1.24.2008

conversa 529

Ela - Tenho saudades dele e ao mesmo tempo detesto-o. Sei que era muito cruel comigo mas também tinha o outro lado...
Eu - Sim, acredito que sim. Comigo sempre foi e é um gajo porreiro. Por isso é que fiquei um bocado espantado quando soube que... que ele te agredia, pronto.
Ela - Eu nunca te disse isso.
Eu - Eu sei... foi ele que me disse. Desculpa.
Ela - Deixa lá. Ele dizia-me sempre para não dizer a ninguém. Eu pensei em dizer-te, a ti ou aos meus pais. Nunca disse. Acho que nunca tive coragem.
Eu (silêncio)
Ela - Deves ser o único que sabe.
Eu - Talvez.
Ela - Sinto-me tão sozinha às vezes. Apetece-me dar-lhe outra oportunidade.
Eu - Acho que não devias. Dizer-te isto é uma responsabilidade do caraças, eu sei.
Ela (silêncio)
Eu - À violência nunca se deve dar uma segunda oportunidade.
Ela (silêncio)
Eu - Quando um gajo faz isso uma vez é porque o consegue fazer. Percebes?
Ela - Percebo. Acho que sim, que percebo.
Eu - Mas é só uma opinião, claro.
Ela - Como é que tu reagiste quando ele te contou?
Eu - Não reparaste que deixámos de ser amigos?
Ela - Reparei que se tinham afastado, mas não pensei que...
Eu - Foi isso, foi.

24 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente é uma situação recorrente em Portugal, a violência doméstica! Já fiz um post no meu blog dedicado a isto, porque tenho uma amiga que passou pela mesma situação! As mulheres ficam aterrorizadas e muitas não fazem nada com medo de represálias, na maior parte dos casos! Mas vamos la a denunciar estes criminosos, porque é mesmo isso que eles são! Acompanhei o processo da minha amiga e fui o seu principal apoio, tal como tu estás a ser um pouco neste caso! Qualquer coisa não hesitem:

http://www.apav.pt/ (tivemos um excelente acompanhamento, com direito a um advogado e tudo mais)

alternativa:

707 20 00 77

Fale, falar ajuda!
Speak Up, talking helps!

Tipp disse...

Pois deve ser BDSM, se lhe desses uns açoites provavelmente ela ia adorar. Mas é preciso gostar, e isso é coisa que tambem não me seduz.
Abraço,

sem-se-ver disse...

(já gostava de ti. agora passei a admirar-te [mais]. beijo.)

Unknown disse...

Bagacinho, cada vez gosto mais ti! :)

Maria Arvore disse...

:)

Tens a certeza que não compreendes as mulheres?... Nem sequer aquelas que não se compreendem a elas próprias?... ;)

Midori disse...

:(((( É muito bom ter amigos assim como tu. Quanto ao resto nem me apetece comentar...

Ivar C disse...

paulo teixeira, neste último ano e meio da minha vida descobri que a violência doméstica é um caso mais sério do que eu pensava. um tipo qualuqer que a beber um copo parece a melhor pessoa do mundo, em casa pode ser a maior besta... e eu admito que não sabia que era assim. :)

tipp, acho que este caso é mais do que isso. é difícil colocar-me no papel de alguém que passe realmente por isto :)

sem se ver, ena! beijo :)

joana, e eu adoro que me chamem bagacinho. :)

midori, na verdade, já me conheço há muito tempo e não sou meu grande amigo. lol. beijinho :)

maria árvore, se nem a mim me compreendo. :)

Frances disse...

que sweet! queres ser o meu novo melhor amigo? ehehehehe

toma lá Fresquinho disse...

é de homem!
afastares-te é demonstrar o desagrado ... tomara muitos ...
já fiz o mesmo, juntamente com os restantes amigos, e felizmente ela caiu em si ... porque eu não ia conseguir continuar impávido!

não compreendo uma mulher que se sujeita a uma situação dessas ... é uma falta de amor próprio para dizer o mínimo!
como é possível gostarmos de outra pessoa sem gostarmos de nós ?!

Woman Once a Bird disse...

Estas situações são sempre complicadíssimas, exactamente porque envolvem afectos; ambivalência de sentimentos é o que mantém, muitas das vezes as pessoas atadas a uma situação destas. Acima de tudo, parece-me que é fundamental que os mais próximos permaneçam como faróis de clarividência, porque a tendência será sempre relevar os aspectos maus de uma relação deste género.
A solidão pode ser tramada.
Excelente post, Bagaço.

Anónimo disse...

A solidão e o medo, às vezes são os maiores inimigos do ser humano, conduzem a extremos impensáveis, inclusive permitem que a violência seja justificada, quando nada o pode justificar.
Carla

Ivar C disse...

fran, lol. se calhar não.

toma lá fresquinho, eu tb não compreendia. agora acho que estas situações são mais complicadas do que parecem... porque envolvem muitas variáveis: dependência emocional e/ou económica, esquizofrenia, etc, etc. :)

woman once a bird, sim, a solidão pode ser tramada. se calhar mais do que a violência... e por isso tem que se arranjar uma alternativa a essa solidão. :)

Ivar C disse...

carla, concordo que nada, mas mesmo nada, justifica a violência. a não ser, claro, a própria violência. :)

Claudia Sousa Dias disse...

Ah!Era aqui que eu queria postar o comentário de Há bocado!

Queria tambem dizer que compreendo o Toma lá Fresquinho, mas há um factor chamado chantagem emocional para além de uma lóguica retorcida, capciosa utilizado pelo agressor combinada com alguns factores de manipulação, como a tentativa para isolar a presa...

..de todos aqueles que a possam ajudar. Uma intriga aqui, um bocadinho de veneno ali e a icauta vai-se afastando gradualmente das pessoas e ficando cada vez mais dependente...

Trata-se de um "Bicho" que é uma mistura de aranha com serpente...

Felizmente nunca fui muito de me isolar até porque as minhas actividades não o permitem. Além de que quam lê assiduamente mantém os neurónios activos...

CSD

jp(JoanaPestana) disse...

variantes e esquizofrenia são palavras acertadas.
depois o desleixo e a estupidez humana, adoçado com opiniões.
é um misto
género tosta

Ivar C disse...

Claudia Sousa Dias, eu percebi... :)

jp, lol. :)

Anónimo disse...

Não posso deixar de comentar...muitas vezes a violência doméstica pode nem ser física, aliás maior parte das vezes é muito mais psicológica e é muito mais difícil de cicatrizar...
agora é de louvar o afastamento, e agora o "abrir os olhos" ( não é bem isto que quero dizer mas nao encontro palavras) à vítima que pondera ainda voltar para o agressor é bastante importante...Boa Bagaço:)
Por acaso ja tive contacto com a apav que numa conferência, por assim dizer, nos pôs a par de vários casos...realmente há coisas que eu nem imaginava....e por vezes penso que não pensamos nisso pq nao queremos ver que o mundo é bastante injusto e cruel para muitas pessoas, sendo que o pior é isso mesmo, não é algumas pessoas...é muitas...

Tixa

Ivar C disse...

tixa, tens razão sim... mas isto de opinar, sobre a vida dos outros, tb é sempre perigoso. :)

Isa disse...

apesar de tudo.. a violencia domestica ainda existe.. e ainda continua bem presente nas nossas vidas..

nem sei que diga.. apenas um post forte.. no meio de tantos alertas que ja nos sao dados!

Ivar C disse...

isa, ainda existe e sem tendência a diminuir. :)

Ana Saraiva disse...

A violência doméstica pura e dura (i.e., a pessoa é animalesca:bebe, bate, grita, ausenta-se, etc...)é relativamente "fácil" de se rejeitar porque depressa se torna intolerável, até fisicamente. A pior é aquela em que ele (ou ela) até tem o "outro lado": é capaz de ser muito meigo, muito apaixonado, chora e desculpa-se com o passado/o patrão/ a puta da vida, etc. As mulheres "entendem" e desculpam de mais...

Ivar C disse...

eclair, entendem demais, sim. :)

APC disse...

:-|

Ivar C disse...

:-|