4.05.2011

pensamentos catatónicos (239)

já são uns Homenzinhos

Devíamos deixar de dizer aos putos de hoje que eles são já são uns Homenzinhos. Em primeiro lugar porque isso é mentira, em segundo porque dizê-lo é uma forma de os torturar. Dizer às crianças que elas são já são uns Homenzinhos é tão estúpido quanto as praxes nas Universidades. É uma espécie de "eu vou lixar este gajos porque os que me antecederam também me lixaram a mim".
As crianças ficam logo em sentido só de saberem que já não são bem crianças, e o mais estúpido ainda é o que vem por trás. A palavra Homenzinho (com maiúscula porque é válida para homenzinhos e mulherzinhas) está carregada duma pequenez que nada tem de infantil. É a nossa pequenez, a de quem já é adulto. A pequenez do "porta-te bem", "não pises a relva", "não ponhas a televisão tão alto", "não sujes as calças", "não comas tantos doces", "não isto" e "não aquilo". Enfim, todo um rol de coisas que estamos desejosos de fazer mas não o fazemos porque... já somos uns Homenzões.
Hoje de manhã, enquanto tomava o pequeno-almoço num café no centro da cidade de Aveiro, um rapazinho de uns cinco ou seis anos de idade aproximou-se de mim e olhou para a minha torrada com ar de guloso. "Olá! Eu também gosto disso!", disse ele. E enquanto eu me preparava para pegar num guardanapo e dar-lhe uma daquelas partes do meio, com mais miolo e menos côdea, a mãe dele veio puxá-lo com força a mais e sensibilidade a menos. "Já és um Homenzinho!", disse ela.
Fiquei com o pedaço de torrada, que acabei por comer sem lhe sentir o sabor, na mão e com a "ela" na retina. Era bonita, sim, mas nada sedutora. Pelo menos foi o que eu pensei. Talvez já seja uma mulherzona.

27 comentários:

Salsa disse...

No dia a dia acontecem coisas muito estranhas e surprendentes.

deviousmind disse...

Concordo contigo. Já basta os anos em que não "podemos" ser crianças. Há que deixar os pequenos serem pequenos... (e eu ainda tenho uma "criança" cá dentro... always will :D) *

Me,myself & I! disse...

Sim,uma "mulherzona" que descarrega no filho!
Há gente tão estúpida!
Ainda no outro dia estava a comer gomas (eu também sou uma criança em ponto grande!) e um miúdo olhou para elas com vontade e eu lá partilhei com ele...
Custa alguma coisa?

Ivar C disse...

salsa, acredita que sim: :)

myann, exacto. :)

memyselfandi, nada. não custa nada. :)

Helena disse...

A partilha de algo que outrem goste, é sem dúvida uma das melhores provas de Generosidade, Humanidade e "De Homenzão/Mulherzona". Talvez a mãe nunca tenha olhado para uma torrada com prazer! :)

Fatyly disse...

Sabes o que eu te digo? essa conotação arrepia-me e não sei porquê sinto nelas resquícios ditatoriais. Porque sim, numa educação mais severa como foi a minha era hábito ouvir e mesmo assim não deixava de fazer das minhas:)
Um NÂO ou vários deve-se dizer SEMPRE que acharmos por bem, porque a garotada de hoje não sabe lidar com um NÃO porque os pais facilitam tudo aos putos.

Também te digo que detesto ver e ai dos meus que o façam, estarmos num café e irem pedir às outras mesas ou aguentar birras fenomenais por quererem algo!

Ainda hoje, com a idade que tenho, por vezes oiço da minha mãe: já és uma mulherzinha para não me falares assim ou assado:) xiiiiiii rapaz...funciona como uma bomba:)

A.o disse...

e as desgastadas quererem provar ao netinhos que o pai natal são elas.....já são crescidinhos..!

Briseis disse...

Ah, uma mulherzona... isso parece um daqueles nomes ordinarões que na privacidade chamamos à cara-metade... "Sua mulherzona..." lolarilolelas

H. Santos disse...

Amigo, concordo ctg em respeito á protecção da infantilidade das crianças...

Mas estou um pouco triste com a forma como estupidificaste as praxes universitárias, é que sou Veterano numa faculdade aqui em Lisboa e nunca tolerei comportamentos estúpidos nas praxes, aliás luto e muito contra isso...

A praxe não é estúpida, as pessoas sim

E. disse...

"Dizer às crianças que elas são já são uns Homenzinhos é tão estúpido quanto as praxes nas Universidades."

Gostei especialmente desta parte...

Ivar C disse...

helena, pois... não deve olhar para muitas coisas com prazer. :)

fatyly, não era bem uma birra por uma playstation. era uma criança curiosa e comunicativa. :)

A.o exacto. :)

briseis, eu não chamo nomes à minha cara-metade, lol. :)

cota, eu fiz parte das comissões anti-praxes que pude. nunca fui à bola com fatos académicos e fre-fre-fri-fro.frus. o que é que queres que eu te diga? :)

E., :)

H. Santos disse...

As praxes foram criadas para serem vividas em clima de festa mas, como tudo de bom neste mundo, tiveram de aparecer os coitados que sempre foram tratados como ninguém e que , posto o traje académico (uma icon sagrado para mim), pensam que têm o rei na barriga...

O que se passa com o Veterano é um paralelismo com os agentes da lei (que também respeito muito). Digo agentes da lei porque também eles são chamados de bófias a conta de um ou outro atrasado mental que decidiu usar a farda para se sentir qualquer coisa para além do que realmente é...

Eu sou Veterano adoro a brincadeira e a boémia inerentes a isso (tudo sem maltratar ninguém). Tenho pena que sejas contra isso amigo, muita pena.

Saudações académicas ;)

Rana disse...

Devemos deixar as crianças, ser crianças, no tempo em que elas o são. Devem manifestar o que sentem e não serem reprimidas por isso. Esta senhora , se fosse educada , pedia desculpa com um sorriso.
É tão bom ser criança!

Ivar C disse...

cota, até podes ter razão. as praxes podem ter sido criadas para isso, mas eu, enquanto estudante, só vi humilhação e peneiras. Ainda bem, no entanto, que há veteranos que pensam como tu. Não fui praxado nunca mas tive que recorrer à violência física. É só o que posso dizer. :)

rana, exacto. concordo. :)

Lima e Tequilla disse...

Eu concordo plenamente com o que o cota disse bagaço. As praxes são uma maneira de unir as pessoas que ficaram naquele ano porque raramente se conheçe alguém. Servem para nos introduzir na universidade e na vida académica e servem também para ganharmos o espírito académico. Agora eu já vi muita gente abusar nas praxes, sou contra isso, mas na maior parte dos casos é bem tolerado. Falo por mim que fiquei com saudades de ser praxada. E eu até continuo a ser praxada na tuna. Há praxes e praxes. E há pessoas que sabem praxar e á pessoas que não sabem praxar =)

Malena disse...

Eu gosto é do contrário! Ser crescida e poder comer uma torrada depois de lhe tirar a côdea e escondê-la no prato debaixo de um guardanapo de papel, lambuzar-me toda com um enorme gelado de chocolate e rir-me como uma perdida em locais públicos sem me importar nadinha com os olhares reprovadores. :))

Ivar C disse...

lima e tequilla, acredito que sim. no mínimo isso devia ser regulamentado. :)

malena, isso é porque já o aprendeste a fazer, não é? :)

Sara R disse...

Gostei dos post e até concordo. No entanto, no que refere à praxe, se acha que essa é a ideologia que a rege, está muito enganado...ou então teve o azar de frequentar uma universidade cheia de pessoas enganadas ou se calhar pior do que isso.
Quem praxa não o faz por vingança, pelo menos quem praxa pelas razões certas. Lamento que não seja assim em todas as universidades...no entanto essa comparação/generalização é muito perigosa ;)

Ivar C disse...

Sara R, obrigado. :)

memyselfandi disse...

Eu teria a mesma reacção e o mesmo pensamento que tu. Não aprecio. =/

Ivar C disse...

memyselfandi, fixe! :)

Lima e Tequilla disse...

Há um código de praxe a seguir quando se praxa alguém. Está lá tudo discriminado, o que se pode e o que não se pode fazer. Agora nem toda a gente cumpre ou lê o código de praxe...

Ivar C disse...

lima e tequilla, eu, actualmente, já nem ligo nada a isso. mas quando vejo miúdos de fato académico a gritar "fra fre fri fro fru" penso umas coisas que nem posso dizer aqui. :)

Anónimo disse...

Usei uma entrada tua aqui: http://cween-crazy.blogspot.com/2011/06/relacao-entre-crescer-e-deixar-de.html
Ei, agora é que vi que puseste ali ao lado o meu blogue! Ena, pá, obrigada! :D A sério.

Ivar C disse...

cármen, eu é que te agradeço. :)

Anónimo disse...

Ora essa! :)

Ivar C disse...

:)