe o olhar para trás como se fosse para a frente."
:)
memyselfandi, boa. :)
mikashi, sim... concordo contigo, até porque estamos a fala de memórias emocionais e não factuais. :)
sophie, obrigado. :)
(Suspiro e sorriso baboso estampado na cara...)
briseis, :)
Acho que o slogan da kodak era: filmes kodak, para mais tarde recordar. O recordar é viver parece-me mais um verso do vítor espadinha ;)
anónimo, já sei... :)
Quando olhamos para uma fotografia ela leva-nos exactamente àquela época (recordamos e sentimos esse momento); quando ouvimos uma música ela transporta-nos àquele tempo (recordamos e sentimos esse momento).
No amor é bem diferente.
As personagens desta história, ao cruzarem-se, sentiram um “plim”. Ficaram apalermados sem saber o que fazer.
Coisas do Amor...
rana, exacto. :)
"Vácuo na alma"...na mouche,sinto isso mesmo quando recordo momentos felizes...sim, sou nostalgica...oh caracinhas...
framboesa, :)
Há imensa tralha do passado que esqueci e outras que não as abro e quando vejo fotografias antigas...nada daquilo me diz o quer que seja e muito menos melancolia, mas engraçado que sorrio imenso quando me ponho a recordar as patifarias e brincadeiras que tive com os meus irmãos e amigos.
Não consigo perceber "só no amor é que existe o olhar para trás como se fosse para a frente"?? por vezes é melhor nem lembrar asneiras do passado ou talvez sim para que não se repitam e assim uma união ser mais duradoura. Dás um exemplo lindissimo...mas pode significar tudo...menos amor e foi numa dessas que fui de trombas ao poste loll que queres pá...o homem era que nem pudim de pão hehehehehehehehe
é a minha opinião:)
fatyly, lol lol lol. :)
Delicioso este post!!!
Acelerou-me a pulsação por me recordar uma situação semelhante na minha vida...
Será que esta aceleração da pulsação significa que estou a viver no passado?
Ah, não voltei a encontrá-lo, e as probabilidades disso acontecerem são mais que remotas dada a distância a que me encontro de Portugal, mas quem sabe um dia...
;o)))***
pearl, já encontrei amigos pessoais, em Praga, em Dublin e em Hong-Kong... :)
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