10.10.2007

crónicas da cidade que sopra | chá quente no deserto

Amanhã, no Diário de Aveiro, mais uma crónica da cidade que sopra.

A luz deve estar cansada. Entrou pelos vidros das janelas e, discretamente, deitou-se no chão fresco da sala. Talvez até tenha adormecido, pensa Sandra enquanto folheia a ausência dum jornal com quatro dias. As notícias vão passando como se fossem cadáveres a enterrar, e era tão bom, às vezes, que pudesse ser assim: apagar simplesmente um dia ou dois das nossas vidas como se eles não tivessem nunca existido. Mais tarde até nos podíamos lembrar deles, levar-lhes flores ao cemitério construído numa rua secundária da cidade que é a nossa memória. Mas não é assim.

10 comentários:

Anónimo disse...

normalmente os teus textos têm uma forte compenente de ausência. Neste sente-se a força do (re)encontro sob a bela luz do sol no deserto...um dos destinos que mais me fascina pela sua imensidão e pelo som do silêncio que ele nos oferece!
Mais uma vez gostei imenso dos passos desta valsa de palavras.
Carla

Ivar C disse...

obrigado carla... um grande beijo. ;)

Anónimo disse...

admiro-te por varias razoes (cuidado com o ego): mantens o blog há imenso tempo quando os meus blogs duram pouco tempo e valem pouca coisa;as cronicas da cidade que sopra são sempre maravilhosas mostram uma fonte de inspiração profunda; os diálogos que contas fazem-me sempre rir ate quando estou irritada e por ultimo és da minha cidade que me está tão longe agora :)

Ivar C disse...

blanche, admiro-te a ti por existires e seres capaz de me dizer isso tudo. o meu ego está ali, sentado no sofá, a ver televisão com as pernas esticadas sobre uma cadeira. não te preocupes. ;)

Unknown disse...

Devemos sempre seguir o caminho da felicidade.
Adorei a crónica. :)

Ivar C disse...

Joana, obrigado por a conseguires ler. :)

Unknown disse...

Lei-a com todo o prazer...

Ivar C disse...

joana, então dois obrigados... :)

Fatyly disse...

Fui lendo-a aos bocados, absorvi-a e tocou-me muito pelo reenconto...mas estas tuas palavras é o cerne do que eu chamo absorção de vida em frente à alegria do que visualizamos:

"Que dancem, diz uma mulher com um vestido vermelho que passa por eles e sorri ao ver aquele abraço. Que dancem. Depois repete três vezes que não foi ela. Não fui eu, não fui eu, não fui eu. Aquele abraço é para ela o desenho da linha do horizonte. Está num deserto e prefere um horizonte assim, mais feliz."

Seria muito difícil dizer qual das tuas crónicas é a melhor, porque são tão diversificadas e cheias de tudo...mas arrisco a dizer que esta foi a melhor que já li.

Um abraço sincero sem ser de "4 dias":)

Ivar C disse...

fatyly, obrigado... Obrigado mesmo. :)