pensamentos catatónicos (239)
já são uns Homenzinhos
Devíamos deixar de dizer aos putos de hoje que eles são já são uns Homenzinhos. Em primeiro lugar porque isso é mentira, em segundo porque dizê-lo é uma forma de os torturar. Dizer às crianças que elas são já são uns Homenzinhos é tão estúpido quanto as praxes nas Universidades. É uma espécie de "eu vou lixar este gajos porque os que me antecederam também me lixaram a mim".
As crianças ficam logo em sentido só de saberem que já não são bem crianças, e o mais estúpido ainda é o que vem por trás. A palavra Homenzinho (com maiúscula porque é válida para homenzinhos e mulherzinhas) está carregada duma pequenez que nada tem de infantil. É a nossa pequenez, a de quem já é adulto. A pequenez do "porta-te bem", "não pises a relva", "não ponhas a televisão tão alto", "não sujes as calças", "não comas tantos doces", "não isto" e "não aquilo". Enfim, todo um rol de coisas que estamos desejosos de fazer mas não o fazemos porque... já somos uns Homenzões.
Hoje de manhã, enquanto tomava o pequeno-almoço num café no centro da cidade de Aveiro, um rapazinho de uns cinco ou seis anos de idade aproximou-se de mim e olhou para a minha torrada com ar de guloso. "Olá! Eu também gosto disso!", disse ele. E enquanto eu me preparava para pegar num guardanapo e dar-lhe uma daquelas partes do meio, com mais miolo e menos côdea, a mãe dele veio puxá-lo com força a mais e sensibilidade a menos. "Já és um Homenzinho!", disse ela.
Fiquei com o pedaço de torrada, que acabei por comer sem lhe sentir o sabor, na mão e com a "ela" na retina. Era bonita, sim, mas nada sedutora. Pelo menos foi o que eu pensei. Talvez já seja uma mulherzona.
27 comentários:
No dia a dia acontecem coisas muito estranhas e surprendentes.
Concordo contigo. Já basta os anos em que não "podemos" ser crianças. Há que deixar os pequenos serem pequenos... (e eu ainda tenho uma "criança" cá dentro... always will :D) *
Sim,uma "mulherzona" que descarrega no filho!
Há gente tão estúpida!
Ainda no outro dia estava a comer gomas (eu também sou uma criança em ponto grande!) e um miúdo olhou para elas com vontade e eu lá partilhei com ele...
Custa alguma coisa?
salsa, acredita que sim: :)
myann, exacto. :)
memyselfandi, nada. não custa nada. :)
A partilha de algo que outrem goste, é sem dúvida uma das melhores provas de Generosidade, Humanidade e "De Homenzão/Mulherzona". Talvez a mãe nunca tenha olhado para uma torrada com prazer! :)
Sabes o que eu te digo? essa conotação arrepia-me e não sei porquê sinto nelas resquícios ditatoriais. Porque sim, numa educação mais severa como foi a minha era hábito ouvir e mesmo assim não deixava de fazer das minhas:)
Um NÂO ou vários deve-se dizer SEMPRE que acharmos por bem, porque a garotada de hoje não sabe lidar com um NÃO porque os pais facilitam tudo aos putos.
Também te digo que detesto ver e ai dos meus que o façam, estarmos num café e irem pedir às outras mesas ou aguentar birras fenomenais por quererem algo!
Ainda hoje, com a idade que tenho, por vezes oiço da minha mãe: já és uma mulherzinha para não me falares assim ou assado:) xiiiiiii rapaz...funciona como uma bomba:)
e as desgastadas quererem provar ao netinhos que o pai natal são elas.....já são crescidinhos..!
Ah, uma mulherzona... isso parece um daqueles nomes ordinarões que na privacidade chamamos à cara-metade... "Sua mulherzona..." lolarilolelas
Amigo, concordo ctg em respeito á protecção da infantilidade das crianças...
Mas estou um pouco triste com a forma como estupidificaste as praxes universitárias, é que sou Veterano numa faculdade aqui em Lisboa e nunca tolerei comportamentos estúpidos nas praxes, aliás luto e muito contra isso...
A praxe não é estúpida, as pessoas sim
"Dizer às crianças que elas são já são uns Homenzinhos é tão estúpido quanto as praxes nas Universidades."
Gostei especialmente desta parte...
helena, pois... não deve olhar para muitas coisas com prazer. :)
fatyly, não era bem uma birra por uma playstation. era uma criança curiosa e comunicativa. :)
A.o exacto. :)
briseis, eu não chamo nomes à minha cara-metade, lol. :)
cota, eu fiz parte das comissões anti-praxes que pude. nunca fui à bola com fatos académicos e fre-fre-fri-fro.frus. o que é que queres que eu te diga? :)
E., :)
As praxes foram criadas para serem vividas em clima de festa mas, como tudo de bom neste mundo, tiveram de aparecer os coitados que sempre foram tratados como ninguém e que , posto o traje académico (uma icon sagrado para mim), pensam que têm o rei na barriga...
O que se passa com o Veterano é um paralelismo com os agentes da lei (que também respeito muito). Digo agentes da lei porque também eles são chamados de bófias a conta de um ou outro atrasado mental que decidiu usar a farda para se sentir qualquer coisa para além do que realmente é...
Eu sou Veterano adoro a brincadeira e a boémia inerentes a isso (tudo sem maltratar ninguém). Tenho pena que sejas contra isso amigo, muita pena.
Saudações académicas ;)
Devemos deixar as crianças, ser crianças, no tempo em que elas o são. Devem manifestar o que sentem e não serem reprimidas por isso. Esta senhora , se fosse educada , pedia desculpa com um sorriso.
É tão bom ser criança!
cota, até podes ter razão. as praxes podem ter sido criadas para isso, mas eu, enquanto estudante, só vi humilhação e peneiras. Ainda bem, no entanto, que há veteranos que pensam como tu. Não fui praxado nunca mas tive que recorrer à violência física. É só o que posso dizer. :)
rana, exacto. concordo. :)
Eu concordo plenamente com o que o cota disse bagaço. As praxes são uma maneira de unir as pessoas que ficaram naquele ano porque raramente se conheçe alguém. Servem para nos introduzir na universidade e na vida académica e servem também para ganharmos o espírito académico. Agora eu já vi muita gente abusar nas praxes, sou contra isso, mas na maior parte dos casos é bem tolerado. Falo por mim que fiquei com saudades de ser praxada. E eu até continuo a ser praxada na tuna. Há praxes e praxes. E há pessoas que sabem praxar e á pessoas que não sabem praxar =)
Eu gosto é do contrário! Ser crescida e poder comer uma torrada depois de lhe tirar a côdea e escondê-la no prato debaixo de um guardanapo de papel, lambuzar-me toda com um enorme gelado de chocolate e rir-me como uma perdida em locais públicos sem me importar nadinha com os olhares reprovadores. :))
lima e tequilla, acredito que sim. no mínimo isso devia ser regulamentado. :)
malena, isso é porque já o aprendeste a fazer, não é? :)
Gostei dos post e até concordo. No entanto, no que refere à praxe, se acha que essa é a ideologia que a rege, está muito enganado...ou então teve o azar de frequentar uma universidade cheia de pessoas enganadas ou se calhar pior do que isso.
Quem praxa não o faz por vingança, pelo menos quem praxa pelas razões certas. Lamento que não seja assim em todas as universidades...no entanto essa comparação/generalização é muito perigosa ;)
Sara R, obrigado. :)
Eu teria a mesma reacção e o mesmo pensamento que tu. Não aprecio. =/
memyselfandi, fixe! :)
Há um código de praxe a seguir quando se praxa alguém. Está lá tudo discriminado, o que se pode e o que não se pode fazer. Agora nem toda a gente cumpre ou lê o código de praxe...
lima e tequilla, eu, actualmente, já nem ligo nada a isso. mas quando vejo miúdos de fato académico a gritar "fra fre fri fro fru" penso umas coisas que nem posso dizer aqui. :)
Usei uma entrada tua aqui: http://cween-crazy.blogspot.com/2011/06/relacao-entre-crescer-e-deixar-de.html
Ei, agora é que vi que puseste ali ao lado o meu blogue! Ena, pá, obrigada! :D A sério.
cármen, eu é que te agradeço. :)
Ora essa! :)
:)
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