11.28.2012

respostas a perguntas inexistentes (235)

trata-me aí dum assunto

Aqui há uns dias uma amiga pediu-me para fazer um trabalhinho por ela. Nada de especial. Ela não tinha coragem de devolver um ferro de passar a roupa que se avariou logo nos primeiros quinze dias de uso, deu-me o papel da garantia e pediu-me para ir eu. Nada mais fácil, mas compreendo que em determinadas alturas da vida nos falte forças até para as coisas mais simples, por isso fui.
O assunto ficou rapidamente resolvido e voltei para casa feliz da vida com o dinheiro no bolso para lhe entregar. Entretanto decidi tomar um café, daqueles que se tomam não por causa do café em sim, mas sim porque sabe bem estar numa mesa rodeado de pessoas que não nos conhecem de lado nenhum, durante algum tempo e sem pensar em nada. É nesses momentos que algumas ideias nos assaltam abruptamente.
Era bom que o Amor funcionasse assim, através de terceiros, mas não funciona. Imagino-me a pedir a uma amiga que fosse ali falar com o objecto da minha paixão para lhe dizer que eu a Amava. Imagino-a a voltar com o assunto tratado. Não é assim.
Podemos pedir a um amigo que nos trate do IRS, que nos vá devolver a uma loja uma compra da qual nos arrependemos, que nos compre bilhetes para um jogo de futebol ou que vá pagar a conta da água. Não lhe podemos pedir que transmita a alguém, por nós, que estamos apaixonados.
Essa é barreira que só a vida nos ensina a ultrapassar, transformar o verbo Amar num assunto que se vai tratar porque tem que ser tratado. A mim, por exemplo, custou-me bastante a aprender, mas a verdade é que nunca fui bom aluno em nada.
Paguei o café e fui entregar o dinheiro à minha amiga, que não vive assim muito longe de mim. Ela agradeceu-me e ofereceu-me um café, que eu recusei porque já tinha tomado. Acabámos os dois a beber umas cervejas numa esplanada da Costa Nova. Ela contou-me todos os seus avanços e recuos no Amor. Não me pediu para tratar de nada.

12 comentários:

Tétisq disse...

Há coisas que não se delegam...

Anónimo disse...

"Entretanto decidi tomar um café, daqueles que se tomam não por causa do café em sim, mas sim porque sabe bem estar numa mesa rodeado de pessoas que não nos conhecem de lado nenhum, durante algum tempo e sem pensar em nada."

Hoje saí do trabalho a meio da tarde, com uma vontade enorme de tomar café só porque sim. Fui a um café onde nunca tinha estado e fiquei a ouvir o barulho de fundo.

nos"entas!!!! ( e feliz) disse...

engraçado como ha pequenas coisas que nos chegam a parecer ridiculas e que custam tanto a outras a fazer...e vice versa claro...
eu acho que por muito "autonomos" que sejamos....sabe sempre bem de vez em quando ter alguem q tome conta de nós...nestas "pequenas coisas"...mesmo que sejam grandes amigos :)
foi bonito :)

Unknown disse...

E se pedisse tu ias tratar?
Não achas que tratar do amor é algo demasiado pessoal?
Já tratei demasiadas vezes do amor dos outros para saber que só dá cocó!
Vê lá que até cheguei a ser eu a enviar mensagens de amor ao objecto da paixao do meu melhor amigo !!! Senti-me tão lésbica... e logo eu.. que gosto tanto de ... pinheiros :P

Ivar C disse...

tétisq, exacto. :)

anónimo, é mesmo isso... é mesmo isso. :)

quase nos "entas", Às vezes é tão fácil para uns e difícil para outros... :)

eva maria, era exactamente o que eu queria dizer. nunca tratei do Amor de ninguém. :)

Maria disse...

Bom dia. Isto não é um comentário, se bem que eu seja uma leitora assídua do seu blog; mas queria só saber se a sua cadela apareceu, porque fiquei triste quando li o acontecido... é que eu,tb tenho companheiros animais....

Maria

Ivar C disse...

Augusta Resende, ainda não... estou com um feeling que está quase. Há pistas que começam a fazer sentido. :)

Maria disse...

oh, ainda bem ! fico a torcer :)

Maria disse...

oh, ainda bem ! fico a torcer... :)

Maria disse...

Oh, ainda bem ! vou ficar a torcer :)

Ivar C disse...

augusta resende, obrigado. :)

Fatyly disse...

Uma lição de VIDA porque se aprende tanto quando valorizamos as coisinhas mais pequenas...que por vezes nos passam despercebidas.
Gostei!