1.29.2008

pensamentos catatónicos (118)

Reprieve can now conclusively show that Portuguese territory and airspace has been used to transfer over 700 prisoners to torture and illegal imprisonment in Guantanamo Bay.

Fala-se em tortura à hora do café. Depois muda-se de assunto como se não fosse nada. Não entendo. Um torturador é o quê? Um homem normal com família e filhos, que depois dum dia a torturar pessoas, chega a casa para jantar, abraça os filhos e pergunta-lhes como correu a escola? Um homem que tortura é capaz de se apaixonar e de fazer declarações de amor a uma mulher? É alguém que não sabe realmente o que é sofrer? É alguém treinado para não ter emoções? Foda-se, pá.

11 comentários:

Anónimo disse...

O pior é que, se calhar até é mesmo isso. Não digo que sejam normais, mas que tenham atitudes que se assemelhem com a normalidade, até me parece que sim, pelo menos exemplos disso não faltam!
As emoções aí ficam para segundo plano, ou pelo menos são controlados ao mínimo pormenor!
carla

Ivar C disse...

carla, pois é carla, o pior é que se calhar é mesmo isso, apesar de isso ser incompreensível.

ikivuku disse...

Há-os que chegam a casa e continuam a torturar. E há-os que torturam em casa para compensar serem torturados fora dela. A tortura é mais comum do que possa parecer... O país tem muitos profissionais nesse sector.

Ivar C disse...

ikivuku, sim, não deixas de ter razão. mas há os torturadores profissionais e os impulsivos. neste caso falava dos profissionais... se bem que não se se há diferença. :)

Anónimo disse...

Acho que é a primeira vez que aqui posto a minha pescada, embora siga com enorme prazer este blog há mais de um ano. Os meus parabéns pelo bom trabalho. quanto aos torturadores...Recomenda-se a leitura de "A Traição do Eu" e a "loucura da normalidade" ambos de Arno Gruen. O autor explica bem o tema, a sua génese e modalidades.

Anónimo disse...

ya!! e a maioria dos funcionários públicos?? e a maioria dos operários? e a maioria das prostitutas?? e a maioria das pessoas que tem um emprego?? e a maioria de tudo e mais alguma coisa que tem um emprego enquanto emprego.. e não algo que propriamente preencha... não muda de disquete assim? com essa rapidez? às 11h e 55 falam de cheques e créditos bancários com os clientes e ao meio-dia estão a almoçar com o camarada e a falar de fodas não-dadas e de fodas que gostariam de dar?? e a prostituta que às 16h vende o sexo a um desconhecido e às 17h o oferece ao amante com amor?? e então?? não será que tudo isto não acontece todos os dias??
e o torturador?? não terá também ele apenas um emprego?? e então?? não pode estar às 19 h a torturar um gajo é às 19h 30 estar em casa a jantar tranquilamente com a mulher e os filhos???
a maioria das vezes a profissão que se tem, não deriva da nossa vontade que se tem, mas sim das circunstâncias sociais e políticas a que se foi sujeito...
e ser vítima dessas circunstâncias é aterrador...

Ivar C disse...

daniel conceição, obrigado, por acaso vou mesmo procurar, dada a minha ignorância na matéria. :)

that's all folks, não encontro lágica nenhuma nessas comparações, mas pronto. :)

Unknown disse...

Muito interessante este post! Imagino o "torturador" como uma pessoa como qualquer um de nós, que para fazer o que faz, precisa de se abstrair completamente das consequências.

Todos os dias nós o fazemos. Se tivéssemos consciência de como a carne que comemos é "produzida", não continuariamos a pagar para o fazerem, no entanto abstraímo-nos. Quando passamos por um cão deitado na estada sem ter a certeza que está morto, paramos? É mais fácil abstrairmo-nos. Quando compramos produtos provavelmente produzidos por crianças, preferimos não investigar o processo para mantermos a nossa sanidade mental.

Com esses exemplos quero mostrar que não é fácil vivermos segundo o que acreditamos que está bem, pois o conforto da abstracção é por vezes forte de mais. Talvez o local onde se traça defina os conquistadores e os psicopatas!

Ivar C disse...

jacek, sim, tens razão, mas neste tipo de tortura é diferente. quando compras uma bola de futebol cozida à mão no paquistão não olhas para as crianças que o fizeram olhos nos olhos. Quando torturas uma pessoa numa cadeia... sim, olhas. :)

inhazinha disse...

bagaço, nem tem descrição a quantidade de lixo intelectual e de confusão mental que se lê e que se ouve sobre isto!
tal e qual como escreves. acerca deste tema, apenas uma coisa me parece apropriada, como tu dizes e mais que bem: ****-se (em pensamento) ;-)

Ivar C disse...

micas :)