12.28.2010

árvores

Recentemente a Câmara Municipal de Aveiro abateu todas as árvores centenárias da principal artéria da cidade,  baseando-se num estudo que dizia as mesmas estavam doentes. O problema é que esse estudo não passa duma farsa para, daqui a uns tempos, poderem construir ali um parque de estacionamento subterrâneo em mais um negócio em que quem fica a ganhar é uma entidade privada qualquer. Falo do caso aqui.
Tenho uma ligação emocional com Aveiro que não tenho com mais nenhuma cidade, por razões óbvias. Não a acho melhor nem pior do que qualquer outra cidade, mas acho-a minha. E é minha, assim como de todos os que nela nasceram, cresceram, viveram ou amaram. É por isso que me dói passar pela avenida e não ver lá os choupos centenários a que o tempo me habituou. Acho mesmo que a sensação que tenho é similar à do fim duma forte relação amorosa. Estou triste.

22 comentários:

Anita disse...

Sei bem ao que te referes... também já passei por situações dessas em relação a aspectos que até podem parecer de somenos importância para outros, mas que para mim marcaram algum ponto da minha existência, e deixar de ver e admirar certas coisas que sempre fizeram parte de mim, parece que se morre um bocadinho também :(
E depois quando se percebe as razões por trás desses actos, além de tristeza, vem a revolta...
Enfim... o valor de cada coisa é relativo para cada um :(

André C. disse...

É tão fácil para uns, destruir num segundo o que demorou anos a crescer. Não sou de Aveiro, mas também estou triste com esta notícia.

Malena disse...

Parece que se tornou uam moda abater árvores! Deixem-nas morrer de pé, possa! Estou completatmente de acordo contigo. na minha cidade também passou essa febre assassina que me fez doer o coração.:(
:)

Fatyly disse...

Realmente é bem triste e por aqui houve um abaixo assinado pelas podas assassinas dos plátanos e derrube de muitos e muitas outras.
Não basta a mão criminosa nos fogos para aparecer outras camufladas. País da treta onde o povo come e cala!

Ivar C disse...

anita, :)

andré c, :)

malena, e só por interesses económicos escondidos... :)

fatyly, partidos da treta, diria eu... :)

Me,myself & I! disse...

Infelizmente é assim...

Ivar C disse...

memyselfandi, não tenho jeito nenhum para me conformar com isto... :)

sem-se-ver disse...

O QUÊ????????

FODA-SE E VCS DEIXAM ESSE CASO ASSIM???

ELES FIZERAM O QUÊ????

TRIBUNAL COM ELES, PORRA!

TOU A FALAR A SÉRIO!

ASSASSINOS DE MERDA!

Ivar C disse...

sem-se-ver, em abono da verdade, todos os partidos deixaram o caso assim. O PS até votou a favor. Eu concordo contigo, e garanto-te que o processo vai até onde for possível. :)

Pedro M. disse...

Também sou contra a maneira como o processo de abate das árvores foi conduzido.
Aqui fica apenas uma pequena observação. No post pode ler-se "árvores centenárias". Sem dúvida que dá uma carga maior à argumentação. Mas será verdade? Seriam mesmo centenárias?...

Ivar C disse...

pedro m, o que dá mesmo à argumentação é a intenção de fazer o parque subterrâneo à margem do debate político e do interessa da população. mas sim... eram centenários, embora o seu lugar não o fosse. :)

EJSantos disse...

André C falou bem. Concordo e subscrevo.
Aveiro não é a minha cidade, mas gosto muito dela. E também eu fico triste com a noticia.

" processo de abate das árvores "
O triumfo do mau gosto (para não dizer pior).

Alexandra disse...

Isso é criminoso! Mas já me habituei a ser das poucas pessoas a dar importância a este tipo de coisas. Além da falta óbvia que as árvores nos fazem, não compreendo o apelo do betão. Bem sei que por detrás desta decisão há interesses económicos ocultos, mas há muitos casos em que árvores são deitadas abaixo por argumentos ainda mais comezinhos. Como por exemplo o facto de "sujarem os carros". Espero que consigam levar o processo a bom termo, embora o desfecho seja previsivelmente desfavorável.
Fiquei mesmo triste:(
Não resisto a comentar: as árvores centenárias têm mais direito à vida que as outras?

Ivar C disse...

ejsantos, eu chamo-lhe o triunfo do capitalismo. :)
)
alexandra, o apelo do betão é o apelo do dinheiro. :)

Ana, Dona do Café disse...

Tive pena, pelas árvores, pela sombra, pelos passarinhos todos... tenho saudades daquele chinfrim todo ao final do dia. Até acho que os donos dos carros têm saudades das cagadelas dos pássaros :P (ou não, pronto!)

Aquelas estacas mal paridas que lá colocaram agora, até podem dar árvores bonitas mas, daqui a porradas de anos, agora são umas porcarias ali.
Tá a avenida despida... dá pena realmente.

Ivar C disse...

ana dona do café, exacto... mas há aqui dois problemas: o das árvores abatidas e o dos negócios com dinheiro público que se fazem às escondidas da AM e, portanto, da população. :)

Anónimo disse...

Poxa... É mesmo muito triste :(
Também fico bem chateada quando ouço a respeito da diminuição das áreas verdes da Amazônia.

Ivar C disse...

giovana, bem... sobre o fim da Amazónia estamos a falar duma escala tão alta que pode significar o fim. :)

Alexandra disse...

Fugindo só um bocadinho ao tópico.. Eu fico pasmada com a capacidade que a maioria das pessoas tem de viver sem qualquer contacto com a natureza.
Eu preciso do verde, da terra, de recarregar baterias. E sou de Lisboa! Só não fui viver para o campo por falta de oportunidades de emprego.
Vivi no centro de Bruxelas 4 anos, e lá há imensos espaços verdes, árvores em tudo o que é rua, e existe respeito e amor pela natureza. Aqui, as pessoas vivem completamente desligadas de tudo o que é natural, e para mim essas são pessoas profundamente doentes.

Ivar C disse...

alexandra, eu percebo o que dizes. :)

terramater disse...

Várias coisas podem ser aqui ditas sobre isto - e tendo eu formação na área, penso poder falar com algum conhecimento de causa.

Em primeiro lugar choupos, por inerência, dificilmente são árvores centenárias. São árvores de crescimento rápido que, por rapidamente chegarem à maturidade, depressa daí passam à velhice, colapso e morte.
É muito natural, pelas condições de stress a que são sujeitos em meio urbano, que o colapso até seja prematuro relativamente ao que seria se as mesmas se estivessem a desenvolver em meio natural.
Por estarem sob essas mesmas condições menos propicias ao seu desenvolvimento, são normalmente menos resilientes a ataques de pragas e doenças.
Ainda pelas características da própria planta - árvores de crescimento rápido e madeira leve e pouco resistente - nelas as pragas encontram um bom meio de propagação. A madeira infestada torna-se ainda mais instável e quedas de choupos em mau estado não são, por isso, pouco frequentes.
Como qualquer ser vivo, nasce, cresce, reproduz-se, morre. Portanto, HÁ de facto um tempo de vida para as árvores.

A história sobre as intenções menos claras destes abates são outra questão. São uma questão que passa pelo interesse dos cidadãos sobre o que acontece no espaço onde habitam - interesse esse que devia ser EFECTIVO, portanto INTERVENTIVO, e não apenas focado na reclamação quando há necessidade (ou interesse obscuro) de tomada de medidas pouco populares.
São questões que passam pela nossa educação ambiental e respeito pelo que nos rodeia. Este respeito e conhecimento passa não só pelo interesse de manutenção de árvores mas, se calhar, de forma mais profunda, saber as razões e timings para o fazer ou não.

Passam por sermos, numa analogia a uma frase de Valter Hugo Mãe "cidadãos praticantes" por oposição àquilo que não é normalmente "prática".

O que se passa, penso eu, é que estamos já muito cansados de ver as coisas serem feitas pelas razões erradas e impunemente.
Mas talvez devesse ser ESSE o problema que deveríamos estar preocupados em atacar.

Os choupos penso eu, são aqui apenas um "sintoma".

So. Here are my two cents.

Ivar C disse...

terramater, obrigado. :)