respostas a perguntas inexistentes (230)
Lembrei-me hoje duma história que uma vez um quase amigo me contou. Digo quase amigo sem querer ser irónico. É que era isso que ele era de facto. Nunca falei com ele a não ser num dos cafés de Aveiro que eu frequentava quando era novo, e por isso sempre o considerei uma companhia de circunstância. Enfim, um quase amigo.
Bem, mas a história que ele me contou, há já muito anos, tinha a ver com um pesadelo de que ele nunca mais se esquecera. Estava a morrer de sede e desidratação no meio dum deserto qualquer, deitado sobre a areia quente que lhe queimava a pele. Em desespero, mesmo sendo ateu, pôs-se a pedir a Deus que o ajudasse e fizesse chover, o que veio a acontecer. Só que choveu tanto que ele acordou desse pesadelo quando estava prestes a morrer afogado.
Lembro-me que não tive nenhuma reacção quando ele me contou isto. Devo ter dito apenas qualquer coisa como "fixe!" e pedido mais duas cervejas, uma para mim, outra para ele. A verdade é que nunca mais me esqueci da história. Isto é, não é que me lembre dela todos os dias, mas de vez em quando lá me vem à cabeça como se tivesse sido contada ontem e, normalmente, por causa de situações que têm a ver com mulheres, Amores e desAmores.
Hoje, como comecei por dizer, foi um desses dias e contei-a a um velho amigo que encontrei no Porto por acaso. Eu já tinha andado a pé uns sete ou oito quilómetros e estava ansioso por uma cerveja quando o vi, pelo que o convidei imediatamente para entrar no café mais próximo. Fiquei calado a saborear e decidi dar-lhe espaço para dizer o que quisesse.
- Então, como vai a vida? - Perguntei.
Foi como se ele estivesse à espera que alguém lhe fizesse esta pergunta há anos. Começou a falar ininterruptamente e eu fui ouvindo enquanto dava goles na minha Sagres preta. A certa altura disse-me que se tinha casado e divorciado, no espaço de três meses, com uma mulher alemã que conheceu durante o Verão numa praia qualquer. Apaixonou-se muito por ela, mas como ela fazia tudo o que ele queria fartou-se num instante e pediu-lhe o divórcio. Eu fiquei sem saber o que dizer, mas para preencher o silêncio que entretanto, e de forma inesperada, surgiu, contei-lhe este pesadelo do meu quase amigo.
- Fixe! - disse ele.
E pediu duas cervejas. Uma para mim, outra para ele.
6 comentários:
Fixe... ;)
Então baralhando e resumindo os nossos maiores desejos podem-se tornar nos piores pesadelos. Chuva-afogamento, paixão-monotonia...e por aí em diante, etc e tal.
E agora bora lá beber o fino! ;)
Voltei...fixe! Agora analisando melhor a coisa acabei de descobrir porque é que continuo solteira!!! Hehehehe ;)
Deve ser bom ser homem...
olga, lol! acho que anda por aí, sim... :)
carolina duarte, eu gosto... :)
Sabes bem como eu sou pelos anos que te comento:) e se te disser que ao ler "esta porcaria":) (desculpa pá) pareceu-me aquelas cenas de Zen e filmes onde tudo parece meio louco?
Contas o pesadelo do primeiro quase amigo depois de ouvires o velho-amigo-radiofónico que nem sequer te ouviu...tirem-me deste filme pf lolll
fatyly, lol. :)
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