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Encontrei a Rita como quem se banha no mar
Encontrei a Rita como quem se banha no mar. Há alguns atrás, e depois do meu divórcio, foi a primeira mulher com quem marquei um encontro. Ela acabara de se separar também, e foi a desilusão que ainda nos parasitava que nos fez ganhar coragem para combinar uma tarde a dois. Lembro-me de ela me dizer que talvez fosse bom passar algum tempo com um desconhecido, porque entre o círculo de amigos toda a gente tinha alguma coisa a dizer sobre a sua separação e ela não queria ouvir ninguém. Só queria falar. Estava farta, eu também. A Rita vivia em Coimbra e eu em Aveiro, por isso combinámos na Curia, um terreno neutro.
Encontrei a Rita como quem se banha no mar. Durante uma tarde caminhámos sem direcção, tanto no percurso pedonal como nas palavras, no que se tornou um lento funeral dos nossos Amores passados. Enterrámo-los assim, falando dos nossos filhos, das nossas discussões, dos objectos lá de casa e da incerteza que nos povoava. Depois despedimo-nos sem marcar um novo encontro, ainda que com vã a promessa de o fazer. Nunca mais a vi. Até hoje, cinco anos depois, por acaso e numa rua qualquer da cidade de Aveiro.
Encontrei a Rita como quem se banha no mar, numa onda que vai e volta e que hoje voltou para me dizer como as coisas mudaram desde então. Encontrou por acaso, durante este tempo de distância, um velho colega do liceu por quem se apaixonou e com quem vive. Agora acha que aqueles tempos estéreis de Amor foram o melhor que lhe podia ter acontecido. Eu também, respondi-lhe. Depois despedimo-nos sem marcar um novo encontro.
9 comentários:
Não há mal que dure para sempre, até pode-se ficar na m***a umas semanas, mas tudo passa... Grande texto, amargas recordações e orgulho de te-las superado ;)
Bravo bagaço
cota, yep. é isso mesmo. um abraço: :)
Não vale a pena voltar a encontrar a Rita...deixa ficar assim! :)
helena, vale a pena vê-la bem disposta. :)
Na decorrada...oh se sabe bem encontrar alguém que também está cheio de pó e conversar, conversar e seguir em frente sem qualquer compromisso.
Pode-se até nunca mais encontrar, mas são essas partilhas que nos ajudam e caso se encontrem ainda é bem mais gratificante saber que sairam do escuro, sacudiram o pó e voltaram a sorrir para a vida.
Adorei.
Que bom que o 2º encontro tenha sido para saberem que se (re)encontraram! :)
:)
gostei do texto, mostra que amanhã tudo pode ser diferente, e melhor, muito melhor.
fatyly, tens toda a razão. :)
malena, exacto. :)
nawita, pode mesmo. :)
Muito bom texto... gostei da cadência, da forma como as palavras se completam umas às outras em jeito de puzzle!!!
Muito bom mesmo!!! O conteúdo é nostálgico e simultaneamente inspirador!
Gostei!
:o)))
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