crónicas da cidade que sopra | em cada corpo cabe uma vida
Esta semana a crónica da cidade que sopra torna a ser publicada sexta-feira, ou seja, amanhã.
Em cada corpo cabe uma vida. Uma mosca bate insistentemente no vidro que separa Sandra do movimento que passa lá fora, como se não fosse capaz de entender a solidez daquela transparência inultrapassável, mas ela não lhe liga. Mantém o olhar nos transeuntes e, com uma esferográfica roída pelos dias, vai contabilizando num guardanapo as faces que lhe parecem tristes ou felizes. Embora haja mais faces tristes continua a contar, que talvez a tendência mude, como se não fosse capaz de entender a solidão daquela evidência inultrapassável.
5 comentários:
Esboçará, a Sandra, um sorriso a cada transeunte feliz? Talvez mantenha o olhar triste sorrindo...
muito bonito :) fez-me lembrar Haruki Murakami, crónica do pássaro de corda em que uma das personagens contava as pessoas carecas na rua para efeitos de estatística e outra para limpar a cabeça ia para a rua e passava horas seguidas a observar as pessoas que passavam.
muito bonito mesmo este teu fragmento :))
sou, talvez mantenha... :)
that's all folks, gosto muito do haruki... por acaso. :)
não foi só a esferográfica que foi roída pelos dias...também a solidão parece roída pela dor
gostei deste fragmento em tons de cinzento
carla, :)
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